Sepse e Choque Flashcards
O que é o choque?
É um estado patofisiológico instável e dinâmico caracterizado pela inadequada perfusão tecidual.
A criança, assim como o adulto, apresenta hipotensão como manifestação inicial do choque. V ou F?
Falso. A criança mesmo com significativo comprometimento da perfusão tecidual, consegue compensar a disfunção circulatória, mantendo a pressão arterial adequada.
Quais as causas mais comuns de choque pediátrico?
Diarreias, vômitos, trauma (incluindo choque hemorrágico) e sepse.
O choque séptico é mais comum em quais grupos pediátricos?
Recém-nascidos, em particular os de baixo peso, lactentes jovens, crianças imunodeprimidas e portadoras de doenças crônicas.
Como o choque é classificado?
A partir de sua fisiopatologia, sendo dividido em:
I. Hipovolêmico = hemorragias, diarreias.
II. Distributivo = sepse, anafilaxia, intoxicações.
III. Cardiogênico = arritmias, cardiopatias congênitas.
IV. Obstrutivo = pneumotórax, tamponamento.
Do que depende a oferta de oxigênio aos tecidos?
Da concentração arterial de oxigênio e do desempenho cardiocirculatório (Índice Cardíaco = débito cardíaco / superfície corporal).
Do que depende a concentração arterial de oxigênio?
Quantidade de hemoglobina, da saturação arterial de oxigênio dessa hemoglobina e da pressão de oxigênio no sangue arterial.
O que determina o débito cardíaco?
Frequência cardíaca e volume sistólico.
Do que depende o volume sistólico?
I. Pré-Carga = quantidade de sangue que chega ao ventrículo.
II. Contratilidade cardíaca = Forca que o músculo cardíaco exerce para ejetar o sangue dos ventrículos.
III. Pós-carga = resistência a ser vencida pelo coração para bombear o sangue, resistência essa que depende do tônus vascular e da pressão intratorácica.
Em quais condições aumentam o consumo/necessidade de oxigênio do organismo?
Febre, agitação, hipermetabolismo e taquidispneia (em taquidispneias importantes, o consumo de oxigênio dos mm. respiratórios vai de 3% no estado basal para 50%).
Quando há queda do transporte do oxigênio, por qual mecanismo as células mantém suas necessidades atendidas? Quando esse mecanismo compensatório não funciona mais?
Aumentam a extração de oxigênio livre ou logado à hemoglobina. O aumento da extração funciona até um ponto crítico de transporte de oxigênio, a partir do qual o consumo de oxigênio celular também cai e dá início ao sofrimento tecidual.
Cite exemplos de patologias que interferem no débito cardíaco e em que ponto elas agem:
Hipovolemia = queda no volume de sangue que chega ao ventrículo, portanto redução da pré-carga.
Sepse = vasodilatação sistêmica levando a hipovolemia relativa, portanto redução da pré-carga.
Arritmias = alterações na contratilidade cardíaca.
Pneumotórax hipertensivo = provoca uma dobra nos vasos da base, causando obstrução ao fluxo e consequente aumento da resistência à ejeção de sangue (aumento da pós-carga).
Tamponamento cardíaco = aumento da pós-carga.
Quais os objetivos da avaliação inicial do choque em crianças?
I. Reconhecimento imediato das condições de risco de morte.
II. Reconhecimento precoce do comprometimento circulatório.
III. Classificação do tipo e causa do choque.
Quais as principais manifestações clínicas do choque?
Taquicardia
Alterações dos pulsos, alteração da perfusão periférica, alteração de cor e temperatura das extremidades, alterações no nível de consciência, hipotensão e oligúria.
Qual a manifestação mais precoce do choque pediátrico?
Taquicardia reflexa a queda do volume sistólico como tentativa de manter o débito cardíaco.
No choque, os pulsos periféricos estão mais finos que os centrais. V ou F?
Verdadeiro.
Como é avaliada a perfusão periférica?
Deve ser avaliada na palma da mão ou na planta do pé, com o membro elevado acima do nível do coração. Frequentemente no choque a perfusão se encontra lentificada > 2s; porém na fase quente do choque séptico a perfusão pode estar acelerada.
O que indicam a palidez e frialdade de extremidades no choque?
Vasoconstrição como medida compensatória da queda do débito cardíaco, em tentativa de manter a pressão arterial.
A hipotensão pode ser uma manifestação tardia no choque pediátrico. V ou F?
Verdadeiro. Isso ocorre por conta dos diversos mecanismos compensatórios (aumento da FC e vasoconstrição) para tentar manter a PA. A queda da PA indica insuficiência desses mecanismos para controlar o choque, indicado maior gravidade do quadro.
Como definir hipotensão em crianças?
RN < 60mmHg.
Lactentes < 70mmHg.
> 2 anos < 70 + ( 2 x idade).
A criança chocada pode se apresentar agitada ou torporosa, ou ainda, apresentar alternância entre esses níveis. Essas manifestações são secundárias a… ?
Deficiência na oferta de oxigênio em nível cerebral.
Defina oligúria em crianças:
Diurese < 1ml/kg/h.
Qual a origem da queda da diurese no choque pediátrico?
Origem pré-renal (má perfusão renal).
Qual a possível complicação decorrente da má perfusão renal?
Necrose tubular aguda.
Quando suspeitar de necrose tubular aguda em decorrência da má perfusão no choque?
Persistência da oligúria após ressuscitação volêmica.
Quais as manifestações laboratoriais do choque?
Acidose metabólica (gasometria), aumento dos níveis de lactato (crianças podem ter lactato normal em vigência de sepse, porém a monitoração continua recomendada, glicemia, eletrólitos, hemograma, PCR e culturas.
Quais as causas do choque hipovolêmico?
Decorre de perdas líquidas causadas por vômitos e/ou diarreia, ou ainda sangramento em crianças politraumatizadas.
Como ocorre o choque hipovolêmico por vômitos e/ou diarreias e em quem predomina?
Ocorre por perdas abundantes que não conseguem ser repostas, sendo presente na história diversos episódios de diarreia com fezes líquidas em grande quantidade e vômitos associados que dificulta a hidratação da criança. Predomina em lactentes, principalmente os não amamentados ao seio materno e desnutridos.
Como é choque hipovolêmico por vômitos e diarreia?
Choque frio (extremidades frias, pálidas e com perfusão > 2s). Ocorre taquicardia, pulsos finos, diminuição da diurese e alteração do nível de consciência. Sinais de desidratação: turgor pastoso, olhos encovados, saliva escassa e fontanela deprimida.
Causa mais frequente de choque hipovolêmico hemorrágico:
Trauma
Como é choque hipovolêmico hemorrágico?
Sempre frio, com taquicardia, pulsos finos e alteração do nível de consciência. Hipotensão é comum. Podem ocorrer sintomas respiratórios, além de hematomas, fraturas e outras lesões decorrentes do trauma.
Quais lesões traumáticas deve chamar ainda mais atenção para risco de sangramento importante na criança?
Lesões de tórax, abdome, pelve, ossos longos e couro cabeludo.
O que é o choque distributivo?
Choque no qual, por meio de vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar e/ou redistribuição do fluxo sanguíneo, ocorre hipovolemia relativa (diminuição da pré-carga).
Qual a principal causa de choque distributivo em pediatria?
Choque séptico.
Cite outras causas de choque distributivo nas crianças:
Choque neurogênico e choque anafilático.
Defina SRIS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica):
Resposta inflamatória inespecífico que ocorre após trauma, infecção, queimadura, pancreatite etc…
Quais os 4 critérios que definem o diagnóstico de SRIS:
Temperatura central (retal ou esofágica) > 38.3ºC ou < 36ºC.
Taquicardia > 2 desvios-padrão para a idade na ausência de outros estímulos ou Bradicardia < percentil 10 para a idade para crianças < 1 ano na ausência de estímulos vasovagal, drogas ou cardiopatia congênita.
Frequência respiratória média > 1 desvio-padrão para a idade ou necessidade de ventilação mecânica.
Contagem de leucócitos aumenta ou diminuída para a idade ou neutrófilos imaturos > 10% dos neutrófilos totais.