Sepse e Choque Flashcards

1
Q

O que é o choque?

A

É um estado patofisiológico instável e dinâmico caracterizado pela inadequada perfusão tecidual.

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2
Q

A criança, assim como o adulto, apresenta hipotensão como manifestação inicial do choque. V ou F?

A

Falso. A criança mesmo com significativo comprometimento da perfusão tecidual, consegue compensar a disfunção circulatória, mantendo a pressão arterial adequada.

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3
Q

Quais as causas mais comuns de choque pediátrico?

A

Diarreias, vômitos, trauma (incluindo choque hemorrágico) e sepse.

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4
Q

O choque séptico é mais comum em quais grupos pediátricos?

A

Recém-nascidos, em particular os de baixo peso, lactentes jovens, crianças imunodeprimidas e portadoras de doenças crônicas.

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5
Q

Como o choque é classificado?

A

A partir de sua fisiopatologia, sendo dividido em:
I. Hipovolêmico = hemorragias, diarreias.
II. Distributivo = sepse, anafilaxia, intoxicações.
III. Cardiogênico = arritmias, cardiopatias congênitas.
IV. Obstrutivo = pneumotórax, tamponamento.

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6
Q

Do que depende a oferta de oxigênio aos tecidos?

A

Da concentração arterial de oxigênio e do desempenho cardiocirculatório (Índice Cardíaco = débito cardíaco / superfície corporal).

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7
Q

Do que depende a concentração arterial de oxigênio?

A

Quantidade de hemoglobina, da saturação arterial de oxigênio dessa hemoglobina e da pressão de oxigênio no sangue arterial.

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8
Q

O que determina o débito cardíaco?

A

Frequência cardíaca e volume sistólico.

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9
Q

Do que depende o volume sistólico?

A

I. Pré-Carga = quantidade de sangue que chega ao ventrículo.
II. Contratilidade cardíaca = Forca que o músculo cardíaco exerce para ejetar o sangue dos ventrículos.
III. Pós-carga = resistência a ser vencida pelo coração para bombear o sangue, resistência essa que depende do tônus vascular e da pressão intratorácica.

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10
Q

Em quais condições aumentam o consumo/necessidade de oxigênio do organismo?

A

Febre, agitação, hipermetabolismo e taquidispneia (em taquidispneias importantes, o consumo de oxigênio dos mm. respiratórios vai de 3% no estado basal para 50%).

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11
Q

Quando há queda do transporte do oxigênio, por qual mecanismo as células mantém suas necessidades atendidas? Quando esse mecanismo compensatório não funciona mais?

A

Aumentam a extração de oxigênio livre ou logado à hemoglobina. O aumento da extração funciona até um ponto crítico de transporte de oxigênio, a partir do qual o consumo de oxigênio celular também cai e dá início ao sofrimento tecidual.

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12
Q

Cite exemplos de patologias que interferem no débito cardíaco e em que ponto elas agem:

A

Hipovolemia = queda no volume de sangue que chega ao ventrículo, portanto redução da pré-carga.
Sepse = vasodilatação sistêmica levando a hipovolemia relativa, portanto redução da pré-carga.
Arritmias = alterações na contratilidade cardíaca.
Pneumotórax hipertensivo = provoca uma dobra nos vasos da base, causando obstrução ao fluxo e consequente aumento da resistência à ejeção de sangue (aumento da pós-carga).
Tamponamento cardíaco = aumento da pós-carga.

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13
Q

Quais os objetivos da avaliação inicial do choque em crianças?

A

I. Reconhecimento imediato das condições de risco de morte.
II. Reconhecimento precoce do comprometimento circulatório.
III. Classificação do tipo e causa do choque.

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14
Q

Quais as principais manifestações clínicas do choque?

A

Taquicardia
Alterações dos pulsos, alteração da perfusão periférica, alteração de cor e temperatura das extremidades, alterações no nível de consciência, hipotensão e oligúria.

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15
Q

Qual a manifestação mais precoce do choque pediátrico?

A

Taquicardia reflexa a queda do volume sistólico como tentativa de manter o débito cardíaco.

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16
Q

No choque, os pulsos periféricos estão mais finos que os centrais. V ou F?

A

Verdadeiro.

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17
Q

Como é avaliada a perfusão periférica?

A

Deve ser avaliada na palma da mão ou na planta do pé, com o membro elevado acima do nível do coração. Frequentemente no choque a perfusão se encontra lentificada > 2s; porém na fase quente do choque séptico a perfusão pode estar acelerada.

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18
Q

O que indicam a palidez e frialdade de extremidades no choque?

A

Vasoconstrição como medida compensatória da queda do débito cardíaco, em tentativa de manter a pressão arterial.

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19
Q

A hipotensão pode ser uma manifestação tardia no choque pediátrico. V ou F?

A

Verdadeiro. Isso ocorre por conta dos diversos mecanismos compensatórios (aumento da FC e vasoconstrição) para tentar manter a PA. A queda da PA indica insuficiência desses mecanismos para controlar o choque, indicado maior gravidade do quadro.

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20
Q

Como definir hipotensão em crianças?

A

RN < 60mmHg.
Lactentes < 70mmHg.
> 2 anos < 70 + ( 2 x idade).

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21
Q

A criança chocada pode se apresentar agitada ou torporosa, ou ainda, apresentar alternância entre esses níveis. Essas manifestações são secundárias a… ?

A

Deficiência na oferta de oxigênio em nível cerebral.

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22
Q

Defina oligúria em crianças:

A

Diurese < 1ml/kg/h.

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23
Q

Qual a origem da queda da diurese no choque pediátrico?

A

Origem pré-renal (má perfusão renal).

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24
Q

Qual a possível complicação decorrente da má perfusão renal?

A

Necrose tubular aguda.

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25
Q

Quando suspeitar de necrose tubular aguda em decorrência da má perfusão no choque?

A

Persistência da oligúria após ressuscitação volêmica.

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26
Q

Quais as manifestações laboratoriais do choque?

A

Acidose metabólica (gasometria), aumento dos níveis de lactato (crianças podem ter lactato normal em vigência de sepse, porém a monitoração continua recomendada, glicemia, eletrólitos, hemograma, PCR e culturas.

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27
Q

Quais as causas do choque hipovolêmico?

A

Decorre de perdas líquidas causadas por vômitos e/ou diarreia, ou ainda sangramento em crianças politraumatizadas.

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28
Q

Como ocorre o choque hipovolêmico por vômitos e/ou diarreias e em quem predomina?

A

Ocorre por perdas abundantes que não conseguem ser repostas, sendo presente na história diversos episódios de diarreia com fezes líquidas em grande quantidade e vômitos associados que dificulta a hidratação da criança. Predomina em lactentes, principalmente os não amamentados ao seio materno e desnutridos.

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29
Q

Como é choque hipovolêmico por vômitos e diarreia?

A

Choque frio (extremidades frias, pálidas e com perfusão > 2s). Ocorre taquicardia, pulsos finos, diminuição da diurese e alteração do nível de consciência. Sinais de desidratação: turgor pastoso, olhos encovados, saliva escassa e fontanela deprimida.

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30
Q

Causa mais frequente de choque hipovolêmico hemorrágico:

A

Trauma

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31
Q

Como é choque hipovolêmico hemorrágico?

A

Sempre frio, com taquicardia, pulsos finos e alteração do nível de consciência. Hipotensão é comum. Podem ocorrer sintomas respiratórios, além de hematomas, fraturas e outras lesões decorrentes do trauma.

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32
Q

Quais lesões traumáticas deve chamar ainda mais atenção para risco de sangramento importante na criança?

A

Lesões de tórax, abdome, pelve, ossos longos e couro cabeludo.

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33
Q

O que é o choque distributivo?

A

Choque no qual, por meio de vasodilatação, aumento da permeabilidade capilar e/ou redistribuição do fluxo sanguíneo, ocorre hipovolemia relativa (diminuição da pré-carga).

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34
Q

Qual a principal causa de choque distributivo em pediatria?

A

Choque séptico.

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35
Q

Cite outras causas de choque distributivo nas crianças:

A

Choque neurogênico e choque anafilático.

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36
Q

Defina SRIS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica):

A

Resposta inflamatória inespecífico que ocorre após trauma, infecção, queimadura, pancreatite etc…

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37
Q

Quais os 4 critérios que definem o diagnóstico de SRIS:

A

Temperatura central (retal ou esofágica) > 38.3ºC ou < 36ºC.

Taquicardia > 2 desvios-padrão para a idade na ausência de outros estímulos ou Bradicardia < percentil 10 para a idade para crianças < 1 ano na ausência de estímulos vasovagal, drogas ou cardiopatia congênita.

Frequência respiratória média > 1 desvio-padrão para a idade ou necessidade de ventilação mecânica.

Contagem de leucócitos aumenta ou diminuída para a idade ou neutrófilos imaturos > 10% dos neutrófilos totais.

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38
Q

Defina sepse:

A

SRIS + foco infeccioso confirmado ou suspeito.

39
Q

Que dados levam a suspeição clínica de infecção?

A

Púpuras ou petéquias na presença de instabilidade hemodinâmica.

Febre e tosse na presença de leucocitose e/ou infiltrado pulmonar.

Abdome distendido e timpânico na presença de leucocitose, associado à perfuração intestinal.

40
Q

Defina sepse grave:

A

Sepse associada a disfunção cardiovascular, SDRA (Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo), duas ou mais disfunções orgânicas (respiratória, renal, neurológica, hematológica ou hepática).

41
Q

Defina choque séptico:

A

Sepse + disfunção cardiovascular (hipotensão, necessidade de droga vasoativa ou :

acidose metabólica inexplicada. 
aumento do lactato arterial 
oligúria
perfusão lentificada
Diferença entre T central e axilar > 3ºC.
42
Q

O que ocorre no choque quente do choque séptico?

A

Esse choque ocorre quando o organismo tenta compensar a vasodilatação do choque distributivo com aumento do débito cardíaco. Logo há perfusão acelerada < 1 s, face e extremidades ruborizadas e aquecidas e outros sinais de choque: taquicardia, oligúria, alteração do nível de consciência…

43
Q

O que causa o choque cardiogênico?

A

Falência da bomba cardíaca, seja por cardiopatia congênita ou adquirida.

44
Q

O que ocorre no choque cardiogênico?

A

A baixa contratilidade do miocárdio leva à queda do volume sistólico e do débito cardíaco, sendo compensado com vasoconstrição e taquicardia.

45
Q

O choque cardiogênico pode ser a primeira manifestação de uma cardiopatia adquirida, como a miocardite viral. V ou F?

A

Verdadeiro.

46
Q

Assim como nos outros tipos de choque, o choque cardiogênico melhor com reposição rápida de volume. V ou F?

A

Falso. Esses pacientes pioram quando se passa volume rápido.

47
Q

Estertores pulmonares e hepatomegalia podem ocorrer no choque cardiogênico. V ou F?

A

Verdadeiro.

48
Q

Quais exames de imagem auxiliam o diagnóstico de cardiogênico?

A

Rx de tórax com área cardíaca aumentada

Ecocardiograma = confirma o diagnóstico.

49
Q

Quais as principais causas de choque obstrutivo?

A

Pneumotórax hipertensivo (politraumatismo ou barotrauma por VM).

50
Q

Quais sinais costumam estar presentes no choque obstrutivo por pneumotórax hipertensivo?

A

Sinais gerais de choque: taquicardia, perfusão lentificada, pulsos finos, palidez e frialdade de extremidades, oligúria (< 1ml/kg/h), alteração do nível de consciência.

Sinais de Pneumotórax Hipertensivo = MV diminuído ou ausente, timpanismo à percussão.

51
Q

Quais sinais sugerem o tamponamento cardíaco como causa de um choque obstrutivo?

A

Abafamento de bulhas cardíacas, achatamento do complexo QRS, ausência de resposta ao tratamento do choque.

52
Q

Qual a conduta inicial no tratamento do choque?

A

I. Garantir oxigenação: posicionamento adequado (extensão da cabeça), suplementação de oxigênio e, se persistência de sintomas, ventilação com máscara e IOT.

II. Acesso venoso periférico (2 acessos, com dispositivos curtos e calibrosos) e, se impossível, punção intraóssea (extremidade proximal da tíbia, abaixo da tuberosidade) ou acesso central (femoral, jugular interna ou subclávia).

III. Infundir volume (Soluções cristaloide isotônica = Soro Fisiológico 0.9% ou Ringer Lactato) de forma precoce e agressiva. Dose: 20mL/kg de 5 a 10min (seringa, pois equipos ou bombas de soro não são capazes de infundir líquido nessa velocidade). Após, reavaliar variáveis respiratórias e cardiocirculatórias e, caso necessário, repetir volume.

53
Q

Tratamento especifico do choque hipovolêmico por vômito/diarreia:

A

Após medidas iniciais e reavaliação, se ainda houver manifestações clínicas de choque:

Nova expansão volêmica com 20mL/kg de SF 0.9% em 5 a 10min.

Se persistirem os sintomas:

Nova expansão volêmica com 20mL/kg de SF 0.9% em 5 a 10min.

Após resolução do choque, conduz o caso para tratar a desidratação do paciente.

54
Q

Tratamento específico do choque hemorrágico:

A

Avaliação inicial completa, com estabelecimento de via aérea pérvia, oxigenação adequada e acessos vasculares.

Ressuscitação volêmica com infusão rápida de soro fisiológico 0.9% ou ringer lactato 20mL/kg em 5 a 10min.

Se persistência dos sintomas, realizar nova expansão volêmica e solicitar concentrado de hemácias.

Se após 2 expansões, o pacientes persistir sintomático, infundir o concentrado de hemácias 20mL/kg em infusão rápida.

Além disso deve-se investigar a causa/foco do sangramento e corrigir isso. Também deve-se manter níveis adequados de PA para evitar lesão cerebral secundária quando houver suspeita de lesão intracraniana.

55
Q

Quais as metas do tratamento do choque séptico?

A

I. Atingir os valores fisiológicos de PA.
II. Igualar os pulsos centrais e periféricos.
III.Manter a perfusão < 2s.
IV. Normalizar o estado mental.
V. Manter a diurese urinária acima de 1ml/kg/h.

56
Q

Tratamento específico do choque séptico:

A

Avaliação inicial com estabelecimento de via aérea com oferta adequada de oxigênio e 2 acessos venosos.

Antibioticoterapia empírica na primeira hora de tratamento.

Ressuscitação com cristaloides isotônicos (SF 0.9% ou ringer lactato) ou albumina (coloide) em bolus 20mL/kg em 5 a 10min. Avaliar durante a expansão volêmica por sinais de congestão (hepatomegalia, estertores pulmonares, ritmo de galope…), se presentes suspender a expansão, se ausentes até 60mL/kg, continuar até melhora dos sintomas.

Se houver acúmulo de líquido = diuréticos até resolução do choque ou hemofiltração venovenosa ou diálise.

Drogas vasoativas (inotrópico) = adrenalina contínua na dose 0.1 a 0.3 mcg/kg/min OU dobutamina 5 a 20mcg/kg/min.

Se refratário a adrenalina, hidrocortisona 50mg/m2/d por suspeita de insuficiência suprerrenal relativa.

Controle metabólico (glicemia, cálcio ionizado).

Medidas de controle do transporte e consumo de O2 = Transfusão de concentrado de hemácias se hemoglobina < 10mg/dl, controle da febre, sedação e ventilação mecânica precoce

Hormônio tireoidiano T3 se choque refratário em pacientes com disfunção conhecida desse hormônio ou com risco de disfunção como portadores de trissomia do 21 (Síndrome de Down) e patologias do SNC.

57
Q

Quais drogas vasoativas estão indicadas para o choque quente?

A

Noradrenalina 0.1 a 0.2mcg/kg/min.

Se ausência de resposta, considerar:

Vasopressina 0.0005 a 0.002 unidades/kg/min.

58
Q

Quais drogas vasoativas estão indicadas para o choque frio?

A

Se hipotenso = aumento progressivo na dose de anrenalina (0.1 a 1mcg/kg/min).

Se normotenso = associar vasodilatador (nitroprussiato) à adrenalina ou inicar inibidor de fosfodiesterase.

59
Q

Tratamento específico do choque cardiogênico:

A

Avaliação inicial com estabelecimento de via aérea pérvia com oxigenação adequada e pelo menos 2 acessos periféricos garantidos.

Expansão volêmica inicial com sinais de piora/congestão: estertoração pulmonar, hepatomegalia e ritmo de galope ou piora da taquicardia.

Notada a piora, restringir o volume ofertado e utilizar diuréticos + dobutamina (efeito inotrópico e vasodilatador leve) 5 a 20mcg/kg/min.

Se persistência do choque = inibidor de fosfodiesterase (milrinona) que possui efeito inotrópico e vasodilatador potente, na dose de 0,375mcg a 0,75mcg/kg.min.

Se refratário ainda a inibidor da fosfodiesterase = levosimendam 0.1 a 0.4mg/kg/min (possui ação inotrópica e vasodilatadora por meio da sensibilização dos canais de cálcio das miofibrilas, aumentando a contratilidade cardíaca e reduzindo a resistência vascular sistêmica.

60
Q

Tratamento específico do choque obstrutivo:

A

Avaliação inicial com estabelecimento de via aérea pérvia com oxigenação adequada e garantir dois acessos venosos periféricos.

Expansão com SF 0.9% 20ml/kg/min em 5 a 10min.

Exame pulmonar: MV diminuídos ou ausentes e percussão timpânica = punção de alívio imediatamente, seguida de drenagem do tórax realizada por cirurgião.

Exame cardiovascular: turgência jugular, abafamento de bulhas = punção de alívio e drenagem realizadas por cirurgião.

Encaminhar para UTI.

61
Q

A dopamina possui ação sobre qual receptor adrenérgico e o que causa sua estimulação?

A

Principalmente atua sobre os receptores dopaminérgicos que provocam vasodilatação esplâncnica e renal, na dose frequentemente indicada (5 a 10mcg/kg/min) possui ação leve sobre os receptores alfa (vasoconstrição) e beta-1 (inotropismo).

62
Q

Sobre qual receptor adrenérgico age a noradrenalina e qual seu efeito?

A

Atua predominante sobre os receptores alfa, apresentante forte efeito vasoconstritor. Atua com menos intensidade sobre os receptores beta-1 (inotropismo) e beta-2 (vasodilatação).

63
Q

Sobre quais receptores age a adrenalina e quais seus efeitos?

A

A adrenalina na dose de 0.1 a 0.3mcg/kg/min age com maior intensidade sobre os receptores beta-1 (inotropismo) e beta-2 (vasodilatação). Quando > 0.3mcg/kg/min, possui maior ação sobre o receptor alfa, produzindo vasoconstrição.

64
Q

Sobre quais receptores age a dobutamina e quais seus efeitos?

A

A dobutamina age sobre os receptores beta-1 e beta-2, apresentando leve ação inotrópica e vasodilatadora.

65
Q

Quais aspectos clínicos devem ser monitorados com frequência na criança com sepse/choque séptico?

A

Ausculta cardíaca, frequência e ritmo cardíaco.
Padrão respiratório e ausculta pulmonar.
Coloração da pele e mucosas.
Medida da PA com manguito adequado.
Perfusão periférica (palmas e plantas), além de temperatura de extremidades, amplitude de pulsos e velocidade de enchimento capilar.
Diurese.
Nível de consciência (irritabilidade e sonolência = sinais de alerta).

66
Q

Quais exames são necessários na monitoração da criança com sepse/choque séptico?

A

Gasometrias arterial e venosa central, lactato arterial, hemograma completo, coagulograma, provas de atividade inflamatória (PCR e pró-calcitonina), culturas, função renal (ureia e creatinina), dosagem de cálcio e glicemia.

67
Q

O que deve ter na monitoração hemodinâmica na primeira hora do choque séptico?

A
Oximetria de pulso. 
Monitoração cardíaca (ECG contínuo). 
Controle da PA. 
Monitoração da temperatura. 
Monitoração do débito urinário (deve estar > 1mL/kg/h).
68
Q

Após a primeira hora, quais parâmetros devem ser monitorados no paciente pediátrico com choque séptico?

A

Pressão arterial média invasiva (PAMi) - feita por cateterização arterial.

Pressão venosa central (PVC) - feita por cateterização venosa.

Saturação venosa central de oxigênio (SvO2) - coleta seriada ou monitorização contínua com cateter em junção da cava superior com o átrio direito).

Ecocardiograma seriado - avalia efetividade das DVA.

Ultrassonografia - Doppler de fluxo atráves de valvas Ao ou P, avaliam índice cardíaco, volume sistólico, volemia, resposta a volume, RVP…

Variação da pressão de pulso (PPV) - diferença entre a pressão de pulso máxima na inspitação e mínima na expiração, se > 13% = hipovolemia responsiva a fluídos.

Pressão Intra-Abdomina (PIA) - sondagem vesical para detecção precoce de hipertensão abdominal e síndrome compartimental.

69
Q

O choque séptico pode simular simultaneamente as 4 formas de choque. V ou F? Explique.

A

Verdadeiro.

I. Choque Hipovolêmico = extravasamento capilar, elevada perda insensível de fluídos, volume intravascular efetivo reduzido secundário a vasodilatação.

II. Choque Cardiogênico = As toxinas bacterianas e citocinas inflamatórias têm efeito miocárdio-depressor.

III. Choque Obstrutivo = trombose de pequenos vasos e síndrome compartimental abdominal.

IV. Choque Distributivo = reduzida resistência vascular sistêmica e hipóxia citopática.

70
Q

Quais os sinais clínicos e alterações laboratoriais do choque quente?

A

Boa perfusão periférica, pele quente e seca, taquicardia, instabilidade térmica, pulsos amplos e alteração do nível de consciência. Ocorre aumento da saturação venosa de O2 refletindo a queda do consumo de oxigênio perifério; aumento do DC e diminuição da resistência vascular sistêmica.

De alterações laboratoriais têm-se = hipocapnia, hipóxia, aumento discreto do lactato e hiperglicemia.

71
Q

Quais os sinais clínicos e fisiológicos do choque frio, e quais alterações laboratoriais são obtidas?

A

Sinais clínicos = cianose, pele fria e úmida, pulsos finos, taquicardia, respiração lenta, depressão do nível de consciência, oligúria.

Sinais fisiológicos = Diminuição do DC, aumento da RVS, diminuição da PVC, trombocitopenia e diminuição do consumo de oxigênio.

Alterações laboratoriais = hipóxia, acidose metabólica, coagulopatia, hipoglicemia e aumento do lactato.

72
Q

As condutas iniciais do tratamento do choque séptico são:

A

I. Estabelecer via aérea adequada.
II. Estabelecer acesso venoso.
III. Restabelecer o volume circulante efetivo.
IV. Corrigir os distúrbios metabólicos associados.
V/ Instituir terapia inotrópica/vasopressora.

73
Q

Como é feita a otimização da oxigenação e redução do consumo de oxigênio?

A

Controle térmico, redução do esforço respiratório através de suporte ventilatório invasivo ou não (cateter nasal de alto fluxo) e controle da agitação e dor com administração de sedativos e analgésicos.

74
Q

Se o acesso periférico estiver difícil de se conseguir e consumir muito tempo, qual via alternativa é escolhida?

A

Punção intraóssea.

75
Q

As DVAs devem esperar o estabelecimento do acesso venoso central para serem administradas. V ou F?

A

Falso. Pode ser iniciada drogas vasoativas com efeito inotrópico por via periférica, permitindo infusão de DVA ainda na primeira hora de atendimento.

76
Q

Até quando deve ser realizada a infusão de volume no choque séptico?

A

Até a normalização da perfusão, da pressão sanguínea e da saturação venosa de O2 > 70%.

77
Q

Quais sinais de descompensação podem surgir da infusão rápida de volume no paciente séptico?

A

Podem ocorrer sinais de descompensação cardíaca (estertores, rtimo de galope, hepatomegalia e aumento do esforço respiratório).

78
Q

Plasma fresco congelado está indicado em qual situação durante o choque?

A

Está indicado quando houverem distúrbios de coagulação ou em pacientes com choque hemorrágico.

79
Q

Em pacientes instáveis, em que nível deve ser mantida a hemoglobina do paciente e quais medidas podem ser tomadas para estabilização desse parâmetro?

A

A hemoglobina em pacientes instáveis deve ser mantida acima de 10g/dL (em pacientes estáveis é aceitável > 7g/dL). Para correção de níveis baixos de hemoglobina é indicada a transfusão de concentrado de hemácias.

80
Q

Quais medidas podem ser realizadas para controle da contratilidade miocárdica e do tônus vasomotor?

A

Correção de distúrbios metabólicos (hipóxia, acidose, hipoglicemia, hipocalcemia) e administração de DVAs.

81
Q

Qual a DVA de primeira linha para choque frio e quente, respectivamente?

A

Adrenalina e Noradrenalina.

82
Q

Qual distúrbio fisiológico pode ser corrigido com noradrenalina?

A

Baixa resistência vascular periférica.

83
Q

Nos casos refratários a noradrenalina, qual medicamento pode ser usado?

A

Vasopressina.

84
Q

Quando deve se considerar o uso de drogas vasodilatadoras?

A

Pacientes que permanecem com alterações da perfusão apesar de PA normalizada (choque frio).

85
Q

Qual a droga vasodilatadora de escolha no choque séptico? Quando descontinuar essa droga?

A

Milrinona (inibidor de fosfodiesterase III) em infusão contínua na dose de 0.25 a 0.75mcg/kg/min.

Descontinuar se observadas taquiarritmia, hipotensão ou evidência de redução da RVS.

86
Q

A partir de que valor é definido a hipoglicemia e como tratá-la?

A

É considerado hipoglicemia valores de glicemia abaixo de 40mg/dL.

É tratada com glicose 25%, 2 a 4mL/kg em bolus.

87
Q

Qual distúrbio metabólico é frequente no choque séptico? Para o que ele contribui? Como é feito o tratamento?

A

Hipocalcemia.

Contribui para disfunção cardíaca.

Reposição de gluconato de cálcio 1 a 2ml/kg.

88
Q

Hidrocortisona é indicado quando no choque séptico?

A

No quadro refratário a catecolaminas e sinais de insuficiência adrenal ou fatores de risco para essa patologia.

89
Q

Quais critérios são levados em consideração na escolha da antibioticoterapia precoce?

A

Idade, apresentação do quadro infeccioso, padrão de resistência antimicrobiana da comunidade e do serviço hospitalar.

90
Q

Qual antibiótico é indicado para sepse com foco domiciliar em criança previamente hígida?

A

Ceftriaxona.

91
Q

Na sepse com choque tóxico, qual associação de antibióticos é indicada?

A

Ceftriaxona + Clindamicina.

92
Q

Sepse em RN, qual antibioterapia precoce é usada?

A

Cefotaxima + ampicilina.

93
Q

Reposição de bicarbonato é indicada para a acidose láctica induzida pela hipoperfusão durante o choque séptico. V ou F?

A

Falso.

94
Q

Quando está indicada a terapia de reposição renal no choque séptico?

A

Quando ocorre edema e disfunção orgânica secundária durante a expansão volêmica e evolução do quadro.