Sd. bacterianas - Endocardite infecciosa Flashcards
- Qual a definição e epidemiologia da endocardite bacteriana?
É a infecção da superfície endocárdica e valvas do coração, sendo a lesão mais comum o prolapso de valva mitral, a infecção também ocorre nos defeitos septais, na cordoalha tendínea e no próprio endocárdio mural, onde se forma uma vegetação contendo fibrina, células inflamatórias, plaquetas e bactérias, que acometem também shunts vasculares (ex.: ducto arterioso patente) ou coarctação da aorta, onde recebe o nome de endarterite infecciosa.. Afetava antes pessoas de 30-40 anos, hoje afeta adultos de 47-69 anos e em casos associados ao uso de drogas intravenosas (valva tricúspide), os mais jovens são os mais afetados. A frequência da EI em países desenvolvidos aumentou visto o uso de drogas intravenosas em pacientes com doenças reumáticas crônicas, doenças degenerativas das valvas, uso de dispositivos intratorácicos e infecções nosocomiais. Os homens são mais acometidos que as mulheres (1,7:1), com exceção dos pacientes com menos de 35 anos, nos quais o sexo feminino predomina.
A lesão no endocárdio que forra a cavidade cardíaca e nas valvas, entre outros fts como êmbolos sépticos e fenômenos imunológicos desencadeiam os sintomas.
- Quais os sintomas mais comuns?
Clínica: febre e sopro cardíaco.
Fenômenos embólicos: petéquias,lesões de Janeway, hemorragias conjuntivais e hemorragias subungueais.
Fenômenos imunológicos = artralgias e artrites, glomerulonefrite, manchas de Roth, nódulos de Osler.
- Quais os fts de risco para endocardite infecciosa?
- Valvas cardíacas protéticas;
-EI prévia: pois danifica a valva tornando-a suscetível;
-Cardiopatias congênitas cianóticas (transposição dos grandes vasos,
tetralogia de Fallot, ventrículo único)
-Derivações cirúrgicas sistêmico-pulmonares
-Coarctação da aorta;
- Qual é a diferença entre a EI aguda e a EI subaguda?
A velocidade de evolução dos sintomas. A forma aguda apresenta desenvolvimento rápido dos sintomas, com febre alta, queda do estado geral, a forma subaguda tem início insidioso, com febre baixa arrastada, perda ponderal e sudorese noturna.
- Qual é o micro-organismo mais comumente envolvido?
Antes da era dos ATB a forma aguda e subaguda eram determinadas da seguinte forma:
Aguda = menos de seis semanas entre o início dos sintomas e o óbito.
Subaguda = mais de seis semanas.
Hoje em dia essa classificação seria:
Aguda = desenvolvimento rápido dos sintomas, com febre alta e queda do estado geral.
Subaguda = início insidioso, com febre baixa arrastada, perda ponderal e sudorese noturna.
Na EI aguda de valvas nativas – Staphylococcus aureus.
Na EI subaguda de valvas nativas – Streptococcus viridans.
Na EI dos usuários de drogas intravenosas – Staphylococcus aureus.
Na EI associada a neoplasias de cólon – Streptococcus bovis.
- Como são classificados os casos de EI de valvas protéticas?
Casos iniciados até dois meses após a cirurgia são considerados precoces e, geralmente, são adquiridos ainda no hospital. Os casos iniciados após um ano são considerados tardios e, na maioria, são adquiridos na comunidade. Aqueles que se desenvolvem entre dois meses e um ano são uma mistura de casos adquiridos no hospital (micro-organismos menos virulentos) e na comunidade.
Quais são os micro-organismos mais envolvidos nas próteses valvares?
Estafilococos, particularmente os estafilococos coagulase-negativos (epidermidis e saprophyticus), predominam durante o período precoce (menos de 02 meses após a colocação da prótese), quando se acredita que a maior parte dos episódios de EI esteja relacionada com a infecção peroperatória. Gram-negativos, difteroides e fungos também são relativamente comuns durante o período precoce. No período tardio (mais de um ano após a colocação da prótese), o espectro de organismos se torna mais parecido com o da doença comunitária da valva nativa, na qual os estreptococos e o S. aureus predominam, embora com uma proporção levemente maior de estafilococos coagulase-negativos no grupo com prótese valvar. O período intermediário é composto por uma mistura destes organismos, ou seja, aparecem muitos estafilococos coagulase-negativos e muitos agentes da comunidade também.
- Quais as manifestações clínicas da EI?
O quadro clínico é variável de acordo com o agente etiológico e sua forma clínica, alguns
casos se desenvolvem agudamente, com rápida progressão dos sintomas ao longo dos dias, nestes pacientes, o quadro clínico pode ser até de uma sepse grave.
Outros indivíduos apresentam quadros insidiosos, com sintomas inespecíficos ao longo
de semanas ou meses.
-Febre: é a manifestação mais comum, encontrada em 80-95% dos casos de EI, mas pode estar ausente em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, grave debilidade, insuficiência renal ou hepática, uso prévio de antimicrobiano ou endocardite causada por
micro-organismos menos virulentos.
-Sopro cardíaco: a maioria dos pacientes com EI (85%) apresenta um sopro cardíaco! Nas questões de residência este fato é geralmente mencionado. Fique atento! Nos pacientes com lesões murais ou no coração direito o sopro estará ausente na maior parte dos casos.
Qual o quadro clínico típico da EI subsguda?
Na doença subaguda, os pacientes apresentam febre baixa prolongada durante semanas ou meses, sudorese noturna, fadiga, astenia, perda de peso e sopro cardíaco na ausculta.
Quase metade dos pacientes queixa-se de sintomas musculoesqueléticos, que variam desde artrite até mialgias difusas. O exame físico deve ser detalhado e direcionado para pesquisa dos sinais periféricos de endocardite, que veremos mais adiante. Achados laboratoriais frequentes são a anemiade doença crônica, com pouca ou nenhuma leucocitose, VHS elevada (em média 57 mm na 1ª hora) e o fator reumatoide positivo.
- Qual o quadro clinico típico da EI aguda?
A Na doença aguda, o quadro é toxêmico, com febre elevada, sopro cardíaco e prostração
importante. Como a apresentação é grave, o paciente procura atendimento médico com poucos dias de evolução. No laboratório, encontramos leucocitose significativa e VHS também elevada.
- Quais os fenômenos imunológicos da EI?
Fenômenos Imunológicos
Manchas de Roth: hemorragias retinianas de centro “esbranquiçado” que são encontradas na fundoscopia, são considerados fenômenos imunológicos e não embólicos pois sua origem está primeiramente relacionada a linfócitos circundados por edema e hemorragia. Ou seja, o fenômeno principal é imune. Tanto que as manchas de Roth não são patognomônicas da endocardite, podendo aparecer em algumas colagenoses.
Poliartrite ou poliartralgia.
Nódulos de Osler: nódulos pequenos e dolorosos (eritema nodular doloroso) encontrados com mais frequência na ponta dos dedos, que podem crescer e regredir espontaneamente. São geralmente considerados fenômenos imunológicos mediados por complexos, mas são desencadeados por microêmbolos.
Baqueteamento: Presente nas endocardites de longa duração e regride com a terapia.
Raramente a síndrome de osteoartropatia hipertrófica se instala completamente.
- Quais os fenômenos embólicos da EI?
Petéquias: mais encontradas na conjuntiva, no palato e nas extremidades.
Lesões de Janeway: máculas hemorrágicas não dolorosas encontradas nas palmas e plantas dos pés.
Hemorragias subungueais (Splinter): lesões vermelho-acastanhadas, lineares e que não desaparecem à digitopressão, encontradas no leito ungueal, perpendiculares à direção do crescimento das unhas.
- O que são aneurismas micóticos?
Êmbolos sépticos que se formam na EI podem se alojar na vasa vasorum (artérias que nutrem a parede dos vasos) e provocar enfraquecimento destas paredes através da progressão do abscesso ou por lesão vascular por imunocomplexos.
Os aneurismas podem ser clinicamente silenciosos até sua ruptura, a qual pode ocorrer meses ou anos após o tratamento antibiótico aparentemente efetivo contra EI.
- Quais os fts de risco para EI?
-Drogas injetáveis-> valva tricúspide, Staphylo aureus, tem quadro agudo com toxemia, febre alta e evolução rápida, pode acometer o pulmão e formar pneumonia bilateral e vários abscessos, em 20% dos lados acomete mais de uma válvula.
Outros MOS envolvidos são: Lactobacilos, Bacillus cereus, Corynebacterium spp e espécies não patogênicas de Neisseria, as polimicrobianas representam até 5% dos casos.
Obs.: na presença de hemocultura positiva para Staphylo, sempre fazer eco transesofágico para excluir endocardite, pois 12% dos casos tem estafilococcia tem EI por esse MOS.
- Procedimentos intravasculares ou cateteres endovenosos: são geralmente associados à endocardite nosocomial, definida como aquela que ocorre 72 horas após a admissão hospitalar em pacientes sem evidência prévia da infecção, ou aquela que ocorre dentro de 60 diasapós a alta hospitalar, desde que tenham sidorealizados procedimentos que provoquem bacteremia durante a internação. Os agentes mais envolvidos são S. aureus e estafilococos coagulase-negativos, mas também podem ocorrer por enterococos ou fungos.
- Pacientes em hemodiálise: o risco está aumentado pelo acesso endovenoso, associado à doença valvar prévia calcificada e baixa imunidade, comum entre esses pacientes;
Doenças sistêmicas
- Pacientes HIV positivos, especialmente com baixa contagem de T CD4, nesses devemos considerar bactérias não usuais como Bartonella spp., Salmonella spp. e Streptococcus pneumoniae
- doença renal crônica em uso de hemodiálise por tempo prolongado
- diabetes mellitus.
- Gestação,
- shunt peritoneovenoso para controle da ascite refratária
- shunt ventrículo-atrial para tratamento de hidrocefalia.
Quais as lesões de alto risco para EI?
Valvas cardíacas protéticas;
EI prévia: pois danifica a valva. Tornando-a vulnerável a colonização por MOS;
Cardiopatia congênita cianótica (transposição dos grandes vasos, tetralogia
de Fallot, ventrículo único)- fator mais importante na faixa etária pediátrica, especialmente após cirurgia para implantação de dispositivos e materiais;
Derivações cirúrgicas sistêmico-pulmonares;
Coarctação da aorta.
Quais as Lesões de risco moderado para EI ?
Lesões de risco moderado para EI são:
As lesões de risco moderado são:
Doença reumática;
Doença cardíaca degenerativa;
Outras cardiopatias congênitas, exceto defeito de septo atrial tipo ostium secundum;
Prolapso de valva mitral com regurgitação e/ou folhetos valvares espessados.
Quais as lesões que não predispõem à EI
são:
As lesões que não predispõem à EI
são:
Defeito de septo atrial tipo ostium secundum;
Revascularização coronariana prévia;
Sopros cardíacos funcionais;
Prolapso de valva mitral sem sopro;
Doença reumática prévia sem disfunção valvar;
Desfibriladores implantáveis ou marca-passos definitivos;
Após seis meses de reparo cirúrgico de ducto arterioso patente, defeito do septo
ventricular e defeito do septo atrial.