Queimadura Flashcards
ABCDE queimadura
a. Vias aéreas (avaliação):
• Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e
retire qualquer tipo de obstrução.
b. Respiração:
• Aspire as vias aéreas superiores, se necessário.
• Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas.
• Suspeite de lesão inalatória
• Mantenha a cabeceira elevada (30°).
• Indique intubação orotraqueal quando:
a escala de coma Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for menor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na gasometria; a dessaturação for menor do que 90 na oximetria; houver edema importante de face e orofaringe.
c. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso).
d. Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas.
e. Exponha a área queimada.
f. Acesso venoso:
• Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e
somente na impossibilidade desta utilize acesso
venoso central.
g. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças.
OBS: Mantenha a diurese entre 0,5 a 1ml/kg/h. No trauma elétrico, mantenha a diurese em torno de 1,5ml/kg/hora ou até o clareamento da urina.
Pq a via aérea continua como prioridade na queimadura? Quando suspeitar de queimadura de via aérea?
Queimaduras podem causar muito edema, gerando risco de obstrução.
- Queimadura em face, pelos nasais, cílios.
- Tosse com carbono/carvão
- Rouquidão, estridor
- Eritema e edema orofaríngeo
- Confinamento no local do incêndio (inalação de ar quente)
- Níveis séricos de carboxi-hemoglobina > 10%
INTUBAR!
QUEIMADURA DE 1º GRAU
Definição e tratamento.
1º GRAU
- Limitada a epiderme.
- Queimadura de sol.
- Eritema com dor moderada.
- Sem bolhas ou comprometimento de anexos (folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas).
TRATAMENTO
- Analgesia
- Hidratação oral
- Compressa fria nas primeiras horas.
- Calamed: difenidramina (anti-histamínico, irritação da queimadura se dá por histamina)+ cânfora (analgésico atuando contra a irritação) + calamina (mistura de óxido de zinco, óxido férrico amarelo e óxido férrico vermelho, com propriedade adstringente e protetora tópica).
- Queimalive: pomada analgésica, emoliente, cicatrizante e antibiótica.
- Se não for por sol, pode ser lavada com soro fisiológico e algodão (menos fricção) e passar sulfadiazina de prata (antibacteriana) para casa.
NÃO PASSAR PASTA DE DENTE, PÓ DE CAFÉ OU MANTEIGA!
QUEIMADURA DE 2º GRAU
Definição, tratamento
2º GRAU SUPERFICIAL
- Acomete epiderme e porção superficial da derme (camada papilar).
- Bolhas, superfície rosada e úmida.
- Muito dolorosa.
- Resultado estético bom, já que não cicatriza, regenera. Isso demora em média 3 semanas.
2º GRAU PROFUNDA
- Acomete epiderme e derme profunda (até camada reticular).
- Bolha, superfície pálida, mais seca.
- Muito dolorosa.
- Pior resultado estético, com risco de cicatrização hipertrófica. Isso demora em média 3 a 9 semanas.
TRATAMENTO SUPERFICIAL
- Limpeza: água e clorexidine degermante a 2%
- Desbridamento: retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Retirar bolhas (aumentam a probabilidade de infecção e diminuem a superfície de contato com antimicrobianos tópicos).
- Curativo oclusivo: protege epitélio, reduz perda água por evaporação e reduz colonização bacteriana e fúngica. Trocar diariamente ou quando estiver sujo e úmido.
TRATAMENTO PROFUNDA
- Limpeza: água e clorexidine degermante a 2%
- Desbridamento: retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Retirar bolhas (aumentam a probabilidade de infecção e diminuem a superfície de contato com antimicrobianos tópicos).
- Antibiótico tópico: sulfadiazina de prata/ mafenide (sulfonamida).
- Enxerto retirado de áreas doadoras do próprio paciente: cicatrização ocorrerá por contração e fibrose.
- Área doadora deve ser cuidada, pois será capaz de regenerar, mas precisa cuidar como um segundo grau superficial.
- Administre toxoide tetânico para profilaxia/reforço antitétano.
- Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse.
QUEIMADURA DE 3º GRAU
Definição e tratamento
*4º grau é definição antiga que era dada quando acometia musculatura e ossos.
3º GRAU
- Acomete espessura total da pele: epiderme, derme e parte do tecido celular subcutâneo, podendo acometer musculatura e ossos (sem glândulas ou pêlos).
- Aparência de couro: branco nacarado.
- São endurecidas e indolores: lesão de receptor nervoso. Paciente pode sentir dor dos lados se tiver outras de 1º ou 2º grau.
- Cicatrização as custas de contração da ferida (fibrose). Estética e funcionalidade em articulação comprometida.
TRATAMENTO
- Limpeza: água e clorexidine degermante a 2%
- Desbridamento: retirada de corpos estranhos e tecidos desvitalizados. Retirar bolhas (aumentam a probabilidade de infecção e diminuem a superfície de contato com antimicrobianos tópicos).
- Antibiótico tópico: sulfadiazina de prata/ mafenide (sulfonamida).
- Enxerto retirado de áreas doadoras do próprio paciente: cicatrização ocorrerá por contração e fibrose. Área doadora deve ser cuidada, pois será capaz de regenerar, mas precisa cuidar como um segundo grau superficial.
- Escarotomia: incisão da área queimada até o subcutâneo, corta o couro, não músculo (fasciotomia).
- Insuficiência respiratória: em queimaduras que restringem a elasticidade necessária (tórax, insuficiência respiratória por restrição da expansão torácica).
- Síndrome compartimental: 2º ou 3º grau circunferencial de extremidade podem evoluir com edema e comprometimento do retorno venoso e arterial. - Fasciotomia: vítimas de queimaduras elétricas que possuem edema importante dentro do compartimento fascial, que apresentam consequentemente síndrome compartimental. Pode ocorrer compressão de vasos.
- Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano.
- Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse.
- Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo.
ÁREA DA SUPERFÍCIE CORPORAL QUEIMADA (SCQ)/ MÉTODO DE WALLACE: REGRA DOS 9
QUEIMADURA DE 1º GRAU NÃO SÃO CONTABILIZADAS
- Cabeça e pescoço: 9%: 4,5 na frente e 4,5 atrás
- MS D: 9%: 4,5 na frente e 4,5 atrás
- MS E: 9%: 4,5 na frente e 4,5 atrás
- Tronco: 36%: 18% na frente e 18% atrás
- MI D: 18%: 9% na frente e 9% atrás
- MI E: 18%: 9% na frente e 9% atrás
- Períneo e genitália: 1%
*PALMA DA MÃO EQUIVALE A 1%.
Como é feita a reposição volêmica em paciente vítima de queimadura?
COM RINGER LACTATO AQUECIDO
GUIADO PELA FÓRMULA DE BROOKE.
Peso x SCQ X 2 a 4 mL
- ATLS 10 diminuiu para 2 para evitar hiper-hidratação.
- Usa 4 para: queimadura elétrica, por risco de rabdomiólise e insuficiência renal aguda.
- Criança < 14 anos: 3mL.
- Infusão de 50% do volume calculado nas
primeiras 8 horas - 50% nas 16 horas seguintes
*Incluir o que já foi feito no atendimento pré-hospitalar.
OBS: Na fase de hidratação (nas 24h iniciais), evite o uso de coloide, diurético e drogas vasoativas.
Como realizar analgesia em queimados?
Dipirona = de 500mg a 1 grama em injeção endovenosa (EV)
ou
Morfina
EV: 2,5 a 5mg/dose EV lento (4-5min) a cada 4h. Aumentar conforme a resposta de 4/4h:
- para 10mg/dose
- para 15mg/dose
Dose máx: 10mg/h
Dose tolerância ao uso prolongado: 80mg/h
ORAL: 10-30mg/dose x6 (máx 75mg/dose).
IM: 10mg/70kg
Retal: 10 a 20mg a cada 4h
Como é definido um grande queimado?
VÍTIMA QUE PRECISA DE TRATAMENTO ESPECIALIZADO EM CENTRO DE QUEIMADOS
• Extensão/profundidade maior do que 20%/25% de SCQ em adultos ou maior do que 10% de SCQ em crianças.
• Idade menor do que 3 anos ou maior do que
65 anos.
• Presença de lesão inalatória.
• Politrauma e doenças prévias associadas.
• Queimadura química.
• Queimadura elétrica.
• Áreas nobres/especiais: olhos, ouvidos, face, mãos, pés ou períneo
• Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio) e presença de comorbidades.
Para qual tipo de queimadura receita-se antibiótico profilático sistêmico?
Qual antibiótico deve ser dado e qual seu principal efeito colateral?
NENHUMA!
Mesmo que os queimados possam evoluir com infecção de pele, pneumonia e ITU, o uso de antibiótico profilático gera resistência bacteriana e torna ainda mais dificil o tratamento se essas doenças realmente se desenvolverem.
- Sulfadizina de prata tópica: neutropenia/leucopenia
- Mafenide tópico: acidose metabólica.
Como tratar lesão pulmonar/ insuficiência respiratória por inalação de vapor de água quente?
Nebulização com broncodilatador e/ou nebulização com heparina
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM QUEIMADOS
- Ocorre em grande queimado por desidratação, caso não possua atendimento inicial adequado.
- Principalmente em queimaduras elétricas: extensão lesão muscular -> rabdomiólise -> mioglubinúria -> necrose tubular aguda (NTA).
Reposição de acordo com a fórmula de Parkland.
Alcalinização da urina: infusão contínua de bicarbonato de sódio 8,4% diluido em soro gliosado 5%.
Débito urinário necessário: 100mL/H em adulto.
A coloração escura da urina indica que a reposição volêmica deve ser mais agressiva.
Quais são os principais complicações gastrointestinais dos queimados? Como tratar?
- ÚLCERA GÁSTRICA DE ESTRESSE/ ÚLCERA DE CURLING: Profilaxia com bloqueador de H2 ou IBP.
- Íleo adinâmico
- Síndrome de Ogilvite: pseudo obstrução colônica
- Colecistite alitiásica: pacientes críticos em UTI. Drenagem percutânea da vesícula (colecistostomia) associada a antibióticoterapia,
O que é úlcera de Marjolim?
Carcinoma de células escamosas na cicatriz da queimadura anos após a fase aguda.
Comportamento agressivo: 35% dos pacientes apresentam metástases nodais na época do diagnóstico.
QUEIMADURA ELÉTRICA
- Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída.
- Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas).
- Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente.
• Avalie a extensão da lesão e a passagem da
corrente.
- Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h e faça a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB).
- Procure sempre internar o paciente que for vítima deste tipo de trauma.
- Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos.
- Na passagem de corrente pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avalie o antebraço, o braço e os membros inferiores e verifique a necessidade de escarotomia com fasciotomia em tais segmentos.