Puericultura - desenvolvimento neuropsicomotor Flashcards

1
Q

Conceitos

A
  • Desenvolvimento infantil: engloba o crescimento físico, maturação neurológica, desenvolvimento comportamental, sensorial, cognitivo, de linguagem e das relações sociais
  • Maturação e mielinização –> aquisição de marcos
  • Os fatores ambientais e sociais de estímulo são importantes para uma melhor maturação neuropsicomotora
  • Primeiros mil dias (0-2 anos de idade)
    –> Traduz-se como uma janela de oportunidades para o maior desenvolvimento cerebral da criança desde a concepção até os 2 anos de idade (0-2 anos)
    –> Período crítico para o desenvolvimento infantil
    –> É essencial diagnósticos, estímulos e reabilitação PRECOCES em caso de atrasos no desenvolvimento, definindo um MELHOR PROGNÓSTICO!
    –> O DNPM deve ser avaliado em todas as consultas pediátricas, incluindo fatores perinatais, como o pré-natal inadequado e o escore APGAR ao nascimento.
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2
Q

Fatores de risco para o atraso no desenvolvimento

A
  • Fatores pré-natais: pré-natal ausente, escasso
  • Fatores neonatais: prematuridade, antecedentes pessoais de ASFIXIA PERINATAL, internações prolongadas, infecções (incluindo as congênitas), hemorragias peri ou intraventriculares e icterícia grave
  • Fatores pós-natais: TCE grave, meningoencefalites, convulsões e comorbidades
  • Fatores ambientais: uso de substâncias psicoativas, abuso infantil ou negligência, depressão materna, consanguinidade.
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3
Q

O desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM)

A
  • Não basta só verificar marcos do desenvolvimento presentes na caderneta de saúde da criança: é importante realizar uma anamnese e exame físico completos, explorando antecedentes perinatais, APGAR, comorbidades, PERÍMETRO CEFÁLICO e estigmas fenotípicos de doenças genéticas
  • Existem diversas escalas que podem ser empregadas para avaliar os marcos do DNPM, incluindo a presente na caderneta de saúde da criança. Existem ainda as escalas de Denver II (utilizadas até os 6 anos de idade) e de Bailey que requer treinamentos específicos para sua execução
  • Áreas do desenvolvimento: MOTOR GROSSEIRO (M), ADAPTATIVO (motor fino - A), PESSOAL-SOCIAL (S) e LINGUAGEM (L)
  • Como se dá a progressão do desenvolvimento motor da criança?
    –> Progressão CRÂNIO-CAUDAL e PRÓXIMO-DISTAL, na direção de adquirir feitos mais simples para os mais complexos
    –>Motor grosseiro: FIXAÇÃO OCULAR –> SUSTENTO CEFÁLICO –> SUSTENTO DO TRONCO E MMSS –> SUSTENTO DO QUADRIL (SENTAR SEM APOIO) –> ANDAR (SUSTENTO DOS MMII)
    –> Motor fino/adaptativo: PREENSÃO PALMAR REFLEXA –> PEGA CUBITOPALMAR –> PEGA PALMAR –> PEGA EM PINÇA
  • Como ocorre o desenvolvimento do tônus de uma criança?
    –> Ao nascimento e em RN nos primeiros 28 dias, temos um tônus FLEXOR EM MEMBROS e HIPOTONIA PARAVERTEBRAL (não há sustento cefálico) ~ é só lembrar que o bebê recém-nascido é todo MOLENGA!
    –> Ao longo dos primeiros meses, a criança vai reduzindo o tônus flexor, passando gradativamente à extensão e mobilização dos membros
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4
Q

Reflexos primitivos

A
  • Os reflexos ditos primitivos são fisiológicos ao nascimento e traduzem uma imaturidade do sistema nervoso central
  • Desaparecem (e DEVEM desaparecer) com a gradativa mielinização, formação de sinapses e maturação cerebral
  • Reflexo tônico-cervical ou do esgrimista (Magnus-Klein): tende a desaparecer com 3-4 MESES
  • Reflexo de busca: desaparece com 3-4 meses
  • Reflexo de preensão palmar: desaparece com 4-6 meses
  • Reflexo do paraquedista ou reflexo do Moro: tende a desaparecer com 4-6 meses
  • Reflexo cutâneo-plantar (correspondente ao Babinski nos adultos) e reflexo de preensão plantar: ambos tendem a desaparecer entre 15-18 meses!
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5
Q

Avaliação dos marcos do DNPM

A
  • Como avaliar?
    –> Deve-se considerar que os marcos da idade atual podem ou não estar presentes, no entanto, os marcos da faixa etária ANTERIOR DEVEM OBRIGATORIAMENTE estar PRESENTES. Caso contrário, isso configura-se como PROVÁVEL ATRASO DO DESENVOLVIMENTO
  • Prematuros: para avaliação correta do crescimento, ganho de peso, desenvolvimento e ganho de perímetro cefálico em prematuros devemos utilizar a IDADE CORRIGIDA (a idade corrigida não se aplica para VACINAS!)
    –> Para essas crianças, considera-se “nascimento” quando elas atingem 40 semanas de idade pós-concepcional
    –> APÓS O 2º ANO DE VIDA, essa correção NÃO É MAIS NECESSÁRIA! A partir dessa idade a diferença de crescimento entre termos e pré-termos é muito baixa, podendo-se utilizar a idade cronológica.
    –> Exemplo de idade corrigida:
    Considerar uma criança que nasceu com IG = 28 semanas que atualmente possui 6 meses de vida.
    Essa criança “deveria” ter nascido com 40 semanas, portanto 40-28 = 12 semanas (há 12 semanas de diferença entre a idade cronológica e idade corrigida da criança)
    12 semanas equivale a 3 meses aproximadamente
    Deve-se subtrair essa diferença da idade cronológica: 6-3 = 3 meses
    Portanto, a idade corrigida de um bebê com 6 meses que nasceu prematuro com 28 semanas é de 3 meses (devemos assim realizar a avaliação nas curvas reservadas para essa faixa etária)
    –> Deve-se lembrar que existem curvas de crescimento e desenvolvimento específicas para portadores de Síndrome de Down e Síndrome de Turner
    DICA DE PROVA! Os bebês prematuros exigem correção da idade cronológica até os 2 anos de idade em média. Essa idade corrigida NÃO é considerada para o CALENDÁRIO VACINAL DO PNI
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6
Q

Marcos do desenvolvimento

A
  • 0 a 1 mês
    S: vê a face humana, prefere o rosto humano
    A: eleva a cabeça quando em decúbito ventral (fuga da asfixia)
    L: reage ao som (não localiza)
    M: tônus em flexão, hipotonia paravertebral (postura pernas e braços fletidos e cabeça lateralizada)
  • 1 a 2 meses
    S: sorri (sorriso social)
    A: abre as mãos
    L: emite sons (vocaliza grunhidos)
    M: movimenta os quatro membros
  • 2 a 4 meses
    S: reage ativamente ao contato social
    A: segura objetos (pega cubitopalmar)
    L: emite sons altos, ri alto
    M: SUSTENTO CEFÁLICO
  • 4 a 6 meses
    S: busca ativa dos objetos
    A: leva objetos à boca
    L: gargalhadas, localiza o som
    M: ROLA NO LEITO (orientar prevenção de acidentes)
  • 6 a 9 meses:
    S: brinca de esconde-achou
    A: transfere objetos de uma mão para outra
    L: duplica sílabas
    M: SENTA SEM APOIO
  • 9 a 12 meses:
    S: imita gestos
    A: pega em pinça FINA (polpa-polpa)
    L: palavras incompreensíveis (jargões)
    M: anda COM apoio (engatinhar não é marco)
  • 12 a 15 meses:
    S: aponta para o que quer, executa gestos a pedido
    A: coloca blocos dentro de uma caneca
    L: emite pelo menos uma palavra COMPLETA
    M: ANDA SEM APOIO
  • 15 a 18 meses:
    S: usa colher ou garfo
    A: empilha 2 cubos
    L: emite 3 palavras com sentido
    M: consegue andar para trás
  • 18 a 24 meses:
    S: ajuda a tirar a roupa
    A: empilha 3 cubos
    L: consegue apontar para 2 figuras
    M: corre e chuta bola
  • 24 a 30 meses:
    S: veste-se com supervisão
    A: constrói torre de 6 cubos
    L: FALA FRASE COM 2 PALAVRAS com sentido
    M: pula com os 2 pés
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7
Q

Condutas

A
  • Provável atraso no desenvolvimento:
    –> Dados da avaliação: perímetro cefálico < - 2 z escores ou > + 2 z escores
    OU
    –> Presença de PELO MENOS 3 alterações fenotípicas - fenda palpebral oblíqua, implantação baixa das orelhas, lábio leporino, fenda palatina, pescoço curto e/ou largo/alado, prega palmar única e quinto dedo da mão CURTO e recurvado
    OU
    –> Ausência de PELO MENOS 1 MARCO DA FAIXA ETÁRIA ANTERIOR (se a criança estiver com 0-1 mês de vida, considerar a ausência de um marco ou reflexo para a sua faixa etária)
    –> Conduta: ACIONAR REDE DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA para avaliação do desenvolvimento
  • Alerta para o desenvolvimento
    –> Ausência de 1 ou mais marcos da faixa etária ATUAL (válido para crianças de 1 mês a 6 anos de idade)
    OU
    –> Todos os reflexos, posturas e habilidades correspondentes à faixa etária estão presentes, PORÉM A CRIANÇA TEM PELO MENOS UM FATOR DE RISCO - violência doméstica, depressão materna, uso de álcool e outras drogas entre os moradores da casa, suspeita de abuso sexual, presença de infecções durante o período gestacional (STORCH + zika), pré-natal não realizado ou incompleto, prematuridade, peso abaixo de 2500 g, icterícia grave, hospitalização durante o período neonatal, doenças como MENINGITE, TCE, convulsões e consaguinidade.
    –> Conduta: orientar responsáveis sobre a ESTIMULAÇÃO DA CRIANÇA; marcar consulta com retorno em 30 dias, informando os cuidadores sobre os sinais de alerta para retornar antes dos 30 dias
  • Desenvolvimento normal para a idade:
    –> Todos os marcos presentes, sem fatores de risco associados
    –> Conduta: elogiar a mãe/cuidador, orientá-los para seguir estimulando a criança, marcar retorno para acompanhamento de rotina em serviço de saúde APS, informar sinais de alerta ou alarme para retorno precoce antes dos 30 dias
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8
Q

Atraso de linguagem

A
  • Toda a criança que apresente QUALQUER alteração de linguagem (como não falar pelo menos uma palavra completa após 12-15 meses de idade) deve ser submetida à AVALIAÇÃO AUDIOMÉTRICA E TRIAGEM INICIAL COM M-CHAT
  • A avaliação auditiva deve ser feita MESMO SE O TESTE DE TRIAGEM NEONATAL FOR CONSIDERADO NORMAL! Isso porque algumas crianças com perdas auditivas leves podem ter um teste de triagem neonatal da orelhinha normal, além de existirem doenças que levam à perda gradual e progressiva da audição (como o CITOMEGALOVÍRUS CONGÊNITO e DOENÇAS GENÉTICAS)
  • A avaliação auditiva pode ser feita testando-se a escuta dos sons das falas por ambos os ouvidos, por meio da audiometria tonal e vocal, associada à imitanciometria. Nas situações em que a audiometria NÃO FOR POSSÍVEL, está indicada a avaliação dos potenciais evocados auditivos do tronco encefálico (PEATE/BERA)
  • SBP recomenda o rastreio universal de transtorno do espectro autista - TEA - em crianças entre 18-24 meses de idade ou antes dos 18 meses na vigência de fatores de risco*
  • A triagem com M-CHAT NÃO EXIGE encaminhamento para especialista focal (neurologista/psiquiatra infantil), podendo ser aplicada em atendimento de APS

*Fatores de risco para o transtorno do espectro autista (TEA):
–> Perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar
–> Baixa frequência do sorriso e reciprocidade social
–> Baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado
–> Não se voltar para os sons, ruídos ou vozes do ambiente
–> Não responder ao nome
–> Incômodo incomum com reações exacerbadas a sons altos
–> Baixa preferência pela face humana, dando mais atenção a objetos
–> Imitações pobres
–> Apresenta pouca ou nenhuma vocalização
–> Interesses não usuais, como fixação em estímulos sensoriais, visuais e/ou motores.
–> Preferência ou fixação por certos objetos
–> Brincar incomum
–> Irritabilidade no colo da mãe/cuidador
–> Pouca responsividade durante a amamentação

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