Bronquiolite Flashcards
1
Q
Valores de corte da frequência respiratória (FR) para idade
A
- < 2 meses: ≥ 60 irpm
- 2-11 meses: ≥ 50 irpm
- 1-4 anos completos: ≥ 40 irpm
- > 5 anos: ≥ 20 irpm
2
Q
Etiopatogenia
A
- Infecção das vias aéreas inferiores de transmissão respiratória
- Causa comum de internações de lactentes < 2 anos
- Consiste no primeiro episódio de sibilância em criança < 2 anos de idade com quadro compatível de infecção viral, sem outra causa mais provável.
- Principais agentes:
1. Vírus sincicial respiratório (VSR) - o mais importante de todos. Costuma circular sazonalmente no inverno até o início da primavera.
2. Rinovírus, parainfluenza, metapneumovírus humano, adenovírus, influenza, coronavírus sazonal e bocavírus. - Bebês < 2 anos de idade apresentam fisiológica e anatomicamente maior resistência das vias aéreas, menor suporte cartilaginoso em traqueia e menor musculatura respiratória, portanto, tendem a evoluir para formas graves no contexto de BVA e síndromes gripais.
- Fatores de risco para gravidade:
Prematuridade, baixo peso ao nascer, idade < 3 meses, doença pulmonar crônica (especialmente broncodisplasia pulmonar), defeitos anatômicos das vias aéreas, cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica, imunodeficiência e doença neurológica.
3
Q
Diagnóstico
A
- Essencialmente clínico, não necessitando de exames adicionais:
1. O paciente normalmente inicia o quadro com sinais e sintomas respiratórios semelhantes a uma infecção de vias aéreas superiores, com rinorreia, obstrução nasal, tosse, podendo ou não apresentar febre.
2. No entanto, em um intervalo de 72-96 h, os lactentes (especialmente menores < 3 meses) tendem a evoluir com tosse persistente, desconforto respiratório (retração subcostal, intercostal, de fúrcula esternal e ainda batimento de asas do nariz) com piora para insuficiência respiratória, necessitando de internação e suporte ventilatório. Associado a esse quadro respiratório, o bebê pode recusar mamadas (cuidado com a consequente desidratação!).
3. Depois do período de piora, segue-se a fase de convalescença com melhora gradual dos sintomas a partir da primeira semana desde o início do quadro até 2 semanas.
4. Se a criança mantiver febre prolongada ou novo quadro febril associado, suspeitar de complicações ou coinfecções - OMA, pneumonia ou outra infecção viral sobreposta. - Classificação de gravidade da BVA (SBP, 2022):
–> Formas leves a moderadas: ingesta oral normal ou reduzida, FR aumentada para idade, tiragem subcostal leve a moderada, ausência de batimento de asa do nariz, SatO2 entre 90-92%, comportamento normal ou irritabilidade.
–> Formas graves: FR > 70 irpm, não aceitação à ingesta por via oral, tiragem subcostal grave, batimento de asa do nariz presente, SatO2 < 90% e letargia. - Painel viral respiratório não é realizado de rotina
- RX de tórax PA e perfil:
1. Reservado para os casos em que a clínica não seja típica de bronquiolite ou na suspeita de complicações
2. Os achados principais consistem em espessamento peribrônquico, hiperinsuflação e atelectasias
*Oximetria de pulso:
A SBP recomenda o uso de oximetria de pulso de forma INTERMITENTE na fase AGUDA da doença em crianças HOSPITALIZADAS, já que o uso rotineiro ou CONTÍNUO demonstrou associação com TEMPO MAIS PROLONGADO DE INTERNAÇÕES.
4
Q
Manejo clínico
A
- NÃO HÁ EVIDÊNCIA:
1. Teste terapêutico com beta2-agonistas inalatórios
2. Solução hipertônica
3. Corticoterapia inalatória e sistêmica
4. Fisioterapia respiratória - TRATAMENTO BASEADO EM EVIDÊNCIA:
1. Suporte hídrico (hidratação com cristaloide - SF 0,9%)
2. Suporte ventilatório adequado, com SatO2 alvo entre 90-92%
3. Considerar utilizar sistemas ventilatórios de pressão positiva não invasivos: CNAF, CPAP, VNI
4. Lavagem nasal sempre que necessário e aspiração do acúmulo excessivo de secreção em vias aéreas.
5
Q
Complicações mais frequentes
A
- Insuficiência respiratória aguda
- Sibilância recorrente do lactente
- Bronquiolite obliterante
- Coinfecções/complicações respiratórias bacterianas e virais (são as mais frequentes - 60% do total das complicações)
6
Q
Bronquiolite obliterante
A
- Doença crônica rara
- Manifestações clínicas de doença pulmonar obstrutiva, que ocorrer após grave lesão do trato respiratório inferior.
- Seu processo envolve obliteração parcial ou total das pequenas vias aéreas inferiores.
- Na população pediátrica, sua principal etiologia é de causa pós-infecciosa, como nas BVAs graves. Dentre os vírus mais relacionados, temos: VSR, parainfluenza, influenza e, PRINCIPALMENTE, o ADENOVÍRUS.
- Dentre as alterações radiológicas sugestivas de Bronquiolite Obliterante Pós-Infecciosa (BOPI), encontram-se:
1. Sinais diretos na TC: obliteração dos bronquíolos e espessamento da parede bronquiolar - padrão árvore em brotamento (que indica material presente em bronquíolos dilatados ou não e espessamento do tecido conjuntivo peribroncovascular)
2. Sinais indiretos na TC: perfusão em mosaico (áreas mistas de hipo e hiperatenuação, revelando áreas de aprisionamento aéreo e vasoconstricção), bronquiectasias - A doença apresenta variabilidades regionais, por motivos não totalmente esclarecidos. A área de maior ocorrência de BO encontra-se no cone sul de nosso hemisfério (SBP, 2022).
7
Q
Profilaxia com palivizumabe
A
- Imunização passiva: o palivizumabe é uma imunoglobulina específica contra o VSR utilizada para reduzir taxas de doença grave em pacientes de alto rico.
- É aplicada entre fevereiro e julho (inverno e início da primavera)
- Indicações:
1. Crianças prematuras nascidas com ≤ 28 semanas que apresentam < 1 ano de idade
2. Crianças com idade < 2 anos que apresentam doenças pulmonares crônicas da prematuridade (ex., broncodisplasia) ou doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada clinicamente.