Pneumologia Flashcards
Volume corrente e volume minuto - definição
O volume corrente é o volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada ciclo, 500 ml em um adulto de peso médio (6-7 ml/kg).
Volume Corrente x FR = Volume minuto, em torno de 7L/min. Este volume é distribuído por toda a árvore respiratória, sendo que 70% dele chega efetivamente aos alvéolos (ventilação alveolar) e os 30% restantes
preenchem a traqueia e a árvore brônquica
(espaço morto).
Asma - definição
A asma é caracterizada por um tipo especial de inflamação crônica nas vias aéreas inferiores, de etiologia desconhecida, que predispõe a surtos de broncoespasmo reversível, acompanhados de manifestações clínicas estereotipadas (dispneia, sibilos, tosse e aperto no peito). Na ausência de tratamento
adequado, pode ocorrer remodelamento brônquico, levando à perda irreversível da função pulmonar.
o pico de incidência se dá aos três anos de vida. Na infância, a asma é mais frequente em meninos, porém, em adultos, a prevalência acaba se igualando entre os sexos
Fatores Desencadeantes de Broncoespasmo em Asmáticos
- Alérgenos: ácaros, pólens, pelos de animais, baratas e fungos. Substâncias químicas (ex.: perfumes, produtos de limpeza) também podem exercer o mesmo efeito.
- Infecções Virais: resfriado comum, como Rhinovirus,
Coronavirus e o próprio vírus do sincício respiratório invadem não apenas o epitélio das vias aéreas superiores, mas também das inferiores - Fármacos: betabloqueadores e o AAS.
- Exercícios Físicos, dieta, poluição, hormonios, DRGE
Linfócitos Th1 e Th2 - diferenças do mecanismo de atuação
- linfócitos Th1: são aqueles que secretam IL-1, IL-6 e TNF-alfa, estimulando a produção de IgM e IgG, além de atraírem e ativarem neutrófilos e macrófagos visando a eliminação completa do antígeno e a criação de uma memória imunológica protetora. A resposta Th1 se traduz clinicamente nas reações inflamatórias
agudas habituais. - linfócitos Th2 secretam IL-4, IL-5 e IL-13. A IL-5 recruta e ativa eosinófilos, enquanto IL-4 e IL-13 estimulam a produção de IgE pelos linfócitos B (que após secretada
se liga à superfície de mastócitos e basófilos, tornando estas células hipersensíveis ao antígeno em questão). A resposta Th2 se traduz clinicamente nas síndromes alérgicas, e sua persistência resulta em doenças crônicas caracterizadas por reações de hipersensibilidade, como a asma.
Fisiopatologia da ASMA
a principal alteração fisiopatológica da asma é a obstrução variável e reversível ao fluxo aéreo, que ocorre de forma predominante na fase EXPIRATÓRIA da respiração.
Isso acontece principalmente devido ao broncoespasmo (contração da musculatura lisa
brônquica), mas também em consequência ao edema da mucosa e à hipersecreção de muco no lúmen da via aérea.
Parametros espirometricos da asma
O parâmetro espirométrico mais afetado é o Volume Expiratório Forçado no 1º segundo (VEF1), que diminui subitamente.
A relação VEF1/CVF (Índice de Tiffenau) se reduz, atingindo a faixa dos distúrbios obstrutivos da
ventilação (< 0.75-0.80 em adultos ou < 0.90
em crianças).
Diagnostico de Asma - sinais e sintomas, criterios de exames
Sugerem Asma:
- Mais de um tipo de queixa respiratória concomitante (dispneia, sibilos, tosse, sensação de aperto no peito).
- Piora dos sintomas à noite ou no início da manhã.
- Variabilidade na frequência e intensidade dos sintomas.
- Início ou piora dos sintomas após contato com desencadeantes típicos (ex.: IVAS, alérgenos).
Principais Critérios Confirmatórios de Asma:
- Relação VEF1/CVF < 0.75-0.80 em adultos ou < 0.90 em crianças e…
- Prova Broncodilatadora (BD):
- Adultos: aumento do VEF1 > 12% e > 200 ml em relação ao basal.
- Crianças: aumento do VEF1 > 12% do previsto. - Variação Diária Média do PFE
- Adultos: variação diária média do PFE > 10%.
- Crianças: variação diária média do PFE > 13%. - Teste de Provocação Brônquica: Queda do VEF1 ≥ 20% do basal após inalação de metacolina ou histamina ou queda do VEF1 ≥ 15% do basal após protocolos padronizados de hiperventilação, nebulização com salina hipertônica ou manitol.
Para avaliar o grau de controle dos sintomas,
fazemos quatro perguntas simples - GINA Symptom Control Tool (GINA = Global Initiative for Asthma).
Nas Últimas 4 Semanas Houve…
1) Sintomas diurnos mais de 2x por semana?
2) Algum despertar noturno por causa da asma?
3) Necessidade de medicação de resgate mais de 2x por semana*? Exceto em exercicios
4) Alguma limitação nas atividades por causa da asma?
- ASMA CONTROLADA: Nenhuma resposta positiva
- ASMA PARCIALMENTE CONTROLADA: 1-2 respostas
positivas - ASMA NÃO CONTROLADA: 3-4 respostas positivas
Como classificar a asma de um paciente?
A gravidade da asma é definida pela INTENSIDADE
do tratamento necessário para manter a doença sob controle.
Ou seja, só pode ser categorizada após iniciarmos tratamento adequado do paciente, por exemplo um paciente que tinha sintomas graves, porem foi controlado com baixas doses de CI, será classificado como asma leve. Ja um paciente com altas doses de CI sem controle dos sintomas, provavelmente trata-se de um paciente com asma grave
Passo a Passo do Tratamento de Manutenção da Asma
(Adultos, Adolescentes e Crianças 6-11 anos) - 5 passos
- PASSO 1: SABA conforme a necessidade;
- PASSO 2: CI em dose baixa; considerar ARL (antagonista receptor de leucotrieno) e teofilina de liberação lenta + SABA de resgate
- PASSO 3: CI em dose baixa + LABA; considerar CI em dose media/alta em monoterapia, CI + ARL (ou teofilina de liberação lenta)
- PASSO 4: CI em dose media/alta + LABA; considerar adiciona Tiotropio ou CI + ARL (ou teofilina de liberação lenta)
- PASSO 5 Encaminhar ao especialista p/ terapias adicionais (ex.: anti-IgE, anti-IL-5). Adicionar corticoide oral em dose baixa
OBS: nos passo 3, 4 e 5 o resgate é feito com: SABA conforme a necessidade ou baixa dose de CI
(Budesonida ou Beclometasona) + Formoterol(4).
Como escolher o passo que o paciente vai começar o tratamento da asma?
PASSO 1
- Sintomas ou uso de SABA < 2x/mês; ausência de despertares noturnos por causa da asma; ausência de fatores de risco para exacerbação (ex.: VEF1 normal).
PASSO 2
- Sintomas infrequentes (< 2x ao mês), porém, pelo menos um fator de risco para exacerbação.
- Sintomas ou uso de SABA ≥ 2x/mês e/ou despertar noturno por causa da asma ≥ 1x/mês.
- Sintomas ou uso de SABA > 2x/semana.
PASSO 3
- Sintomas na maioria dos dias e/ou despertares noturnos por causa da asma ≥ 1x/semana.
- A doença começa com uma exacerbação aguda grave ou com critérios de asma não controlada (fazer breve curso de corticoide oral e já começar no…).
Resumindo: a não ser que os sintomas sejam
muito ocasionais e de pouca importância clínica
(merecendo tratamento no passo 1), comece
o tratamento de controle pelo passo 2. Somente
quando os sintomas forem muito importantes
ou houver relato de crises graves comece pelo
passo 3.
Tratamento de asma na gravidez
As crises tendem a ser mais frequentes durante o 2º
trimestre de gravidez, e devem ser agressivamente
tratadas com SABA inalatório, suplementação de O2 e corticoide sistêmico, a fim de evitar a hipóxia fetal.
uso de SABA 48h antes do parto indica monitorização da glicemia neonatal nas primeiras 24h de vida, pois o RN pode apresentar hipoglicemia
Critérios de Gravidade (em uma exacerbação da asma): Transferir do Consultório para a Emergência (8)
• Alterações do sensório (agitação, confusão,
sonolência).
• “Tórax silencioso”.
• Só consegue pronunciar palavras isoladas.
• Uso de musculatura acessória (ex.: senta-se curvado para a frente, com os braços apoiados).
• FR > 30 irpm.
• FC > 120 bpm.
• SpO2 < 90% (em ar ambiente).
• PFE ≤ 50% do basal.
Enquanto se providencia a transferência desses pacientes (ex.: chamar ambulância), todas as medidas terapêuticas cabíveis e disponíveis devem ser aplicadas (ex.: SABA inalatório (4-10 puffs), corticoide sistêmico precoce (1 mg/kg, max 40 mg de prednisona), O2 suplementar, monitorização contínua dos sinais vitais)…
Passo a Passo do Tratamento de Manutenção da Asma (Crianças ≤ 5 anos)
- PASSO 1: SABA de resgate
- PASSO 2: CI, alternativa ARL (antagonista do receptor de leucotrieno).
- PASSO 3: dobrar CI OU CI em dose baixa + ARL
- PASSO 4: manter CI em dose dobrada, procurar especialista. alternativas: - Adicionar ARL. - Aumentar frequência do CI. - Acrescentar CI intermitente.
Critérios para o Diagnóstico Clínico de Asma em Crianças ≤ 5 anos (7)
- Padrão de sintomas compatível (mais de um sintoma concomitante: dispneia, sibilos, tosse).
- Os sintomas persistem de forma prolongada (> 10 dias) durante um episódio de IVAS.
- Ocorrem > 3 episódios por ano, ou os episódios
são graves e/ou apresentam piora noturna. - Os sintomas também acontecem na ausência
de IVAS, sendo desencadeados por atividades
físicas, choro, riso, exposição ao tabaco, poluição ambiental e/ou aeroalérgenos comuns. - História pessoal ou familiar de outras manifestações
atópicas (rinite e/ou dermatite alérgica). - História familiar de asma em parente de 1º grau.
- Melhora em resposta ao tratamento de controle
empírico; piora após a suspensão do mesmo.
SABA - exemplos
- Salbutamol (Aerolin®, Bronconal®)
- Terbutalina 3-6h (Adrenyl®, Bricanyl®)
- Fenoterol (Berotec®, Bromifen®)
LABA - exemplos
- Salmeterol
- Formoterol
- Indacaterol
- Vilanterol
- Olodaterol
Anticolinergicos broncodilatadores - exemplos
São classificados como de meia-vida curta: (brometo de ipratrópio ou Atrovent®) ou longa (tiotrópio ou Spiriva®): SAMA e LAMA, respectivamente.
Medicamentos controladores da Inflamação na ASMA -classes e exemplos
(1) corticoide inalatório ou sistêmico: budesonida, beclometasona, mometasona, fluticasona
(2) antagonistas do receptor de leucotrieno: zafirlucaste (Accolate®) e montelucaste (Singulair
®, Piemonte®);
(3) cromonas: cromoglicato (Intal®) e o nedocromil (Tilade®) são especialmente eficazes na asma alérgica e na AIE;
(4) anti-IgE: omalizumabe (Xolair®) é um anticorpo monoclonal anti-IgE indicado como adjuvante para pacientes com idade ≥ 6 anos que possuam asma alérgica refratária à combinação de CI + LABA na vigência de níveis elevados de IgE no sangue.
(5) anti-IL-5: mepolizumabe (Nucala®) e o reslizumabe
(Cinqaero®) são anticorpos monoclonais anti-IL-5, enquanto o benralizumabe (Fansera®) é um bloqueador do receptor de IL-5
DPOC - definição
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC – é definida como uma síndrome caracterizada pela obstrução crônica e difusa das vias aéreas inferiores, de caráter irreversível, com destruição progressiva do parênquima pulmonar. Geralmente estão incluídos
nesta definição os pacientes com bronquite obstrutiva crônica e/ou com enfisema pulmonar, os dois principais componentes da doença, ambos relacionados à exposição à fumaça do tabaco.
Deficiencia da alfa-1-antitripsina - efeitos
A deficiência de alfa-1-antitripsina é uma doença genética autossômica recessiva que cursa frequentemente com enfisema pulmonar isolado em crianças ou adolescentes. Em 10% dos casos ocorre hepatopatia crônica que evolui para cirrose hepática. Os indivíduos homozigotos para o gene Z (genótipo PiZZ em vez do genótipo normal PiMM) têm uma concentração de α-1-antitripsina menor que 10% do valor normal. A ausência da ação desta enzima deixa
livre a elastase neutrofílica que vai degradando paulatinamente o parênquima pulmonar.
O tratamento desses pacientes pode ser feito com a infusão venosa semanal de alfa-1-antiprotease. Os pacientes heterozigotos (PiZM) parecem ter um risco apenas levemente aumentado para DPOC.
Bronquite Obstrutiva Crônica - caracteristicas fisiopatologicas
Bronquite Obstrutiva Crônica: as alterações patológicas principais são:
(1) hipertrofia e hiperplasia das glândulas submucosas secretoras de muco associadas a um aumento no
número de células caliciformes da mucosa (daí o estado hipersecretor), presentes principalmente nas vias aéreas proximais;
(2) redução do lúmen das vias aéreas distais devido ao
espessamento da parede brônquica por edema
e fibrose (bronquiolite obliterante).
Enfisema Pulmonar - definição
Enfisema Pulmonar: definido como um
alargamento dos espaços aéreos distais aos
bronquíolos, decorrente da destruição progressiva
dos septos alveolares.
O enfisema causa obstrução crônica das vias aéreas distais pelo fato de haver perda no tecido elástico de sustentação da parede brônquica, o que permite a redução do seu lúmen, principalmente na fase expiratória.
O aprisionamento de ar e a hiperinsuflação pulmonar
podem ter consequências deletérias para a fisiologia: Quais sao elas? (2)
(1) surge auto-PEEP, isto é, uma pressão alveolar positiva no final da expiração, que pode aumentar o trabalho da musculatura respiratória na inspiração;
(2) altera a mecânica do diafragma, que apresenta tendência à retificação, tornando improdutiva a sua contração para puxar o ar inspiratório
Esses dois fatores levam a necessidade do individuo utilizar a musculatura acessoria para conseguir respirar