Neonatologia II - Infecções Congênitas Flashcards

1
Q

Qual é a definição de infecção congênita? Qual é a sua via de transmissão?

A

Infecção congênita é adquirida durante a vida intrauterina. A via de transmissão é hematogênica TRANSPLACENTÁRIA.

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2
Q

De forma geral, como as infecções congênitas se manifestam clinicamente?

A

A maioria das infeccões congênitas são completamente ASSINTOMÁTICAS no momento do nascimento ou apresentam manifestações inespecíficas.
Obs: geralmente, as infeccões congênitas são adquiridas ao final da gestação, quando a placenta está mais desenvolvida, o que justifica a maioria dos quadros assintomáticos
Obs2: infecções congênitas são causas, ainda, de abortamento, óbito fetal e malformações congênitas.

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3
Q

Qual é o agente etiológico da SÍFILIS CONGÊNITA?

A

Treponema pallidum (transmitido por via hematogênica transplacentária)

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4
Q

Em que estágios da doença materna (sífilis pprimária secundária ou terciária) há maior risco de transmissão para o feto?

A

Na sífilis primária e secundária o risco é maior, embora possa ocorrer transmissão em todos os estágios da foença!
Obs: risco de transmissão na sífilis primária é elevadíssimo, quase 100%

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5
Q

Qual é a definição de sífilis congênita precoce?

A

Quadro clínico de sífilis que se manifesta nos primeiros 2 ANOS de vida

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6
Q

Quais são as principais lesões cutâneomucosas da sífilis congênita precoce (4)?

A
  1. Lesões maculopapilares
  2. Pênfigo (principalmente palmoplantar), que são lesões foliáceas altamente contagiosas!
  3. Placas mucosas e condiloma plano (o condiloma plano é comumente encontrado na região perianal e faz ddx com violência sexual)
  4. Rinite sifilítica (pode ocorrer destruição do septo e da cavidade nasal)
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7
Q

Quais são as principais lesões ósseas da sífilis congênita precoce (3)?

A
  1. Periostite
  2. Osteocondrite
  3. Sinal de Wimberger (rarefação da tíbia)
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8
Q

A osteocondrite sifilítica é muito dolorosa à movimentação, de forma que o RN tende a chorar à movimentação e a ficar mais “parado”. Qual o nome do quadro em que o RN fica “parado” para evitar a dor?

A

PSEUDOPARALISIA DE PARROT (“parrot de se mexer”). Ddx com lesão de plexo braquial (mas o exame neurológico estará normal)

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9
Q

Além disso, existem manifestações clínicas pouco específicas, que podem ser encontradas em outras infecções congênitas. Quais são elas (5)?

A
  1. Anemia hemolítica (obs: é NÃO imune, Coombs direto negativo)
  2. Sintoams neurológicos (neurossífilis)
  3. Hepatoesplenomegalia
  4. Petéquias
  5. Coriorretinite
    Obs: em questão de RN com muitas manifestações clínicas desconexas, cogitar infecção congênita e buscar dado mais específico para direcionar a hipótese diagnóstica.
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10
Q

Todo RN filho de mãe com história de sífilis na gestação será submetido a avaliação sorológica. Quais testes NÃO deverão ser utilizados no RN e por que?

A

Os testes TREPONÊMICOS (TPHA, FTA-Abs, teste rápido) NÃO devem ser pesquisados no RN, uma vez que detectam IgG contra o Treponema. No RN, esses testes podem ser positivos pela passagem transplacentária de anticorpos maternos, sem que o RN tenha, de fato, infecção pelo Treponema (falso positivo).

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11
Q

Por que os testes NÃO treponêmicos são os mais indicados para a avaliação sorológica de sífilis no RN? Qual o mais utilizado?

A

Porque eles identificam anticorpos produzidos pela LESÃO TECIDUAL causada pelo Treponema. Além disso, permitem o diagnóstico E o seguimento dos pacientes.
O mais utilizado é o VDRL.
Obs: a sorologia deve ser investigada no sangie periférico, e não no sangue de cordão umbilical.

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12
Q

Além da sorologia para sífilis, RN com suspeita clínica de sífilis OU filhos de mães que foram incorretamente tratadas durante a gestação deverão ser submetidos a outras avaliações. Que avaliações são essas (4)?

A
  1. Radiografia de ossos longos (20% dos RN com sífilis congênita tem apenas manifestações ósseas)
  2. Avaliação do líquor
  3. Hemograma, perfil hepático e eletrólitos
  4. Avaliação audiológica e oftalmológica
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13
Q

Quais são os achados da avaliação do líquor que dão o diagnóstico de neurossífilis (3)? Quantas dessas alterações precisam estar presentes para que seja firmado o diagnóstico?

A
  1. VDRL reagente no líquor (em qualquer título)
  2. Celulas > 25
  3. Proteínas > 150 mg/dl
    Obs: basta que UM desses critérios seja preenchido para que seja firmado o diagnóstico de neurossífilis.
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14
Q

O tratamento da sífilis congênita depende diretamente do tratamento materno. Quais são os critérios para que o tratamento materno seja considerado ADEQUADO (3)?

A
  1. Tratamento feito com PENICILINA BENZATINA (outros esquemas podem até tratar a mãe, mas não tratam o feto!)
  2. DOSE ADEQUADA de acordo com o estágio clínico da sífilis materna (obs: se for desconhecido, devem ser 3 doses)
  3. INÍCIO do tratamento materno pelo menos 30 dias antes do parto.
    Obs: atualmente, não é necessário que seja feito o tratamento do parceiro para que o tratamento materno seja considerado adequado.
    Obs 2: a queda dos títulos de VDRL não é critério para avaliação da adequação do tratamento materno. Mas atenção: AUMENTO de VDRL indica reinfecção!!
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15
Q

O que deve ser feito quanto à notificação de suspeita de sífilis em RN de mãe não tratada ou tratada de forma inadequada?

A

Notificação imediata (por definição, se a mãe não foi tratada ou foi tratada inadequadamente, trata-se de caso de sífilis congênita)

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16
Q

Quais os PRINCIPAIS exames que devem ser realizados no RN de mãe não tratada ou inadequadamente tratada (3)?

A
  1. Hemograma
  2. Radiografia de ossos longos
  3. Análise do líquor
    Obs: TODOS os RN filhos de mães com sífilis realizarão VDRL, independentemente do tratamento materno ter sido adequado ou não!
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17
Q

Qual o tratamento realizado em RN filho de mãe não tratada adequadamente COM alteração liquórica (neurossífilis)?

A

PENICILINA CRISTALINA IV POR 10 DIAS.

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18
Q

Qual o tratamento realizado em RN filho de mãe não tratada adequadamente SEM alteração liquórica, mas COM outras alterações (2)?

A
  1. Penicilina cristalina IV por 10 dias
    OU
  2. Penicilina procaína IM por 10 dias
    Obs: no tratamento com penicilina procaína IM, se o tratamento for descontinuado por mais de 24 horas, ele deve ser REINICIADO.
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19
Q

Qual o tratamento realizado em RN filho de mãe não tratada adequadamente que está ASSINTOMÁTICO e não apresenta alterações nos exames (VDRL não reagente E outros exames normais)?

A

Penicilina benzatina IM em dose única.

20
Q

O que deve ser feito no RN filho de mãe que foi ADEQUADAMENTE tratada para sífilis na gestação?

A

Dosagem de VDRL.

21
Q

Qual o parâmetro do VDRL do RN que faz com que ele seja considerado, por definção, um caso de sífilis congênita?

A

Ele deve ser maior do que o materno em pelo menos 2 DILUIÇÕES (se for menor que o materno, igual ao materno ou superior ao materno em 1 diluição, pode-se atribuir o valor à passagem transplacentária de anticorpos).
Obs: VDRL capta anticorpos IgM IgG. O que passa pela placenta é o IgG.

22
Q

Qual deve ser a conduta em RN filho de mãe adequadamente tratada em que o VDRL foi positivo e maior que o materno em 2 ou mais diluições?

A

Ntoificar + exames (hemograma, líquor, RX) + tto por 10 dias

23
Q

Qual deve ser a conduta em RN filho de mãe adequadamente tratada, em que o VDRL foi negativo, menor que o materno ou maior que o materno em 1 diluição, sendo que o RN tem exame físico NORMAL?

A

Apenas ACOMPANHAR (por definição, o RN é uma criança EXPOSTA à sífilis e deve ser acpanhada com dosagens de VDRL nas consultas de puericultura).

24
Q

Qual deve ser a conduta em RN filho de mãe adequadamente tratada, em que o VDRL foi negativo, menor que o materno ou maior que o materno em 1 diluição, sendo que o RN tem exame físico ALTERADO?

A

Depende:
- Se o VDRL for NEGATIVO: investigar outras infecções congênitas (SToRCH)
- Se VDRL for POSITIVO: notificar + exames + tto por 10 dias

25
Q

Quais infeccões congênitas compõem o mnemônico SToRCH?

A

Sífilis
Toxoplasmose
Rubéola
Citomegalovírus
Herpes simples*
* Obs: herpes simples pode dar tanto infecção congênita quanto infecção perinatal (maioria). Quando a infecção é congênita, tende a ser muito grave.

26
Q

Quanto à síndrome da rubéola congênita, qual é o agente etiológico e em qual fase da infecção materna ocorre a transmissão transplacentária?

A

Agente etiológico: virus da rubéola.
A transmissão transplacentária só ocorre na infecção materna AGUDA, isto é, quando a mãe é infectada DURANTE a gestação (diferentemente, por ex, da sífilis)

27
Q

Para que ocorra a SÍNDROME da rubéola congênita, com todos os seus comemorativos, é necessário que a transmissão ocorra em que período da gestação?

A

Até 16-20 semanas.

28
Q

Qaul é a peculiaridade do vírus da rubéola, em relação aos outros agentes etiológicos de infecções congênitas, quanto à transmissão transplacentária?

A

Na rubéola, o risco de transmissão é ALTO MESMO NO INÍCIO DA GESTAÇÃO!! De forma geral, nas outras doenças, o risco é maior quanto maior a IG, pelo desenvolvimento placentário. Isso não se aplica à rubéola.

29
Q

Quais são as manifestações clínicas da síndrome da rubéola congênita (5)?

A
  1. Restrição do crescimento intrauterino (CIUR) – RN PIG
  2. Deficiência auditiva neurossensorial (por comprometimento do 8° par craniano)
  3. Malformações cardíacas
  4. Malformações oculares
  5. Alterações cutâneas (exantema)
30
Q

Das malformações cardíacas da síndrome da rubéola congênita, qual é a mais frequente? E a 2° mais frequente? Qual o principal sinal clínico dessas malformacões?

A

1°: persistência do canal arterial.
2° estenose da artéria pulmonar.
Sinal clínico principal: SOPRO

31
Q

Quais as principais malformações oculares da síndrome da rubéola congênita (2)?

A
  1. CATARATA (principal)
  2. Coriorretinite
32
Q

Quais os achados do exame físico da catarata congênita?

A
  1. Ausência do reflexo vermelho
  2. Leucocoria
33
Q

Em que consiste o tratamento da síndrome da rubéola congênita?

A

Apenas MANEJO DE SEQUELAS.
Obs: essa síndrome é atualmente erradicada no Brasil.

34
Q

Quanto à toxoplasmose congênita, qual é o agente etiológico e em qual fase da infecção materna ocorre a transmissão transplacentária?

A

Agente etiológico: toxoplasma gondii (protozoário).
A transmissão transplacentária só ocorre na infecção materna AGUDA, isto é, quando a mãe é infectada DURANTE a gestação OU em caso de reativação de toxo latente em mulher imunodeprimida.

35
Q

Qual é o quadro clínico característico da toxoplasmose congênita (3)?

A
  1. Lesões no SNC
  2. Lesões oculares (CORIORRETINITE importante, que pode ser insidiosa)
  3. Deficiência intelectual
    Obs: a maioria dos RN com toxo congênita são completamente assintomáticos e serão identificados no teste do pezinho.
36
Q

Existem 2 principais lesões do SNC associadas a toxo congênita. Qual é a mais comum? E qual é a mais específica?

A

Mais comum: HIDROCEFALIA.
Mais específica: presença de calcificações intracranianas DIFUSAS (TOxo pega TOdo o parênquima)

37
Q

Quais achados compõem a chamada tétrade de Sabin (4)?

A
  1. Hidrocefalia
  2. Calcificações intracranianas difusas
  3. Coriorretinite
  4. Deficiência intelectual (geralmente tardia. É sequela das alterações de SNC)
    Obs: as crianças com toxoplasmose congênita podem não ter nenhum achado ao nascimento, mas, se não houver tratamento, a coriorretinite VAI SE DESENVOLVER.
38
Q

Qual condição deve ser considerada diante de QUALQUER DOENÇA NEUROLÓGICA no 1° ano de vida?

A

Toxoplasmose congênita

39
Q

Quais RN devem ser tratados para toxoplasmose?

A

TODOS que foram diagnosticados (dosagem de IgM no teste do pezinho)

40
Q

Qual é o esquema de tratamento de toxoplasmose congênita? Por quanto tempo esse tratamento deve ser mantido?

A

Sulfadiazina + Pirimetamina + ácido folínico (mesmo tratamento de quando é identificada infecção intrauterina por toxo na amniocentese!)
O esquema deve ser mantido poe 12 MESES (o objetivo mão é cura, mas sim reduzir a parasitemia e suas consequências).

41
Q

Em quais situações está indicada a associação de CORTICOIDE ao esquema de tratamento da toxoplasmose congênita (2)?

A
  1. Coriorretinite em atividade
  2. Proteínorraquia > 1 g/dl (toxo é a infecção congênita que mais eleva ptn no liquor)
    Obs: geralmente utiliza-se a dexametasona, durante os primeiros 2 meses de tto da toxo.
42
Q

Quanto à citomegalovirose congênita (também chamada de doença de inclusão citomegálica), qual é o agente etiológico e em qual fase da infecção materna ocorre a transmissão transplacentária?

A

Agente etiológico: citomegalovírus (pertence à família Herpesviridae)
A transmissão transplacentária ocorre na infecção materna AGUDA, isto é, quando a mãe é infectada DURANTE a gestação OU em caso de reativação de infecção latente (mesmo em imunocompetentes)

43
Q

Na citomegalovirose congênita, podem ser observadas manifestações clínicas inespecíficas, como microcefalia, icterícia colestática, petéquias e hepatoesplenomegalia. Além disso, nessa condição, são encontradas calcificações intracranianas? Qual característica dessas calcificações permite diferenciá-las das causadas por toxo congênita?

A

São calcificações PERIVENTRICULARES (CMV- Circunda Meu Ventrículo)

44
Q

Qual é a principal SEQUELA da citomegalovirose congênita?

A

SURDEZ (a citomegalovirose congênita é a principal causa de surdez neurossensorial não hereditária na infância!!)

45
Q

Como é feito o DIAGNÓSTICO da citomegalovirose congênita? (Importante)

A

Pela pesquisa DO VÍRUS na URINA ou na SALIVA.
Obs: sífilis, toxo e rubéola são identificadas, tradicionalmente, por sorologias. A citomegalovirose NÃO.

46
Q

Idealmente, até que período da vida do RN deve ser realizada a pesquisa do CMV para diagnóstico? Por que?

A

Até 2 a 3 semanas, pois a partir daí os vírus identificados podem ser de infecção pós natal, e não congênita! Essa diferenciação implica diretamente no tratamento, uma vez que a infecção pós natal nunca é a tratada e a congênita pode necessitar de tratamento.

47
Q

Quais as medicações que podem ser utilizadas no tratamento da citomegalovirose congênita e suas vias de administração (2)?

A
  1. Ganciclovir IV
  2. Valganciclovir VO
    Obs: nem todos os RN com CMV congênita serão tratados!! Apenas os mais graves.