Maturação e Ativação de LT Flashcards
O que é uma imunodeficiência primária (IDP)?
É uma condição genética caracterizada pela falta de algum agente imunológico, tornando o indivíduo mais propenso a desenvolver infecções comuns de forma recorrente, como otites, sinusites e infecções graves.
Na presença de pelo menos um ou mais sinais de defeitos imunológicos, é mandatória a investigação laboratorial para IDP.
O que é a maturação do LT, onde ela ocorre e quais os estágios de maturação?
Maturação de linfócito consiste na formação dos receptores (TCR), que ocorre no órgão linfóide gerador (timo). Um linfócito maduro é aquele que está com seus receptores formados, estando pronto para ir aos órgãos linfoides periféricos, mas que ainda é naive.
Estágios de maturação:
1. Célula-tronco
2. Pró-linfócito
3. Pré-linfócito
4. Linfócito imaturo
5. Subpopulações de linfócitos
6. Linfócito maduro.
As células só continuam a amadurecer se a etapa anterior de maturação tiver sido concluída de maneira eficaz.
Descreva a estrutura do TCR e do BCR.
O TRC é formado por 2 cadeias proteicas alfa e beta, cada uma com 2 moléculas de carboidrato.
Elas são divididas em região variável (V) na extremidade e região constante (C) mais caudal.
As cadeias são unidas por uma ponte dissulfídrica e se conectam ao LT por uma cauda citoplasmática.
O BCR é igual ao anticorpo, com a diferença de que o receptor tem uma cauda citoplasmática que o conecta à membrana do LB:
• 2 cadeias pesadas
• 2 cadeias leves
Obs: a maturação do LB é igual à do LT, com algumas diferenças apenas.
Quais os dois primeiros eventos da maturação do LT e quais as células envolvidas?
1- Comprometimento com as células progenitoras (células-tronco hematopoiéticas) com a linhagem linfoide B ou T (no caso, com T) e proliferação desses células para que se tenha um grande reservatório de linfócitos úteis.
2- Formação de um pró-linfócito T e início do rearranjo dos genes de receptor antigênico (é isso que permite a grande diversidade de antígenos sendo capturados).
Qual o terceiro evento da maturação dos LT e qual a célula envolvida?
- Seleção de células que expressam pré-receptores antigênicos, formando pré-linfócitos.
A primeira cadeia formada no pré-TCR é a cadeia beta (B) e a cadeia alfa substituta (ela será substituída por uma cadeia alfa definitiva no LT imaturo) enquanto que no pré-BCR é a cadeia pesada Mu (correspondente ao IgM) e uma cadeia leve substituta (ela será substituída por uma cadeia leve definitiva no LB imaturo).
Esses pré-receptores formados enviam sinais de sobrevivência para as células, sinalizando que a etapa de maturação foi bem sucedida. A ausência de liberação desses sinais leva a célula à uma apoptose.
Qual é o quarto estágio de maturação do LT e qual a célula envolvida?
- Seleção de repertório do linfócito imaturo.
Nessa fase, a cadeia beta provisória é substituída e o TCR é formado, mas ele precisa aprender a reconhecer antígenos próprios e não próprios para seguir ao próximo estágio de maturação. Para isso, é feita uma seleção com base na reação do linfócito à apresentação de autoantígenos. Esse processo se chama de tolerância central.
Seleção positiva do LT:
• Fraco reconhecimento do antígeno próprio
• Reconhecimento do MHC próprio (aquele que não for capaz de reconhecer seu MHC tem uma morte por negligência)
• Reconhecimento do MHC adequado (MHC classe II para LT-CD4 e MHC classe I para LT-CD8)
Seleção negativa do LT:
O linfócito liga-se fortemente ao antígeno próprio, levando à deleção clonal (apoptose).
Obs: Nessa fase, para os BCR, e somente para eles, quando há forte ligação com o autoantígeno, é possível fazer uma edição do receptor e apresentá-lo novamente ao antígeno próprio e observar sua reação. Se for fraca, seleção positiva. Se for forte novamente, deleção clonal.
A formação do TCR é o sinal de sobrevivência.
Na segunda fase de maturação dos LT, ocorre o processo de rearranjo de receptores de antígenos, uma recombinação gênica exclusiva para linfócitos (B e T).
Nos LT, esse rearrajo é denominado recombinação VDJ e ocorre apenas na região variável do TCR.
Como ocorre essa recombinação?
A primeira cadeia a ser formada no TCR é a cadeia beta (B), sendo esta, na sua região variável (V), subdividida em segmentos que sofrem recombinação gênica:
VBeta: 45 possibilidades de recombinação.
DBeta: 23 possibilidades.
JBeta: 6 possibilidades.
A primeira cadeia a ser formada no BCR é a cadeia pesada Mu (IgM), sendo esta subdividida em segmentos que sofrem recombinação gênica denominados VH, DH e JH (H = heavy).
A segunda cadeia a ser formada é a cadeia leve no BCR e a cadeia alfa no TCR, sendo estas, em sua região variável (V), subdivididas em VL e JL (L= light), também com 45 e 6 possibilidades, respectivamente. Não há região D na segunda cadeia formada nos receptores de linfócitos.
Essas combinações são aleatórias e promovem uma diversidade de 10^7 a 10^9 clones diferentes de LB e LT.
Como é feita a revombinação V(D)J?
Proteínas linfócito-específicas medeiam a recombinação reconhecendo sequências de DNA chamadas de sequência-sinal de recombinação (RSSs).
Os RSSs são sequências conservadas de 7 ou 9 nucleotídeos separadas por espaçadores de 12 (1 volta na hélice de DNA) ou 23 (2 voltas) nucleotídeos não conservados.
Qual a regra 12/23?
Há 7 nucleotídeos conservados (RSSs) seguidos por 12 não conservados (espaçadores), seguidos por 9 conservados, seguidos 23 não conservados, e assim por diante…
7 RSSs; 12 espaçadores; 9 RSSs; 23 espaçadores.
Essa sequência forma o DNA decodificador do receptores de linfócitos.
Quais as enzimas envolvidas no processo de recombinação VDJ?
Seguindo a regra 12/23, os RSSs são colocados um ao lado do outro e o que não me interessa é retirado, para que haja ligação entre as regiões
V e J, o que pode ser por deleção (mais frequente) ou por inversão (formação de uma alça).
RAG1 e RAG2: clivam o lócus dos receptores linfocitários para que restem apenas as regiões V e J que serão unidas. Essas enzimas são muito importantes para a recombinação gênica que caracteriza a diversidade de reconhecimento antigênico do TCR e do BCR. Portanto, pessoas com ausência dessas enzimas apresentam deficiência de receptores linfocitários.
Artemis: endonuclease que abre os grampos.
DNApK: fosforila a Artemis para ativá-la.
TdT: desoxinucleotil-transferase terminal. Une as regiões V e J uma à outra e, ainda, pode adicionar nucleotídeos à região de união, aumentando ainda mais a possibilidade de formação de receptores diferentes (essa adição não é obrigatória).
Após os receptores serem formados, ainda no timo, temos um linfócito imaturo com a presença de um complexo TCR que caracteriza esse linfócito como duplo-positivo.
Descreva o complexo TCR e porque essa célula é duplo-positiva.
Presença de uma CD4 e uma CD8, o que caracteriza a célula como duplo-positiva. O linfócito só irá passar a expressar uma delas quando interagir com um MHC (vira uma simples-positiva). Se intragir com um MHC classe I, será um LT-CD8. Se interagir com um MHC classe II, será um LT-CD4 ou um LTreg.
Complexo TCR = TCR + 2 CD3 + cadeia Zeta
TODOS os LT apresentam esse complexo, com a única diferença de que o TCR tem diferentes especificidades.
A função do CD3 e da cadeia Zeta é realizar a transdução de sinais pelo complexo TCR.
Obs: Todas essas moléculas, com excessão do TCR, apresentam ITAMs (motivos de ativação à base de imunorreceptor), que sinalizam para o interior da célula todos os sinais necessários para sua ativação (ex: citocinas).
Com seus receptores formados, o linfócito T está formado, sendo agora um linfócito T naive. Ele migra para o órgão linfóide secundário onde se tornará efetor.
Como ocorre a ativação dos LT-CD4 e LT-CD8 e quais suas respectivas funcões efetoras?
No órgão linfóide secundário, uma DC apresenta o antígeno para os linfócitos, o que os faz se tornarem ativos, sofrerem expansão clonal e migraram para o tecido da inflamação.
Funcões efetoras do LT-CD4
• Ativação de macrófagos e LB
• Inflamação
Funções efetoras dos LT-CD8
• Killing de células infectadas por vírus
Como ocorre a ativação dos linfócitos pensando em seus receptores?
Essa ativação ocorre por dois sinais:
1. MHC-peptídeo + TCR
2. B7 (APC) + CD28 (LT) (sinal coestimulador)
3. Citocinas (sinal que promove a diferenciação do linfócito)
Caso ocorra o primeiro sinal apenas, ou seja, quando não há coestimulação, a célula T torna-se não responsiva ou tolerante (anergia).
Se ela recebe apenas a coestimulação, não há nenhum efeito sobre a célula T.
O que é o CTLA-4?
É uma molécula expressa na membrana do linfócifo que se liga ao B7 da APC com maior avidez em comparação à CD28.
Enquanto a ligação B7-CD28 ativa o LT quando o MHC também faz uma ligação, o CTLA-4 ligado ao B7 leva à inibição do LT, freando a resposta imune.
Isso é usado na clínica quando as respostas linfocitárias são exacerbadas, por meio da inoculação de um CTLA-4 laboratorial (CTLA-4-Ig), que bloqueia a coestimulação.
O que é o CD40 e como ele influencia na amplificação da resposta do LT?
Não é tão fácil tornar um linfócito em não reagente ou tolerante, pois, mesmo que apenas o TCR ligue-se ao MHC mas o CD28 não interaja com ninguém, ainda é possível que o CD40 interfira para que a coestimulação ocorra.
O CD40L, localizado nos LT, é um ligante do CD40 localizado nas DCs. Ao fazer a ligação, a DC passa a expressar mais B7, que podem se ligar ao CD28 e proporcionar a coestimulação. Essa molécula também tem outras funções importantes que serão exploradas nos próximos capítulos.
Atenção: O CD40 sozinho não funciona como coestimulador para as células T. Sua amplificação na resposta dos LT ocorre de forma indireta.