Imunidade das mucosas Flashcards

1
Q

O sistema imune pode ser dividido de acordo com as regiões do corpo em que mais atua: sistema imune cutâneo e sistema imune das mucosas.

A) Quais órgãos/tratos estão presentes em cada sistema?

B) Quais os componentes principais da imunidade gastrointestinal?

C) Quais as principais funções da imunidade da mucosa?

A

A) Sistema Imune da Mucosa
- Gastrointestinal
- Broncopulmonar
- Genitourinário

Sistema Imune Cutâneo
- Pele

B) Componentes:
- Células epiteliais
- Lâmina própria
- Lúmen (é repleto de microorganismos)

C) Funções:
- Proteger contra infecções
- Permitir a existência de microbiota

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2
Q

Descreva os componentes gerais da imunidade da mucosa

A
  • Espessa camada de muco: afasta microrganismos presentes no lúmen. Isso é importante, pois o extravasamento de bactérias para fora do lúmen causa infecção.
  • Peptídeos antibióticos: matam patógenos presentes no lúmen e diminuem a entrada deles no epitélio. São produzidos pelas Células de Paneth.
  • IgA transportada para o lúmen: neutraliza os patógenos para impedir que tenhamos infeccções.
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3
Q

Apresente os componentes da imunidade inata da mucosa gastrointestinal

A
  • Barreiras físico-químicas: células epiteliais adjacentes (tight junctions) e muco.
  • Células caliciformes: são secretoras de muco (mucinas = glicoproteínas)
    + É recém sintetizado de 6 a 12 horas (quanto mais muco você produz, maior é a resposta inflamatória)
    + Estímulos para produção: IL-1, IL-4, IL-6, IL-9, IL-13 e TNF
  • Células de Paneth: secretoras de peptídeos antibacterianos, que são:
    + Defensinas: causam perda da integridade da membrana de microrganismos (ex: HD5)
    + Lectinas: bloqueiam a colonização bacteriana da superfície epitelial (ex: REGII, REGIII)
  • Células M: amostragem de antígeno (mais detalhes em outro card)
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4
Q

Descreva as células M.

A
  • Componente da imunidade inata da mucosa gastrointestinal
  • Localizadas logo na entrada das Placas de Peyer
  • Possuem micropregas (a microvilosidade é reduzida nessas células)
  • Transportam partículas e moléculas por meio de vesículas endocíticas (um espécie de “bolsões”), porém, não participam do processamento delas

Obs: algumas bactérias, como a Salmonella typhimurium são citotóxicas para as células M (destroem elas), o que facilita muito sua infecção.

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5
Q

Há três formas da Salmonella typhimurium infectar o trato epitelial do intestino. Descreva cada uma delas.

A

A salmonela é invasiva, ou seja, ela é capaz de infectar o epitélio mesmo sem a presença das células M.

1. As salmonelas entram e matam as células M e então conseguem infectar macrófagos e células epiteliais.

2. As salmonelas invadem a superfície luminal e das células epiteliais

3. As salmonelas penetram nos dendritos das DCs que patrulham o conteúdo do lúmen intestinal

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6
Q

Outras células inatas importantes para a imunidade das mucosas gastrointestinais são as células linfoides inatas (ILCs).

Cite as ILCs mais importantes envolvidas na proteção dessa mucosa e suas respectivas funções.

A

ILC-3
- Em resposta à IL-1 e à IL-23: secretam IL-17 e IL-22
- Estimulam a produção de defensinas e ajudam na manutenção da barreira

ILC-2
- Importante papel contra helmintos
- Em resposta à ILC-33 e à IL-25 (produzidas por células epiteliais), secretam IL-5 e IL-13

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7
Q

Cite as funções das células epiteliais na manutenção da imunidade inata da mucosa gastrointestinal

A

As células epiteliais expressam ampla gama de TLRs (receptores do tipo toll) e outros receptores inatos, cujo reconhecimento de PAMPs e DAMPs leva a:

  • Aumento da força das junções celulares, por meio da reorganização das tight junctions
  • Aumento da motilidade e da proliferação epitelial intestinal
  • Estimulação da secreção de defensinas e de lectinas (REGII e REGIII)
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8
Q

O intestino é um pouco inflamado devido à microbiota intensa e isso é normal quando essa inflamação é bem regulada. Um dos mecanismos regulatórios é realizado pelos TLRs. Explique como isso ocorre.

A

A resposta inflamatória é regulada por níveis adequados de expressão e de compartimentalização:

  • Existem TLR5 sendo expressos na superfície basolateral (voltados para a lâmina própria), onde a presença de bactérias deve ser muito menor do que no lúmen. Esses receptores nessa posição peculiar, portanto, são muito importantes para que as bactérias dessa região não fiquem exacerbadas.
  • Os TLRs voltados para o lúmen têm limiar de ativação mais alto, ou seja, eles precisam detectar muito mais PAMPs que o normal para gerarem resposta. Isso permite uma certa tolerância à presença de bactérias no lúmen, caracterizando a microbiota intensa nessa região.

Obs: Infecção por Shigella flexneri: bactéria que penetra o epitélio intestinal pelas células M, infectando células adjacentes. Os receptores inatos no interior (ex: NOD1) dessas células são ativados e a via NFkB é ativada. Isso culmina na produção de quimiocinas e citocinas que recrutam neutrófilos para combater o patógeno.

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9
Q

Alguns patógenos podem regular a resposta inflamatória do hospedeiro como um mecanismo de evasão. Como eles fazem isso?

A

Existem várias maneiras de fazer isso, mas geralmente isso é feito por meio de bloqueios às vias de ativação de citocinas inflamatórias nas mucosas.

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10
Q

Cite os principais componentes da imunidade adaptativa da mucosa gastrointestinal, ou seja, da GALT (tecido linfático da mucosa intestinal).

Obs: MALT = tecido linfático associado às mucosas no geral

BALT = associada a brônquios
NALT = mucosa nasal
SALT = pele
VALT = mucosa vulvo-vaginal
CALT = associada à conjuntiva (mucosa dos olhos)

A
  • IgA no lúmen, muito importante na imunidade humoral
  • Th17 mais numerosas (produção de IL-22, importante para reforçar as tight junctions)
  • Th1 e Th2
  • Treg
  • Placas de Peyer
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11
Q

Descreva a estrutura e as funções da Placa de Peyer

A

São estruturas de folículos linfoides encontradas no íleo (ID), ricas em centros germinativos.

  • Logo na entrada dessa regiões, são encontradas muitas células M, que forma a principal via de distribuição de antígenos do lúmen para o GALT.
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12
Q

Defina o que é a propriedade de homing dos linfócitos intestinais.

A

Os linfonodos mesentéricos (cerca de 100 a 150 linfonodos) coletam antígenos para que seja ativada a resposta imunitária inata e adaptativa, diferenciação de LB em plasmócitos (síntese de IgA) e desenvolvimento de LT efetores e LT reguladores.

Essa propriedade de homing consiste na capacidade dos linfócitos ativados de migrar do mesentério para o intestino.
• As DCs fornecem os sinais para que o homing ocorra, por meio de fatores como vitamina A (proveniente da dieta) e TSLP (linfopoietina stromal tímica).

• Por meio desses fatores, a DC faz a conversão da vitamina A em ácido retinóico por meio da RALDH (retinol desidrogenase).

• Isso ocorre no linfonodo mesentérico ou na Placa de Peyer.

• A DC apresenta o ácido retinóico como um antígeno para os LT ou LB, que deixam de ser naive e passam a expressar receptores a4B7 (que se ligam às MadCam nas vênulas da lâmina própria intestinal) e CCR9 (que se liga a CCL25 nas células epiteliais intestinais). É a expressão desses receptores que permite o homing, já que seus ligantes encontram-se no intestino.

Obs: Esses receptores e ligantes são específicos para o intestino. Nos tecidos mucosos em geral, os LT e LB expressam CCR10 e ligam-se a CCL28

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13
Q

O IgA é muito importante para a neutralização de microrganismos no lúmen.

Como é feita a migração do IgA (trancitose) que é produzido por plasmócitos na lâmina própria (ocorre troca de isotipo), para o lúmen?

A

Há um receptor poli-Ig nas células epiteliais da mucosa, que é endocitado por elas junto com a IgA, com que se liga. Esse ligante-receptor passa pelo epitélio chegando ao lúmen sem nenhum tipo de processamento do anticorpo.

Durante essa passagem para o lúmen, esse receptor sofre uma clivagem proteolítica, que faz com que uma parte sua fique no epitélio e outra permaneça conectada à IgA (parte denominada componente secretório). Ela é importante para estabilizar a IgA no lúmen.

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14
Q

Quais as consequências da deficiência de IgA para o sistema imune do indivíduo?

A
  • É um anticorpo muito importante para a neutralização de microrganismos na mucosa intestinal. Sua deficiência torna o indivíduo muito mais suscetível a infecções na mucosa.

Obs: O IgM pode compensar um pouco essa deficiência, pois ele se liga ao receptor poli-Ig, mas isso ainda não é suficente.

Obs: O igA está muito presente no leite materno, mas é importante lembrar que todos os isotipos estão presentes no leite.

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15
Q

Por que a introdução alimentar não pode ser iniciada antes dos 6 meses de idade da criança?

A

Os nutrientes e anticorpos presentes no leite materno já estão prontos para serem absorvidos pela criança, sem a necessidade de sofrerem metabolização. Dessa forma, o fígado, órgão responsável por metabolizar os nutrientes provindos da dieta, têm função de produção de células imunes apenas. Sua função só é alterada quando a introdução alimentar é iniciada.

Caso o bebê inicie a alimentação além do leite materno antes dos 6 meses, o fígado muda sua função para órgão metabolizador precocemente, o que prejudica o funcionamento adequado do sistema imunológico infantil.

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16
Q

Como é a distribuição de linfócitos na mucosa gastrointestinal?

A

Há linfócitos por toda a lâmina própria e submucosa, placas de Peyer e outras estruturas do GALT.

Epitélio
- Linfócitos intraepiteliais
- Há LTyd (gama-delta), mas a maioria é LT-CD8

Lâmina própria
- LT-CD4

Placas de Peyer
- LT-CD4 (Tfh e Treg)

17
Q

Como ocorre a apresentação e ativação de LT no GALT?

A

1. DCs passam seus dendritos pelas células epiteliais para capturar antígenos no lúmen ou os próprios antígenos ultrapassam o epitélio e chegam às células dendríticas.

2. As DCs apresentam os antígenos a LT-CD4 naive (microambiente de IL-6 e IL-23) e eles passam a ser efetores (Th17).

Esse microambiente de citocinas também pode ser formado por TGF-B e ácido retinóico, o que leva à diferenciação de LT-CD4 naive em Treg

3. Resposta inflamatória.

Obs: Células Treg provenientes do timo também podem atuar no intestino.

18
Q

Na homeostasia, são formadas muitas Treg. Porém, diante de uma infecção, os diferentes Ths atuam de acordo com o microambiente de citocinas que em que estão inseridos

Defina os papéis de cada subtipo de LT-CD4 dentro da resposta imune na GALT.

A

Th17
- Possui uma plasticidade para se converter em Th1 e em Th22 (produz muita IL-22)

Th2
- Importante para combater helmintos

Treg
- Está relacionada ao ácido retinóico e TGF-B no microambiente

19
Q

Defina tolerância de mucosa.

A

A exposição a antígenos via oral ou nasal levam a não responsividade sistêmica ao antígeno.

Ex: Inocular ovoalbumina em um rato de laboratório que nunca teve seu organismo exposto a essa substância gera resposta inflamatória contra esse antígeno. Porém, ao alimentar esse rato com ovoalbumina ou fazê-la adentrar seu organismo por via nasal, a posterior inoculação dessa substância em seu organismo não gera resposta inflamatória. Ou seja, a exposição de antígenos a essas mucosas específicas torna o indivíduo tolerante a elas.

Qual o papel fisiológico disso?
Prevenção a respostas imunes potencialmente prejudiciais ao indivíduo por proteínas alimentares ou bactérias comensais. É, portanto, um mecanismo de prevenção a patologias.

20
Q

Descreva o mecanismo de ação da tolerância de mucosa.

A

Administração via oral ou nasal de proteínas ativa a GALT.

Baixas doses de antígeno:
- Indução de Treg antígeno-específicas (FpxP3, TGF-B, IL-10)
- Isso leva à supressão da resposta e ocorre a tolerância sistêmica.

Altas doses de antígeno
- Ocorre deleção clonal ou anergia (ausência de resposta imunológica) de células T antígeno-específicas, levando à tolerância sistêmica.

Então é só eu me alimentar com alguma coisa potencialmente alérgica que eu me tornarei imune àquilo?
Na teoria, sim. Na prática, não. Isso porque os resultados nos ensaios clínicos são muitos variados para cada tipo de antígeno inoculado, há problemas práticos para muitos antígenos e há a preocupação com a segurança das pessoas quanto a alergias, mesmo se uma pesquisa em tolerância sistêmica fosse aprovada, pois uma mesma dose se antígenos pode ser baixa para uns e alta para outros.

21
Q

Apresente algumas características importantes do microbioma intestinal (microbiota).

A
  • Presença de bactérias, vírus, fungos e protozoários.
  • Influencia no microbioma de citocinas do sistema imune
  • Influência de fatores como idade, sexo, dieta e patologias
  • Importante para a proliferação e reparo da barreira epitelial após lesão
  • Controlam respostas inflamatórias
  • Induzem a produção de mucinas e peptídeos antimicrobianos
  • Induzem a expressão de BAFF, APRIL e ácido retinóico, influenciando na produção de IgA
22
Q

O que o transplante de microbiota fecal e qual a sua importância?

A

Esse transplante serve para reestabelecer a microbiota intestinal de pessoas que sofreram perda considerável dela devido a algumas patologias ou quando o tratamento convencional não está sendo capaz de curar o indivíduo. A porcentagem de cura por esse transplante é muito elevada, pois a restauração da microbiota ajuda no combate á doença.

Estudos também mostram que a reestruturação do perfil microbiano também fazem os indivíduos serem menos alérgicos.

23
Q

Apresente algumas doenças relacionadas à desregulação da resposta imune das mucosas.

A
  • Doenças inflamatórias intestinais (IBD): Doença de Chron, colite ulcerativa.
  • Enteropatias alimentares (distúrbios intestinais ou gastrintestinais de caráter crônico): doença celíaca, intolerância à proteína do leite.
  • Alergias
  • Doenças crônicas (infecções persistentes): Helicobacter pylori (gastrites, úlceras, linfomas na MALT), M. tuberculosis (granulomas no pulmão)
24
Q

Defina a hipótese da higiene.

A

Pessoas que não têm muito contato com antígenos (que vivem em um ambiente mais “limpo”/”higiênico”) têm um sistêmico imunitário menos desenvolvido. Com isso, esses indivíduos são mais propensos a desenvolverem alergias.

Indivíduos que conviveram em ambientes menos limpos e higiênicos tinham uma microbiota mais reestruturada e saudável. Além disso, suas respostas Th1 e Th2 eram mais equilibradas, enquanto que pessoas que conviveram em ambientes mais limpos costumam ter respostas do tipo Th2 mais proeminentes, o que propicia mais alergias.

Obs: Consumo de alimentos industrializados em detrimento de alimentos naturais está relacionado a uma maior predisposição à manifestação de doenças inflamatórias gastrointestinais, pois esses alimentos não contribuem para a reestruturação da microbiota.

25
Q

Descreva a patogenia relacionada à resposta imune na Doença de Crohn e na Colite Ulcerativa.

A
  • Fatores genéticos envolvidos, mas ainda não é muito claro os motivos para uma pessoa desenvolver essas doenças
  • Imunidade inata: alteração na produção de defensinas
  • Imunidade adaptativa: Th17 e Th1 anormais
  • A supressão de Treg é inadequada, desencadeando respostas inflamatórias exacerbadas

A diferença entre essas duas lesões está relacionada, dentre outros fatores, à morfologia das lesões no epitélio intestinal.

26
Q

Descreva a patogenia relacionada à resposta imune na Doença Celíaca.

A
  • O indivíduo celíaco produz Ac anti-gliadina (IgA e IgG), substância presente no glúten e auto anticorpos anti-transglutaminase (IgA e IgG).
  • A ingestão de glúten leva à destruição do epitélio intestinal devido à resposta inflamatória muito exacerbada.
  • Fator genético relacionado: indivíduos com HLA-DQ2 e HLA-DQ8 têm maior propensão a desenvolverem a Doença Celíaca.

É importante entender que a manifestação de diversas doenças estão relacionadas não apenas a fatores genéticos, mas também à exposição a antígenos ao longo da vida, principalmente na primeira infância.