invaginação intestinal Flashcards

1
Q

conceito

A

é a telescopagem (intussuscepção) de um segmento intestinal no lúmen do segmento adjacente, no sentido peristáltico. há uma compressão e angulação dos vasos mesentéricos do intestino invaginado, levando a uma obstrução estrangulante.

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2
Q

necrose

A

se inicia na camada externa do ápice do intestino invaginado e se estende proximalmente. há translocação bacteriana e liberação de endotoxinas após quebra da barreira mucosa.

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3
Q

prevalência

A
  • pico de frequência dos 3 a 12 meses
  • 65% em crianças com menos de 1 ano, 80% entre 3 meses e 2 anos, 20% após os 2 anos, e destes menos de 10% acima dos 5 anos
  • rara durante o 1º mês de vida
  • predisposição p o sexo masculino
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4
Q

epidemiologia

A
  • metade das invaginações recorrentes costumam ter causa anatômica associada
  • 1/3 das invaginações após os 2 anos de idade costumam ter causa anatômica associada
  • 80% comprometem a região íleocecal
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5
Q

etiologia

A
  • 90 a 95% das causas é idiopática (espontânea-lesão anatômica não definida) provavelmente causada pela hipertrofia de linfonodos submucosos no íleo terminal (placas de Peyer). infecção respiratória alta ou enterite comumente precedem.
  • em 5 a 10% dos casos existe lesão anatômica definida: divertículo de Meckel, pólipos intestinais, linfoma não Hodgkin (acima dos 3 anos), duplicação intestinal. costuma aparecer após os 2 anos ou após invaginação recorrente.
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6
Q

classificação

A
  • iléocecocólica: mais comum. colarinho frouxo e móvel, permitindo grande grau de progressão. cabeça fixa e colarinho se renovando com a invaginação.
  • íleocólica: colarinho fixo e age como um anel de estrangulamento que limita o progresso da invaginação, comprometendo mais rapidamente a vitalidade intestinal. a cabeça é móvel e se renova com a progressão.
  • ileoileal
  • colocólica
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7
Q

quadro clinico 1

A
  • lactente bem nutrido
  • historia previa de infecção respiratória ou gastroenterite (duas semanas)
  • instalação súbita
  • febre
  • parada da eliminação de fezes
  • dor abdominal em cólicas, periodos de acalmia de 5 a 30 min
  • vômitos precoces
  • eliminação de fezes com sangue e muco, pode haver diarreia
  • distensão abdominal em fase mais tardia
  • apatia e prostração (secundárias a liberação de opioides endógenos) palidez, sudorese e desidratação
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8
Q

quadro clínico 2

A
  • pré choque e choque
  • massa abdominal palpável, alongada, cilíndrica, consistência endurecida, dolorosa, móvel. distensão abdominal pode mascarar, palpável durante as fases de acalmia
  • aumento de RHA (inicialmente)
  • toque retal c sangue e/ou percepção da invaginação
  • prolapso da cabeça da invaginação pelo ânus
  • sensação de FID vazia (sinal de Dance), ausência do ceco
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9
Q

quadro clínico nas invaginações de delgado

A

eliminação de sangue menor, mais tardia e sem muco, a massa abdominal é mais difícil de palpar pois é de calibre menor e há maior distensão abdominal

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10
Q

tríade clássica de dor abdominal

A

cólica, vômitos e eliminação de sangue pelo ânus

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11
Q

investigação diagnóstica

A
  • história e exame físico
  • radiografia de abdome (obstrução intestinal mecânica baixa, pesquisar pneumoperitônio. efeito de massa com padrão gasoso anormal, colón vazio)
  • enema opaco
  • USG abdominal (preferencial pois não é invasiva, detecta invaginações ileoileais e causas anatômicas desencadeantes)
  • eco doppler (fluxo sanguíneo sugere que ela pode ser reduzida)
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12
Q

enema opaco

A

colocar contraste no intestino grosso. tem parada de progressão do contraste no nível da cabeça da invaginação formando imagens radiológicas características e peculiares.
- invaginação ileoileal: ceco de aparência regular e cheio, imagem em crescente (garra de lagosta), imagem em tridente, ceco encurvado na parte de dentro e ceco em J invertido (forma de anzol).

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13
Q

corte transversal na USG

A

massa arredondada com múltiplos anéis concêntricos de intestino edematoso hipoecóico ao redor de uma área central de maior ecogenicidade (alça que entra, q tem espessura normal ou está colapsada, circundada pelo mesentério hiperecóico). mesentério costuma estar ausente no ápice da invaginação e aumenta na direção da base.
- ápice: anel externo hipoecóico com centro hipoecóico. na base, a quantidade de mesentério é máxima e o resultado é um anel externo hipoecóico com centro hiperecóico em crescente.

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14
Q

corte longitudinal na USG

A

aparece massa oval. três bandas hipoecoicas paralelas separadas por duas bandas paralelas hipercóicas proximais. as hipoecoicas externas representam a alça evertida edematosa do invaginante e a fina camada da invaginada. a hipoecoica central corresponde a alça central que entra do invaginante. as hiperecoicas são causadas pelo mesentério.

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15
Q

líquido peritoneal aprisionado na invaginação

A

correlaciona-se com isquemia e irredutibilidade. o líquido reflete compromisso vascular da alça evertida, acumulando-se entre as camadas de ambas as alças do intussuscepto. o mesentério impede sua saída para a cavidade peritoneal.
- linfonodos são mt encontrados e detectados por USG.

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16
Q

tratamento

A

é uma obstrução do tipo estrangulada, com compressão dos vasos da parede intestinal e mesentério, a única terapêutica aceitável é o alívio da obstrução pela sua redução. pode ser por métodos não operatórios (redução hidrostática por enema opaco, soro fisiológico ou insuflação de ar) e método operatório

17
Q

cuidados pré operatórios

A
  • solicitar hemograma
  • NPO
  • acesso venoso adequado
  • ressucitação hidroeletrolítica adequada
  • reposição sanguínea, se necessário
  • antibioticoterapia (pode ser considerada uma úlcera banhada por fezes). são mantidos por 48h quando tratado com redução hidrostática ou pneumática e nos outros casos, até a cura do processo infeccioso.
18
Q

redução hidrostática

A
  • taxa de sucesso mto variável
  • deve permanecer hospitalizada por 48h no mínimo, após isso
19
Q

contra indicações absolutas da tentativa de redução hidrostática ou pneumática

A
  • choque sem melhora com ressuscitação clínica
  • evidências de perfuração intestinal
  • septicemia
  • idade do paciente acima de 5 anos sugerindo fortemente a presença de fator desencadeante
  • invaginação ileoileal
  • invaginações recorrentes
20
Q

fatores que predizem improbabilidade de redução

A
  • período neonatal
  • invaginação do tipo crônica e sub aguda
  • idade superior a 2 anos
  • duração prolongada dos sintomas (>48h)
  • imagem radiológica de dissecção ou de cauda de lagosta, bário entre o invaginado e o invaginante a uma distância de 4cm
21
Q

diagnóstico de redução

A

fluxo livre de bário em alças de delgado sem defeitos de enchimento residual, expulsão de fezes e flatos com bário, desaparecimento da massa abdominal e melhora clínica. (se for redução pneumática vai ser determinada pela passagem de fluxo de ar para dentro do íleo) o contraste hidrossolúvel tem como principal vantagem evitar a peritonite química em caso de perfuração.

22
Q

tratamento cirúrgico

A
  • casos com contra indicação da redução hidrostática/pneumática e aqueles que não tiveram êxito
  • laparotomia transversa infra ou supra umbilical direita próxima ao umbigo
  • redução manual sem ressecção 70%
  • redução manual delicada com ordenha da cabeça da invaginação no sentido cranial, sem tração na alça invaginada
  • se não obter êxito ou se houver áreas com necrose ou isquêmicas: ressecção intestinal com enteroanastomose ou enterostomia (contaminação peritoneal fecal grosseira, má condição clínica, peritonite por bário)
23
Q

invaginação atípica ou crônica e subaguda

A

a alça invaginada é frouxamente circundada pela invaginante sem comprometer a vascularização e sem obstrução completa. se durar entre 4 e 14 dias subaguda, acima de 14 dias é crônica

24
Q

sintomas invaginação subaguda ou crônica

A
  • retardo diagnóstico e morbidade elevada
  • a criança não apresenta dor em cólica, não costuma chorar e não apresenta desconforto
  • pouco ou nenhum episódio de vômito
  • maioria não apresenta sangramento retal
  • perda ponderal pela cronicidade
  • massa abdominal pode ser intermitentemente palpada
  • diarreia é frequente
25
Q

características da invaginação subaguda

A
  • sintomas são menos agudas
  • maior duração dos sintomas
  • exame físico e radiografia mimetizam obstrução intestinal mecânica parcial
  • ausência de compromisso vascular do intestino
  • lesões anatômicas desencadeantes são mais comuns
26
Q

diagnóstico diferencial principal da invaginação subaguda

A

gastroenterite

27
Q

invaginação neonatal

A

invaginação intestinal que ocorre no primeiro mês de vida

28
Q

epidemiologia da invaginação neonatal

A
  • em metade dos casos há lesão anatômica desencadeante, em especial divertículo de Meckel, duplicação intestinal cística e pólipos intestinais
  • 25% estão localizadas no segmento jejunoíleo
29
Q

quadro clínico da invaginação neonatal

A
  • dor abdominal, choro e inquietação estão ausentes no período neonatal
  • sinais e sintomas mais comuns: vômitos biliosos, distensão abdominal e sangramento retal
  • massa palpável raramente encontrada
30
Q

diagnóstico diferencial principal da invaginação neonatal

A

enterocolite necrosante

31
Q

tratamento da invaginação neonatal

A

deve-se sempre tentar a redução hidrostática/pneumática, porém não de forma insistente e agressiva

32
Q

invaginação pós operatória

A

invaginação intestina no período pós operatório imediato (30 dias)

33
Q

epidemiologia de invaginação pós operatória

A
  • geralmente ocorrem na primeira ou nas duas primeiras semanas
  • o intestino delgado é acometido em 85 a 90%
  • geralmente ocorre após exploraçoes abdominais. procedimento de Ladd é considerada de alto risco para invaginação pós operatória
34
Q

etiologia invaginação pós operatória

A

provável mecanismo neurogênico produzindo dismotilidade intestinal e/ou agentes anestésicos.

35
Q

quadro clínico invaginação pós operatória

A
  • sintomas vagos
  • dor e vômitos são variados e confundem-se com a dor do pós operatório
  • massa dificilmente é palpada
  • distensão abdominal anormal, vômitos biliosos ou aumento do aspirado gástrico após retorno parcial das funções gastrointestinais e irritabilidade
36
Q

tratamento invaginação pós operatória

A

redução operatória, sendo que em 80% se reduz facilmente, sem necessidade de ressecção intestinal. inspecionar intestino distal, pois são descritas invaginações múltiplas