Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva Flashcards

1
Q

O que é a GNRP?

A

Diz-se que há Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP) quando um paciente que desenvolve síndrome nefrítica, independente da causa, evolui para falência renal de curso acelerado e fulminante, (com necessidade de diálise), de forma que, sem tratamento precoce, acaba caminhando inexoravelmente para o estado de “rim terminal” em semanas ou meses. Em outras palavras: a GNRP não tratada evolui em muito pouco tempo para esclerose de quase todos os glomérulos, além de fibrose tubulointersticial generalizada, um estado de plena falência irreversível dos rins, tornando necessária a diálise ou o transplante renal para que o paciente sobreviva. O quadro clínico da GNRP pode ser de início abrupto (como na GNDA) ou, mais comumente, de início subagudo, tomando em seguida um curso acelerado. A oligúria costuma ser marcante, por vezes evoluindo para anúria Em muitos casos, os únicos sintomas do paciente são os da “síndrome urêmica” (insuficiência renal grave), identificados quando a taxa de filtração glomerular torna-se inferior a 20% do normal, com elevação da creatinina além de 5 mg/dl

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2
Q

Se paciente com GNRP for submetido a biópsia renal na fase precoce, pode-se encontrar:

A

Crescentes em mais de 50% dos glomérulos renais.

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3
Q

O que são os crescentes?

A

Migração de monócitos, através de alças capilares intensamente lesada da cápsula de Bowman. Crescente fibroso, com perda glomerular irreversível.

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4
Q

Causas de GNRP:

A

1- Doenças Glomerulares Primárias GN Crescêntica Idiopática Glomerulopatias Preexistentes: GN Membranoproliferativa, GN Membranosa, GN Focal e Segmentar, Doença de Berger 2- Doenças Glomerulares Infecciosas/Pós-Infecciosas GNPE Endocardite Infecciosa Hepatite Viral B ou C Outros 3- Doenças Glomerulares Multissistêmicas Doença de Goodpasture Lúpus Eritematoso Sistêmico Púrpura de Henoch-Schönlein Granulomatose de Wegener Poliarterite Microscópica Crioglobulinemia Outros (Linfoma, Carcinoma – Próstata, Pulmão, Vesícula biliar) 4- Doenças Glomerulares Medicamentosas Alopurinol, D-penicilamina, Rifampicina, Hidralazina

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5
Q

Tipos de GNRP segundo mecanismo:

A

Tipo I - Depósitos de Anticorpo Anti-MBG (10% dos casos) MBG = Membrana Basal Glomerular Doença de Goodpasture Glomerulonefrite Anti-MBG idiopática (GN Crescêntica Idiopática Tipo I) Tipo II - Depósitos de Imunocomplexos (45% dos casos) Renais Primárias Doença de Berger (Nefropatia por IgA) GN Membranoproliferativa GN Crescêntica Idiopática Tipo II Infecciosas/Pós-Infecciosas GNPE Endocardite Infecciosa Hepatite Viral B ou C Outros Não Infecciosas Sistêmicas Lúpus Eritematoso Sistêmico Púrpura de Henoch-Schönlein Crioglobulinemia Tumores Tipo III - Pauci-imunes (pouco ou nenhum depósito) (45% dos casos) Granulomatose de Wegener (c-ANCA positivo) Poliarterite Microscópica (p-ANCA positivo) Glomerulonefrite Crescêntica Pauci-imune Idiopática (Tipo III)

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6
Q

Exame padrão ouro para diagnóstico e classificação de GNRP:

A

biópsia renal, especialmente padrão de imunofluorescência indireta.

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7
Q

Na GNRP antimembranosa basal glomerular , padrão:

A

Linear.

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8
Q

Na GNRP por imunocomplexos, padrão:

A

Granular.

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9
Q

Na GNPR pauci-imunes, padrão:

A

Pouco ou nenhum depósito imune, apenas fibrina depositada nas crescentes.

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10
Q

Anticorpor anti-MBG fala a favor de :

A

Tipo I (GN anti-MBG, síndrome de Goodpasture).

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11
Q

Complemento sérico reduzido:

A

Tipo II (GN por imunocomplexos).

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12
Q

ANCA positivo fala a favor de:

A

Tipo III( GN pauci-imune ou relacionadaa vasculites sistêmicas)>

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13
Q

GNRP ANTI-MBG e Síndrome de Goodspasture:

A

O tipo mais raro de GNRP (porém o primeiro a ser descrito) é aquele associado aos anticorpos antimembrana basal glomerular (MBG). Estes autoanticorpos são específicos contra a cadeia alfa-3 do colágeno tipo IV, encontrada apenas na membrana basal dos glomérulos e dos alvéolos pulmonares. O ataque desses anticorpos à membrana basal desencadeia um processo inflamatório grave que pode se manifestar como uma GNRP com ou sem um quadro de pneumonite hemorrágica. De todos os pacientes com a doença do anticorpo anti-MBG, cerca de 50-70% (mais da metade) apresenta, além da síndrome glomerular, uma síndrome hemorrágica pulmonar. Estes pacientes, por definição, possuem a Síndrome de Goodpasture. Os 30-50% restantes apresentam apenas a síndrome glomerular dizemos que eles têm uma glomerulonefrite anti-MBG primária, correspondendo à GN Crescêntica Tipo I idiopática.

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14
Q

A síndrome deGoodspasture acomete mais mulheres. V ou F?

A

F. Homens. 6:1. Associado ao HLA-DR2. Há nítida relação com história de tabagismo, infecção respiratória recente ou exposição a hidrocarbonetos voláteis.

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15
Q

Na síndrome de Goodsasture quem vem primeiro? hemoptise ou glomerulite?

A

A hemorragia pulmonar geralmente precede a glomerulite por semanas a meses. A hemoptise é o sintoma predominante. A radiografia de tórax mostra infiltrado alveolar bilateral difuso, correspondendo à hemorragia alveolar generalizada. O teste de difusão do CO (monóxido de carbono) pode distinguir a hemorragia pulmonar de outras causas de infiltrado alveolar (pneumonia, edema). Na hemorragia, há um AUMENTO da difusão deste gás, ao contrário das outras causas de ocupação alveolar; a explicação é a presença de hemácias no interior dos alvéolos – a hemoglobina destas células capta avidamente o CO. Uma anemia microcítica hipocrômica pode se associar à síndrome, devido à perda de ferro para os alvéolos.

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16
Q

Diagnósticos diferenciais de doenças pulmão-rim da goodpspasture:

A
Síndrome de Goodpasture;
Poliarterite Microscópica;
Granulomatose de Wegener;
Outras Vasculites Necrosantes Sistêmicas;
Lúpus Eritematoso Sistêmico;
Púrpura de Henoch-Schönlein;
Crioglobulinemia Mista Essencial;
Púrpura Trombocitopênica Trombótica;
Legionelose;
Leptospirose (síndrome de Weil);
Hantavirose;
 Embolia Pulmonar consequente à Trombose de Veia Renal associada à glomerulite.
Distúrbio da Hemostasia;
Edema Agudo de Pulmão com Insuficiência Renal.
17
Q

Glomerulonefrite anti-MBG: Mais feminino ou masculino?

A

A Glomerulonefrite Anti-MBG primária apresenta- se numa faixa etária mais tardia (50-70 anos) e, ao contrário da síndrome de Goodpasture, predomina no sexo feminino.

18
Q

Padrão ouro para diagnóstico da glomerulonefrite anti-MBG:

A

A pesquisa do anti-MBG no soro é positiva em > 90% dos casos, sendo um importante método diagnóstico. Agora cuidado: cerca de 40% dos pacientes também apresentam o ANCA positivo, o que pode indicar a coexistência de uma vasculite sistêmica. O padrão-ouro para o diagnóstico é a biópsia renal, na qual observaremos o padrão linear na IFI e mais de 50% dos glomérulos apresentando crescentes.

19
Q

Tratamento da glomerulonefrite anti-MBG:

A

80% dos pacientes evolui com rins em estágio terminal dentro de um ano, necessitando de diálise ou transplante renal.
A terapia deve ser feita com Plasmaférese (troca de plasma) diária ou em dias alternados, até a negativação do anti-MBG no soro. Este é o pilar do tratamento da síndrome de Goodpasture. Juntamente com a plasmaférese, devemos acrescentar Prednisona (1 mg/ kg/dia) e um imunossupressor, que pode ser a Ciclofosfamida (2 mg/kg/dia) ou a Azatioprina (1-2 mg/kg/dia), sendo esta última usada principalmente após a remissão, na terapia de manutenção.
O transplante renal é viável, mas, devido à possibilidade de recorrência da doença no enxerto, recomenda-se realizá-lo somente após a negativação do anti-MBG por pelo menos 2-3 meses.

20
Q

GNRP por IMUNOCOMPLEXOS:

A

Quase a metade dos casos de GNRP tem como causa uma glomerulite por imunocomplexos, que pode ser idiopática (rara), infecciosa/pós-infecciosa (ex.: GNPE) ou relacionada a doenças sistêmicas, como o Lúpus Eritematoso Sistêmico (nefrite lúpica proliferativa difusa ou Classe IV), além de causas mais raras.

21
Q

Quadro clínico da GNRP por imunocomplexo:

A

O quadro clínico é o de uma GNRP clássica, porém há caracteristicamente uma queda do complemento sérico (C3 e CH50), com anti-MBG e ANCA negativos.

22
Q

Tratamento da GNRP por imunocomplexo:

A

A biópsia mostra um padrão granular na IFI, contendo depósitos de IgG e C3, principalmente. O tratamento deve ser feito (pelo menos no caso da nefrite lúpica) com corticoide em pulsoterapia e imunossupressores.

23
Q

Forma mais comum de GNRP em adultos velhos:

A

gNrp pauCi-iMuNe (aNCa pOsitivO).
Nos adultos velhos, é a forma mais comum de GNRP! Pode ser primária (idiopática), quando limitada ao rim, ou fazer parte de uma vasculite sistêmica do tipo poliarterite microscópica ou granulomatose de Wegener.

24
Q

Clínica da GNRP pauci-imune:

A

Clinicamente, não há diferença em relação às outras causas de GNRP, a não ser a presença eventual dos comemorativos de uma vasculite sistêmica. O dado mais importante do diagnóstico é a pesquisa do ANCA – Anticorpo Anticitoplasma de Neutrófilo, que está presente na maioria destes pacientes, geralmente em altos títulos.

25
Q

Antígeno da GN pauci-imune idiopática:

A

mieloperoxidase, neste caso, o padrão do exame é o p-ANCA (p = perinuclear).

26
Q

Antígeno da granulomatose de Wegener:

A

No caso da Granulomatose de Wegener, o antígeno-alvo é a proteinase 3, que se distribui de forma homogênea pelo citoplasma do leucócito – neste caso, o padrão é o c-ANCA (c = citoplasmático).

27
Q

Padrão da poliangeite microscópica:

A

No caso da Poliangeíte microscópica, geralmente temos o padrão p-ANCA, mas o c-ANCA também pode ser encontrado em alguns casos.

28
Q

Tratamento da GNRP pauci-imune:

A

A biópsia renal mostra uma glomerulonefrite proliferativa geralmente focal e segmentar, apresentando áreas de necrose fibrinoide (glomerulite necrosante) e crescentes em mais de 50% dos glomérulos. A IFI (Imunofluorescência Indireta) NÃO revela imunodepósitos! O tratamento deve ser feito com corticoide e imunossupressores, semelhante à GN por imunocomplexos.