Febre Amarela Flashcards
Vírus, agente transmissor, reservatório, hospedeiro, período de incubação, período de viremia:
- Vírus: vírus de RNA do gênero flavivírus.
- Agente transmissor: na FA urbana é o aedes aegypti (extinta do Brasil desde 1942) e na FA silvestre é o hemagogus e o sabethes.
- Reservatório: primatas não humanos —> contudo o vírus passa muito mais tempo no organismo dos mosquitos, sendo os verdadeiros “reservatórios”.
- Hospedeiro: no ciclo urbano seria os humanos, já no Silvestre seria humanos e primatas não humanos.
- Período de incubação: 3-6 dias.
- Período de viremia: 24 a 48 horas antes do início dos sintomas e 3 a 5 dias após o início dos mesmos.
- Em intervalos cíclicos de 5 a 7, a FA silvestre pode aparecer em novos surtos.
Fisiopatogenia:
- Todos os indivíduos são suscetíveis e a imunidade é permanente.
- Vírus inoculado —> replica-se nos linfonodos, células musculares lisas e fibroblastos —> disseminando-se paras as vísceras como fígado, baço, medula óssea e músculo cardíaco.
- O fígado é o principal órgão afetado —> apoptose dos hepatócitos entre o espaço porta e a veia centro-lobular —> necrose —> pode evoluir para insuficiência hepática e óbito.
- Paciente pode apresentar ictérica e encefalopatia.
- Lembrar que são alterações menos exuberantes que as hepatites.
- Paciente pode apresentar proteinúria —> lesão renal por redução do fluxo sanguíneo e necrose tubular.
- Há uma exarcebada resposta inflamatória sistêmica —> liberação de citocinas pró-inflamatórias —> tempestade de citocinas —> distúrbios de coagulação, fibrinólise, aumento da permeabilidade capilar e extravasamento plasmático, lesões endoteliais —> hipotensão e choque.
Manifestações clínicas:
Primeira fase: período de infecção
- ocorre a viremia e o quadro clínico é inespecífico e corresponde às formas leves/moderadas.
- febre, calafrios, cefaleia, lombalgia, mialgia generalizada, prostração, náuseas e vômitos.
- sinal de Faget: pulso torna-se desproporcionalmente lento em relação à temperatura elevada. (Diagnósticos diferenciais: febre tifoide, brucelose, legionelose).
- dura em torno de 3 dias —> pode ir para cura ou evoluir para a forma a grave.
Remissão:
- declínio da temperatura e diminuição dos sintomas.
- dura poucas horas ou no máximo 2 dias.
Segunda fase: período toxêmico
- reaparecimento da febre + insuficiência hepatorrenal.
- icterícia, oligúria, proteinúria, manifestações hemorrágicas (melena, otorragias, gengivorragias, hematêmese, hematúria), comprometimento sensorial, prostração intensa.
Formas:
- Forma leve: discreto aumento da temperatura e cefaleia de duração fugaz e evolução para cura. Lab —> TGO/TGP < 500; Cr <1,3; INR <1,5.
- Forma moderada: semelhante à forma leva, porém com pelo menos um ou mais sinais clínicos/laboratoriais —> clínicos: vômitos, diarreia, dor abdominal. Lab: TGO maior ou igual a 500 e Cr maior ou igual a 1,3.
- Forma grave: evolução em estágios (infecção, remissão, toxêmico) com pelo menos um dos sinais de gravidade —> oligúria, sonolência, confusão mental, convulsão, coma, sangramento, dificuldade respiratória, icterícia, sinais de má perfusão, TGO/TGP maior ou igual a 2000, Cr maior ou igual a 2, INR maior ou igual a 1,5 e plaquetas menores que 50.000.
Diagnóstico:
Laboratório específico:
- RTC-PCR —> até o 5 dia.
- Imunológico/ELISA —> a partir do 6 dia.
Caso suspeito:
- Em áreas sem evidência de circulação viral: quadro infeccioso febril agudo de início súbito (até 7 dias), acompanhado de icterícia e/ou manifestações hemorrágicas, com exposição nos últimos 15 dias em área de risco.
- Em áreas de surto: indivíduo com até 7 dias de febre aguda acompanhada de dois ou mais sintomas —> cefaleia, mialgia, lombalgia, mal-estar, náuseas, vômitos, icterícia,manifestações hemorrágicas, elevação das transaminases + exposição em área de surto.
Caso confirmado: laboratório positivo.
Tratamento:
Forma leve:
- Hidratação VO (60 ml/kg/dia) —> se intolerância 30 ml/kg/dia de SF 0.9% EV.
- Para dor e febre: dipirona, paracetamol (não usar AINE/ASS).
- Repetir transaminases, creatinina, INR, hemograma completo no intervalo máximo de 24 horas até o paciente completar 48 horas de remissão da febre.
Forma moderada (com sinais de alarme):
- Internar todos os casos suspeitos.
- Hidratação VO —> Se intolerância —> EV 20 ml/kg/h com reavaliação dos parâmetros hemodinâmica e urinários após a primeira hora.
- Tratar com sintomáticos.
- Fazer reavaliação clínica a cada 4 horas e revisão laboratorial no mínimo de 12/12h.
Forma grave:
- Internar em UTI.
- Aplicação de vir.K por 3 dias.
- Administração de O2.
- Manutenção da nutrição e prevenção da hipoglicemia.
- Manter cabeceira elevada e administrar IBP.
- Controlar temperatura corporal.
- Monitorizar a diurese e os sinais vitais.
- Hidratação venosa.
- Corrigir distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos.
- Tratar condições subjacentes, como encefalopatia.
- Noradrenalina se euvolêmico e PAM < 65mmHg.
- Diálise precoce se insuficiência renal.
- Transfusão de hemácias se —> hemorragia intensa, queda acentuada do hematócrito, choque hipovolêmico refratário.
- Transfusão de plasma congelado se —> coagulopatias.
Transfusão de plaquetas —> sangramento não controlado com plaquetopenia e INR maior ou igual a 1,5.
Critérios de alta:
- Forma leve(A): paciente 48 horas afebril, sem alterações clínicas e laboratoriais.
- Forma moderada(B): paciente afebril, com pelo menos 7 dias de início de sintomas e com melhora clínica/laboratorial há pelo menos 72 horas.
- Forma grave(C): após para as enfermarias —> estratificar como grupo B.
Prevenção:
Vacina:
- Virus atenuado.
- Demora 10 dias para gerar eficácia.
- A partir dos 9 meses e a de reforço aos 4 anos.
- recomendada para todos os moradores de áreas endêmica e pessoas que se exponham eventualmente a essas áreas.
Contraindicação: crianças menores de 9 meses, pessoas com história de reação anafilática após ingestão de ovo, pacientes imunodeprimidos, gestantes se amamentar —> os lactentes devem interromper o aleitamento por 10 dias —> realizar ordenha.
