Endocardite e Meningite Flashcards
Endocardite Infecciosa (EI)
- Infecção da superfície do ENDOTÉLIO do coração
- Pode ser causada por bactérias, fungos, mycoplasma, Rickettisiae
- Pode ocorrer “vegetação”: plaquetas e fibrinas c/ micro-organismos e céls inflamatórias
- Pode acometer valvas cardíacas (mais comum), áreas septais, cordas tendíneas ou mural.
Endocardite Infecciosa (EI)
- Aguda (S. aureus): condição associada à febre alta, toxemia (sepse), disfunção cardíaca precoce, múltiplos focos de infecção metastática à distância, com risco de evoluir p/ óbitos em semanas → Urgência médica
- QC em <2 semanas
- Subaguda: clínica arrastada, febre baixa (intermitente), sudorese noturna, perda ponderal, evolui p/ óbito em meses, exceto se fenômenos cardioembólicos (AVC, IAM) ou ruptura de aneurisma micótico
- QC em 5-6 sem
Fatores de Risco p/ EI
- Idosos
- Usuários de drogas IV
- Cardiopatias congênitas
- Hemodiálise, cateterismo venoso profundo
- História prévia de EI: PRINCIPAL
- Implante cardíaco, válvula: PRINCIPAL
- Procedimentos dentários
Endocardite Infecciosa (EI) - Fisiopatologia
- Bacteremia + Lesão Cardíaca Prévia = EI
2. Em usuários de drogas IV (S.aureus) NÃO precisam de lesão prévia
Microbiologia da Válvula NATIVA (s/ prótese) - SUBAGUDA
- Streptococcus do grupo viridans (alfa-hemolíticos): S. sanguis, S. mutans, S. mitior, S. intermedius → principal causas de endocardite comunitária subaguda (em não usuários de drogas IV)
- Fazem parte da microbiota normal da cavidade oral, por bacteremias transitórias, colonizam valva comprometidas (dça reumática, senil, congênita)
- Enterococis gram-positiovs (estreptococo grupo D): E. faecalis e E. faecium (resistência normal à ATB) → após manejo do trato urinário em ♂
- Streptococcus gallolyticus (S. bovis) -40-60% valva nativa: lesões no tubo digestivo como CA cólon e pólipos intestinais → obrigatório realizar COLONOSCOPIA
- Grupo HACEK (Haemophylus parainfluenza e aphrophilus, Actinobacillus, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e Kingella kingae) gram-negativos fastidiosos (cresc. lento em meio rico): microbiota normal do trato resp. superior
Microbiologia da Válvula NATIVA (s/ prótese) - AGUDA
- Coinfecção por HIV NÃO modifica microbiologia dos agentes causais de EI em usuários de drogas IV
- S. Aureus é mais relacionado com GN
- Staphylococcus aureus: principal agente da EI aguda em valva nativa → proveniente da flora cutânea (furunculose)
- S. aureus é principal em usuários de drogas IV (agulha/ substâncias contaminadas) e a exceção é que acomete valva TRICÚSPIDE à direita (emboliza p/ pulmão)
- Usuário de drogas ou vegetação grande pelo S. aureus = EMBOLIZAM
- Streptococcus pneumoniae (1-3% da EI aguda): alcooólatras c/ PNM + meningite + EI (tríade) → Síndrome de Austrian
Microbiologia na
PRÓTESE VALVAR
- Listeria é bacilo gram-positivo (acomete idosos, DM, corticoide, imunossuprimidos e cças)
- Enterococus manipulação urológica, genitais e intestinais
- Início precoce (<2 meses = hospitalares): Staphylococcus epidermidis (coagulase-negativo) e S. aureus são os principais
- Outros: BGN, Candida albicans, enterococos e difteroides
- Início intermediário (2-12 meses): S. coagulase-negativo
- Início tardio (>1 ano = EI s/ prótese): Streptococus grupo viridans, S. aureus, enterococo, HACEK
Patogênese da EI
- Endotélio saudável é resistente à colonização bacteriana, devendo a princípios estar lesadas p/ colonizarem
- Impacto de fluxo sanguíneo de alta velocidade, estresse mecânico e corpos estranhos = lesão
- Lesão endotélio expõe subendotélio e forma plaquetas e fibrina (“vegetação” = endocardite trombótica não bacteriana/ ETNB) que pode ser colonizaod por bactérias
- ETNB pode ficar estéril como no câncer/desnutrição (endocardite marântica) e no LES/SAF (endocardite de Libman-Sacks) por estado pró-trombótico generalizado
Localização mais comum da EI
- Mitral
- Aórtica
- Mitro-aórtica
- Válvulas à direita
- EXCEÇÃO: Tricúspide (à direita) em usuários de drogas IV (embolo p/ pulmão)
Lesões de Alto Risco para EI
- Valvas cardíacas protéticas: MAIOR RISCO
- Endocardite prévia de valva nativa
- Cardiopatia congênita cianótica complexa (TGV, T4F, ventrículo único): predisposição em <15 anos
- Derivações cirúrgicas sistêmico-pulmonares
- Coarctação da aorta
Lesões de Risco Moderado para EI
- Dça reumática: mais comum no BR
- Dça cardíaca degenerativa
- Outras cardiopatias congênitas
- Cardiomiopatia hipertrófica
- Prolapso de valva mitral com regurgitação e/ou folhetos valvares espessados: comum nos EUA
Lesões que geralmente NÃO predispões à EI
- Defeito do septo atrial tipo ostium secundum
- Revascularização coronariana prévia
- Sopros cardíacos inocentes (funcionais)
- Prolapso de alva mitral sem sopro
- Dça reumática prévia s/ disfunção valvar
- Reparo cx (após 6m) de DA patentem defeito septo ventricular e atrial
Circunstâncias que levam à bacteremia transitória
*Colonização da ETNB → EI
- Procedimentos dentários que provocam sangramento: extração dentária, endodôntica (canal), ortodontia, manejo periodontal (gengivite)
- Procedimentos geniturinários: cx prostática, cistoscopia, dilatação uretral
- Procedimentos respiratórios: amígdala/ adenoide, broncoscopia rígida
- Procedimento TGI: CPRE, escleroterapia, dilatação esofágica, cx vesícula biliar
- Drenagem de abscessos
Fisiopatologia da EI
- Efeitos destrutivos locais do processo infeccioso do coração
- Embolização de fragmentos da vegetação a sítios distantes
- Infecção de outros sítios através de bacteremias persistentes
- Resposta imune humoral c/ lesão tecidual
- Produção de citocinas c/ sintomas constitucionais: febre, adinamia, anorexia, perda ponderal
Complicações da EI
- Pode levar a abscessos miocárdicos: febre e BACT (Valva aórtica*)
- Pericardite purulenta
- Embolização: vegetações >10 mm em valva mitral por Fungos, H. parainfluenza, S. aureus → microembolia
- Êmbolos do coração esquerdo: infartos isquêmicos em órgãos à distância (baço, cérebro, rim) e alterações cutâneas (manchas de Janeway)
- Êmbolos sépticos do coração direito (EI valva tricúspide droga IV): iniltrados pulmonares bilaterais e difusos → abscessos
- Aneurismas micóticos, cerebrite, infarto cerebral e abscesso (1/3 casos acomete SNC)
Aneurismas micóticos
- Embolização séptica p/ os vasa vasorum (arteríolas que nutrem artérias)
- Invasão direta da parede arterial por micro-organismo levando a dilatação arterial focal devido êmbolo séptico
- Lesão vascular por imunocomplexos
- Agentes: S. viridans (bactérias)
- Enfraquecimento e dilatação do vaso arterial que acomete vários órgãos
- Pode levar a AVC hemorrágico
Lesões renais da EI
- Abscessos, infarto e Glomerulonefrite
- Infarto renal (56% das autópsias)
- GN focal
- Glomerulite c/ queda de complemento sérico, presença fator reumatoide positivo (70%) e imunocomplexos circulantes (90-100%)
QC da EI
- Febre: achado mais comum (90%), alta na aguda e intermitente na subaguda
- Sudorese noturna, perda ponderal, calafrios, fraqueza, náuseas
- Sopros cardíacos (85%)
- Insuf. cardíaca rapidamente progressiva: principal causa de óbito na EI
- Esplenomegalia (60% na EI subaguda) e Anemia dça crônica
- Artralgia oligo ou monoarticular
QC da EI - Manifestações periféricas:
- Hemorragias subungueais “em lasca” (splinter) nos dedos;
- Petéquias (20-40%): subconjuntivais, palato, mucosa, extremidades
- Nódulos de Osler: lesões evanescentes pequenas polpas dígitos por embolização ou depósito imunocomplexos
- Manchas Janeway: máculas hemorrágias, indolores, palmas/ plantas por embolização séptica prolongada
- Manchas de Roth na retina: lesões ovais c/ centro pálido cercado por hemorragia
- Baqueteamento digital
QC da EI - Embolização Sistêmica
*Ocorrem em até 40%
- Embolização p/ artéria esplênica c/ infarto: dor súbita em QSE irradiado p/ ombro, atrito e derrame pleural
- Infarto embólico renal: dor em flanco, hematúria
- Embolia séptica p/ pulmões
- Vasos mesentéricos: dor abdominal, íleo adinâmico, sangue fezes
- IAM (valva aórtica)
QC da EI - Manifestações neurológicas
*Ocorre em 20-40% do casos e maioria por S. aureus
- Êmbolo cerebral: a. cerebral média (30%) c/ hemiplegia, alt. sensibilidade, ataxia, afasia
- Aneurismas micóticos: assintomáticos até ter HSA
- Encefalopatia tóxica
EI no usuários de drogas IV
- Mais homens entre 20-40 anos
- Acomete mais valva TRICÚSPIDE
- S. aureus
- Bacteremia por foco 1º (celulite ou flebite) ou contaminação da droga ou injeção
- Êmbolos sépticos p/ pulmões: tosse, infiltrados pulmonares, derrame pleural, dor pleurítica
- Regurgitações tricúspide (1/3 casos)
Dxx da EI
- Subaguda: TB, sífilis, meningite, abscesso cerebral, LES, AR, vasculites, PTT e neoplasias hematológicas
- Aguda: síndrome séptica
Diagnóstico:
- Anatomo-patológico: PADRÃO-OURO
- Critérios de Duke University: mais usado → VPN alto (92%)
- Dx definitivo se: 2 maiores OU 1 maior e 3 menores OU 5 menores
Critérios MAIORES de DUKE
*Fisiopatologia
- Hemoculturas positivas: MO típicos p/ EI em 2 amostras separadas OU positiva persistente p/ QUALQUER MO
- Ecocardiograma positivo: massa intracardíaca oscilante OU abscesso OU valva protética c/ deiscência parcial OU Nova Regurgitação valva
- Sorologia + p/ Coxiella Burnetti (IgG: 1:800) ou única amostra de hemocultura + p/ este
Critérios MENORES de DUKE
*Infecção
- Predisposição: lesão cardíaca predisponente ou uso droga IV
- Febre ≥ 38ºC
- Fenômenos vasculares: êmbolo arterial grande, infartos sépticos, hemorragia IC ou conjuntiva, manchas Janeway, aneurisma micótico
- Fenômenos imunológicos: GN, nódulos Osler, manchas Roth, fator reumatoide
- Evidência microbiológicas que não preencham critério maior
Exclusão de EI
- Dx alternativo estabelecido
- Sintomas/ sinais desaparecerem c/ ≤ 4 dias de tto ATB
- Cx cardíaca ou necrópsia negativas
Ecocardiograma no Diagnóstico
- No geral o 1º é TRANSTORÁCICO: menor sensibilidade (60-65%) → se negativo ou inconclusivo fazer transesofágico
- Ecocardiograma bidimensional transesofágico é o melhor método dx (S= 90-95%)
- ECO transesofágico (ETE) 1º se: EI prévio, prótese (?), janela ruim (obeso, VM, deformidade torácica)
Eco transesofágico (ETE) depois do transtorácico (ETT) se:
- EET inicial NEGATIVO/ inadequado, mas c/ ↑ suspeita: bacteremia por S. aureus, muitos critérios menores
- EET inicial POSITIVO: risco de complicação (abscesso paravalvar, BRamo), REgurgitação valvar importante
Prognóstico RUIM na EI
*Letalidade de 10-15%
- Aguda: pior prognóstico se sinais toxemia e rápida evolução
- IC
- Sintomas neurológicos
- Ecocardiograma: comprometimento valvas, regurgitação BAV
- S. aureus, P. aeruginosa e fungos*
Tratamento da EI
- Precisa ser BACTERICIDA
- Preferencial IV em altas doses
- Duração prolongada (se valva nativa por 4-6 semanas)
- Subaguda: AGUARDAR CULTURA
- Aguda: EMPÍRICO
TTO EMPÍRICO de Válvula Nativa
- ATB por 4-6 semanas
- Gentamicina (aminoglicosídeo): gram - entéricos e enterococo
- Oxacilina: S. aureus
- Agudo: Vancomicina ± Cefazolina OU
- Oxacilina + Gentamicina ± Ampicilina
- Agudo + Usuário de drogas IV: Vancomicina + Gentamicina ± Pip/Tazo
- Subagudo grave: Penicilina G cristalina ou Ampicilina (S. viridans) + Gentamicina
TTO EMPÍRICO de Válvula Artificial
*ATB por ≥ 6 semanas
- > 1 anos da colocação (tardia): igual à nativa
- <1 ano e principalmente até 60 dias: pensar em germes hospitalares (S. aureus/ S. epidermidis/ Gram negativo)
- Vancomicina + Gentamicina (2 semanas) + Rifampicina pós 3º dia (± Cefepime)
Esquemas de ATB p/ MO específicos
- Streptococcus viridans ou S. gallolyticus: Penicilina G cristalina ± Gentamicina IV OU Ceftriaxona OU Vancomicina por 4 sem
- Enterococcus: Penicilina G cristalina (ou Ampicilina ou Vancomicina) + gentamicina IV por 4-6 semanas OU Ampicilina + Ceftriaxona por 6 sem
- S. aureus: Oxacilina ou Cefazolina ou Vancomicina IV por 4-6 emanas
- HACEK: Ceftriaxona OU Ampicilina + sulbactam por 4 semanas
- Fungos: anfotericina V + flucitocina + cx precoce
Indicações de Cirurgia na EI:
- IC c/ disfunção valvular
- Extensão paravalvar c/ abscesso
- Vegetações móveis >10 mm
- Agente resistente: Fungo
- S/ melhora após 5/7-10 dias após ATB
- Prótese valvular INSTÁVEL