Emergências hipertensivas Flashcards
Quais os valores de PAS e PAD que geralmente são considerados crise hipertensiva?
- Alguns autores: PAD > 120
- Alguns autores: PAS >= 180
Os níveis pressóricos possuem importância secundária, uma vez que pode haver lesão de órgão alvo com pressões mais baixas
Qual a definição de emergência hipertensiva?
Exemplos
- Há lesão aguda de órgão-alvo
- Risco iminente de morte
- Necessidade de redução imediata da PA
- Anti-hipertensivos parenterais
- Encefalopatia hipertensiva, HSA, HIP, dissecção aórtica, EAP, SCA, crise de feocromocitoma, eclâmpsia
Qual a definição de urgência hipertensiva?
Exemplos
- Risco potencial de LOA
- Não há risco eminente de morte
- O tratamento deve ser feito com drogas orais
- Angina estável ou instável, ICC, pré-eclâmpsia, aneurisma de aorta, glomerulonefrites agudas, AVCi, hipertensão acelerada maligna.
Qual a definição de pseudocrise hipertensiva?
- Aumento acentuado da PA desencadeado por dor (cólicas, cefaleia, fibromialgia), desconforto (tontura, mal-estar), ansiedade, abandono do tratamento, ou uma mistura disso
- Devem receber sintomáticos, não anti-hipertensivos
PA acentuadamente elevada sem lesão de órgão alvo - o que pode ser?
- HAS não controlada: pct assintomático, com tratamento irregular
- Pseudocrise hipertensiva: elevação secundária da PA
O que deve se perguntar na anamnese diante de uma crise hipertensiva?
- Se o quadro for nitidamente emergencial, priorizar intervenção terapêutica em detrimento de uma história detalhada
- Duração e gravidade da hipertensão previamente existente
- Presença de LOA prévia (ICC, doença coronariana, IR, doença cerebrovascular)
- Uso de medicações anti-hipertensivas, grau de aderência ao tratamento e controle da PA
- Uso de simpatomiméticos ou drogas ilícitas
- Sintomas sugestivos de LOA: dor torácica, dorsalgia, lombalgia, sintomas neurológicos focais, cefaleia, convulsões, alteração do nível de consciência
O que deve incluir o exame físico na crise hipertensiva?
- Aferir PA nos dois braços
- Aferir PA com o paciente deitado e em pé (se possível)
- Pulsos em MMSS e MMII
- Sinais de IC: taquipneia, estase jugular, crepitações pulmonares, B3, ictus desviado, hepatomegalia, edema de MMII
- Sinais de dissecção aórtica: pulsos assimétricos, PA divergente em ambos os braços, sopros cardíacos e abdominais, massas pulsáteis
- Exame neurológico: nível de consciência, orientação, irritação meníngea, campo visual, sinais focais, fundo de olho
Após a história e exame físico, como o paciente pode ser classificado conforme as principais formas de apresentação?
- quadro neurológico agudo: AVCi, AVCh, encefalopatia hepática ou eclâmpsia, Eventualmente, dissecção aórtica
- quadro cardiovascular: SCA, EAP, dissecção aórtica
Quais os exames complementares que devem ser solicitados?
- Gerais: hemograma, eletrólitos, função renal, glicemia, urina tipo I, ECG, radiografia de tórax
- De acordo com a clínica:
- Marcadores de necrose miocárdica (troponinas, CKMB)
- Marcadores de hemólise (reticulóticos, haptoglobina, esquizócitos, bilirrubina indireta, LDH): HAS maligna
- Gasometria arterial: insuf resp
- TCC sem contraste
- Punção liquórica: suspeita de HSA e TC normal
- ECO transtorácico
Em que se baseia o tratamento das emergências hipertensivas?
- Diminuir a PA de 20-25% nas primeiras horas (cuidado para não causar síndrome isquêmica)
- Nitroprussiato de sódio ou nitroglicerina IV
- Realizar o tratamento específico para LOA vigente
Propriedades do nitroprussiato (nipride)
- Vasodilatador arteriolar e venoso
- Muito potente e de ação rápida
- Administração em bomba de infusão
- Usar por até 48h
- Uso prolongado pode causar acúmulo de cianeto
- Fármaco fotossensível, usar equipo opaco
Propriedades da nitroglicerina (tridil)
- Vasodilatador de rápida atividade
- Menos eficaz se comparado ao nipride
- Administrar em bomba de infusão
- Útil em SCA, por promover vasodilatação coronariana
Propriedades da hidralazina e betabloq?
- Hidralazina IV: vasodilatador arterial, preferencial em gestantes (pré-eclâmpsia)
- Beta-bloqs: esmolol (meia-vida ultracurta e alto custo), metoprolol
Como é feito o tratamento de urgências hipertensivas?
- Captopril VO ou SL
- Betabloq VO: metoprolol (arritmias)
- Clonidina
Qual a definição de dissecção aórtica?
- Rompimento da túnica íntima da artéria, passando a fluir em uma “falsa luz de vaso”, entre a túnica íntima e a média
Como é a classificação de Debakey da dissecção aórtica (menos usada)?
- Debakey I: acometimento de aorta ascendente e descendente
- Debakey II: acometimento da aorta apenas ascendente
- Debakey III: acometimento da aorta apenas descendente
DeBakey I e II devem receber tratamento cirúrgico.
Como é a classificação de Stanford da dissecção aórtica (mais usada)?
- Stanford A: segmento ascendente, com ou sem descendente junto - tratamento cirúrgico
- Stanford B: acometimento somente do segmento descendente - tratamento conservador
Quais os achados clínicos da dissecção aórtica?
- Dor torácica aguda lancinante
- Localização quase sempre anterior (retroesternal), podendo irradiar para o dorso ou abdome (stanford B)
- Sintomas adrenérgicos: palidez, sudorese intensa, taquicardia
- Síncope, sintomas neurológicos focais, sinais de isquemia em outros órgãos, IC, tamponamento cardíaco, paraplegia
- Paciente parece estar em choque, mas a PA é elevada
- Assimetria de PA em ambos os braços
- Sopro de regurgitação aórtica
- Sinais de tamponamento cardíaco e derrame pleural
Quais exames complementares devem ser feitos na dissecção aórtica?
- Exames gerais: hemograma, eletrólitos, função renal, coagulograma, eas, enzimas cardíacas…
- ECG: sinais de HVE, eletro normal, supra ST
- RX de tórax: alargamento de mediastino, derrame pericárdico, pleural
- AngioTC de tórax ou eco transesofágico: após estabilização do paciente, fazzer imediatamente ECOTE e angioTC de tórax, para confirmar a dissecção
Qual o tratamento clínico da dissecção aórtica?
- Suporte clínico: MOVE
- Betabloq: deixar FC < 60, se tolerado. Metoprolol IV em 3-5 minutos. se contraindicação, usar verapamil ou diltiazem IV
- Redução da PA com nitroprussiato de sódio: reduzir ao menor valor tolerado pelo paciente, se possível, deixar PAS próxima de 100-110.
- Morfina
- Avaliação do cirurgião vascular imediata. Stanford A e B clinicamente grave merecem cirurgia com colocação de prótese endovascular
- Obs: controle de duplo produto = reduzir PA e FC
Qual a definição do EAP hipertensivo?
- Acúmulo anormal de líquido no interstício e alvéolos pulmonares
- Pode ser cardiogênico (arritmias, iam, icc, valvopatia) / não cardiogênico (pneumonia, sepse, SARA, trauma) / hipertensivo / não hipertensivo
- Geralmente ocorre por descompensação da IC, no caso estamos falando de uma hipertensivo cardiogênico
Como é o quadro clínico do EAP?
- Dispneia
- Ansiedade
- Sudorese
- Má perfusão periférica, cianose
- Uso de musculatura acessória
- Taquicardia, hipertensão
- Tosse seca ou com expectoração rosácea
- Estertores finos difusos bilaterais
Quais as medidas iniciais no EAP?
- Levar a sala de emergência
- MOV (monitorizar, oxigênio, acesso venoso e coleta de exames)
- Exame físico dirigido
- Na disponibilidade, fazer precocemente VNI
- Posicionar paciente sentado (90 graus), com membros pendentes
Quais exames complementares podem ser úteis no EAP?
- ECG: isquemia, sobrecarga de câmaras, arritmias, bloqueios
- RX de tórax: sinais de congestão pulmonar, derrame pleural, condensações
- Oximetria de pulso
- Gasometria arterial
- Exames gerais; função renal, eletrólitos, hemograma, eas
- BNP (estresse hemodinâmico)
Tratamento da EAP, além de medidas iniciais:
- VNI associada a:
- Furosemida (lasix): IV (promove venodilatação em 15 minutos), em bolus, 3 ampolas
- Morfina: 2 a 5mg IV, diminui pré-carga, FC, sensação de dispneia. reduz consumo de O2 pelo miocáardio.
- Nitroglicerina ou nitroprussiato: a nitroglicerina melhora os sintomas de EAP, alivia congestão pulmonar e melhora perfusão coronariana.
- Oxigênio: VNI precoce
- Posição: cabeceira elevada a 90 graus
Mnemônico LMNOP
Características da VNI (CPAP)?
- Pressão positiva contínua
- Preferível por ser não invasiva e trazer menores riscos de complicação
- Benefícios: reduz congestão, melhorar troca gasosa, reduz pré e pós-carga, reduz trabalho respiratório
- Contraindicações: rebaixamento do sensório, agitação, recusa do paciente, instabilidade hemodinâmica, obstrução de VAS ou trauma de face, distensão abdominal, náusea, vômito, sangramento digestivo alto