Doenças inflamatórias intestinais Flashcards
O que são doenças inflamatórias intestinais?
- São desordens crônicas, recidivantes, de origem desconhecida.
- Por mais que sejam desconhecida, tem coisas bem conhecidas: microbiota intestinal, resposta imunológica. barreira epitelial.
- Resultam se uma resposta imune anormal contra a flora intestinal normal e provavelmente contra alguns auto-antígenos em indivíduos geneticamente suscetíveis.
- Processo final -> resposta inflamatória que interfere na função de barreira das células epiteliais.
- Suscetibilidade genética -> tende a ocorrer mais em indivíduos da mesma família.
Cite a patogenia da Doença de Crohn e Colite ulcerativa:
- Suscetibilidade genética
- Falhas na regulação imune
- Defeitos epiteliais
- Microflora intestinal
-> Sabemos os elementos envolvidos, mas por ser idiopática, não sabemos qual é o evento desencadeante.
Incidência da Doença de Crohn e Colite Ulcerativa:
- EUA: 6/100 mil
- Variações geográficas: regiões que tinham baixa incidência (Ásia, Mediterrâneo, Oriente Médio)
vem aumentando. Mudança na epidemiologia. - Maior incidência: EUA, Nova Zelândia, Austrália, Europa, Canadá
- Rara na ÁSIA e África
- Qualquer idade (2ª-3ª, 6ª e 7ª décadas), mais em adultos jovens;
- Brancos 2 a 5x mais;
- Predileção feminina.
Predisposição genética da Doença de Crohn e Colite Ulcerativa
- 3 a 20x mais chance com parentes de 1º grau acometidos;
- 15% dos portadores têm familiares de 1º grau afetados;
- 75% das famílias acometidas apresentam concordância no tipo de doença (se tem Crohn, a
predisposição é para Crohn).
Fatores imunológicos da Doença de Crohn e Colite Ulcerativa
- Não se sabe se a resposta imune é contra os auto antígenos do epitélio intestinal ou contra
antígenos bacterianos. - Mas sabemos que teremos reação inflamatória e essa reação altera a função de barreira das
células epiteliais. Enterócitos ficam com sua função de barreira comprometida.
Fatores microbiológicos da Doença de Crohn e Colite Ulcerativa
- Os sítios afetados são ricos em bactéria.
- Em camundongos livres de germes a doença não se desenvolve. (testes laboratoriais)
- A doença tende a se desenvolver nos lugares de maior concentração microbiológica.
Inflamação da Doença de Crohn e Colite Ulcerativa:
- A inflamação é a via final comum da patogenia da IBD.
- Diminuição da integridade da barreira mucosa.
- Perda da função de absorção das células epiteliais.
Sinônimos para Doença de Crohn
- Ileíte regional
- Enterite regional
- Enterite Granulomatosa
Localização da Doença de Crohn
- 30% delgado
- 40% delgado + cólon
- 30% cólon
- DA BOCA AO ÂNUS
- Por ser segmentar, pode ter acometimentos em vários locais. O segmento interposto a área
acometida fica em padrão normal - Tipicamente acomete delgado, sobretudo íleo terminal.
Patologia da Doença de Crohn:
1.Bem delimitado, transmural;
2. Lesões salteadas;
3. Granulomas não caseosos (40 a 60%)
4. Fissuras com formação de fístulas
5. Gordura trepadeira
6. Hipertrofia muscular
7. Displasia
8. 5 a 6x maior risco de carcinoma
Como começa a inflamação da Doença de Crohn?
Começa com um processo inflamatório dentro da cripta intestinal, uma exsudação neutrofílica, um microabscesso críptico, que acaba comprometendo
a integridade do epitélio, que acaba ulcerando. Essa úlcera tem padrão aftóide (sim, semelhante
às aftas orais). Essas ulcerações podem coalescer e formar grandes úlceras sempre orientadas ao
longo do maior eixo do intestino = úlceras longitudinais. São úlceras estreitas e que se
aprofundam na parede, dando aspecto de fissura, como se fosse uma rachadura na parede. Aspecto sinuoso.
Como é o processo inflamatório inicial da Doença de Crohn?
Bem delimitado, transmural -> processo inflamatório crônico que acomete toda a espessura da
parede (mucosa, submucosa, muscular, subserosa).
Como são as lesões do processo inflamatório inicial da Doença de Crohn?
“Lesões salteadas” -> acometem um segmento, um segmento fica normal, acometem outro, vai
pulando… Essas áreas têm limites bem precisos, é como se a gente pegasse uma régua e
delimitasse “área normal, área acometida”.
Como é a inflamação crônica da Doença de Crohn?
Inflamação crônica: sempre acompanhada de FIBROSE, edema, congestão -> espessamento da
parede. Essa fibrose confere ao tecido uma rigidez característica e repuxa os tecidos da volta. Repuxa a gordura mesentérica, repuxa a gordura mesocólica, que geralmente está inserida de uma forma estreita por onde entram os vasos. Por conta do processo inflamatório (que acomete toda a espessura da parede), essa gordura acaba sendo repuxada e vai englobando toda a serosa; dando um aspecto de Gordura rastejante/trepadeira. É o englobamento da
gordura mesentérica/mesocólica. Gordura vai ficar bem aderida à serosa em decorrência do processo inflamatório transmural. Ao mesmo tempo, a luz restringe porque a parede fica espessada. Além disso, costuma ter um aspecto sinuoso, serpiginoso.
Fases da formação da Doença de Crohn:
➔ Começa um processo inflamatório, exsudação neutrofílica, microabscesso crítico que acaba
comprometendo o epitélio.
1. úlcera na fase inicial: aftóide, lembra as aftas orais
2. úlceras sempre orientados ao longo do maior eixo do intestino: úlceras longitudinais.
3. úlceras estreitas e que se aprofundam na parede dando aspecto de fissura
4. As áreas acometidas têm limites bem precisos.
Como se dão as fissuras com formação de fístulas?
Nas fases iniciais temos exsudação neutrofílica para dentro da cripta que necrosa o epitélio e forma ulceração pequena e rasa, com a evolução do processo essas úlceras aftóides coalescem e tendem a formar úlceras estreitas e profundas com padrão
sinuoso.
* Fissuras -> termo que se emprega para essa úlcera estreita e profunda, tal qual rachaduras
de parede.
Qual o papel da hipertrofia muscular no processo inflamatório?
Hipertrofia muscular -> comprometimento de toda a espessura da parede, peristaltismo dificultado e uma reação de compensação a essa peristalse comprometida = hipertrofia muscular a fim de que a peristalse se desenvolva;
Descreva a histologia do processo inflamatório da Doença de Crohn:
Histologia -> vemos úlceras estreitas, parede com congestão, edema, agregados de linfóides, muscular espessa, processo inflamatório comprometendo serosa, subserosa.
◆ Não se restringe a serosa, pode comprometer gordura mesentérica, mesocólica e até linfonodos regionais.
◆ É comum observar a gordura mesentérica espessada às custas da fibrose ali presente. Granulomas podem estar presentes em qualquer altura da parede, até fora da parede intestinal, gordura e linfonodos.
Qual o percentual de displasia causado por esses processos inflamatórios?
Displasia: 5 a 6x maior risco de carcinoma (condição pré maligna são processos inflamatórios de
longa evolução).
Qual a frequência de granulomas nesses processos inflamatórios?
Granulomas: a literatura varia no que diz respeito à frequência (presentes em cerca de 40, 50%
dos casos). é um aspecto característico, mas não é uma constante. Os granulomas sempre vão
favorecer Doença de Crohn, mas sua ausência não afasta a possibilidade da doença.
◆ Granulomas não caseosos (sem necrose caseosa central); sarcóide.
● Caseosos -> típicos da TB
● Não caseosos -> típicos da Sarcoidose
○ Agregados de macrófagos epitelioides circundados por halo linfocítico.
Explique acerca da formação do trajeto fistuloso causado pelas úlceras:
As úlceras são tão estreitas e profundas que podem comunicar alça intestinal e alça
intestinal -> formando trajeto fistuloso, canal que comunica 2 alças de intestino.
◆ Podem comunicar luz intestinal e cavidade peritoneal.
◆ É uma complicação sempre temível, requerem correção cirúrgica. processo cirúrgico deve
ser sempre evitado pela chance de recidiva na boca anastomótica.
◆ Essa fístula pode ser: intestino com bexiga, com vagina, etc.
Quais são as complicações extra-intestinais?
Imunológicas (uveíte, sacroileíte, poliartrite migratória, eritema nodoso)
Quais são as manifestações clínicas da Doença de Crohn?
- Muito variáveis
- Diarréia (água não está sendo absorvida)
- Febre
- Dor abdominal (fossa iliaca direita)
- Remissão e novo ataque
- Fístulas
- Abscessos abdominais
- Estenose (rigidez por fibrose) ou obstruções - SINAL DE CORDA
- Megacólon tóxico
- Carcinoma
PEDRAS DE CALÇAMENTO / MOSAICO
Focos de mucosa preservada e entre elas, fissura, onde se localiza a úlcera estreita longitudinal sinuosa.
Descreva a Colite Ulcerativa:
- Granulomas são ausentes
- Lesões contínuas
- Comprometem o reto e se estendem proximalmente
- Úlceras rasas (acomete mucosa e submucosa, é uma doença mais superficial)
- Pouca fibrose: não há perda de elasticidade, pequeno risco de obstrução, não há comprometimento significativo da luz.
- Não ocorre espessamento
- Risco para o desenvolvimento de carcinoma
- Começa sempre no reto e vai se estendendo continuamente.
Caracterize a colite ulcerativa:
- Envolvimento contínuo
- Ulceração extensa e superficial: úlceras rasas e largas
- Da mesma forma que foi descrita a exsudação neutrofílica para dentro da cripta intestinal que se chama microabscesso críptico, esses microabscessos vão coalescer e formar grandes úlceras com padrão superficial e larga.
- Microabcessos coalescem e formam úlceras com padrão superficial e larga, se orientam ao longo do maior eixo; mucosa longitudinal, a mucosa preservada tende a sobressair
na tentativa de promover o reparo daquela perda tecidual pela inflamação = mucosa proeminente ao lado dessa mucosa ulcerada. Esse padrão de mucosa ulcerada com mucosa de aspecto reparativo dá um aspecto de pseudopólipos (pólipo inflamatório) -> ilhas de mucosa em regeneração. Pólipo = crescimento em superfície epitelial. - Microabscessos crípiticos
- Fase inicial da ulceração - Pseudopólipos - ilhas de mucosa em regeneração
- Temos um processo inflamatório e reparativo dando um aspecto na mucosa de pseudopólipo
Manifestações clínicas da Colite Ulcerativa:
- Diarreia muco-sanguinolenta
- Muco produzido pela mucosa remenescente de aspecto reparativo;
- Sanguinolenta por conta das ulcerações. - Cólicas
- Tenesmo
- Espasmo doloroso do esfícter anal ou vesical com desejo urgente de defecar ou urinar, e com eliminação de quantidade mínima de fezes ou urina. - Dor abdominal
- Remissóes
- Manifestações extra-abdominais
- Megacólon tóxico
- Distúrbios eletrolíticos
- Hemorragia maciça
- Comumente definida pela perda de uma volemia completa num período inferior a 24h e é a principal causa de morte em vítimas de trauma. - Câncer
Categorização da colite indeterminada:
- tto cirúrgico no Crohn -> alta chance de recidiva nas bordas anastomóticas favorecendo
novas fístulas - tto cirúrgico na colite ulcerativa tu pode excisar todo o acometimento e não vai ter
recidiva.
Testes sorológicos da colite indeterminada:
- Anticorpos antineutrófilos: favorece Retocolite ulcerativa
- Anticorpos para Saccharomyces cerevisiae: favorece Crohn
- Muitas vezes tem sobreposições e apresentações não características; nem sempre ajuda.
Risco de neoplasia
- Inicia com displasia
- Pacientes com a doença há mais de 8/10 anos são submetidos a rastreio de displasia
- Lesão precursora: focos de displasia -> áreas achatadas de mucosa não identificadas macroscopicamente.
- Displasia de alto ou baixo grau
- Pode ser multifocal. O risco é para todo o cólon, não somente no local acometido.
- Pacientes com doença mais grave, com vários episódios de exacerbação tem mais risco.
- Endoscopia de rotina.