Doença viral hemorrágica do coelho Flashcards
Agente
Calicivirus;
RNA.
1 único serótipo dividido em 2 subtipos: RHDV clássico e RHDVa, mas existem uma grande variedade de estirpes. É viável mais de 1 ano a -5ºC, 225 dias numa suspensão orgânica a 4ºC e sobrevive 3 horas à temperatura ambiental de 37ºC.
Transmissão
Contacto direto
VIA ORAL, INTRANASAL,
INTRAMUSCULAR, INTRAVENOSA
A via de infeção mais comum é a oral (associada a taxas de mortalidade mais
elevadas), seguida da conjuntival, aerógena e
pele.
A transmissão do vírus à distância deve-se,
sobretudo, à intervenção de insetos vetores: pulgas e mosquitos; e em menor escala a
fomites.
É ainda possível que outros hospedeiros, não suscetíveis ao
calicivírus responsável pela DHV, possam transmitir o vírus de
forma passiva (vetores mecânicos), nomeadamente predadores (como a raposa, Vulpes vulpes) e necrófagos após ingerirem carne infetada. De facto, o vírus pode ser encontrado viável nas fezes destes animais, devido à sua elevada resistência a pH
ácidos e à ação das enzimas digestivas. Os focos registam-se sobretudo no Inverno e menos na Primavera, contrariamente ao que acontece na mixomatose, em que nesta os focos ocorrem sobretudo Primavera/Verão.
PI
1- 3 dias
formas
FORMA HIPERAGUDA OU FULMINANTE
Observa-se quando ocorre o primeiro contacto da população com o calicivírus. Os coelhos infetados morrem subitamente, sendo os únicos sintomas, a epistaxe espumosa e/ou a expulsão de sangue pelo ânus e genitais
FORMA AGUDA
Predomina em áreas onde a DHV se tornou endémica. Morte em 1-2 dias. Os coelhos afetados exibem depressão, anorexia e apatia. Em muitos casos
ocorre aumento da frequência respiratória, cianose, diarreia e hematúria. Nos momentos que antecedem a morte podem ocorrer convulsões e distúrbios
neurológicos e em 10 a 20% dos coelhos mortos observa-se epistaxe espumosa.
FORMA SUBCLÍNICA
Ocorre nas populações de coelho em equilíbrio com o calicivírus. Os coelhos
manifestam depressão, anorexia e febre durante 2-3 dias e geralmente sobrevivem. A principal fonte de infeção são os láparos lactantes e com
menos de 20 dias, que facilmente transmitem o vírus às mães pois excretam o
vírus durante ≈30 dias na urina e nas fezes
Sinais
-Febre
* Depressão
* Incoordenação
* Guinchos
* Dor nos episódios
convulsivos/agónicos
anteriores à morte súbita
* Dificuldades respiratórias
* Hemorragia nasal espumosa
* Icterícia
lesões
Congestão e hemorragias: coração, traqueia (espuma), timo, pulmões, fígado, baço, rins, intestino.
controlo e prevenção
Recolha ativa e destruição de todos os cadáveres e coelhos moribundos (o VDHV sobrevive meses).
Evitar locais de águas estagnadas e drenar terrenos húmidos pra criar condições desfavoráveis à proliferação
de mosquitos e outros insetos.
Disponibilizar alimento e locais de abrigo/parques de reprodução nas zonas de caça à prova de predadores, para tentar aumentar a população de coelhos; instalar bebedouros naturais ou artificiais na zona de caça.
Como o VDVH é resistente no meio ambiente quer em ambientes frios (resiste à congelação) como quentes (1
hora a 50°C), permanece na matéria orgânica nos campos 105-225 dias e sobrevive mesmo a pH baixos → usar desinfetantes (5% hipoclorito de sódio; 10% lixivia para uso doméstico; Virkon).
Vazio sanitário das instalações depois de um foco de DVH: 2 semanas em tempo quente; 2 meses em tempo frio. Controlo de insetos com fumigações nas entradas das tocas com inseticidas ambientais.
Nos repovoamentos respeitar sempre um conjunto de boas práticas: fazer sempre uma quarentena mínima de 30 dias em parques próprios e isolados; desparasitar todos os coelhos durante o período de quarentena; vacinar todos os coelhos contra a Mixomatose e a DHV com as vacinas atualmente disponíveis; aguardar pelo menos 8 dias antes de colocar os coelhos nos parques. Desinfetar escrupulosamente todas as fomites (ferramentas,
jaulas, etc.)
vacina
Vacinas inativadas
Estas vacinas não podem ser operacionalizadas para imunizar populações cinegéticas pois:
1. Requerem uma administração parenteral individualizada;
2. Exigem revacinações anuais;
3. As coelhas não transferem uma boa imunidade para as crias (imunização passiva).
Porém, são muito úteis para imunizar os coelhos de repovoamentos.
Após as 8 semanas de vida:
REPRODUTORES
− Primovacinação: 2 administrações subcutâneas intervaladas 4-6 semanas em zonas endémicas.
− Revacinações: Anual nas zonas endémicas.
LÁPAROS DE CARNE
− 1 única injeção a partir das 8 semanas de vida
Mortalidade e morbilidade
Incidência: 30 a 100%. Taxa de Fatalidade: 80 a 90% nos adultos.
Patogenia
Os láparos até às 8 semanas tendem a não exibir sinais clínicos (infeção subclínica). Os láparos até às 4 semanas são naturalmente resistentes à doença [falta de recetores nas células alvo?].
Os coelhos que sobrevivem à infeção natural (≈20%) desenvolvem imunidade duradoura.
A morte súbita dos coelhos infetados resulta de uma falência múltipla dos órgãos devido à ativação massiva
dos mecanismos de coagulação do sangue que se traduzem num processo de coagulação intravascular disseminada (CID). A CID diminui o número de plaquetas e de fatores de coagulação no organismo o que, paradoxalmente, contribui para um maior risco de hemorragia. A CID conduz ainda à produção e
deposição de fibrina o que provoca tromboses microvasculares em todos os órgãos, sobretudo os pulmões,
resultando numa morte rápida por falência cardiorrespiratória. Apesar de a falência múltipla dos órgãos ser a causa de morte mais frequente em coelhos com DHV, a única lesão que é realmente constante é a hepatite. A CID parece ser menos frequente, sobretudo em láparos. A DHV pode apresentar-se sob diversas formas,
consoante a dinâmica temporal de exposição ao calicivírus na população.
