Diarreia Viral Bovina Flashcards
Outro nome?
Doença das mucosas
Impacto económico
As perdas devem-se a síndromes do foro reprodutivo e
abortivo em vacas adultas, quebras de produção de leite no efetivo em produção, mortalidade aumentada em
vitelos e em recrias e engordas.
Zoonose?
Não
Agente
Pestivírus: BVDV-1 (mais frequente em Portugal) e BVDV-2, Família Flaviviridae.
Há 2 biótipos, o citopático (CP) e o não-citopático (NCP), uma distinção baseada nas características dos vírus quando são cultivados em cultura de células:
− Citopático: capacidade de in vitro destruir células; origina-se da mutação do NCP; surge “no terreno” sempre associado a infeção com vírus não-citopático →superinfeção = quando dois vírus com características diferentes causam, em conjunto, doença num animal)
− Não-Citopático: incapacidade de in vitro destruir células alvos - multiplica-se sem causar efeito citopatogénico nas células
infetadas; cerca de 95% dos isolados em campo - persiste bem no meio ambiente
Hospedeiros
Bovinos
Transmissão
Secreções: naso-faríngea, urina, aeróssois (pouco nas fezes)
Elevada eficiência de invasão da placenta, lesões dependem do tempo de gestação à altura da infeção
PIs
Patogenia
Fenómeno de infeção persistente (PI):
Ocorre quando o feto é infetado nos primeiros 4 meses de gestação. Como a infeção é precoce e o sistema imunitário do feto é imaturo, este reconhece os Ag virais como self, não produzindo resposta imunitária contra os mesmos.
− O bovino fica PI para toda a vida e excreta o vírus de forma permanente;
− As fêmeas adultas com infeção persistente originam “famílias” com infeção persistente.
Os PI não vivem muito tempo. São raros os bovinos que sobrevivem mais de 3 anos e revelam sempre uma condição corporal deficitária – ficam sujeitos a outras infeções (imunossupressão).
Feto infetado no 1º mês de gestação:
* Mortalidade embrionária.
Ocorre antes do 1º DG, produtor e MV não sabem que ficou gestante
Feto infetado entre o 2º-6º mês de gestação:
* Aborto
DG positivo, vaca nos parques das gestantes, aborta e entra em cio
Feto infetado entre os 80-180 dias de gestação:
* Vitelos nascem com anomalias congénitas
Feto infetado entre o 1º-4º mês de gestação:
* Fenómeno de infeção persistente
Feto infetado apos os 180 dias:
* Infeções assintomáticas
Doenças das Mucosas ou doença fatal hemorrágica
(casos agudos): ocorre quando os PI são super-infetados com vírus citopático (mutação) – ocorre superinfeção.
90% das infeções por BVD são crónicas, apenas 10% resulta em doença das mucosas. A Doenças das Mucosas raramente ocorre nas vacarias que vacinam com vacinas atenuadas
Sinais
*Úlceras nos cascos e tetos, úlceras orais (língua, palato, narinas, gengivas), gastrointestinais e genitais →1º sinal – pode ser confundida com a febre aftosa;
* Febre
* Anorexia
* Perda de condição corporal
* Diarreia sanguinolenta e ataxia em casos agudos
* Distúrbios neurológicos em vitelos
* Corrimento nasal e ocular
* Imunotolerância vs. Imunossupressão
* Infertilidade, aborto
* Erosões
Lesões
Ulcerações e erosões a nível da vulva, tetos, cascos e mucosa oral.
As prevalências de BVD dependem das:
− Políticas de aquisição de fêmeas de substituição – pior fator – principalmente na zona Norte;
− Probabilidade de contacto com bovinos de explorações-vizinhas;
− Práticas de vacinação; Decisão individual de proceder a abates seletivos dos bovinos com infeção persistente (BVD) – não vão ser abatidos todos na mesma altura, há produtores que p.ex. 3 num ano e
outros 3 no ano a seguir.
3 atitudes possíveis da dupla produtor-veterinário
a) Não fazer nada
b) Vacina
c) Identificar os bovinos com infeção persistente e eliminá-los
Diagnóstico
Os testes de diagnóstico atualmente disponíveis, para a BVD, podem ser usados para fazer:
1. A caracterização do estatuto sanitário da exploração;
2. A deteção dos animais infetados e monitorização da eficácia da vacinação nas explorações infetadas;
3. A monitorização e comprovação do estado de ausência de infeção nas explorações indemnes;
4. O controlo individual dos animais adquiridos pelas explorações com planos de controlo.
No caso da BVD, são os animais portadores do vírus e não os animais portadores de anticorpos, que é preciso
detetar e eliminar para atingir a erradicação ou impedir a introdução do vírus na exploração. Os PI são os que
NÃO têm Ac. É possível detetar o vírus nos glóbulos brancos do sangue dos animais infetados.
Os testes existentes apresentam um comportamento excelente - 100% de especificidade e uma sensibilidade superior a 90%, o que torna possível, uma deteção rápida e segura dos animais infetados.
Pesquisa de Ac no leite de tanque e soro individual, para caracterização da exploração ELISA
Pesquisa de AG: estado sanitário individual ou monitarização, sangue ou leite, ELISA
Vacinas
A vacinação é essencial para o controlo deste vírus como complemento de uma política de eliminação dos animais infetados, de forma faseada, mas completa, reduzindo custos. Pretende-se, reduzir o aparecimento de novos casos (reduz incidência) e suavizar os efeitos clínicos dos vírus e por consequência as perdas de
produção. A erradicação do vírus da exploração faz-se através da eliminação dos animais persistentemente
infetados (PI). A vacinação é uma medida complementar destinada a imunizar as fêmeas antes da inseminação, por forma a proteger o feto nos primeiros meses da gestação, evitando assim a formação de
animais PI. ATENÇÃO: Este procedimento não é 100% eficaz.
Protocolo de vacinação recomendado (BOVILIS BVD): Vacinação apenas das fêmeas reprodutoras.
* Primovacinação: 2 inoculações espaçadas 30 dias antes da 1ª inseminação artificial.
Caso decorram mais de 12 meses até à próxima fase reprodutiva, repete-se o esquema da primovacinação. Caso contrário, revacinar apenas.
Quem opta por vacinar os animais e não erradicar a doença (EUA), vacina os animais com vacina polivalente
(Triangle 9 – criada para usar nos feed lots) – imuniza para 9 doenças – pretende evitar infeções do trato respiratório superior - Vacina inativada contra a Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (tipos 1 e 2), Parainfluenza tipo 3, Vírus Sincicial Respiratório Bovino (BRSV) e Leptospirose Bovina.
Por outro lado, quem quer a sua exploração certificada, usa a monovalente BOVILIS BVD.
* Desvantagem: Calendário de vacinação exigente: antes da IA para impedir a formação de Pis - Há vacas para inseminar todos os meses e segundo o protocolo de vacinação, cada vaca tem de ir 2x à manga para a vacina.
Controlo
Abate dos bovinos infetados
É a única forma de eliminar o vírus das explorações. Todos os animais PI devem ser identificados e abatidos
com a celeridade possível. Quanto mais rápida for esta decisão, maior é a eficácia do plano de erradicação na
exploração. A formação de futuros PI depende da continuidade da presença dos atuais PI. Mesmo com a
vacinação das fêmeas reprodutoras não se garante por completo a proteção do feto.
Programas de qualificação e de manutenção sanitária de exploração para a IBR. e a BVD:
− Salvaguardadas medidas de controlo de movimentos e de introdução de animais, e de salvaguarda da qualidade do material genético (sémen e embriões), deverá haver programas de erradicação do IBR e do BVD independentes, a implementar separadamente, em cada exploração.
− A adesão, é voluntária e cabe a cada produtor.
− Motivação financeira: os prejuízos devidos às manifestações clínicas e subclínicas destas doenças,
são controlados na exploração a curto prazo e eliminados a médio prazo. Deve considerar-se
seriamente, a possibilidade de criação de uma Bolsa de Novilhas/Sémen/Embriões de explorações certificadas livres de IBR e de BVD, auditadas por empresas independentes, segundo normas Internacionais de controlo qualidade