Colheitas Flashcards

1
Q

Na hemocultura normalmente procede-se à colheita de sangue em locais anatómicos diferentes porquê?

A

Para investigar melhor a infeção:

  • existindo um cateter venoso periférico e um cateter venoso central, se uma das colheitas apresentar microorganismos e a outra não, então podemos identicar o foco de infeção;
  • se uma das colheitas der positiva e outra não, poderá indicar contaminação da amostra na colheita, e não realmente bacteriémia/fungémia.
  • por fim, as infecções no sangue podem ser intermitentes, e o número de bactérias ou fungos presentes pode assim flutuar. Colher amostras em diferentes locais e em diferentes momentos ajuda a garantir que a infecção seja detectada, mesmo que os níveis do patógenos variem.
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2
Q

Por que são necessárias hemoculturas?

A

As infeções da corrente sanguínea são uma importante causa de morte, sendo a deteção dos microrganismos no sangue essencial no tratamento dos doentes. A realização de hemoculturas constitui o gold standard para o diagnóstico. Contudo, uma percentagem significativa das hemoculturas positivas pode traduzir contaminações. Isto pode levar à prescrição desnecessária de antibióticos, com aumento dos custos hospitalares e efeitos adversos como o desenvolvimento de resistências.

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3
Q

O que é uma hemocultura?

A

O sangue é normalmente estéril. Quando existem bactérias ou fungos em circulação, estamos na presença de bacteriemia ou fungémia respetivamente. A realização de hemoculturas, em que uma amostra de sangue é incubada num meio que promove o crescimento de microrganismos (MO), é o método de referência para o diagnóstico. Este é confirmado pelo isolamento de um ou mais MO em hemocultura.

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4
Q

Quais os tipos de bacteriémia e fungémia podemos ter, em relação à duração do foco de infeção

A

A bacteriemia/fungémia resulta da disseminação de microorganismos a partir de um foco de infeção, pode ser:

  • Transitória (na sequência de um procedimento, ex.: biopsia);
  • Intermitente (ex.: na presença de um abcesso);
  • Contínua (na presença de uma infeção intravascular, ex.: endocardite).
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5
Q

Quando passamos de bacteriémia para infeção da corrente sanguínea?

A

A existência de bacteriemia/fungémia na presença de sinais e sintomas de infeção designa-se infeção da corrente sanguínea.

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6
Q

Em que situações realizamos hemoculturas?

A

Na avaliação de um doente com suspeita de infeção:

  • Quando a infeção presumida pode resultar na disseminação hematogénea de MO. Se possível devem ser colhidas adicionalmente amostras biológicas do local de presunção (urina, líquor, etc.);
  • Na investigação de febre de origem desconhecida.
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7
Q

Quando são realizadas as hemoculturas de acordo com a situação do doente?

A
  • Em situações urgentes, em que o início da antibioterapia não pode ser protelado, podem ser colhidas 2 ou 3 hemoculturas, em locais anatómicos diferentes, com alguns minutos de intervalo.
  • Em situações menos urgentes as hemoculturas podem ser colhidas num período de 24 horas.

Não se deve aguardar pelo pico febril para colheita de hemoculturas – pode cursar com lise bacteriana, resultando hemoculturas estéreis.

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8
Q

Quais os objetivos da colheita?

A
  • Confirmar a presença de MO na corrente sanguínea;
  • Identificar o MO etiológico responsável;
  • Orientar a investigação, ajudando a identificar o possível foco de infeção ou porta de entrada;
  • Guiar a escolha da terapêutica antibiótica.
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9
Q

Quando são realizadas as hemoculturas de acordo com a instituição de antibioterapia?

A

As colheitas devem ser realizadas, sempre que possível, antes do início de antibioterapia. No doente já sob terapêutica o sangue deve ser obtido preferencialmente antes da administração da dose seguinte do antibiótico.

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10
Q

Deve se colher hemocultura em pico febril?

A

Não se deve aguardar pelo pico febril para colheita de hemoculturas – pode cursar com lise bacteriana, resultando hemoculturas estéreis.

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11
Q

Qual o tipo de técnica a utilizar na hemocultura?

A

Técnica Assética

O procedimento deve ser realizado em ambiente apropriado (porta fechada), por um profissional devidamente treinado na colheita de hemoculturas. Deve ser utilizada máscara cirúrgica, proceder-se a uma desinfeção adequada das mãos, usar luvas estéreis e técnica assética.

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12
Q

Como se realiza a assepsia da pele?

A

É fundamental para reduzir o risco de contaminações.

Deve ser efetuada com solução alcoólica de clorohexidina a 2% em adultos e crianças > 2 meses de idade. Nas crianças com menos de 2 meses deve ser usada octenidina.

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13
Q

Como se escolha o metódo de colheita na hemocultura?

A

Deve ser preferencialmente realizada por punção venosa periférica.

A obtenção de sangue a partir de acessos vasculares aumenta significativamente o risco de contaminações.

Na impossibilidade de colheita venosa periférica (punção), a informação de colheita através do cateter deve ser anotada na requisição. Pex: “colhido por CVP previamentente usado”.

Excetuam-se as hemoculturas obtidas através de cateter acabado de colocar, que devem ser requisitadas como “hemocultura periférica”.

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14
Q

O volume da colheita de hemocultura é relevante?

A

O volume de sangue obtido é determinante na eficácia das hemoculturas, ou seja, na probabilidade de obtenção de um MO num doente com infeção da corrente sanguínea.

Na idade pediátrica (< 36 Kg) o volume de sangue colhido depende do peso da criança, não devendo exceder 4% do volume sanguíneo total. Em média são colhidos 1-3 ml de sangue inoculados num único frasco pediátrico.

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15
Q

Quantos frascos deve se colher numa hemocultura?

A

Nos adultos devem ser colhidas 2 a 3 hemoculturas. Cada hemocultura (1 requisição) corresponde à colheita de 20 ml de sangue colhido numa punção venosa e distribuído por 2 frascos (“1 par de hemoculturas”), preferencialmente um para aeróbios/fungos e outro para anaeróbios. Cada par de hemoculturas deve ser devidamente identificado com data e hora da colheita.

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16
Q

Qual dos frascos deve ser colhido em primeiro lugar (aeróbio ou anaeróbio)?

A

Aeróbio, dado que não queremos inserir o ar presente na seringa/tubuladura no frasco anaeróbio.

17
Q

A colheita de apenas 2 frascos nas 24h é aconselhada?

A

A cultura de apenas 2 frascos nas 24h (1 par, ou “hemocultura solitária”) é desaconselhada: não só o rendimento é insuficiente, podendo condicionar o prognóstico no caso de não deteção de infeção da corrente sanguínea, como não permite a valorização como agente de infeção caso seja identificado um MO potencialmente contaminante. (não podes comparar com outra colheita).

18
Q

Como se processam os resultados das hemoculturas?

A

O Laboratório de Microbiologia (LM) procede à incubação das hemoculturas por um período máximo de 5 dias. Durante este período, se surgirem MO em crescimento, são libertados resultados parcelares no SClínico como a presença de MO, Gram e identificação, até antibiograma completo. Na ausência de crescimento de MO durante os 5 dias de incubação, o resultado é de hemocultura negativa.

19
Q

Qual a via preferencial para colheita de hemocultura?

A

Realiza-se preferencialmente por punção venosa periférica ou, em casos especiais, via
cateter de linha arterial ou cateter venoso central. A opção de usar lúmens de CVC estásuportada em 2 circunstâncias:

a) Acessos vasculares periféricos não estão disponíveis. A colheita realiza-se em dois
lúmens do CVC.

b) Suspeita de contaminação do próprio cateter venoso central. Uma primeira colheita
realiza-se do lúmen distal do CVC e, uma segunda, por punção de veia periférica.

20
Q

Quantas hemoculturas são habitualmente necessárias?

A

Habitualmente são suficientes 3 hemoculturas em 24 horas, colhidas separadamente em intervalos de tempo entre 15 a 30 minutos e de diferentes locais de punção periférica de modo a fornecerem dados mais fidedignos.

Devem efetuar-se pelo menos 3
hemoculturas em 24h, colhidas em momento diferentes, sendo o intervalo da colheita variável consoante a situação clínica do cliente ou a urgência do início da administração do antibiótico (Centro Hospitalar Lisboa Norte, 2017).

21
Q

O que fazer tendo diagnóstico de infeção da corrente sanguínea com origem em Cateter Intravascular?

A

Antes de retirar o cateter, colher sangue em veia periférica para 1 ou 2 hemoculturas.

Desinfetar a pele do orifício de entrada do cateter.

Retirar o cateter.

Cortar cerca de 5 cm do fragmento que se encontra sob a pele e colocar em recipiente esterilizado seco.

Enviar para exame microbiológico.

Não enviar a ponta de cateter para exame microbiológico sem hemocultura contemporânea, pois não é possível valorizar o resultado.

22
Q

O que fazer no caso de hemoculturas para micobactérias?

A

Deve ser requisitado um frasco apropriado ao laboratório, onde serão inoculados 3-5 ml de sangue colhido como previamente descrito.

23
Q

Qual o desinfetante a usar na hemocultura?

A

Iodopovidona ou Gluconato de clorohexidina 2% com álcool
isopropílico a 70%

24
Q

O que é uma hemocultura contaminada?

A

É quando um MO que não tem efeito patogénico no doente é introduzido na cultura durante a colheita da amostra.

Pode ter origem na flora cutânea do doente, no ambiente próximo ou nas mãos contaminadas dos profissionais de saúde.

A diferenciação de um contaminante de um verdadeiro agente patogénico pode ser difícil, uma vez que estes MO são cada vez mais frequentemente agentes de bacteriemia, sobretudo em doentes com dispositivos invasivos (cateteres, próteses).

A taxa de contaminação de hemoculturas não deve exceder os 3% (benchmark). NO CHULC em 2013, a taxa foi de 5,9%, e em 2018 de 3,8%.

Contaminantes mais frequentes de hemoculturas: Staphylococcus coagulase negativos; Bacillus spp; Streptococcus viridans; Corynebacterium spp; Propionibacterium spp; Micrococcus spp; Clostridium perfringens.