Clínica Moore - Abdome Flashcards
Peritônio e procedimentos cirúrgicos
Como o peritônio é bem inervado, os pacientes submetidos à cirurgia abdominal sentem mais dor nas incisões
grandes e invasivas do peritônio (laparotomia) do que nas pequenas incisões laparoscópicas ou cirurgias vaginais.
É o revestimento de peritônio (muitas vezes denominado clinicamente serosa), que torna relativamente fácil obter
anastomoses terminoterminais impermeáveis de órgãos intraperitoneais, como o intestino delgado. É mais difícil obter
anastomoses impermeáveis de estruturas extraperitoneais que têm uma lâmina adventícia externa, como a parte torácica do
esôfago.
Em vista da alta incidência de complicações como peritonite e aderências (ver, no boxe azul, “Aderências peritoneais e
adesiólise”, adiante) após cirurgias nas quais a cavidade peritoneal é aberta, são feitos esforços para permanecer fora da
cavidade peritoneal sempre que possível (p. ex., acesso translombar ou anterior extraperitoneal aos rins). Quando é
necessário abrir a cavidade peritoneal, é feito grande esforço para evitar contaminação da cavidade.
Aderências peritoneais e adesiólise
Se houver lesão do peritônio por uma ferida perfuroincisa, por exemplo, ou por infecção há inflamação das
superfícies peritoneais, tornando-as viscosas com fibrina. Quando há cicatrização, a fibrina pode ser substituída por
tecido fibroso, formando fixações anormais entre o peritônio visceral das vísceras adjacentes ou entre o peritônio
visceral de um órgão e o peritônio parietal da parede adjacente do abdome. Também podem formar-se aderências (tecido
cicatricial) após uma cirurgia abdominal (p. ex., devido à ruptura do apêndice vermiforme), limitando os movimentos
normais das vísceras. Esse aprisionamento pode causar dor crônica ou complicações de emergência, como obstrução
intestinal quando o intestino é torcido ao redor de uma aderência (vólvulo).
A adesiólise refere-se à separação cirúrgica de aderências. As aderências frequentemente são encontradas durante a
dissecção de cadáveres (ver a aderência que une o baço ao diafragma na Figura 2.39B, por exemplo).
Funções do omento maior
O omento maior, grande e cheio de gordura, impede a aderência do peritônio visceral ao peritônio parietal. É
bastante móvel e desloca-se ao redor da cavidade peritoneal com os movimentos peristálticos das vísceras. Não raro
forma aderências adjacentes a um órgão inflamado, como o apêndice vermiforme, algumas vezes isolando-o e assim
protegendo outras vísceras. Portanto, é comum, ao penetrar a cavidade abdominal, na dissecção ou durante uma cirurgia,
encontrar o omento muito deslocado da posição “normal” na qual é quase sempre representado em ilustrações anatômicas. O
omento maior também protege os órgãos abdominais contra lesão e proporciona isolamento contra a perda de calor
corporal.
Hérnias abdominais
A parede anterolateral do abdome pode apresentar hérnias. A maioria das hérnias ocorre nas regiões inguinal,
umbilical e epigástrica (ver, no boxe azul, “Hérnias inguinais”, adiante). As hérnias umbilicais são comuns em
neonatos, porque a parede anterior do abdome é relativamente fraca no anel umbilical, sobretudo em lactentes de
baixo peso ao nascimento. As hérnias umbilicais geralmente são pequenas e resultam do aumento da pressão intraabdominal associado à fraqueza e ao fechamento incompleto da parede anterior do abdome após a ligadura do cordão
umbilical ao nascimento. A herniação ocorre através do anel umbilical. As hérnias umbilicais adquiridas são mais comuns em
mulheres e em pessoas obesas. A gordura extraperitoneal e/ou peritônio protraem-se para o saco herniário. As linhas ao
longo das quais se entrelaçam as fibras das aponeuroses abdominais também são possíveis locais de herniação (ver Figura
2.6B). Às vezes existem aberturas no local onde ocorrem essas trocas de fibras — por exemplo, na linha mediana ou na
transição da aponeurose para a bainha do músculo reto do abdome. Essas aberturas podem ser congênitas, resultantes do
estresse da obesidade e envelhecimento, ou consequência de feridas cirúrgicas ou traumáticas.
A hérnia epigástrica, uma hérnia na região epigástrica através da linha alba, ocorre na linha mediana entre o processo
xifoide e o umbigo. As hérnias de Spigel são aquelas que ocorrem ao longo das linhas semilunares (ver Quadro 2.1B). Esses
tipos de hérnia tendem a ocorrer em pessoas com mais de 40 anos e geralmente estão associados à obesidade. O saco
herniário, formado por peritônio, é recoberto apenas por pele e tecido adiposo subcutâneo.
Peritonite e ascite
Quando há contaminação bacteriana durante laparotomia ou quando há perfuração traumática ou ruptura do
intestino em virtude de infecção e inflamação (p. ex., apendicite), permitindo a entrada de gás, material fecal e
bactérias na cavidade peritoneal, a consequência é infecção e inflamação do peritônio — peritonite. Há exsudação de
soro, fibrina, células e pus para a cavidade peritoneal, acompanhada por dor na pele sobrejacente e aumento do tônus dos
músculos anterolaterais do abdome. Considerando-se a extensão das superfícies peritoneais e a rápida absorção de material,
inclusive de toxinas bacterianas, da cavidade peritoneal, quando uma peritonite torna-se generalizada (disseminada na
cavidade peritoneal), é potencialmente fatal. Além da intensa dor abdominal espontânea, há dor à palpação, náusea e/ou
vômito, febre e constipação.
A peritonite generalizada também ocorre quando uma úlcera perfura a parede do estômago ou duodeno, derramando
conteúdo ácido na cavidade peritoneal. O líquido em excesso na cavidade peritoneal é denominado líquido ascítico. O
distúrbio clínico caracterizado por líquido ascítico é denominado ascite. A ascite também pode ser decorrente de lesão
mecânica (que também pode causar hemorragia interna) ou de outras doenças, como hipertensão porta (congestão venosa),
metástase disseminada de células cancerosas para as vísceras abdominais e inanição (quando há deficiência da produção das
proteínas plasmáticas, alterando os gradientes de concentração e produzindo protuberância paradoxal do abdome). Em todos
esses casos, a cavidade peritoneal pode ser distendida com vários litros de líquido anormal, que interferem com os
movimentos das vísceras.
Os movimentos rítmicos da parede anterolateral do abdome normalmente acompanham as incursões respiratórias. Se o
abdome for retraído enquanto o tórax se expande (ritmo abdominotorácico paradoxal) e houver rigidez muscular, pode haver
peritonite ou pneumonite (inflamação dos pulmões). Como a dor intensa se agrava com o movimento, as pessoas com
peritonite costumam deitar com os joelhos fletidos para relaxar os músculos anterolaterais do abdome. Elas também
apresentam respiração superficial (e, portanto, mais rápida), reduzindo a pressão intra-abdominal e a dor.
Paracentese abdominal
O tratamento da peritonite generalizada inclui retirada do líquido ascítico e, na vigência de infecção, administração de
altas doses de antibióticos. Por vezes, pode ser necessário remover acúmulos mais localizados de líquido para
análise. A punção cirúrgica da cavidade peritoneal para aspiração ou drenagem de líquido é denominada paracentese.
Após injeção de um anestésico local, insere-se uma agulha ou trocarte e uma cânula na parede anterolateral do abdome até a
cavidade peritoneal através da linha alba, por exemplo. A agulha é introduzida superiormente à bexiga urinária vazia, em um
local que evite a artéria epigástrica inferior.
Formação de abscesso
Perfuração de uma úlcera duodenal, ruptura da vesícula biliar ou perfuração do apêndice vermiforme pode causar a
formação de um abscesso (coleção circunscrita de exsudato purulento, isto é, pus) no recesso subfrênico. O abscesso
pode ser isolado inferiormente por aderências (ver, no boxe azul, “Abscessos subfrênicos”, mais adiante)
Disseminação de líquidos patológicos
A importância clínica dos recessos peritoneais está associada à disseminação de líquidos patológicos como o pus, um
produto da inflamação. Os recessos determinam a extensão e o sentido da disseminação de líquidos que podem
entrar na cavidade peritoneal quando um órgão está doente ou é lesado.
Fluxo de líquido ascítico e pus
Os sulcos paracólicos são importantes clinicamente porque proporcionam vias para o fluxo de líquido ascítico e a
disseminação de infecções intraperitoneais (Figura 2.27B). O material purulento (que consiste em [ou contém] pus)
no abdome pode ser transportado ao longo dos sulcos paracólicos para a pelve, sobretudo quando a pessoa está em
posição ortostática. Assim, para facilitar o fluxo de exsudato para a cavidade peritoneal, onde a absorção de toxinas é lenta,
os pacientes com peritonite frequentemente são colocados sentados (no mínimo a 45°). Por outro lado, as infecções pélvicas
podem estender-se superiormente até um recesso subfrênico situado sob o diafragma (ver, no boxe azul, “Abscessos
subfrênicos”, mais adiante), principalmente quando a pessoa está em decúbito dorsal. Do mesmo modo, os sulcos paracólicos
são vias para a disseminação de células cancerosas que se soltaram da superfície ulcerada de um tumor e penetraram a
cavidade peritoneal
Intestino na bolsa omental
Embora raro, uma alça de intestino delgado pode atravessar o forame omental, entrar na bolsa omental e ser
estrangulada pelas margens do forame. Como não se pode fazer incisão em nenhum dos limites do forame porque
todos contêm vasos sanguíneos, o intestino edemaciado deve ser descomprimido usando-se uma agulha, de modo
que possa ser recolocado na cavidade peritoneal através do forame omental.
Dor visceral referida
A dor é uma sensação desagradável associada à lesão tecidual real ou potencial e mediada por fibras nervosas
específicas para o encéfalo, onde sua avaliação consciente pode ser modificada. A dor orgânica originada de um
órgão como o estômago varia de difusa a intensa; entretanto, a dor é mal localizada. Irradia-se até o nível do
dermátomo, que recebe fibras aferentes viscerais do órgão relacionado. A dor referida visceral de uma úlcera gástrica, por
exemplo, é referida na região epigástrica porque o estômago é suprido por fibras aferentes de dor que chegam aos gânglios
sensitivos dos nervos espinais T7 e T8 e a segmentos da medula espinal via nervo esplâncnico maior (Figura B2.12). O
encéfalo interpreta a dor como se a irritação tivesse ocorrido na pele da região epigástrica, que também é suprida pelos
mesmos gânglios sensitivos e segmentos da medula espinal.
A dor originada no peritônio parietal é do tipo somático e geralmente é intensa. O local de sua origem pode ser
identificado. A base anatômica para essa localização da dor é que o peritônio parietal é inervado por fibras sensitivas
somáticas por intermédio dos nervos torácicos, ao passo que uma víscera como o apêndice vermiforme é inervada por fibras
aferentes viscerais no nervo esplâncnico menor. O peritônio parietal inflamado é extremamente sensível ao estiramento.
Quando se aplica pressão com o dedo à parede anterolateral do abdome sobre o local da inflamação, há estiramento do
peritônio parietal. Quando os dedos são subitamente retirados, geralmente há dor localizada extrema, conhecida como dor à
descompressão súbita.
Úlceras duodenais
As úlceras duodenais (úlceras pépticas) são erosões inflamatórias da túnica mucosa duodenal. A maioria (65%) das
úlceras duodenais ocorre na parede posterior da parte superior do duodeno, a 3 cm do piloro. Às vezes, uma úlcera
perfura a parede duodenal, permitindo a entrada do conteúdo na cavidade peritoneal e causando peritonite. Como a
parte superior do duodeno está intimamente relacionada ao fígado, vesícula biliar e pâncreas, qualquer uma dessas estruturas
pode aderir ao duodeno inflamado; também podem sofrer ulceração quando a lesão causa erosão do tecido adjacente.
Embora o sangramento nas úlceras duodenais seja comum, a erosão da artéria gastroduodenal (uma relação posterior da
parte superior do duodeno) por uma úlcera duodenal resulta em hemorragia grave para a cavidade peritoneal e subsequente
peritonite.
Apendicite
A inflamação aguda do apêndice vermiforme, apendicite, é uma causa comum de abdome agudo (dor abdominal
intensa e súbita). Em geral, a compressão digital sobre o ponto de McBurney provoca dor abdominal máxima. A
apendicite em jovens geralmente é causada por hiperplasia dos folículos linfáticos no apêndice vermiforme, o que
oclui o lúmen. Em pessoas idosas, a obstrução geralmente é causada por um fecálito (coprólito), uma concreção que se
forma ao redor de um núcleo de material fecal. Quando as secreções do apêndice vermiforme não conseguem sair, há edema
do apêndice vermiforme, que distende o peritônio visceral. No início, a apendicite geralmente causa dor vaga na região
periumbilical, porque as fibras álgicas aferentes entram na medula espinal no nível de T X. Mais tarde, a dor intensa no
quadrante inferior direito é provocada pela irritação do peritônio parietal que reveste a parede posterior do abdome. A
extensão da coxa na articulação do quadril causa dor.
A infecção aguda do apêndice vermiforme pode resultar em trombose na artéria apendicular, o que costuma resultar em
isquemia, gangrena (morte do tecido) e perfuração de um apêndice vermiforme com inflamação aguda. A ruptura do
apêndice vermiforme resulta em infecção do peritônio (peritonite), aumento da dor abdominal, náusea e/ou vômito, e rigidez
abdominal (enrijecimento dos músculos abdominais). A flexão da coxa direita alivia a dor porque causa relaxamento do
músculo psoas, um flexor da coxa.
Apendicectomia
A retirada cirúrgica do apêndice vermiforme (apendicectomia) pode ser realizada mediante incisão transversa ou
oblíqua (divulsão muscular) com centro no ponto de McBurney no quadrante inferior direito (ver, no boxe azul,
“Incisões cirúrgicas abdominais”, anteriormente). Tradicionalmente é usada a incisão oblíqua perpendicular à linha
espinoumbilical, mas a incisão transversal também é usada muitas vezes. A escolha do local e do tipo de incisão é feita pelo
cirurgião. Embora o apêndice vermiforme inflamado geralmente esteja situado profundamente ao ponto de McBurney, os
locais de maior intensidade de dor e de dor à palpação indicam a localização real.
A apendicectomia laparoscópica tornou-se um procedimento padrão empregado seletivamente para retirada do
apêndice vermiforme. Primeiro, a cavidade peritoneal é insuflada com gás dióxido de carbono, distendendo a parede
abdominal para propiciar visualização e espaço de trabalho. O laparoscópio é introduzido por uma pequena incisão na parede
anterolateral do abdome (p. ex., perto do umbigo ou através dele). É preciso fazer mais uma ou duas pequenas incisões para
permitir acesso cirúrgico ao apêndice vermiforme e vasos relacionados.
Nos casos raros de má rotação do intestino, ou ausência de descida do ceco, o apêndice vermiforme não está no
quadrante inferior direito (QID). Quando o ceco está em posição alta (ceco sub-hepático), o apêndice vermiforme está no
hipocôndrio direito (ver Quadro 2.1) e a dor está no mesmo lugar, não no QID
Colite, colectomia, ileostomia e colostomia
A inflamação crônica do colo (colite ulcerativa, doença de Crohn) é caracterizada por inflamação intensa e
ulceração do colo e do reto. Em alguns casos é realizada uma colectomia, na qual são removidos a parte
terminal do íleo e o colo, bem como o reto e o canal anal. Em seguida, é construída uma ileostomia para
estabelecer uma abertura entre o íleo e a pele da parede anterolateral do abdome (Figura B2.16A). A extremidade do íleo é
exteriorizada e suturada à periferia de uma abertura na parede anterolateral do abdome para permitir a saída de seu
conteúdo. Após a colectomia parcial, é feita uma colostomia ou sigmoidostomia para criar uma abertura cutânea artificial
para a parte terminal do colo
Colonoscopia
O interior do colo pode ser observado e fotografado em um procedimento denominado colonoscopia ou
coloscopia, que usa um endoscópio de fibra óptica longo e flexível (colonoscópio) inserido através do ânus e do reto
(Figura B2.17A). Por meio do colonoscópio é possível introduzir pequenos instrumentos, que são usados para
facilitar pequenos procedimentos cirúrgicos, como biopsias ou retirada de pólipos. A maioria dos tumores do intestino grosso
ocorre no colo sigmoide e no reto; muitas vezes surgem perto da junção retossigmóidea. O interior do colo sigmoide é
observado com um retossigmoidoscópio, um endoscópio mais curto, em um procedimento chamado retossigmoidoscopia.
Diverticulose
A diverticulose é um distúrbio no qual surgem vários falsos divertículos (evaginações externas da mucosa do colo)
ao longo do intestino. Afeta principalmente pessoas de meia-idade e idosas. A diverticulose é comum no colo
sigmoide (Figura B2.17C e D). Os divertículos do colo não são divertículos verdadeiros, porque são formados por
protrusões apenas da mucosa, evaginadas através de pontos fracos que surgem entre as fibras musculares, e não incluem
toda a parede do colo. São mais comuns na face mesentérica das duas tênias do colo não mesentéricas, onde artérias
nutrícias perfuram a túnica muscular para chegar à tela submucosa. Os divertículos podem sofrer infecção e ruptura, o que
leva à diverticulite, que pode causar distorção e erosão das artérias nutrícias, com consequente hemorragia. As dietas ricas
em fibras têm benefícios comprovados na diminuição da ocorrência de diverticulose.
Ruptura do baço
Embora esteja bem protegido pelas costelas IX a XII (Figura 2.30B), o baço é o órgão abdominal lesado com maior
frequência. A proximidade entre o baço e as costelas que normalmente o protegem pode ser prejudicial em caso de
fraturas costais. Golpes fortes na região lateral esquerda podem fraturar uma ou mais dessas costelas, e os
fragmentos ósseos cortantes podem lacerar o baço. Além disso, o traumatismo não penetrante de outras regiões do abdome
que causam aumento súbito e acentuado da pressão intra-abdominal (p. ex., por impacto contra o guidom de uma
motocicleta) pode causar a ruptura da fina cápsula fibrosa e do peritônio sobrejacente ao baço, rompendo sua polpa macia
(ruptura do baço). A ruptura acarreta grande sangramento (hemorragia intraperitoneal) e choque.
Esplenectomia e esplenomegalia
O reparo de uma ruptura do baço é difícil; consequentemente, costuma-se realizar uma esplenectomia (remoção do
baço) para evitar que haja hemorragia até a morte. Quando possível, a esplenectomia subtotal (parcial), é seguida
por rápida regeneração. Mesmo a esplenectomia total geralmente não tem efeitos graves, sobretudo em adultos,
porque a maioria de suas funções é assumida por outros órgãos reticuloendoteliais (p. ex., o fígado e a medula óssea), mas
há maior suscetibilidade a algumas infecções bacterianas. Uma doença que acometa o baço, como a leucemia granulocítica,
pode acarretar seu aumento a 10 vezes ou mais seu tamanho e peso normais (esplenomegalia). Às vezes há ingurgitamento
esplênico associado a hipertensão (elevação da pressão arterial). O baço não costuma ser palpável no adulto. De modo geral,
se for possível sentir sua margem inferior ao palpar abaixo da margem costal esquerda ao fim da inspiração (Figura B2.19A),
ele está aumentado cerca de três vezes acima do seu tamanho “normal”. A esplenomegalia também ocorre em algumas
formas de anemias hemolíticas ou granulocíticas, nas quais há destruição maior que o normal das hemácias ou dos
leucócitos, respectivamente (Figura B2.19B). Nesses casos, a esplenectomia pode salvar a vida do paciente.
Dor referida diafragmática
A dor diafragmática irradia-se para duas áreas diferentes em razão da diferença na inervação sensitiva do diafragma
(Quadro 2.12). A dor provocada pela irritação da pleura diafragmática ou do peritônio diafragmático é referida na
região do ombro, a área de pele suprida pelos segmentos C3–C5 da medula espinal (ver, no boxe azul, “Dor visceral
referida”, anteriormente). Esses segmentos também enviam ramos anteriores para os nervos frênicos. A irritação de regiões
periféricas do diafragma, inervadas pelos nervos intercostais inferiores, é mais localizada, sendo referida na pele sobre as
margens costais da parede anterolateral do abdome