Cefaleia Trigeminoautonômicas Flashcards
Qual a cefaleia trigeminoautonômica mais comum?
Cefaleia em salvas
Definição de Salvas episódica
Pelo menos dois períodos de salvas com duração entre 7 dias e 1 ano
Com períodos de remissão > 03 meses
Definição de Salvas crônica
Ataques > 1 ano ou mais sem remissão
ou
Com períodos de remissão < 03 meses.
A prevalência de salvas episódica é 80%, da crônica, 20%. E uma pode se converter na outra ao longo do tempo - V ou F?
Verdadeiro.
Inclusive, o quadro já pode começar crônico, sem necessidade de passar pela “salvas episódica”.
Durante um ataque de salvas, a dor é sempre unilateral. Porém, os ataques podem ser ora de um lado, ora do outro - V ou F?
Verdadeiro.
Características da dor na Salvas
- Unilateral;
- Orbital, periorbital ou temporal;
- Sintomas autonômicos:
- Ptose, hiperemia conjuntival, lacrimejamento, rinorreia.
- Congestão nasal, edema facial e palpebral, plenitude auricular;
- Sudorese facial e vermelhidão. - Duração de 15 - 180 minutos.
Pode ocorrer uma vez em dias alternados até oito vezes ao dia.
Epidemiologia da cefaleia em Salvas
- Prevalência de 0,12% da população;
- 2,5 H : 1 M;
- Menor prevalência de casos crônicos, inquietação e periodicidade circadiana em asiáticos que europeus e norte-americanos;
- Pode ocorrer em qualquer idade:
- Geralmente entre 20-40 anos;
- Raramente na infância (casos descritos em crianças de 02 anos).
Etiologia da salvas
Desconhecida
Aparenta ter relação com:
- TCE (não comprovada);
- Tabagismo (parar de fumar não melhora);
- Álcool (inclusive é deflagrador imediato).
Salvas parece ser uma condição hereditária - V ou F?
Verdadeiro.
Parentes de primeiro grau com salvas aumentam em 14 vezes os riscos da doença. Em parentes de segundo grau, o risco aumenta em 2 vezes.
Contudo, a maior parte dos casos é esporádica.
A apneia do sono parece estar relacionada a Salvas - V ou F?
Verdadeiro.
Alguns estudos demonstraram que tratar a apneia pode melhorar o quadro de salvas.
Fisiopatologia da cefaleia em Salvas
Aumento do** reflexo trigêmino-autonômico**
Nocicepção da face, meninges e vasos -> nervo trigêmeo -> complexo trigeminocervical no tronco encefálico -> hipotálamo e tálamo -> córtex sensorial -> ativação do sistema parassimpático -> características disautonômicas.
Os neuropeptídeos, incluindo o CGRP, causam mais irritação do trigêmeo, potencializando a dor.
Três principais características da cefaleia em salvas
- Distribuição trigeminal da dor;
- Sintomas cranianos autonômicos ipsilaterais;
- Padrão de ataques circadianos ou circanuais.
Possíveis fatores desencadeantes da cefaleia em salvas
- Álcool;
- Cheiros fortes;
- Durante o sono (pode ser inclusive em cochilos diurnos);
- Mudanças climáticas;
- Uso de nitroglicerina sublingual (geralmente 1h após a ingestão).
Obs.: na migrânea, a crise álgica ocorre várias horas após a ingestão da nitroglicerina.
Para os pacientes com salvas episódicas, os fatores desencadeantes não precipitam crises fora de um período de salvas - V ou F?
Verdadeiro.
Sintomas de migrânea podem estar associados à cefaleia em salvas - V ou F?
Verdadeiro.
Pode haver aura (até 23% dos casos), foto e fonofobia ipsilateral (61,2%), náuseas e vômitos (27,8%).
Obs.: pode haver alodínea no local da dor nos períodos intercríticos.
Uma pequena parte dos pacientes NÃO possuem sintomas disautonômicos ou agitação durante os ataques de Salvas - V ou F?
Verdadeiro.
A cefaleia em salvas é costumeiramente diagnosticada erroneamente, mais frequentemente como neuralgia do trigêmeo ou migrânea - V ou F?
Verdadeiro.
Isso pode levar a um atraso significativo do diagnóstico e prejuízo na qualidade de vida do paciente.
Número de crises álgicas superior a 8 por dia enfraquecem o diagnóstico de salvas e deve levantar a hipótese de hemicraniana paroxística - V ou F?
Verdadeiro.
Nesses casos, há a necessidade de um teste terapêutico com indometacina.
Os pacientes com salvas podem predizer, muitas vezes, as crises álgicas - V ou F?
Verdadeiro.
37% relatam hora previsível durante o dia
72% relatam hora previsível à noite (despertando-os)
As auras podem estar presentes nos pacientes com salvas, levando a um diagnóstico incorreto de enxaqueca - V ou F?
Verdadeiro.
Mais comumente visuais (7%) ou sensitivas (23%).
A VHS deve ser feita em TODOS os pacientes com suspeita de salvas > 50 anos. Por quê?
Para descartar o diagnóstico de arterite de células gigantes.
Alguns centros também verificarão a função hipofisária com os níveis hormonais.
No momento dignóstico da cefaleia em salvas, deve-se realizar RM com e sem contraste. Por quê?
Afastar lesões estruturais hipofisárias, de fossa posterior ou lesões de seios cavernosos.
Em casos de Horner associado à cefaleia em salvas, o que se recomenda fazer?
Angiografia por RM da cabeça e do pescoço.
Se paciente tabagista, obter imagens dos ápices pulmonares.
A TC pode ser utilizada se a RM não estiver disponível, mas ela pode não captar determinadas lesões.
Qual exame de imagem deve ser feito em pacientes com salvas + SAHOS?
Polissonografia
O tratamento do SAHOS pode melhorar as salvas.
Quando pedir polissonografia para pacientes com salvas?
- Pacientes com histórico prévio de roncos/apneia;
- Pacientes com salvas crônica e intratável.
Antes de iniciar o verapamil, deve-se realizar um ECG para afastar anormalidades de condução - V ou F?
Verdadeiro.
Como o paciente descreve a dor da salvas?
Excruciante
As mulheres a comparam à dor do parto
Pode ser descrita como “perfurante, aguda, penetrante, em queimação ou pulsante”.
Quantos sintomas disautonômicos são necessários para o diagnóstico da cefaleia em salvas?
Pelo menos 1
(Embora estes possam estar ausentes em 3% dos pacientes).
Qual o sintoma disautonômico mais frequente na cefaleia em salvas?
Lacrimejamento.
Seguido de hiperemia conjuntival, congestão nasal, rinorreia ou sd. de Horner.
As características autonômicas na migrânea podem estar presentes, mas tendem a ser bilaterais e menos proeminentes que na salvas - V ou F?
Verdadeiro.
A neuralgia do trigêmeo geralmente está entre V2-V3, enquanto na cefaleia em salvas é mais comum o acometimento de V1 - V ou F?
Verdadeiro.
A dor na neuralgia do trigêmeo frequentemente evoca espasmos dolorosos do lado afetado da face (tic doloroso) - V ou F?
Verdadeiro.
Em que consiste a “síndrome da cefaleia em salvas-neuralgia do trigêmeo”?
Uma combinação de ambas as doenças.
Ambas as condições devem ser tratadas.
Características do glaucoma de ângulo fechado (diferencial de salvas)?
- Dor intensa, ocular, unilateral, devido à PIO aumentada;
- Outros sintomas: náuseas, turvação visual, edema de córnea e vermelhidão do olho.
Exame físico:
- Tonometria com PIO elevada;
- Gonioscopia com ângulos estreitos;
- Baixa acuidade visual;
- Pupila em midríase média e fixa;
- Córnea turva;
- Alterações do disco óptico.
Características da cefaleia hípnica (diagnóstico diferencial de salvas)
- Ocorre após os 50 anos de idade;
- Cefaleia incômoda;
- Ocorre APENAS durante o despertar;
- > 10 dias/mês, por mais de 03 meses;
- 15 min - 04h;
- SEM CARACTERÍSTICAS AUTONÔMICAS cranianas;
- Bilateral em 2/3 dos casos;
- Tratamento: cafeína ou lítio antes de dormir;
Características da arterite temporal (diagnóstico diferencial de salvas)?
- Dor e sensibilidade ao longo da artéria temporal;
- Pode ocorrer perda de visão;
- A dor resolve em 3 dias com corticoide;
- VHS > 50 e PCR elevada;
- USG-doppler: sinal do halo (espessamento da parede arterial);
- Biópsia: inflamação granulomatosa com células gigantes multinucleadas dentro da parede interna do vaso.
Critérios diagnósticos da cefaleia em salvas
A. Pelo menos 5 ataques preenchendo os critérios B a E.
B. Dor unilateral grave ou muito grave localizada nas regiões orbital, supraorbital e/ou temporal que
dura de 15 a 180 minutos (quando não tratada).
C. Um ou ambos os critérios a seguir:
* Pelo menos um dos seguintes sintomas ou sinais, ipsilaterais à cefaleia:
* Hiperemia conjuntival e/ou lacrimejamento
* Congestão nasal e/ou rinorreia
* Edema palpebral
* Sudorese facial e na testa
* Ptose e/ou miose
* Sensação de inquietação ou agitação.
D. Apresentam frequência entre 1 ataque em dias alternados e 8 por dia.
E. Não justificada por nenhum outro distúrbio da ICHD-3
Critério diagnóstico de salvas EPISÓDICA
Pelo menos 2 períodos de salvas que duram de 7 dias a 1 ano (quando não tratada), separados por
períodos de remissão sem dor que duram ≥3 meses.
Critérios de salvas CRÔNICA
Ocorrendo sem período de remissão, ou com remissão que dura <3 meses, por pelo menos 1 ano.
Como dividir o tratamento da cefaleia em salvas?
- Tratamento agudo;
- Tratamento transicional;
- Tratamento profilático.
MEV: evitar fatores desencadeantes durante os períodos de salvas.