Caso 3: otite, amigdalite e tonsilite Flashcards
OTITE MÉDIA AGUDA
o que é?
é uma infecção com desenvolvimento rápido de sinais e sintomas de inflamação aguda na cavidade da orelha média.
É uma das razões mais frequentes de visitas aos médicos por crianças menores de 15 anos de idade, entretanto, mesmo com alta prevalência, é uma entidade autolimitada e com baixa incidência de complicações e mortalidade. É fundamental o diagnóstico preciso e acurado, evitando o uso desnecessário de antimicrobianos, com consequências danosas para o paciente e para a comunidade como um todo.
OTITE MÉDIA AGUDA
qual sua definição?
é definida como a presença de líquido (efusão) preenchendo a cavidade da orelha média sob pressão, com início abrupto dos sinais e sintomas causados pela inflamação dessa região.
OTITE MÉDIA AGUDA- EPIDEMIOLOGIA
A otite média é uma das doenças infecciosas mais comuns na infância.
Em crianças menores de 15 anos de idade, a otite média foi o diagnóstico mais frequente, em especial nos 2 primeiros anos de vida. Até os 3 anos de idade, 3 em cada 4 crianças terão apresentado pelo menos um episódio de OMA, e, com 2 anos de idade, 1 em cada 5 crianças terá otite média recorrente.
OTITE MÉDIA AGUDA- FATORES DE RISCO
Os fatores de risco para OMA podem depender do hospedeiro (da própria criança) ou decorrer de fatores ambientais.
QUAIS SÃO OS FATORES RELACIONADOS AO HOSPEDEIRO?
-idade
- anomalias 5
- genetica
- diferenças raciais
Com relação à idade, a ocorrência do primeiro episódio de OMA antes dos 6 meses é um fator de risco importante para a recorrência das OMA.
Crianças com fenda palatina, síndrome de Down, malformações craniofaciais, imunodeficiência e discinesia ciliar primária apresentam risco aumentado para OMA
A suscetibilidade genética é importante na otite média, sendo determinada, em parte, pela contribuição de genes em regiões cromossomais distintas: 10q e 19q.
As diferenças raciais na tuba auditiva (TA) tornam a otite média mais prevalente em grupos étnicos como esquimós, aborígenes e índios americanos
Outros fatores, como alergia, doença do refluxo gastroesofágico, etnia e sexo, apresentam dados discordantes quanto a seu risco real.
OTITE MÉDIA AGUDA- FATORES DE RISCO
Os fatores de risco para OMA podem depender do hospedeiro (da própria criança) ou decorrer de fatores ambientais.
QUAIS SÃO OS FATORES AMBIENTAIS?
4
1 fator de proteção
Evidências epidemiológicas mostram que a OMA costuma decorrer de infecções das vias aéreas superiores (IVAS), e que tanto IVAS quanto OMA apresentam maior incidência nos meses mais frios (inverno).
As creches e os berçários representam um fator de risco considerável no desenvolvimento da OMA, em especial pela alta prevalência de infecções respiratórias, facilitando a contaminação viral entre as crianças
Outro fator de risco de reconhecida importância é a exposição ao tabagismo passivo.
Por outro lado, o aleitamento materno é um fator de proteção; estudos demonstram que amamentar por 3 meses diminui o risco de OMA em 13%, e amamentar por mais de 6 meses protege a criança das recorrências das otites até o terceiro ano de vida.
No caso de crianças que tomam mamadeira, os pais devem cuidar para que não a tomem deitadas, sugerindo-se que a cabeça fique mais elevada. O uso de chupetas de mamadeiras com bicos de cápsula tipo “empurra e puxa” também é considerado fator de risco na recorrência das OMA.
OTITE MÉDIA AGUDA- HISTÓRIA NATURAL
A maioria das crianças (80%) apresenta evolução favorável durante um episódio de OMA, com resolução espontânea. Essa melhora independe da adesão ao tratamento ou do tipo de medicação. A resolução espontânea fica evidente quando se opta por observação inicial, com melhora dos sintomas em 60% dos pacientes depois de 24 horas e ausência de sintomas residuais em 80% das crianças após 2-3 dias, sem antibióticos. Portanto, a história natural da OMA é extremamente favorável em 70-80% dos pacientes
OTITE MÉDIA AGUDA- PATOGÊNESE
em quem a OMA é mais prevalente e porque?
A OMA é mais prevalente no lactente e na criança pequena. Essa predisposição decorre de fatores anatômicos e imunológicos, característicos dessa faixa etária.
Acredita-se que a disposição anatômica e a imaturi-dade da tuba auditiva na criança sejam os fatores mais importantes na gênese das infecções da orelha média. A tuba auditiva da criança é mais curta, horizontalizada e tem relativamente um diâmetro maior, quando compa-rada à do adulto. Além disso, a imaturidade muscular e cartilaginosa agrava sua disfunção. Esses fatores dificul-tam o clearance da orelha média e favorecem a ascensão de germes da cavidade nasal e da rinofaringe
Outro fator que sabidamente aumenta a incidência
de otites médias em crianças com menos de 5 anos de idade é a elevada ocorrência de infecções de vias aéreas superiores (média de seis a oito episódios/ano). Os vírus alteram o sistema mucociliar, aumentando a produção de muco e dificultando a drenagem
OTITE MÉDIA AGUDA- PATOGÊNESE
quais diferenças antomicas que facilitam e qual relação com o sistema imunológico?
A TA ventila a orelha média. Durante o repouso, encontra-se fechada. Sua luz é virtual e abre-se de forma intermitente pela contração do músculo tensor do véu palatino durante a deglutição ou o bocejo. Existem diferenças importantes entre a TA da criança e do adulto. As diferenças mais relevantes são a TA mais curta, mais alargada, mais flácida e mais horizontalizada na criança, o que facilita a progressão de microrganismos (vírus e bactérias) da rinofaringe para a orelha média
o nascimento, o sistema imunológico da criança é imaturo. O recém-nascido apresenta altos níveis de IgG materna, que vão progressivamente diminuindo, tornando-se pouco efetivos por volta dos 5-6 meses de idade. Por outro lado, a criança produz gradualmente mais IgG, IgA e IgM próprias, atingindo um platô quando a criança está maior. É interessante notar que essas fases coincidem com a época de início e de desaparecimento dos episódios de OMA na maioria das crianças.
OTITE MÉDIA AGUDA- PATOGÊNESE
como é desencadeada geralmente?
A OMA geralmente é desencadeada por um processo infeccioso (IVAS em geral), associado a determinado grau de disfunção da TA e do sistema imunológico. É comum a OMA ser precedida por IVAS ou um “resfriado comum”. Acredita-se que a infecção viral provoque um distúrbio no microbioma da nasofaringe, pavimentando o caminho para bactérias patogênicas infectarem a orelha média através da TA. Os vírus agiriam como copatógenos, predispondo à infecção bacteriana. A infecção viral inicia o desenvolvimento da OMA, pavimentando o caminho em direção a uma OMA bacteriana, aumentando a presença de otopatógenos bacterianos na nasofaringe.4 Essa seria a explicação para a sazonalidade da OMA, mais comum nos meses de inverno, quando as infecções virais são mais frequentes.
OTITE MÉDIA AGUDA- MICROBIOLOGIA
Quais agentes mais encontrados? 4
A OMA é causada por vírus respiratórios e/ou infecção bacteriana no espaço da orelha média, como resultado da resposta do hospedeiro à infecção. A OMA ocorre mais frequentemente como consequência de uma IVAS que causa inflamação/disfunção da TA, à pressão negativa da orelha média e ao movimento de secreções, contendo os vírus causadores da IVAS e as bactérias patogênicas, para a cavidade da orelha média.
63% de 864 episódios de IVAS em crianças menores de 4 anos de idade eram positivos para vírus respiratórios e adenovírus, coronavírus e vírus respiratório sincicial (VRS) relacionados com a OMA. O VRS e o adenovírus estão entre os vírus mais comumente associados à OMA
OTITE MÉDIA AGUDA- MICROBIOLOGIA
qual padrão ouro para determinar a etiologia bacteriana da OMA?
quais principais otopatógenos bacterianos frequentemente encontrados? 4
O padrão ouro para determinar a etiologia bacteriana da OMA é a cultura do fluido da orelha média por meio da timpanocentese, da drenagem através dos tubos de ventilação ou pela otorreia espontânea. Bactérias são encontradas em 50-90% dos casos de OMA com ou sem otorreia.
O Streptococcus pneumoniae, o Haemophilus influenzae não tipável e a Moraxella catarrhalis são os principais otopatógenos bacterianos e frequentemente colonizam a nasofaringe
O Streptococcus pyogenes do grupo A é responsável por menos de 5% dos casos de OMA.
OTITE MÉDIA AGUDA- MICROBIOLOGIA
quais dois agentes diminuiram drasticamente com a vacinação?
bacteriologia da OMA mudou muito após a introdução da vacina conjugada do pneumococo;
antes da adoção da vacina com 7 sorotipos (PCV7), o S. pneumoniae era o microrganismo mais isolado nos casos de OMA.
Após a introdução da PCV7, a proporção do S. pneumoniae diminuiu de 48% para 31% e o H. influenzae não tipável subiu de 41% para 56%.
Entretanto, a frequência de sorotipos não vacinais da PCV7 aumentou no fluido da orelha média. O sorotipo 19A foi a maior causa de substituição da doença após a introdução da PCV7 e posteriormente após a PCV10
OTITE MÉDIA AGUDA- MICROBIOLOGIA
quais achados mais indicativos de pneumococo 3
e de H. influenzae
Alguns estudos sugerem que a febre, a otalgia importante e o abaulamento da membrana timpânica (MT) possam ser mais intensos quando o organismo causador for o pneumococo
entretanto, outros estudos apontaram que a OMA causada pelo H. influenzae não tipável estaria associada com a OMA bilateral e uma inflamação mais grave da MT. A OMA acompanhada de conjuntivite purulenta (síndrome otite-conjuntivite) é sugestiva de H. influenzae não tipável.
Uma variabilidade geográfica substancial é observada na proporção das OMA causadas pela M. catarrhalis.
OTITE MÉDIA AGUDA- SUSCETIBILIDADE BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS
Atualmente, os estudos de OMA usam os novos dados da linha de corte, definidos pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI), para avaliar a sensibilidade do pneumococo com relação à penicilina, de cepas não meníngeas:
-pneumococo sensivel
-pneumococo com sensibilidade intermediária
-pneumococo resistente com CIM
—> Para a CIM de amoxicilina oral, os parâmetros são: sensivel, intermediario e resistente
VER SE PRECISA!!!!!!!!!!!!!!1
Pneumococo sensível: concentração inibitória mínima (CIM): ≤ 2 mcg/mL.
Pneumococo com sensibilidade intermediária: CIM ≤ 4 mcg/mL.
Pneumococo resistente com CIM ≤ 8 mcg/mL.
Para a CIM de amoxicilina oral, os parâmetros são:
Sensível: CIM < 2 mcg/mL.
Intermediário: CIM < 4 mcg/mL.
Resistente: CIM ≤ 8 mcg/mL.
OTITE MÉDIA AGUDA- SINAIS E SINTOMAS
São sintomas constantes 8
quais sinais da otoscopia e pneumotoscopia 5
* VER FOTO DO ESPECULO DE OTOSCOPIO IDEAL E INADEQUADO
São sintomas constantes a otalgia (criança que manipula muito a orelha), o choro excessivo, a febre, as alterações de comportamento e do padrão do sono, a irritabilidade, a diminuição do apetite e até a diarreia.
Como sinais de OMA, os achados da MT na otoscopia e na pneumotoscopia representam, de maneira mais característica, os sinais da OMA. MT com hiperemia ou opacidade, abaulamento, diminuição da mobilidade e otorreia aguda são sinais típicos
OTITE MÉDIA AGUDA- SINAIS E SINTOMAS
quais condições direcionam o tratamento da OMA de maneira mais incisiva? 4
A idade da criança (< 24 meses), a gravidade dos sintomas, a presença de otorreia aguda e a bilateralidade direcionam o tratamento da OMA de maneira mais incisiva.
OTITE MÉDIA AGUDA- SINAIS E SINTOMAS
qual efeito dos antibióticos no tratamento?
, mostra o efeito dos antibióticos no tratamento da doença, evidenciando que, nas crianças com OMA bilateral, a história natural é pior, sendo o benefício obtido com o antibiótico, maior.
Da mesma forma, as OMA acompanhadas de otorreia espontânea e aguda têm um benefício muito maior quando tratadas com antibióticos.
OTITE MÉDIA AGUDA- SINAIS E SINTOMAS
A X define o diagnóstico, pois é necessária a presença de efusão ou líquido na cavidade da orelha média para estabelecer o diagnóstico de OMA.
Portanto, atualmente, a Y é um marco que indica uma doença mais grave, e a presença de X indica a certeza da patologia
X: otorreia e otorreia espontânea
Y:bilateralidade
OTITE MÉDIA AGUDA - SINAIS E SINTOMAS
Eventualmente, a OMA pode ter como complicações : 2
as mastoidites e evoluir para um colesteatoma.
OTITE MÉDIA AGUDA- DIAGNÓSTICO
O diagnóstico preciso e acurado no início do quadro é de fundamental importância. Um bom otoscópio com lâmpadas halógenas, espéculos de tamanho adequado ao diâmetro do conduto auditivo externo, limpeza e remoção de cerume e possibilidade de otoscopia pneumática fazem parte desse contexto.
OTITE MÉDIA AGUDA- DIAGNÓSTICO
como diferenciar otalgia de otite externa e otite media aguda
Vale lembrar que a otalgia é extremamente importante, porém não se deve confundi-la com a otalgia da otite externa das crianças que estão expostas a água de piscinas. Essa otalgia cursa sem febre, sem história pregressa de IVAS e com relação causa/efeito: a orelha da criança esteve em contato com água de mar ou piscinas, situação mais sazonal, ocorrendo, em geral, no verão. Já a OMA incide mais nos meses frios, na vigência ou sequência de uma IVAS e com febre.
OTITE MÉDIA AGUDA- DIAGNÓSTICO
A identificação para o diagnóstico otoscópico acurado de OMA pode ser difícil se não houver condições adequadas. São fundamentais, portanto, os seguintes fatores:
1. otoscopio
2. especulo auricular
3. posição
4. visualização
1.Otoscópio com iluminação adequada.
2.Espéculo auricular que realmente penetre no meato acústico externo (MAE). O formato afunilado é importante (Figura 1), pois penetra no MAE. Além do formato, é importante utilizar um espéculo com maior diâmetro possível, determinado pela idade da criança, para obter melhor iluminação e maior campo de visão.
3.Posição: recomenda-se que a criança esteja sentada no colo da mãe, permitindo a contenção adequada da cabeça.
4.Visualização: é necessário que o MAE esteja livre de cerume, descamações e debris. Para remover o cerume, seja com cureta, sucção delicada ou lavagem, a criança deve ser encaminhada para um especialista habilitado, para não causar danos a sua integridade física e psicológica. A OMA deve sempre ser confirmada pela otoscopia. São sinais de alteração da MT encontrados na OMA: mudanças de translucidez, forma, cor, vascularização e integridade. O achado mais significativo no diagnóstico da OMA é o abaulamento da MT, com sensibilidade de 67% e especificidade de 97% (Figura 2). A coloração avermelhada da MT pode ser consequência do reflexo da hiperemia da mucosa do promontório, visualizada através de um tímpano normal, que pode gerar confusão durante o exame e acentuar-se quando a criança estiver chorando. Entretanto, a hiperemia da MT pode indicar a fase inicial da OMA, e, na sequência, ocorrer a opacidade e até mesmo a perfuração espontânea da MT com otorreia súbita.
OTITE MÉDIA AGUDA- DIAGNOSTICO
sempre deve ser confirmada por? são sinais de alteração da MT encontrados na OMA: 5
qual achado mais significativo
o que a hiperemia pode indicar
VER FOTO DAS VARIAÇÕES DE MT NA OMA
A OMA deve sempre ser confirmada pela otoscopia. São sinais de alteração da MT encontrados na OMA: mudanças de translucidez, forma, cor, vascularização e integridade. O achado mais significativo no diagnóstico da OMA é o abaulamento da MT, com sensibilidade de 67% e especificidade de 97% (Figura 2). A coloração avermelhada da MT pode ser consequência do reflexo da hiperemia da mucosa do promontório, visualizada através de um tímpano normal, que pode gerar confusão durante o exame e acentuar-se quando a criança estiver chorando. Entretanto, a hiperemia da MT pode indicar a fase inicial da OMA, e, na sequência, ocorrer a opacidade e até mesmo a perfuração espontânea da MT com otorreia súbita.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda para o diagnóstico de OMA: história de início agudo de sinais e sintomas, presença de efusão na orelha média, com sinais e sintomas de inflamação da orelha média. A AAP considera que o melhor método para diagnosticar efusão na orelha média é a pneumo-otoscopia, uma vez que a efusão reduz a mobilidade da MT.1 - VER SE É PRA SABER
FODASE O ESTADOS UNIDOS
FODASE EUA