Caso 2: síndrome de crupe Flashcards

1
Q

o que caracteriza a síndrome do crupe? se manifestam clinicamente com quais sintomas? (4)

A

caracteriza um grupo de doenças que variam em envolvimento anatômico e etiologia e se manifestam clinicamente com os seguintes sintomas: rouquidão, tosse ladrante, estridor predominantemente inspiratório e graus variados de desconforto respiratório

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2
Q

Quando a etiologia dessa síndrome é viral, denomina-se crupe X. Outras etiologias para síndrome do crupe incluem Y e Z.

A

X:viral
Y: traqueite bacteriana
Z: difteria

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3
Q

o que é a laringite? como se caracteriza? 2

A

A doença também pode ser classificada de acordo com o grau de extensão do acometimento das vias aéreas pelos vírus respiratórios. Assim, se a doença se restringir à laringe, denomina-se laringite, sendo caracterizada principalmente por rouquidão e tosse ladrante.

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4
Q

Se a inflamação comprometer laringe e traqueia, tem-se X, com sintomas característicos de síndrome do crupe. Se houver comprometimento bronquiolar associado ao de laringe e traqueia, além dos sintomas de crupe, haverá tempo expiratório prolongado e sibilos, caracterizando Y

A

X: laringotraqueíte
Y: laringotraqueobronquite.

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5
Q

EPIDEMIOLOGIA
qual causa mais comum de obstrução de VAS em crianças? qual sintomas mais prevalente?

A

Laringotraqueobronquite é a causa mais comum de obstrução de vias aéreas superiores em crianças, respondendo por 90% dos casos de estridor. A doença responde por 1,5 a 6% das doenças do trato respiratório na infância.

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6
Q

ETIOLOGIA da sindrome de crupe
qual mais comum?

A

crupe viral

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7
Q

ETIOLOGIA
quais principais agentes da crupe viral? 3 e em maiores de 5 anos qual tem importância etiológica?

A

A etiologia viral de crupe é a mais comum, sendo os principais agentes os vírus parainfluenza (tipos 1, 2 e 3), influenza A e B e vírus respiratório sincicial. Em crianças maiores de 5 anos, tem importância etiológica Mycoplasma pneumoniae.

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8
Q

EPIDEMIOLOGIA crupe viral
acomete mais quais idades? qual pico de incidencia? qual sexo mais prevalente

A

Acomete crianças de 1 a 6 anos de idade, com pico de incidência aos 18 meses, predominantemente no sexo masculino (1,4 a 2 vezes mais comum que no sexo feminino).

Essa faixa etária é mais propensa ao desenvolvimento da doença, porque crianças, geralmente, estão experimentando a sua primeira infecção pelos agentes citados, favorecendo a extensão da agressão viral por toda a via aérea. Em adultos, a imunidade local restringe a doença à nasofaringe.

Entre crianças menores de 2 anos de idade que se apresentam no pronto-socorro com sintomas de síndrome do crupe, cerca de 8% são internadas e menos de que 1% é admitida em unidade de terapia intensiva. Das crianças que recebem alta hospitalar, aproximadamente 5% retornam ao serviço de emergência em 1 semana após a visita inicial

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9
Q

EPIDEMIOLOGIA
qual epóca do ano mais prevalente?

A

Embora a maioria dos casos ocorra no outono e no inverno, o crupe viral se manifesta durante todo o ano.

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10
Q

PATOGÊNESE
como é causado o estridor?

A

A infecção viral inicia-se na nasofaringe e dissemina-se através do epitélio respiratório da laringe, traqueia e árvore broncoalveolar. De acordo com o grau de extensão da lesão do epitélio respiratório, encontram-se diferentes achados no exame físico. Há inflamação difusa, eritema e edema das paredes da traqueia e alteração de mobilidade das cordas vocais. A mucosa da região subglótica é pouco aderente, permitindo a formação de um edema acentuado com comprometimento potencial das vias aéreas. Em lactentes, 1 mm de edema na região subglótica causa 50% de diminuição do calibre da traqueia.

O edema da região subglótica da traqueia (porção mais estreita da via aérea superior na criança) restringe o fluxo de ar significativamente, gerando estridor inspiratório.

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11
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
Quais sintomas que acometem no inicio da doença?
após 12 a 48h iniciam-se quais sintomas?

A

A doença se inicia com rinorreia clara, faringite, tosse leve e febre baixa.

Após 12 a 48 horas, iniciam-se os sintomas de obstrução de vias aéreas superiores, caracterizados na síndrome do crupe, com progressão dos sinais de insuficiência respiratória e aumento na temperatura corpórea.

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12
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
os sintomas se resolvem geralmente em quantos dias?

A

3 a 7 dias

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13
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
quais sintomas podem ocorrer em casos mais graves?
9

A

Nos casos mais graves, há aumento das frequências cardíaca e respiratória, retrações claviculares, esternais e de diafragma, batimento de aletas nasais, cianose, agitação psicomotora até sonolência.

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14
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
pode durar quantos dias a doença?

A

A duração da doença nos casos mais graves pode atingir 14 dias.

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15
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
quais pacientes são de risco potencial para desenvolvimento de falência respiratória? 4

A

Crianças menores de 6 meses de idade, pacientes com estridor em repouso ou alteração do nível de consciência e detecção de hipercapnia são de risco potencial para desenvolvimento de falência respiratória

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16
Q

APRESENTAÇÃO CLÍNICA crupe viral
A X deve ser realizada em todas as crianças com estridor.

A

oximetria de pulso

Porém, é importante salientar que a saturação normal de oxigênio pode gerar impressão falsa de baixo risco associado à doença. Hipóxia não é um marcador da doença e geralmente indica doença avançada e falência respiratória iminente

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17
Q

DIAGNÓSTICO crupe viral
como é feito?

A

O diagnóstico é baseado nos achados clínicos.

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18
Q

DIAGNÓSTICO crupe viral
quando é indicado o exame radiológico cervical e por que os achados clássicos com estreitamento da traqueia subglótica são de pouco valor?

A

Os achados clássicos de radiografia cervical com estreitamento da traqueia subglótica (sinal da “ponta de lápis” ou “torre de igreja”) são de pouco valor, já que podem estar presentes em uma criança saudável apenas pelo estreitamento anatômico da região subglótica. Assim, o exame radiológico cervical se reserva à investigação diagnóstica de outra etiologia para os sintomas de crupe (aspiração de corpo estranho) ou para casos em que a evolução da doença é atípica.

Além disso, a realização de radiografia com manipulação do pescoço da criança para obtenção de uma imagem radiológica adequada pode colocar em risco a patência da via aérea do paciente com obstrução moderada ou grave.

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19
Q

DIAGNÓSTICO crupe viral
quando o isolamento do vírus por métodos imunológicos é útil?

A

O isolamento do vírus por métodos imunológicos é útil em casos de etiologia duvidosa ou em protocolos de estudo, não devendo fazer parte da avaliação laboratorial inicial.

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20
Q

VER TABELA DE ESCORE CLÍNICO PARA ABORDAGEM DE ESTRIDOR
qual escore caracteriza leve morederada e grave?

A

Escore total: < 6 = leve; 7 a 8 = moderada; > 8 = grave.

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21
Q

DIAGNÓSTICO CV
qual utilidade da realização da oximetria de pulso?

A

A realização de oximetria de pulso é pouco útil sendo encontrada pouca correlação do estado clínico e frequência respiratória com hipoxemia. A oximetria de pulso não é sensível em detectar a gravidade do crupe viral, sendo úteis para tal a avaliação do estado mental, do trabalho respiratório e da entrada de ar

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22
Q

TRATAMENTO
qual tratamento para crupe leve? 3

A
  • Dexametasona: 0,15 a 0,3 mg/kg; ou budesonida inalatório: 2 mg
    -Prednisona: 1 mg/kg
  • Alta pra casa
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23
Q

TRATAMENTO
qual tratamento para crupe moderado? 4

A
  • Nebulização com l-epinefrina: 3 mL
  • Prednisona
    -Dexametasona: 0,3 a 0,6 mg/kg; ou budesonida inalatório: 2 mg
    -Observação por 3 a 4 horas e alta para casa ou internação hospitalar
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24
Q

TRATAMENTO
qual tratamento para crupe grave? 3

A

-Nebulização com epinefrina: 3 mL
-Dexametasona: 0,6 mg parenteral (intramuscular ou endovenoso)
-Internação na unidade de terapia intensiva

25
Q

TRATAMENTO CV
qual recomendação acerca da nebulização? qual seu efeito? quando deve ser realizada?

A

A nebulização com solução fisiológica ou ar umidificado, apesar de usual, não tem eficácia comprovada.
A nebulização deve ser desencorajada se a criança se tornar mais agitada com o procedimento, pois isso fará com que o fluxo de ar na via aérea superior se torne turbulento, aumentando a resistência à sua passagem nas vias aéreas.
Para realizar nebulização, a criança deve estar em ambiente calmo e no colo dos pais.
A nebulização deve ser realizada se for detectada hipoxemia, sendo utilizada como fonte de oferta de oxigênio.

26
Q

TRATAMENTO CV
qual recomendação acerca dos corticoesteroides?
porque a dexametasona é muito boa? qual seu inicio de ação? quando deve ser considerada parenteral?

A

Há ampla evidência de melhora clínica com o emprego de corticosteroides: redução da gravidade dos sintomas, da necessidade de hospitalização, da duração da hospitalização ou do tempo gasto no serviço de emergência, da necessidade de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e da necessidade de associação de outras drogas (epinefrina).

Dexametasona foi muito estudada por ser um potente glicocorticoide e ter longo período de ação (mais de 48 horas); pode ser administrada tanto de forma oral como parenteral, em dose única, variando de 0,15 mg/kg (crupe leve) a 0,6 mg/kg (crupe grave).

Seu início de ação ocore em 30 minutos após a sua administração. O uso oral e intramuscular de dexametasona tem eficácia comparável. O uso de dexametasona oral e intramuscular não mostra diferença em relação à resolução dos sintomas, frequência da admissão hospitalar e necessidade de tratamento adicional da doença. O uso parenteral de dexametasona deve ser considerado em casos de crupe grave, se a criança é incapaz de tomar medicações orais ou está vomitando.1

O uso de prednisona na dose de 1 mg/kg é tão eficaz quanto o uso de doses baixas de dexametasona: 0,15/kg para tratamento de crupe leve a moderado.

Budesonida inalatório reduz os sintomas de gravidade do crupe, quando comparado ao placebo, e é semelhante à dexametasona nos casos de crupe leve ou moderado na dose inalatória de 2 mg.

27
Q

TRATAMENTO cv
qual mecanismo de ação da epinefrina? qual seu efeito?

A

Seu mecanismo de ação ocorre pelo estímulo de receptores alfa-adrenérgicos, com subsequente constrição de capilares arteriolares. A epinefrina inalatória tem um efeito dramático nos sintomas do crupe, diminuindo o estridor e os sintomas de falência respiratória.
Como o efeito da medicação é breve (2 horas), o paciente pode voltar ao estado de desconforto respiratório inicial após o final da ação dessa droga, assim, após o uso de epinefrina, o paciente deve permanecer no departamento de emergência por 3 a 4 horas

Petrocheilou, em revisão de literatura, sugere dose máxima de epinefrina inalatória de 3 mL.
A repetição da dose varia de acordo com a necessidade do paciente e sua potencial evolução para falência respiratória

28
Q

TRATAMENTO - EPINEFRINA cv
quais critérios de alta? 5

A

Os critérios de alta incluem: ausência de estridor em repouso, entrada de ar normal, cor normal, nível de consciência normal e uso prévio de dexametasona.

29
Q

TRATAMENTO cv
As indicações de epinefrina incluem 3

A

crupe moderado ou grave e crianças com procedimento ou manipulação prévias da via aérea superior.

30
Q

TRATAMENTO cv
qual recomendação sobre intubação?

A

A maioria das crianças com laringotraqueíte não requer intubação após o uso de epinefrina e dexametasona. A manipulação dessa via aérea é complicada, por já se tratar de uma via aérea doente, pela dificuldade anatômica da faixa etária do paciente, por haver agitação psicomotora da criança e pelo risco de obstrução total das vias aéreas. Assim, é de consenso que, no paciente em que a obstrução da via aérea é iminente, o procedimento seja realizado em um ambiente bem controlado, com protocolos bem definidos, por profissionais experientes, na presença de anestesista, otorrinolaringologista ou cirurgião pediátrico. Na escolha do material de intubação, o tamanho da cânula traqueal deve ter 0,5 mm a menos de diâmetro interno que o diâmetro ideal calculado para a idade da criança.

31
Q

INTERNAÇÃO cv
Geralmente, devem ser admitidas crianças com 7 ‘’

A

toxemia; desidratação ou incapacidade de ingerir líquidos; estridor significante ou retrações em repouso; ausência de resposta à administração de epinefrina ou piora clínica após 2 a 3 horas da administração desta; e pais não confiáveis.

32
Q

INTERNAÇÃO cv
As potenciais indicações de admissão hospitalar são:5

A

1.Crupe grave na chegada ao pronto-socorro com alteração do nível de consciência, hipoventilação e risco de obstrução completa das vias aéreas.
2.Deterioração ou manutenção do desconforto respiratório grave a despeito do tratamento com corticosteroides ou epinefrina inalatória.
3.Manifestação clínica de outra causa de obstrução de via aérea superior mais grave que crupe, como supraglotite, traqueíte bacteriana ou abscesso retrofaríngeo.
4.Sinais e sintomas de crupe viral em lactente jovem (menor que 6 meses de idade).
5.Outras manifestações além do crupe como sepse ou desidratação.

33
Q

o que caracteriza o crupe espasmódico? como ele se diferencia do viral?
o que é identificado no exame endoscópico da laringe?

A

Crupe espasmódico se diferencia do viral por promover edema não inflamatório dos tecidos subglóticos, sugerindo que não há envolvimento viral do epitélio da traqueia.

No exame endoscópico da laringe, a mucosa se apresenta pálida no crupe espasmódico e eritematosa e inflamada no viral.

34
Q

CRUPE ESPASMÓDICO
qual etiologia?

A

Embora haja associação com os mesmos vírus que causam crupe viral, a razão para esse edema súbito é desconhecida. Sugere-se que o crupe espasmódico represente mais uma reação alérgica a antígenos virais do que infecção viral direta

35
Q

CRUPE ESPASMÓDICO
acomete mais qual idade? qual qadro clínico?

A

O crupe espasmódico acomete crianças de 3 meses a 3 anos de idade.

A criança se mantém em bom estado geral e com início de sintomas de resfriado comum. À noite, acorda com dispneia súbita, rouquidão, tosse ladrante e estridor inspiratório. Não há presença de febre e, em geral, há melhora após ser acalmada e feita a nebulização.

Algumas crianças apresentam múltiplos episódios de crupe. Essa descrição é mais consistente com recorrência de crupe espasmódico do que episódios separados de crupe viral.

36
Q

CRUPE ESPASMÓDICO
tratamento

A

Se não houver resolução espontânea dos sintomas, pode ser feito o mesmo tratamento da laringotraqueíte viral, que é necessário em poucas oportunidades. Não está indicado o uso de anti-histamínicos, anti-inflamatórios não hormonais ou inalação com vasoconstritores nasais.

37
Q

TRAQUEITE BACTERIANA - São sinônimos da doença: crupe membranoso, crupe pseudomembranoso ou laringotraqueobronquite membranosa

ETIOLOGIA

A

Até recentemente, crupe viral e supraglotite eram consideradas as principais etiologias dessas infecções. Entretanto, a imunização contra H. influenzae e o tratamento do crupe viral com corticosteroides têm mudado a incidência, a morbidade e a mortalidade dessas doenças. Assim, traqueíte bacteriana, uma doença rara, emergiu como a principal causa de obstrução das vias aéreas superiores potencialmente fatal

O principal agente etiológico é S. aureus, mas estão implicados também estreptococos (pneumococo, grupo A e não grupo A beta-hemolítico, alfa-hemolítico e viridans), Moraxella catarrhalis e Haemophilus sp. Há evidência de coinfecção viral, sendo isolados vírus influenza A e B, parainfluenza, enterovírus, VRS e sarampo. As culturas geralmente mostram flora bacteriana mista e coinfecção viral.

38
Q

TRAQUEITE BACTERIANA - EPIDEMIOLOGIA
Acomete mais qual idade? qual sexo?

A

Acomete principalmente crianças de até 6 anos de idade, na maior parte das vezes do sexo masculino (mesma epidemiologia do crupe viral).

Classicamente, dos casos hospitalizados com diagnóstico de crupe, a etiologia bacteriana corresponde a 1:40-50 casos, quando comparada ao crupe viral. Essa proporção aumenta quando são consideradas as internações em UTI, chegando até a 1:8
Em série recente, Hopkins (2006) descreve traqueíte bacteriana como responsável por 48% das internações de pacientes com obstrução potencialmente fatal de vias aéreas superiores em UTI, seguido por crupe viral (46% dos casos) e supraglotite.

39
Q

TRAQUEITE BACTERIANA - PATOGÊNESE

A

Há infecção bacteriana direta da mucosa traqueal, causando processo inflamatório difuso da laringe, traqueia e brônquios, com produção de exsudato mucopurulento e formação de membranas semiaderentes dentro da traqueia. Essas membranas contêm neutrófilos e restos celulares responsáveis pela obstrução das vias aéreas. Sugere-se que a infecção viral pregressa favoreça a colonização bacteriana da traqueia.

40
Q

TRAQUEITE BACTERIANA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
combina manifestações de quais doenças 2
Após o pródromo viral breve, há aparecimento de 4
A esses sinais de síndrome do crupe grave associam-se 2

A

A doença combina manifestações clínicas de crupe viral e epiglotite.

Após o pródromo viral breve, há aparecimento de tosse ladrante, rouquidão, estridor inspiratório e insuficiência respiratória.
A esses sinais de síndrome do crupe grave associam-se febre alta (maior que 38,5°C) e toxemia.
O paciente com traqueíte bacteriana tem sintomas respiratórios mais prolongados que na epiglotite. O desconforto respiratório pode progredir rapidamente, com obstrução total da via aérea.

41
Q

TRAQUEITE BACTERIANA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
como se diferencia do viral?

A

Não há resposta terapêutica ao tratamento inicial com epinefrina inalatória e corticosteroides, ajudando a diferenciar o crupe bacteriano do viral.

42
Q

TRAQUEITE BACTERIANA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
tem alta taxa de mortalidade? a morbidade alta relacionada à traqueíte bacteriana associa-se a: 5

A

A taxa de mortalidade varia de 18 até 40% dos pacientes. A morbidade alta relacionada à traqueíte bacteriana associa-se a: parada cardiopulmonar ou respiratória, choque séptico, síndrome do choque tóxico, síndrome do desconforto respiratório agudo e disfunção múltipla de órgãos

recentemente houve queda na taxa de mortalidade da traqueíte bacteriana relacionada ao reconhecimento mais precoce da doença e atendimento em terapia intensiva. A taxa de mortalidade caiu para 1%

43
Q

TRAQUEITE BACTERIANA - DIAGNÓSTICO
como é feito? o que se evidencia na larigoscopia? o que a cultura revela? como são os resultados da hemocultura? o que revela a radiografia cervical AP

A

Em geral, o diagnóstico definitivo é feito pela visualização da traqueia.
Evidencia-se na laringoscopia a presença de exsudato purulento e malcheiroso bloqueando a luz da traqueia, de fácil remoção sem hemorragia.
As culturas obtidas desse material revelam os microrganismos.
Os resultados de hemocultura são, geralmente, negativos
A radiografia cervical anteroposterior pode ser similar ao crupe mostrando afunilamento à passagem de ar e esfumaçamento da parede da traqueia que correspondem às pseudomembranas. Essas irregularidades aparecem em 20 a 82% das radiografias.

44
Q

TRAQUEITE BACTERIANA - TRATAMENTO
Se há suspeita de traqueíte bacteriana, O que deve ser feito inicialmente?

A

Se há suspeita de traqueíte bacteriana, o paciente deve ser internado em UTI, pois a intubação frequentemente é necessária para alívio da obstrução da via aérea. A taxa de internação em UTI é de 94%; de intubação, 83%; e, em 28% dos casos, há complicações graves. O cuidado com a cânula traqueal deve ser meticuloso, já que a obstrução dela pelas membranas é comum.

45
Q

TRAQUEITE BACTERIANA- TRATAMENTO
Deve ser administrado antibiótico endovenoso para cobertura dos principais agentes: quais antibioticos
não há lugar para uso de 2

A

associação de oxacilina e cefalosporina de segunda (cefuroxima) ou de terceira geração (ceftriaxona). As cefalosporinas também podem ser usadas como monoterapia. Não há lugar para uso de corticosteroides ou epinefrina inalatória.

46
Q

LARINGITE VIRAL AGUDA
caracteriza-se por? 4

A

febre baixa, disfonia e tosse ladrante que seguem uma infecção viral das vias aéreas superiores.
Pode ou não estar acompanhada de estridor bifásico

47
Q

LARINGITE VIRAL AGUDA
trata-se de:
causados mais comumente pelos vírus: 3

A

edema e inflamação da região subglótica
causados mais comumente pelos vírus parainfluenza I e II, vírus sincicial respiratório e influenza A e B

48
Q

LARINGITE VIRAL AGUDA
tratamento
- geralmente
- casos com obstrução mais grave

A

O tratamento geralmente é realizado com corticoides sistêmicos e observação
Casos com obstrução mais grave podem necessitar de nebulizações com adrenalina

O quadro é geralmente autolimitado, mas, se for necessária a intubação, sempre se deve levar em conta o edema da subglote e utilizar um tubo de calibre menor do que seria o recomendado para a idade.

49
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA
o que é? porque antes se chamava epiglotite e agora passou a ser chamada assim?

A

Supraglotite é uma infecção grave da epiglote e de estruturas supraglóticas, com resultante obstrução da via aérea superior, de letalidade elevada. A terminologia anterior da doença a definia como epiglotite, denominação alterada por se tratar de uma doença que não envolve apenas a epiglote, mas também o tecido ariepiglótico e aritenoide

50
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA - ETIOLOGIA
qual principal agente etiológico antes do final de 1980? porque a incidência desse agente começou a cair?
quais são os outros agentes etiológicos?4

A

Antes do final de 1980, o principal agente etiológico da supraglotite era Hib, isolado de cultura direta da epiglote ou hemocultura. Com a introdução da vacina contra esse agente, a incidência de todas as doenças pelo Hib caiu drasticamente.

outros agentes etiológicos incluem Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus, vírus e cândida. Esses agentes tornaram-se mais comuns em razão da queda na incidência do Hib e do aumento no número de pacientes com imunidade comprometida: crianças com aids e maior sobrevida de crianças com câncer.

Apesar da baixa prevalência a doença não deve ser esquecida. Há relatos recentes de casos de epiglotite por Haemophilus de outros sorotipos ou do tipo b em pacientes em que ocorreu falha vacinal.

51
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- EPIDEMIOLOGIA
Além disso, houve uma mudança no padrão de acometimento etário.
qual foi essa mudança?

A

Antes de 1990, a média de idade para crianças com supraglotite era de 3 anos, com variação típica de 2 a 5 anos de idade. A partir de 1990, a média de idade subiu para 7 anos, com adolescentes e adultos sendo mais afetados.

52
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- PATOGÊNESE

A

O Hib invade diretamente o tecido supraglótico, causando celulite da região. O edema aumenta e a epiglote se curva em direção posterior e inferior, promovendo obstrução da via aérea. Não é comum a doença se estender para a região subglótica ou para o sistema linfático laríngeo. Em alguns casos de supraglotite, a epiglote pode estar poupada, mas o comprometimento das outras estruturas supraglóticas é responsável pela obstrução das vias aéreas superiores.

53
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
como é o início? quais principais manifestações 11? o que é incomum (2)
como fica a temperatura?

A

O início da doença é tipicamente abrupto, com duração dos sintomas de menos de 24 horas e toxemia precoce. Apenas menos da metade dos pacientes tem sintomas respiratórios pregressos.

Crianças manifestam odinofagia e disfagia intensas, com desconforto respiratório progressivo, sensação de engasgo, salivação profusa, irritabilidade, agitação e ansiedade. Há sinais respiratórios de fadiga, estridor inspiratório e voz abafada.

É incomum a presença de rouquidão e tosse ladrante.

A temperatura atinge até 40°C e as manifestações respiratórias são acompanhadas de manifestações circulatórias (sepse).

54
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
o que é a posição tripoide e por que a criança assume essa postura?

A

A criança assume uma postura corporal de defesa das vias aéreas, tentando mantê-las permeáveis, sentando e inclinando o corpo para a frente, hiperestendendo o pescoço, promovendo protrusão do queixo e colocando a língua para fora (posição tripoide)

Crianças com supraglotite infecciosa são de risco para obstrução total das vias aéreas, com progressão para óbito em cerca de 7% das que não têm a via aérea assegurada.2 Com o reconhecimento precoce da doença e intubação eletiva, esse valor se aproxima de zero.

55
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- APRESENTAÇÃO CLÍNICA
é indicado punção lombar de rotina?

A

Apesar de a doença ser bacterêmica, a infecção pelo Hib em outros locais, meningite concomitante com a supraglotite, é incomum, sendo desnecessária a punção lombar de rotina.

56
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- DIAGNÓSTICO
Como é feito? qual recomendação de exames complementares?

A

O diagnóstico é confirmado pela visualização direta da epiglote (epiglote “em cereja”).

Nenhum exame laboratorial deve ser feito em detrimento da segurança das vias aéreas se há suspeita clínica de supraglotite infecciosa.

57
Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- DIAGNÓSTICO
se fizer exames como cultura, hemocultura, radiografia lateral de pesçoco
quais achados?

A

agnóstico etiológico pode ser feito mediante cultura direta do tecido supraglótico ou por meio de hemocultura, com positividade de até 70%.2

Podem ser feitas pesquisas de antígenos de cápsula de Hib nos fluidos corpóreos.

A radiografia lateral de pescoço evidencia dilatação da hipofaringe, aumento da epiglote e espessamento ariepiglótico com estreitamento da valécula (sinal radiológico do dedo de luva).

Entretanto, os achados radiológicos da radiografia lateral de pescoço não se comprovam ser úteis na detecção da doença tendo acurácia modesta

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Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- TRATAMENTO
Quais medidas iniciais?

A

Uma vez constatada a hipótese diagnóstica de supraglotite, a criança deve ser assistida constantemente por médicos treinados em intubação infantil.

A orofaringe não deve ser examinada, o paciente não deve ser deitado e nenhum exame laboratorial ou de imagem deve ser realizado

A ventilação com máscara pode ser facilmente realizada na maioria dos pacientes com supraglotite, uma vez que o comprometimento das vias aéreas se deve mais à fadiga do diafragma do que à obstrução completa delas pela epiglote doente.

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Q

SUPRAGLOTITE INFECCIOSA- TRATAMENTO
Tratamento com antibiótico endovenoso para cobertura do Hib inclui:

  • se houver isolamento deS. pyogenes
  • se houver isolamento de S. aureus

há recomendação pra corticoesteroides ou epinefrina inalatória?

A

cefalosporinas de segunda (cefuroxima) ou terceira gerações (ceftriaxona ou cefotaxima). Se houver isolamento de S. pyogenes, a droga de escolha é penicilina, e se houver isolamento de S. aureus, oxacilina ou cefalosporina de primeira geração (cefalotina).

Não há recomendação para uso de corticosteroides ou epinefrina inalatória.