Avaliação psicológica Flashcards
O que é a avaliação psicológica?
A avaliação psicológica corresponde a um processo compreensivo (abrangendo múltiplas dimensões: cognitivo, social, emocional e comportamental) e
diversificado (várias fontes, tipos de informação e metodologias) que visa analisar o comportamento (características sensoriais, percetivas, motoras, psicológicas) do sujeito (ou grupo de sujeitos).
Quais são os objetivos da avaliação psicológica?
Diagnóstico; planeamento de intervenção; seleção, colocação e classificação; orientação; certificação; avaliação de programas e investigação.
Como decorre o processo de avaliação psicológica e com que objetivo?
A AP tipicamente envolve 3-4 sessões de uma hora (se o cliente for uma criança ou adolescente os processo é mais moroso e complexo, devido à necessidade de envolver mais pessoas, e.g. pais, professores, e às particularidades desenvolvimentais). O objetivo é tomar
uma decisão, podendo esta ser a nível de diagnóstico, intervenção, seleção (organizacional) ou orientação (vocação, educacional).
Quais são os contextos de avaliação psicológica?
São cinco: psicólogos da justiça, psicólogos educacionais, psicólogos comunitários, psicólogos do trabalho e psicólogos da saúde.
O que fazem os psicólogos da justiça?
Psicólogos da Justiça produzem relatórios de avaliação e acompanhamento compreensivos, contribuindo para que os Tribunais possam determinar as
competências, o estado mental, as circunstâncias da responsabilidade criminal, o risco forense ou a
capacidade de mudança dos indivíduos acusados de um crime ou das suas vítimas, bem como o impacto de eventos traumáticos nas vítimas.
O que fazem os psicólogos educacionais?
Psicólogos educacionais participam em processos de identificação de necessidades e de respostas adequadas, planeiam intervenções que visam melhorar as
condições educativas e potenciar o desenvolvimento psicológico, a sinalização de dificuldades e favorecer o processo de ensino-aprendizagem (avaliação pode ser a
nível individual e sistémico).
O que fazem os psicólogos comunitários?
Psicólogos comunitários avaliam os processos e resultados dos projetos e programas comunitários para resolver necessidades psicossociais, de modo a
implementar uma melhoria contínua dos serviços oferecidos à população e informar o desenho e planeamento de projetos e programas subsequentes (+ foco em grupos de vulnerabilidade e exclusão social).
O que fazem os psicólogos do trabalho?
Psicólogos do trabalho encaminha os
trabalhadores para os serviços de saúde mental adequados quando é constatada incapacidade laboral relacionada com perturbações mentais & realizam
diagnóstico psicossocial da organização e monitorização dos respetivos indicadores, como as características da organização/divisão do trabalho, o clima organizacional e o bem-estar dos colaboradores – com o objetivo de
prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho, riscos psicossociais e doenças profissionais.
O que fazem os psicólogos da saúde?
Psicólogos da saúde descrevem e analisam
determinantes e o nível de saúde das populações e elaboram prognósticos de saúde através da identificação e projeção das consequências dos problemas de saúde. Também avaliam processos e resultados dos projetos e programas de saúde comunitários para resolver
necessidades de saúde e psicossociais.
A que ideia se ancora o inicio da avaliação psicológica, historicamente?
Avaliação psicológica nasceu ancorada à ideia de que existem diferenças individuais, sendo o seu objetivo mapear essas diferenças para identificar os mais capazes
ou identificar psicopatologias.
O que defendia Francis Galton?
O pai da avaliação psicológica moderna foi Francis Galton cujo objetivo era mapear diferenças em capacidades básicas (e.g. tempo de reação) no seu laboratório de psicologia experimental. Enfatizava que a
testagem devia ocorrer em contextos altamente controlados recorrendo a testes padronizados, para garantir a fidelidade e validade dos resultados, permitindo
a comparação entre indivíduos.
Qual foi o impacto de Alfred Binet na avaliação psicológica?
No início do século XX, houve um aumento significativo no desenvolvimento de testes padronizados para medir habilidades cognitivas. Alfred Binet criou a primeira
escala para avaliação da inteligência (Escala Binet- Simon) e determinação da idade mental* das crianças, de forma a identificar crianças com “incapacidade intelectual”. Posteriormente, esta foi expandida e revista de forma a ser aplicável em adultos e permitir o cálculo do QI (Escala Standford-Binet).
Quando e porque é que começou a avaliação psicológica em grupo?
Na I Guerra Mundial surge a necessidade de recrutar e identificar os militares mais capazes para determinadas funções, disputando avanços na avaliação a nível do
funcionamento emocional e intelectual/cognitivo, inclusive a criação de testes de administração em grupo
(e.g. Army Alpha & Beta). Estes testes de aplicação em grupo foram posteriormente, aplicados noutros contextos (e.g. escolas, universidades, organizações).
Que críticas foram feitas aos testes de grupo?
Foram realizadas diversas criticas aos testes de grupo, nomeadamente por (a) serem inúteis para uma porção considerável da população (analfabetos), visto que eram fortemente ancorados nas competências verbais (instruções são dadas verbalmente e respostas requerem
competências verbais) e (b) negligenciam competências não verbais.
Que tipos de QI passaram a ser avaliados a partir de 1930?
OQI global, o QI verbal (só
considera subtestes que exigem competências verbais) e o QI de performance (só considera subtestes que exigem competências de performance).
Porque é que os testes projetivos caíram em desuso na segunda guerra mundial?
Surgiram os testes projetivos compostos por estímulos ambíguos, resposta aberta/narrativa e cotação subjetiva
(e.g. teste de Rorschach). Estes testes apresentavam limitações a nível da cotação e interpretação pois apesar de serem baseados em teoria e requererem formação intensiva, possuíam maior margem de erro (menor validade) devido à subjetividade do cotador.
Que testes ressurgiram na segunda guerra mundial?
Os testes estruturados ressurgiram, desta vez utilizando técnicas como análise
fatorial na seleção de itens. Esses testes eram informados por teoria psicológica e passavam por um processo
validação exaustivo.
Em que duas “categorias” podem ser classificados os instrumentos de avaliação?
Instrumentos com medição (fornecem dados quantitativos que situam o sujeito em relação à população e incluem testes e questionários) e instrumentos sem medição (fornecem dados qualitativos que permitem a compreensão do problema e
incluem entrevistas estruturadas e semiestruturadas, observação direta do comportamento e questionários que
não se destinam à comparação quantitativa , mas sim á análise quantitativa item a item).
Como podemos caracterizar os modelos de avaliação psicológica (formulação teórica, variáveis, técnicas, níveis de inferência, objetivos e técnicas de aplicação)?
Formulação teórica – teoria considera que os fatores que determinam o comportamento (C) são
(maioritariamente) características individuais (P), características do contexto (E) ou uma interação entre ambas.
✦ Tipo de variável – variáveis chave que o modelo estuda.
✦ Técnicas – métodos específicos utilizados para coletar, analisar e interpretar dados (forma de operacionalização
das variáveis em estudo).
✦ Níveis de inferência:
↬ Nível 1 - comportamento está ou não presente (e.g.
perceber se criança exibe ou não comportamentos de
oposição);
↬ Nível 2 - diagnóstico está ou não presente (e.g. diagnosticar criança com perturbação de oposição – presença de conjunto de comportamento que permitem
chegar a diagnóstico);
↬ Nível 3: diagnóstico + 1 ou mais variáveis explicativas do fenómeno (e.g., determinantes/fatores de risco) → A
explica B.
↬ Nível 4: modelo teórico considera como as diferente variáveis associada ao diagnostico se relacionam → A
explica B, sendo esta relação mediada ou moderada por C e Ds, e as variáveis E e F também se encontram associada, sendo todas estas relações enquadradas num
modelo teórico.
✦ Objetivos – o objetivo da avaliação psicológica pode ser descrição (nível I), classificação = diagnóstico (nível II);
predição = associações (explicação – nível III), explicação (teoria - nível IV); funcional = intervenção e reabilitação, controlo = prevenção.
✦ Contextos de aplicação – a avaliação pode ser aplicada em diversos contextos, incluindo clínico, educacional, organizacional e investigação.
Como se caracteriza o modelo de atributo?
❤ Formulação teórica – comportamento é influenciado
por variáveis individuais (C = f P, Cy = fC).
❤ Variáveis – traços do indivíduo, i.e. características estáveis (e.g. inteligência, personalidade) que são inferidas partir de comportamentos observáveis (Cy = fC).
❤ Técnicas – questionários + testes de performance.
❤ Nível de inferência – I, II, III.
❤ Objetivos – descrição e predição.
❤ Contextos – investigação, educação, clínica e organizacional.
Como se caracteriza o modelo dinâmico?
❤ Formulação teórica – comportamento é influenciado por variáveis individuais intrapsíquicas (C = fP).
❤ Variáveis – estruturas inconscientes e mecanismos de defesa.
❤ Técnicas – entrevistas clínicas + testes projetivos (consideram que perante material ambíguo a pessoa vai
projetar o inconsciente e mecanismos de defesa nas suas respostas).
❤ Nível de inferência – II, III, IV
❤ Objetivos – descrição, classificação, predição e explicação.
❤ Contextos – clínica.
Como se caracteriza o modelo médico?
❤ Formulação teórica – comportamento é influenciado
por variáveis individuais ou biológicos (C = fP ou C = fO).
❤ Variáveis – entidades nosológicas (sintomas que são utilizados para realizar diagnósticos; DSM-V) e perturbações neurobiológicas (e.g. desequilíbrios
químicos ou difusões neurológicas).
❤ Técnicas – exames + testes de performance + escalas de observação (sintomas).
❤ Nível de inferência – I, II, III, IV
❤ Objetivos – descrição, classificação, predição, prognóstico, explicação e reabilitação.
❤ Contextos – clínica.
Como se caracteriza o modelo comportamental?
❤ Formulação teórica – comportamento é influenciado pela interação entre a pessoa e o ambiente (C = fP x A).
❤ Variáveis – estímulos ambientais (e.g. reforços, punições, modelagem) e reportório comportamental.
❤ Técnicas – escalas de autorrelato + observação não sistemática & sistemática.
❤ Nível de inferência – I, II, III, IV
❤ Objetivos – descrição, classificação, predição, explicação funcional e controlo.
❤ Contextos – laboratorial, educação, clínica e organizacional
Como se caracteriza o modelo cognitivo?
❤ Formulação teórica – comportamento é influenciado por variáveis individuais (C = f P).
❤ Variáveis – representações, esquemas e processos cognitivos.
❤ Técnicas – tarefas cognitivas + registo de desempenho (acertos, erros, respostas fisiológicas).
❤ Nível de inferência – III, IV
❤ Objetivos – descrição, predição, explicação e controlo.
❤ Contextos – laboratorial, educação e clínica