Aféreses Flashcards
O que é aférese?
Separação / remoção / troca / modificação seletiva de um componente sanguíneo
Palavra de origem grega
Executada com instrumentos automatizados para a separação e/ou remoção seletiva, além de troca e/ou modificação de um componente sanguíneo.
Executada pela primeira vez em 1914, de forma manual. Em 1952 foi o primeiro relato de utilização como tratamento em humanos em um paciente com macroglobulinemia de Waldenstrom (tipo de linfoma não-Hodgkin, em que há aumento da paraproteína IgM, tornando o sangue muito viscoso).
Qual é o princípio da aférese?
Usa-se um separador celular com solução anticoagulante e kit descartável para remover ou trocar eficientemente algum componente sanguíneo circulante.
Quais os passos de planejamento da aférese?
- Frequência: depende da doença, taxa de equilíbrio (redistribuição e efeito rebote) e tipo de anticorpo presente
. PTT = diário
. Remoção IgM é intravascular (Macroglobulinemia de Waldenstron): MENOS frequente
. Remoção IgG é extravascular (Mieloma Múltiplo): MAIS frequente - Acesso vascular
. Cateter venoso central tipo diálise: garante fluxo alto (50-100 mL/min) e comodidade/estabilidade. Desvantagens: pneumotórax, sangramento, infecção e trombose. - Volemia extracorpórea
. Máximo de 15% da volemia total (8% do peso) - Equipamento / Fluxo
- Volemia plasmática processada
. 8% do peso corporal
. = Volemia sangue total x (1-Htc) - Balanço hídrico
. Isovolêmico: fluido removido é igual ao fluido substituído. - Fluido de substituição (PFC, albumina a 5% e Plasma Isento de Crio)
- Hemostasia e anticoagulação
. Heparina: sistêmico, mais difícil reverter, aumenta risco de sangramento.
. ACD-A (solução A Ácido Citrato Dextrose): não é sistêmico, reverte rápido. Suspende a cascata de coagulação ao ligar-se ao cálcio e magnésio ionizados; hipocalcemia e hipomagnesemia.
. Maiores riscos de toxicidade ao citrato: baixo peso, mulheres, idosos, hepatopatas, nefropatas. - Reações adversas
. Hipocalcemia
. Complicações do acesso vascular
. Reações alérgicas
. Infecções
. Alterações hemodinâmicas - Monitoramento e cuidados
Quais as diferentes formas de Hemostasia e Anticoagulação na aférese e quais suas características?
- Heparina: sistêmico, mais difícil reverter, aumenta risco de sangramento.
- ACD-A (solução A Ácido Citrato Dextrose): não é sistêmico, reverte rápido. Suspende a cascata de coagulação ao ligar-se ao cálcio e magnésio ionizados; hipocalcemia e hipomagnesemia.
. Maiores riscos de toxicidade ao citrato: baixo peso, mulheres, idosos, hepatopatas, nefropatas.
Quem tem maior risco de toxicidade ao citrato (ACD-A) na hemostasia e anticoagulação por aférese?
- Baixo peso
- Mulheres
- Idosos
- Hepatopatas
- Nefropatas
Quais são as possíveis reações ao citrato na hemostasia e anticoagulação por aférese?
HIPOCALCEMIA e HIPOMAGNESEMIA.
- Leve: parestesia perioral e extremidades
- Moderada: parestesia em mãos, pés e tórax, calafrios, náusea/vômito, cólicas abdominais, hipotensão moderada, inquietação.
- Grave: dor abdominal, tetania, arritmia, hipotensão grave.
Qual o anticoagulante mais comumente utilizado na aférese e por quê?
Citrato (ACD-A: Ácido Citrato Dextrose), pois se consegue reverter rapidamente e não é sistêmico como a heparina.
Quais os principais efeitos colaterais do uso do citrato (ACD-A) como anticoagulante na aférese?
Hipocalcemia e Hipomagnesemia
- Leve: parestesia perioral e extremidades
- Moderada: parestesia em mãos, pés e tórax, calafrios, náusea/vômito, cólicas abdominais, hipotensão moderada, inquietação.
- Grave: dor abdominal, tetania, arritmia, hipotensão grave.
Por que o citrato na aférese causa hipocalcemia e hipomagnesemia?
Pois suspende a cascata de coagulação ao se ligar ao Ca2+ e Mn2+.
Qual o volume de citrato que deve ser utilizado?
Para cada 12 mL de sangue aspirado, 1 mL de citrato.
Se for plaquetopênico ou tiver algum distúrbio de coagulação, 20:1.
Qual o volume de heparina que deve ser utilizado?
25-30 mL de sangue aspirado : 1 mL de heparina (5 mil UI heparina para cada 500 mL de ACD-A)
Qual a relação de quantidade entre heparina e citrato ACD-A?
5 mil UI heparina para cada 500 mL de ACD-A
Quais as vantagens e desvantagens do uso do cateter venoso central como acesso vascular para a aférese?
Vantagens: garante o alto fluxo (50-100 mL/min), comodidade e estabilidade durante a coleta.
Desvantagens: pneumotórax, sangramento, infecção e trombose.
Qual o volume máximo da volemia extracorpórea na aférese?
15% da volemia total (8% do peso)
Quais as principais soluções utilizadas para substituir o plasma retirado pela troca plasmática terapêutica (fluido de substituição para garantir o balanço hídrico isovolêmico)?
PFC (principalmente para PTT e Sd. Goodpasture) e albumina 5%.
Quais as principais reações adversas da aférese?
. Hipocalcemia
. Complicações do acesso vascular
. Reações alérgicas
. Infecções
. Alterações hemodinâmicas
. Alterações farmacodinâmicas: evitar fazer com uso de antibiótico, pois a plasmaférese irá retirar a medicação)
. Reações transfusionais ao uso do PFC
. Reações vaso-vagais
. Embolia gasosa
. Hipotermia
. Anormalidades na coagulação
Quais são as formas de separação dos componentes sanguíneos por aférese?
- Centrifugação
- Filtração/Membrana
- Coluna de Adsorção
Como ocorre a separação dos componentes sanguíneos pela aférese de filtração?
- Filtros com membranas de porosidades de tamanhos variados absorvem proteínas de alto peso molecular (15 mil D), utilizados unicamente para plasmaférese.
- Não é seletiva!
- Taxa de filtração limitada a 35% do plasma e efetividade depende das características da membrana e de fatores que podem afetar o depósito de substâncias formadas no filtro, formação de fibras ou coágulos e adsorção de proteínas.
Como ocorre a separação dos componentes sanguíneos pela aférese de centrifugação?
Separa os componentes de acordo com a densidade, através da força de centrifugação e velocidade de fluxo sanguíneo:
Hemácias > granulócitos > monócitos > linfócitos > plaquetas > plasma
Qual a ordem de maior densidade para menor densidade dos componentes sanguíneos?
Hemácias > granulócitos > monócitos > linfócitos > plaquetas > plasma
Como ocorre a separação dos componentes sanguíneos pela aférese de colunas de adsorção?
Plasma é separado dos elementos celulares por centrifugação e é perfundido através de uma coluna/filtro para remoção seletiva, de forma que o restante retorna ao paciente.
Exemplos de uso de aférese de colunas de adsorção
- Coluna de sulfato dextran: remove LDL (pacientes refratários à tratamento de hipercolesterolemia)
- Coluna de proteína A Staphylocócica: remove IgG por se ligar à fração Fc do complemento
O que é a imunoadsorção?
Remove agentes nocivos, mantendo componentes do plasma naturais, permitindo a modificação do próprio plasma do paciente.
Quais são os tipos de fluxo na aférese?
- Contínuo: sangue é retirado, processado e reinfundido simultaneamente, de forma que o volume extracorpóreo é menor, há uma estabilidade dinâmica e é mais rápido. Porém, necessita de duas punções em acesso periférico.
- Intermitente: executado em ciclos (centrifuga, separa e reinfunde), proporcionando punção única, de modo que o volume extracorpóreo é maior, podendo causar instabilidade hemodinâmica e é mais lento.
Qual o tipo de fluxo que os equipamentos mais modernos de aférese funcionam e quais as vantagens e desvantagem?
Contínuo: sangue é retirado, processado e reinfundido simultaneamente.
Vantagens:
- volume extracorpóreo é menor
- estabilidade hemodinâmica
- mais rápido.
Desvantagem:
- necessita de duas punções em acesso periférico
Qual a vantagem e desvantagens do fluxo intermitente na aférese?
Vantagem:
- única punção
Desvantagens:
- volume extracorpóreo é maior
- instabilidade hemodinâmica
- mais lento.
Quais são os tipos de procedimentos de aférese?
- Plasmaférese terapêutica
- Plasmaférese transfusional
- Plaquetaféreses ou Trombocitaféreses
- Eritrocitaférese
- Leucocitaférese
O que é a plasmaférese terapêutica (troca plasmática terapêutica) e quais as indicações gerais?
Remoção de grandes volumes de plasma do paciente e substituição por soluções apropriadas.
Tratamento de doenças neurológicas, renais, metabólicas, reumatológicas e hematológicas, removendo substâncias patogênicas circulantes ou substâncias fisiológicas em excesso.
O que pode ser removido com a plasmaférese terapêutica?
- Aloanticorpos
- Autoanticorpos
- Complexos antígeno-anticorpo
- Proteínas plasmáticas em quantidades aumentadas ou anormais
- Níveis muito elevados de colesterol
- Níveis elevados de resíduos metabólicos plasmáticos
- Drogas
- Venenos ligados ao plasma
Quais as características após a troca plasmática terapêutica?
- 30 minutos iniciais: troca bastante efetiva (aproximadamente 80%). O ideal é processar no máximo 1,5 volemias plasmáticas e realizar mais procedimentos, pois 2 volemias já não tem mais de 20% de efetividade.
- Alterações dos constituintes sanguíneos, necessitando análise de hemograma e coagulação antes de fazer o procedimento novamente.
Quais as principais alterações dos constituintes sanguíneos após uma sessão de troca plasmática terapêutica?
- Fibrinogênio: reduz +60% e recupera 65% em 48h
- Imunoglobulinas: reduz +60% e recupera apenas 45% em 48h
- Enzimas hepáticas: reduz 60% e recupera 100% em 48h
- Bilirrubinas: reduz 45% e recupera 100% em 48h
- Fatores de coagulação: reduz 25-50% e recupera 80-100% em 48h
- C3: reduz +60% e recupera 60-100% em 48h
- Plaquetas: reduz 30% e recupera 75-100% em 48h
O que precisa ser feito na PTT além da troca plasmática terapêutica?
Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) é causada pela deficiência de uma enzima ADAMTS13 que cliva o fator de von Willebrand (ativa o sistema endotelial e forma microcoágulos na microcirculação).
Além de remover o plasma, precisa repor plasma que contenha esse fator de coagulação!
Qual a diferença da plasmaférese de diálise?
Plasmaférese retira grandes moléculas (albumina, IgG, IgM) e diálise retira pequenas moléculas (creatinina).
Quais as características da molécula-alvo para a troca plasmática terapêutica?
- Identificação do agente etiológico ou substâncias tóxicas
- Alto peso molecular (15 mil D)
- Taxa de formação mais lenta
- Baixo volume de distribuição
- Distribuição intravascular
Como são atualizadas as recomendações do uso de aférese terapêutica?
A cada 3 anos a Sociedade Americana de Aféreses publica guidelines sobre o uso de aférese terapêutica na prática clínica, baseado em evidências.
Quais são as Categorias de evidência do uso da aférese terapêutica?
- Categoria I: padrão e aceitável, realizada como tratamento primário ou conjuntamente com outras terapias iniciais
- Categoria II: aceita, mas considerada como tratamento de suporte a outra modalidade de tratamento mais definida
- Categoria III: utilizada apenas como parte de esforço excepcional quando terapias convencionais tenham falhado
- Categoria IV: apenas em protocolos de pesquisa clínica aprovados, sem eficácia comprovada
Quais são os graus de recomendações baseados em evidências?
1: forte recomendação
2: fraca recomendação
A: alta qualidade de evidência
B: moderada qualidade de evidência
C: baixa qualidade de evidência
Quais as principais indicações de troca plasmática terapêutica?
- Síndrome Guillain Barré (poliradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória aguda): I-1A
- Insuficiência hepática aguda: I-1A
- Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT) / Microangiopatia trombótica: I-1A
- Vasculite ANCA-associada (creatinina maior ou igual a 5,7): I-1A
Quais as principais indicações de troca plasmática terapêutica (Categoria I), mas moderada qualidade de evidência (1B)?
- Síndrome Goodpasture (doença membrana basal anti-glomerular), se não houver dependência de diálise (se houver, é Categoria III - 2B) e nem hemorragia alveolar difusa (se houver, é Categoria I - 1C)
- Poliradiculoneuropatia desmielinizante inflamatória crônica
- Glomeruloesclerose segmentar focal
- Hiperviscosidade sintomática em Hipergamaglobulinemia (como profilaxia para rituximabe: 1C)
- Miastenia gravis
- Neuropatias desmielinizante paratroteinêmica (IgG/IgA/IgM)
- Transplante (rim) ABO compatível (dessensibilização doador vivo OU rejeição mediada por anticorpo)
- Transplante (rim) ABO incompatível (dessensibilização doador vivo)
Quais as principais indicações de troca plasmática terapêutica (Categoria I), mas baixa qualidade de evidência (1C)?
- Síndrome Goodpasture com hemorragia alveolar difusa
- Encefalite por receptor de anticorpo N-metil-D-aspartato
- Dessensibilização transplante fígado doador vivo ABO incompatível
- Vasculite ANCA-associada MPA/GPA//RLV: DAH
- Doença de Wilson fulminante
- Hiperviscosidade em Hipergamaglobulinemia como profilaxia para rituximabe
- Transplante (fígado) dessensibilização doador vivo ABO incompatível
Quais as principais indicações de troca plasmática terapêutica na Categoria II - aférese aceita, mas como tratamento de suporte a outra modalidade de tratamento mais definida?
- Esclerose múltipla (ataque agudo ou recaída) - 1A (crônica é Categoria III - 2B)
- Hipercolesterolemia familiar - 1B
- Doenças relacionadas a anticorpo do canal de voltagem ligado ao potássio (VGKC) - 1B
- Transplante (rim) ABO incompatível (rejeição mediada por anticorpo) - 1B
- Transplante MO ABO incompatível Major-HPC(M) - 1B
- Transtornos neuropsiquiátricos pediátricos autoimunes associados com infecções estreptocócicas (PANDAS) - 1B
- Neuromielite óptica (NMOSD) ataque agudo ou recaída - 1B (se for crônica, Categoria III - 2C)
- Dessensibilização transplante cardíaco - 1C
- Crioglobulinemia grave/sintomática - 2A
- Tempestade tireotóxica - 2C
- AHAI fria - 2C
- LES - 2C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
PTI
Categoria III - 2C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Psoríase
Categoria IV - 2C (TPE)
Categoria III - 2B (ECP)
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
LES
Categoria II - 2C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Esclerodermia (esclerose sistêmica)
Categoria III - 2C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Púrpura pós-transfusional (PTP)
Categoria III - 2C
Exames importantes para analisar antes de se realizar a troca plasmática terapêutica? Por quê?
Hemograma e Coagulograma.
A plasmaférese altera constituintes sanguíneos após uma única sessão.
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Poliradiculoneuropatia inflamatória crônica desmielinizante
Categoria I - 1B
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Insuficiência hepática aguda
Categoria I - 1A na modalidade HV (se for só a troca plasmática terapêutica é Categoria III - 2B)
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Síndrome Goodpasture diálise-independente
Categoria I - 1B
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Síndrome Goodpasture com hemorragia alveolar difusa
Categoria I - 1C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Síndrome Goodpasture
Categoria I
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Síndrome Antifosfolípide
Categoria I - 2C
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Poliradiculoneuropatia aguda inflamatória desmielinizante
Categoria I - 1A
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Síndrome Guilain-Barré
Categoria I - 1A
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Hipercolesterolemia familiar homozigótica
Categoria I - 1A
Qual a categoria que a condição a seguir se encaixa na recomendação de aférese terapêutica?
Hipercolesterolemia familiar heterozigótica
Categoria II - 1A