Abcesso de pulmão Flashcards
Definição de abcessos pulmonares
Caracterizado por infecção, liquefação, necrose e formação de cavidade com supuração no parênquima pulmonar, com extensão variável.
•Fase inicial: Pneumonia necrotizante ou gangrena pulmonar são pequenos múltiplos abscessos pulmonares.
Fisiopatogenia (+vias de formação) dos abcessos pulmonares
- Foco infeccioso -> liberação de substâncias tóxicas -> isquemia local e necrose.
- Evolução para abscesso em 1 a 2 semanas.
- Vias de formação:
- Aspirativas: distúrbios de consciência – fatores predisponentes abscesso dentário, alcoolismo, diabete e imunossupressão – lobo inferior direito e lobo médio.
- Obstrutiva (da luz): neoplasias (intraluminares), corpos estranhos ou linfonodomegalias (extraluminares)
- Embólica: infecções a distância múltiplos periféricos e bilaterais.
- Pós-pneumônica: infecção por S. aureus, L. pneumoniae e anaeróbios
CLASSIFICAÇÃO de Abcesso de Pulmão
AGUDO e CRÔNICO
PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
- Agudo: < 4-6 semanas (evolução favorável)
- Crônico: > 4-6 semanas (intenso espessamento de parede e pouca possibilidade de cura medicamentosa, com necessária intervenção cirúrgica)
- Primário: sem lesões pulmonares subjacentes
- Secundários: tumores endobrônquicos, HIV.
- Inespecífico: não se identificam patógenos – geralmente anaeróbios.
- Pútrido: causado por anaeróbios, gerando mau hálito, escarro empiemático (com pus) com odor pútrido.
Principais Etiologias dos Abcessos de Pulmão
ETIOLOGIA
• 60 a 90% são causados por anaeróbios – prevotella, peptoesptreptococcus, fusobactérias e bacterioides (B. fragilis resistente a penicilina).
• 30% da flora mista (incluindo anaeróbios).
• 10% bactérias aeróbicas – predominam as gram-negativas, em escala menor S. pneumoniae.
ETIOLOGIAS ESPECÍFICAS
• Micobactérias: M. tuberculosis
• Pós-influenza: S. aureus.
• Imunocomprometidos: Bacilos entéricos gram-negativos, K. pneumoniae, Nocardia, Paragonimus.
• Múltiplos abscessos por êmbolos sépticos: endocardite de valva tricúspide
Quadro Clínico Abcesso de Pulmão
Os sinais e sintomas mais comuns são tosse produtiva com eliminação de grande quantidade de escarro purulento fétido (vômica indica anaeróbios), febre, emagrecimento, mal-estar e dor torácica. Hemoptise (10 a 20% dos casos).
Quadro pode ser agudo ou se estender por semanas.
• Achado comum é a infecção dentária.
• Muitos apresentam evidência de doença crônica, com perda de peso e anemia.
• Pleurisia por disseminação direta ou por fístula.
Exame físico: baqueteamento digital, sinais de anemia e focos sépticos em peças dentárias.
Diagnóstico de Abcesso de Pulmão
Radiografia - apresenta cavidade com nível hidroaéreo circundada, ou não, por infiltrado. Pode necessitar repetir ou TC.
TC de tórax: superior ao Rx, define com precisão a localização e possíveis lesões subjacentes (tumor), linfonodomegalia não está associada a abscesso,
(afastar TB, CA ou infecção fúngica).
Ultrassonografia - útil para identificar a natureza do líquido, volume, e demarcação do ponto de pulsão na pele em derrame.
Identificar MO orienta terapia → Lavado Bronco-alveolar e Escovado Brônquico Protegido.
Broncoscopia: terapêutica e diagnóstica, permitindo a retirada de corpo estranho e aspiração de tampões mucosos e secreções espessas, após lavagem endobrônquica com soro fisiológico.
Geralmente, etiologia anaeróbia é óbvia à clínica.
Tratamento de Abcesso de Pulmão
Penicilina cristalina: boa cobertura para a maioria dos anaeróbios, muitos produzem betalactamase (somar inibidor é uma alternativa). 3 a 4 milhões de UI, IV , 4/4h >21d.
Clindamicina: Preferível. Manter até normalizar RX. parenteral, 600 mg, 6/6h >21d.
Metronidazol não é efetivo contra estreptococcos aeróbios (infecção mista)
S. Aureus: Vancomicina (alternativa: linezolida)
Gram Negativas Aeróbicas: Conforme antibriograma. Mais comuns são K. pneumoniae e P. aeruginosa (DPOC e imunodepremidos).
- Carbapenêmicos, beta-lactâmicos associados a amingoglicosídeos, fluoroquinolonas VO são efetivos.
Avaliação da Resposta a Tratamento de Abcesso de Pulmão
3-5 dias após início de ATB: melhora clínica com redução da febre.
5-10 dias: Defervescência.
2 meses: melhora radiológica
Pacientes com febre por 7-14 dias devem ser submetidos a broncoscopia.
Eliminação de grande quantidade de material purulento e melhora de hálito fétido sugerem evolução favorável.
Aqueles que não melhoram: TC e/ou broncoscopia
Tratamento Cirúrgico de Abcesso de Pulmão
INDICADA EM 10-12%.
• Procedimento usual é a lobectomia. Alternativa é a drenagem percutânea dirigida por TC (imuno- comprometido, que não toleraria ressecção).
Indicações para Tratamento Cirúrgico de Abcesso de Pulmão
Indicações:
• Ausência de progresso após 6-8 semanas de tratamento.
• Suspeita de neoplasia e hemorragia.
• Abscesso > 6 cm, com repercussões tóxicas e sem resposta ao tratamento clínico.
• Sinais radiológico de aumento progressivo da parede do abscesso ou desenvolvimento de bronquiectasia.
Sobre Abcesso de Pulmão, na maioria dos casos é impossível identificar MO etiológico.
V ou F?
Falso:Na maioria dos casos e etiologia anaeróbia é evidente, com um paciente que tem tendência à aspiração (obnubilado, distúrbio de consciência), e abscesso em segmento pendente do pulmão, associado a mau hálito, escarro ou empiema com odor pútrido.
Complicações do Abcesso de Pulmão
- Empiema, sepse, hemoptise, anemia, fístula broncopleural.
- Mortalidade oscila em torno de 10 a 20%.
- Fatores mais associados a mortalidade: abscesso de pneumonia, neoplasia ou alteração do nível de consciência.
- Anemia (Hb < 10 g/dl).
- Infecção por P. aeruginosa, S. aureus ou K. pneumoniae.