2ª- Idade Escolar- Desenvolvimento Cognitivo II Flashcards
Qual o impacto do desenvolvimento cognitivo na idade escolar? Quais os fatores gerais de desenvolvimento?
À medida que a criança cresce melhora a usa habilidade de regular e suster a atenção, processar e reter informação, planear e monitorizar o seu comportamento. Todos estes desenvolvimentos são centrais para a função executiva, o controlo consciente dos pensamentos, emoções e ações de forma a atingir objetivos e resolver problemas.
Fatores gerais de desenvolvimento:
Velocidade de processamento; atenção; memória; metacognição; estratégias e regras; conhecimentos.
O que é a velocidade de processamento e coo se desenvolve na idade escolar?
Velocidade com que se implementa e executa processos cognitivos numa grande variedade de tarefas (independentemente da velocidade com que se executa processos periféricos associados).
Tem uma melhoria acentuada na idade escolar.
Quais são os tipos de atenção? Quais as tarefas utilizadas par avaliar cada tipo?
- Atenção sustentada é necessária se se quiser realizar até ao fim uma tarefa complexa. Nos primeiros meses de vida os bebés distraem-se muito facilmente, fixando só durante pequenos períodos um objecto/pessoa/evento. A atenção sustentada aumenta linearmente com o tempo, especialmente quando as crianças começam na pré-escola.
- Atenção seletiva é a capacidade de ignorar informação irrelevante e focar na informação relevante associada à tarefa. (ex: Flanker Test)
- Atenção flexível pode ser descrito como ser adaptável e ser capaz de mudar de foco. Um dos métodos para testar a flexibilidade atencional é pedir às crianças para agrupar cartas com base na categoria (por ex., cor) e depois a meio caminho da tarefa pedir para que passem a agrupar cartas com base noutro critério (por ex., formato).- DCCS
Qual a capacidade essencial para realizar tarefas de regulação da atenção?
As crianças têm de realizar inibição cognitiva para conseguir prestar atenção à informação relevante. A inibição cognitiva garante que a memória de trabalho, que tem capacidade limitada, seja protegida de ficar cheia de informação desnecessária e irrelevante. A inibição cognitiva também ajuda à criança a lidar com as situações sociais e a conter impulsos, emoções e ações hostis. Por ex., com a idade as crianças tornam-se cada vez mais competentes no Stroop Task.
O que é o Distúrbio de Défice da Atenção?
Distúrbio neurobiológico mais comum nas crianças em idade escolar. Acontece em consequência de uma disfunção do lobo pré-frontal. A pessoa tem dificuldades de atenção, concentração e de memória. Neste distúrbio pode apenas prevalecer a desatenção (DDA) ou ser também acompanhado por hiperatividade e impulsividade Transtorno do Défice de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
Quais os tipos de memória?
- Memória sensorial: a informação que nos chega aos órgãos dos sentidos é armazenada momentaneamente nos córtices sensoriais.
- Memória de trabalho: permite reter uma quantidade limitada de informação por um curto período de tempo, permitindo ao indivíduo manipular essa informação com vista à realização da tarefa.
- Memória de longo prazo: quanto mais informação processarmos na memória de trabalho e mais efetivamente a processarmos, o mais provável é que seja transferida para a memória de longo prazo onde pode ficar armazenada por tempo indefinido.
Quais os processos de operação que melhoram a memorização?
memorização:
- Chunking – Método utilizado por crianças mais velhas (> 8 anos?), em que a informação é memorizada por repetições de chunks. Os chunks são segmentos de informação, que precisam ser juntos a outros segmentos, para se obter a descrição de um evento/objeto/etc. Os segmentos permitem melhorar a retenção a curto-prazo do material, contornando os limites da memória de trabalho.
- Codificação – Processo pelo qual a informação é armazenada na memória de longo prazo. Os eventos são codificados conjuntamente com a informação sobre o contexto em que foram encontrados. Crianças entre os 5 e 7 anos tornam-se cada vez mais capazes de recordar detalhes como quando e onde um evento ocorreu.
- Automatização – Com o crescimento os processos vão-se tornando mais automáticos, fáceis e rápidos.
- Recordação – Consiste em criar uma representação mental dos estímulos que já não se encontram presentes. Parece estar presente a partir do 1 ano de idade, visto que as crianças são capazes de procurar objetos escondidos e imitar ações e expressões faciais de pessoas após algumas horas. A partir do 2º ano de idade a recordação é mais consistente (1 ou 2 itens). Por volta dos 4 anos já atingiu ou 4 itens. Um adolescente típico lembra-se de 6 itens.
- Reconhecimento – É uma forma mais básica de recordação, envolve identificar que um estímulo é idêntico ou similar a um outro estímulo previamente experienciado. Uma das técnicas utilizadas é o paradigma de habituação: a criança olha menos tempo para os estímulos reconhecidos. A memória de reconhecimento aumenta com a idade.
O que é o fenómeno de amnésia infantil e quais as várias teorias que a tentam explicar?
: Amnésia infantil descreve a observação de que muito poucas pessoas têm memórias antes do 2 ou 3 anos de idade. Há várias teorias para explicar esta situação: 1) Alterações nos lobos frontais são essenciais à formação de memórias explicitas e conscientes;
2) A memória autobiográfica dos eventos tem correspondência com o desenvolvimento linguístico do indivíduo;
3) O conhecimento emocional pode também desempenhar um papel na formação da memória autobiográfica de criança, visto que um estudo longitudinal mostrou que o primeiro prevê o segundo.
O que é a metacognição e como se desenvolve?
Conhecimento sobre os próprios processos cognitivos e sobre o uso de estratégias cognitivas. Durante a segunda e terceira infância a metacognição expande-se à medida que as crianças constroem uma Teoria da Mente. Uma segunda faceta deste crescimento diz respeito ao desenvolvimento do que é que significa pensar. De forma a realizarem tarefas cada vez mais complexas as crianças têm de pensar sobre o próprio pensamento. Ex. “É melhor eu escrever aquele nº de telefone senão poderei esquecê-lo.” Crianças com 6 e 7 anos de idade compreendem, por exemplo, que para realizarem bem uma tarefa tem de prestar atenção a essa tarefa, concentrarem-se, fazer esforço. Com 10 anos, as crianças distinguem as atividades mentais com base na certeza do conhecimento. Tem a noção de que lembrar, saber ou compreender é mais certo do que adivinhar, estimar ou comparar. Tem a noção de que a compreensão melhora a memorização. As crianças mais velhas pensam a mente como um agente ativo e construtivo que seleciona e transforma a informação.
O que é a metamemória?
uma forma importante de metacognição. A metamemória, o conhecimento sobre nossa própria memória, aperfeiçoa-se com a idade. Entre os 5 e 7 anos, os lobos frontais do cérebro desenvolvem-se e reorganizam-se, tornando a metamemória – e a melhor recordação – possíveis.
Quais são algumas estratégias mnemónicas que crianças na idade escolar começam a utilizar?
– Repetição - Envolve repetir a informação várias vezes. Primeiro método utilizado pelas crianças, no qual atingem competência plena entre os 6 e os 8 anos de idade.
– Ajudas externas - Anotar um número de telefone, fazer uma lista, ajustar um timer e colocar um livro da biblioteca junto à porta de casa são exemplos de recursos mnemônicos externos: estimulação por algo externo à pessoa. Mesmo alunos de pré-escola reconhecem o valor dos recursos externos, e, à medida que ganham idade, as crianças os utilizam com mais frequência.
– Organização - Significa colocar mentalmente as informações em categorias (como animais, móveis, veículos e roupas) para facilitar a recordação.
– Elaboração - as crianças associam as informações a outra coisa, como uma imagem ou uma história. Para se lembrar de comprar limões, ketchup e guardanapos, por exemplo, uma criança poderia imaginar um vidro de ketchup equilibrado sobre um limão, com uma pilha de guardanapos à mão para limpar o ketchup derramado. A organização e elaboração são estratégias características de crianças mais velhas (9-10 anos).
O que é a Teoria Overlapping Waves de Siegler?
Utiliza uma metáfora evolutiva – a seleção natural – para compreender as alterações cognitivas que decorrem durante o crescimento das crianças. Perante um problema difícil, as crianças geram várias estratégias, testando a utilidade de cada uma. Com a experiência, algumas dessas estratégias são selecionadas, tornam-se mais frequentes e sobrevivem. Outras tornam-se menos frequentes e desaparecem. As estratégias mentais das crianças apresentam variabilidade e seleção, originando técnicas adaptativas de solução dos problemas.
O que é a teoria do desenvolvimento cognitivo de Robbie Case?
A teoria de Robbie Case é uma teoria neopiagetiana que aceita os estádios de Piaget mas atribuí as alterações dentro dos estádios e o movimento de um estádio para o próximo, ao aumento da eficiência com que cada criança utiliza a sua capacidade limitada da memória de trabalho. Cada estádio envolve um tipo distinto de estrutura cognitiva: na primeira infância, as ações físicas e a informação sensorial; na segunda infância, as representações internas de eventos e ações; na terceira infância as transformações simples de representações; na adolescência, as transformações complexas de representações. Cada estádio envolve aumento do m-space (mental space) onde ocorre efetivamente o pensamento..
Segundo Robbie Case, quais são os fatores que contribuem para as mudanças cognitivas?
Amadurecimento neuronal: Alterações neurológicas, incluindo a mielinização, o crescimento sináptico, a poda sináptica, melhoram a eficiência do pensamento. Em cada momento do desenvolvimento, a criança tem uma velocidade máxima de processamento limitada.
Desenvolvimento de estratégias cognitivas: Os esquemas de Piaget são as estratégias mentais das crianças. Em cada estádio, através da repetição continuada, os esquemas das crianças tornam-se automáticos, livres dos recursos da memória de trabalho para se combinarem com os esquemas existentes. A prática de esquemas (assimilação) leva a automatização, libertando a WM para outras atividades, permitindo a combinação e construção de esquemas (acomodação).
Automatização de estruturas conceptuais centrais: Quando os esquemas de Piaget se tornam automáticos e o desenvolvimento do cérebro aumenta a velocidade de processamento, passa a existir espaço suficiente na WM para consolidar os esquemas numa nova forma representacional melhorada. Como resultado, as crianças geram estruturas conceptuais centrais – redes de conceitos e relações que as permitem pensar sobre uma grande variedade de situações de uma forma mais avançada. Quando a criança forma novas estruturas conceptuais centrais, movem-se para o próximo estádio de desenvolvimento.