129 - Anemias Hemolíticas Flashcards
Qual é a única causa adquirida de anemia hemolítica por defeito intracorpuscular?
Hemoglobinúria Paroxística Nocturna (HPN).
Qual é a única causa hereditária de anemia hemolítica por defeito extracorpuscular?
Síndrome hemolítico-urémico familiar.
Verdadeiro ou falso.
As alterações esqueléticas não são uma manifestação clínica das anemias hemolíticas.
Falso.
Podem surgir alterações esqueléticas por sobrecarga medular [mas nunca tão graves como na talassemia].
Com que é que estão relacionados os achados laboratoriais das anemias hemolíticas?
Os achados laboratorias são decorrentes da hemólise e da resposta eritropoiética da medula óssea.
Como se encontra o urobilinogénio na anemia hemolítica?
Encontra-se aumentado tanto a nível urinário como fecal.
Quais os principais sinais laboratoriais de uma anemia hemolítica intravascular?
- Aumento da LDH
- Hemoglobinúria [frequentemente com hemossiderinúria]
- Diminuição da haptoglobina
- Bilirrubina normal ou ligeiramente aumentada
Que achado seria de esperar encontrar num aspirado de medula óssea num doente com anemia hemolítica?
Uma medula com hiperplasia eritróide. No entannto, para a grande maioria dos casos, NÃO É NECESSÁRIO REALIZAR UM ASPIRADO MEDULAR PARA O DIAGNÓSTICO DE ANEMIA HEMOLÍTICA.
Verdadeiro ou falso.
A esplenomegalia é um achado raro na destruição extramedular de eritrócitos
Falso.
A esplenomegalia é um achado FREQUENTE na destruição extramedular de eritrócitos, com possível desenvolvimento de hiperesplenismo
Qual a prinpical consequência no metabolismo do ferro derivada da hemólise intravascular crónica?
Existirá uma hemoglobinúria persistente que levará a uma perda considerável de ferro.
Qual a prinpical consequência no metabolismo do ferro derivada da hemólise extravascular crónica?
Existirá uma sobrecarga de ferro, especialmente se o doente necessitar de transfusões de sangue de forma frequente.
Qual é a diferença entre a hemólise compensada e a hemólise descompensada?
Na hemólise compensada, a resposta da medula é suficientemente forte para repor os eritrócitos destruídos, não existindo assim anemia. Na hemólise descompensada, esta resposta é insuficiente para fazer frente à perda de eritrócitos, levando à anemia hemolítica.
Qual é a principal proteína do citoesqueleto do eritrócito?
A principal proteína do citosqueleto é a espectrina, cuja unidade básica é um dímero de α e β-espectrina.
Quais são as proteínas mais abundantes na membrana do eritrócito?
São as glicoforinas e a banda 3, que consiste num transportador aniónico.
Quais são as proteínas que garantem a ancoragem da membrana celular ao citoesqueleto?
São as proteínas da família da Anquirina e Bandas 4.1 e 4.2.
Qualquer anomalia no complexo _________-________ quebra o fino equilíbrio do eritrócito e pode mesmo levar a ________
Qualquer anomalia no complexo MEMBRANA-CITOSQUELETO quebra o fino equilíbrio do eritrócito e pode mesmo levar a HEMÓLISE. Estas anomalias são quase invariavelmente HERDADAS
Qual é a frequência estimada da esferocitose hereditária?
1 em 5000 - tipo relativamente comum de AH
Qual é o principal teste de diagnóstico da esferocitose hereditária?
Teste de fragilidade osmótica. Na esferocitose hereditária os eritrócitos são anormalmente suscetíveis a lise em meios hipotónicos.
Verdadeiro ou falso.
Todas as formas de esferocitose hereditária são herdadas de forma autossómica dominante.
Falso.
Embora a esferocitose hereditária seja classicamente herdada como autossómica dominante, algumas das formas mais graves da doença são AUTOSSÓMICAS RECESSIVAS.
Quais são as principais manifestações clínicas da esferocitose hereditária?
- Icterícia
- Esplenomegália
- frequentemente cálculos biliares (o seu achado num jovem costuma levar à investigação diagnóstica)
No que toca ao volume dos eritrócitos, como se caracteriza a esferocitose hereditária?
Caracteriza-se como uma anemia normocítica, com a sua morfologia característica.
Que aspecto laboratorial é altamente sugestivo da esferocitose hereditária?
Um aspecto característico de EH é o aumento na concentração da hemoglobina corpuscular média [CHCM].
Qual o papel do baço na esferocitose hereditária?
O baço tem um duplo papel nesta patologia, já que é o local principal da destruição de esferócitos e também acelera a destruição dos mesmos, já que a circulação esplénica torna as células mais esferocíticas.
Quando está indicada a esplenectomia na esferocitose hereditária?
A esplenectomia está indicada nos casos moderados e graves. Nos casos moderados, deverá ser protelada até à puberdade e nos casos graves, até aos 4-6 anos de idade. Deverá ser EVITADA nos doentes com doença LIGEIRA.
Qual é o gold-standard para avaliação da sobrevida dos eritrócitos?
Crómio 51 - no entanto raramente é necessário
Verdadeiro ou falso.
Na eliptocitose hereditária, há uma correlação directa entre a morfologia eliptocítica e a gravidade clínica.
Falso.
NÃO há uma correlação direta entre a morfologia eliptocítica e a gravidade clínica.
Qual é a frequência estimada da eliptocitose hereditária?
Prevalência semelhante à esferocitose (1/5000)
Os distúrbios do transporte de catiões têm herança de que tipo? Qual a principal característica associada a este tipo de patologias?
Autossómica dominante. Aumento do sódio intracelular e dimimuição do potássio intracelular (pseudohipercaliémia)
Quais os dois tipos de fenótipo mais comuns nos distúrbios do transporte de catiões?
A estomatocitose (eritrócito sobrehidratado - baixo CHCM) e a xerocitose (eritrócito subhidratado - alto CHCM).
Qual a principal mutação associada à xerocitose?
Mutação no gene PIEZO1.
Quais as principais mutações associadas à estomatocitose?
PIEZO1
SLC4A1 (banda 3);
RHAG (rhesus);
SLC2A1 (transportador de glucose, responsável por uma forma especial denominada criohidrocitose).
Em que situações está indicada a esplenectomia na estomatocitose?
Está CONTRA-INDICADA! A maioria dos doentes tem complicações tromboembólicas graves decorrentes da esplenectomia.
Em que cromossoma se encontra o gene responsável pela piruvato cinase?
Cromossoma 1q21.
Qual é a prevalência da deficiência da piruvato cinase?
1 em 10 000. É o défice enzimático da via glicolítica mais comum, não deixando, apesar disso, de ser raro.
Qual é o fenótipo expresso nos doentes com homozigotia para a deficiência da piruvato cinase?
Anemia hemolítica que se manifesta no recém-nascido por icterícia neonatal persistente associada a reticulocitose bastante elevada.
A anemia associada à deficiência da piruvato cinase consegue ser bastante bem tolearada. Porquê?
Porque a deficiência da piruvato cinase, que condiciona um bloqueio metabólico na última etapa da via glicolítica causa um aumento do 2, 3-BFG, um efector importante na curva de dissociação da hemoglobina-oxigénio.
Em que situações é aconselhável a esplenectomia na deficiência de piruvato cinase?
Na doença grave.
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As enzimopatias devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de qualquer anemia ________ Coombs-_______.
As enzimopatias devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de qualquer anemia HEMOLÍTICA Coombs-NEGATIVA.
Como se realiza o diagnóstico definitivo de uma enzimopatia?
O diagnóstico definitivo só é possível ser estabelecido através da demonstração da deficiência de uma enzima individual por ensaios QUANTITATIVOS
Qual é a principal diferença morfológica entre as anemias hemolíticas por alterações membranares vs enzimopatias?
As por enzimopatias não mostram alterações morfológicas características dos eritrócitos, ao contrários das alterações membranares dos eritrócitos, como é o caso da esferocitose hereditária.
Qual é o tipo de enzimopatia eritrocitária que pode manifestar-se como deficiência mental grave?
Deficiência da triose fosfato isomerase.
Mnemónica: A Triose afeta a Tola.
A glucose 6 fosfato desidrogenase (G6FD) tem uma hereditariedade de que tipo?
Ligada ao X.
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Indivíduos do sexo masculino com glucose 6 fosfato desidrogenase são _______ para o gene.
Indivíduos do sexo masculino com glucose 6 fosfato desidrogenase são HEMIZIGOTOS para o gene.
Qual é o único mecanismo metabólico responsável por garantir o ATP aos eritrócitos?
É a glicólise anaeróbia.
Quais são as consequências possíveis de mutações que afetem o gene G6FD?
Na maioria dos casos, há diminuição da estabilidade da proteína in vivo com envelhecimento de eritrócitos marcadamente acelerado. Em alguns casos, pode haver alteração da função catalítica da enzima.
Quais os sintomas presentes na maioria dos doentes com deficiência da G6FD?
Nenhuns. A maioria dos doentes é assintomática durante toda a vida. No entanto, todos correm risco de ter icterícia neonatal e anemia hemolítica aguda quando expostos a diversos agentes oxidativos.
A icterícia neonatal nos doentes com deficiência de G6FD tem o seu pico de incidência em que dias?
A incidência máxima é entre o segundo e o terceiro dias de vida.
Quais são os factores que estão associados a um aumento do risco de icterícia neonatal grave nos doentes com deficiência da G6FD?
1 - Prematuridade
2 - Infeção
3 - Fatores ambientais [naftalina]
4 - Mutações no UGT1A1
Quais são os factores que estão associados a um aumento do risco de desenvolver uma anemia hemolítica aguda nos doentes com deficiência da G6FD?
1- Fármacos
2- Infeção
3- Favas
Quais são as alterações características encontradas no esfragaço de sangue periférico de um doente com uma anemia hemolítica aguda no contexto de uma deficiência de G6FD?
- Poiquilócitos bizarros com formas em hemifantasma (hemoglobina distribuída de forma desigual pelo eritrócito)
- Células mordidas ou em forma de bolha
- Anisocitose
- Policromasia
- Esferócitos
Qual era o teste classicamente realizado para diagnóstico da anemia hemolítica aguda num doente com deficiência da G6FD?
Coloração com metil violeta, que revelava a presença de corpos de Heinz (precipitados de hemoglobina desnaturada e de hemicromos, que também são possíveis encontrar nas hemoglobinas instáveis).
Quais são os dois fármacos com maior susceptibilidade a provocar uma crise hemolítica aguda num doente com deficiência da G6FD?
- Primaquina
- Rasburicase
Em que situações é que o tratamento com primaquina é a única opção viável na malária?
- Eliminar gametócitos do P. falciparum
- Eliminar hipnozoítos de P. vivax.
Qual é o protótipo de doente com anemia hemolítica não esferocítica crónica?
É um doente do sexo masculino, com história de icterícia neonatal e que se pode apresentar com anemia de grau muito variado, icterícia inexplicada ou com cálculos biliares mais tarde na vida. Poderá ter esplenomegália.
Verdadeiro ou falso.
Os agentes oxidativos que descompensam a deficiência da G6PD também podem descompensar aanemia hemolítica não esferocítica crónica.
Verdadeiro.
Qual o tipo de teste laboratorial necessário para diagnosticar uma deficiência de G6FD numa situação de crise hemolítica aguda?
Só um teste quantitativo consegue fazer um diagnóstico nestas condições, já que os habituais testes semi-quantitativos utilizados para rastreio populacional e com capacidade diagnóstica em situações estáveis vão sobrestimar a atividade da G6PD porque os eritrócitos mais velhos foram destruídos [cuja atividade da G6PD estava diminuída] e persistem em circulação os eritrócitos novos [cuja atividade da G6PD estava aumentada].
Verdadeiro ou falso.
A esplenectomia não se mostrou benéfica em situação alguma na anemia hemolítica não esferocítica crónica.
Falso.
A esplenectomia mostrou-se benéfica nos casos GRAVES.
Verdadeiro ou falso.
Defeitos hereditários do metabolismo da glutationa são extremamente raros, mas podem desencadear anemia hemolítica crónica.
Verdadeiro.
Em que é que consiste a poiquilocitose infantil?
Anemia grave e rara, em geral autolimitada ao 1º mês de vida, associada à deficiência da glutationa peroxidase (GSHPx) por deficiência nutricional transitória de selénio.
Qual é a função da 5-pirimidina nucleotidase?
É uma enzima indispensável ao catabolismo de nucleotídeos originários da degradação de ácidos nucleicos das fases finais da maturação dos eritrocitose.
Qual é o aspecto distintivo da deficiência da 5-pirimidina nucleotidase?
Pontilhado basofílico.
Verdadeiro ou falso.
Os doentes com deficiência da 5-pirimidina nucleotidase não beneficiam de esplenectomia.
Falso.
Podem BENEFICIAR. Têm anemia de intensidade variável que dura a vida toda
Verdadeiro ou falso.
A deficiência de 5-pirimidina nucleotidase é a terceira enzimopatia mais comum dos eritrócitos.
Verdadeiro.
Apenas encontra-se atrás da deficiência de G6FD e da piruvato cinase.
Qual é o grupo etário mais afectado pelo SHU familiar?
Crianças
Quais são as proteínas reguladoras do complemento?
Mutações do fator H do complemento [CFH], CD46 ou cofator proteico da membrana [MCP], o fator do complemento I [CFI], o componente C3 do complemento, o fator B do complemento [CFB] e a trombomodulina. Estas são importantes na medida em que o SHU familiar ou atípico deve-se a mutações nestes genes.
Qual é a taxa de mortalidade na fase aguda do SHU atípico ou familiar?
15%.
Qual é a percentagem de doentes que evolui para DRT no SHU atípico?
Até 50% dos casos.
Verdadeiro ou falso.
A SHU atípica raramente sofre remissão espontânea.
Falso.
A SHU atípica NÃO INFREQUENTEMENTE sofre remissão espontânea, apesar de a síndrome poder reaparecer visto que o défice na regulação do complemento continua presente.
Qual é a melhor forma de tratamento para a SHU atípica?
Plasmaferese, à semelhança da PTT.
Qual é o mecanismo de acção do eculizumab?
É um inibidor do C5, sendo útil no tratamento da SHU atípica, melhorando:
- Quadro microangiopático,
- Contagem de plaquetas
- Função renal
Qual é a tríade que é encontrada na anemia hemolítica auto-imune?
Diminuição do nível de hemoglobina no espaço de dias de até 4 g/dL, icterícia e algumas vezes esplenomegália.
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A prova de Cooombs detecta ________ o mediador patogénico da doença.
A prova de Coombs detecta DIRECTAMENTE o mediador patogénico da doença. (Quando positivo - diagnóstico estabelecido; Quando negativo - diagnóstico improvável)
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A anemia hemolítica auto-imune pode surgir isolada ou desenvolver-se como __________ de uma doença __________.
A anemia hemolítica auto-imune pode surgir isolada ou desenvolver-se como COMPLICAÇÃO de uma doença AUTOIMUNE.
Verdadeiro ou falso.
A transfusão de eritrócitos quase nunca é necessária na anema hemolítica autoimune aguda grave.
Falso.
A transfusão de eritrócitos quase SEMPRE é necessária na AHAI aguda grave.
Qual é o tratamento farmacológico de primeira linha na anemia hemolítica autoimune?
Prednisolona 1 mg/kg/dia - produz remissão imediata em 50% dos casos.
Actualmente, começa-se a considerar que o tratamento com prednisolona + rituximab possa vir a ser o tratamento de primeiro linha, já que parece reduzir recorrência (que é comum) da AHAI.
Em que doentes com anemia hemolítica autoimune é aconselhada a esplenectomia?
Para doentes que recaem ou são refractários ao
tx médico. Esta abordagem não é curativa, mas ao remover o principal local de destruição eritrocitária, minimiza a anemia.
Verdadeiro ou falso.
A recorrência é comum na anemia hemolítica autoimune.
Verdadeiro.
Qual o tratamento a considerar em doentes extremamente refractários e com recaídas graves na AHAI?
Transplante de medula óssea autólogo ou alogénico.
A eritrofagocitose esplénica é mediada por?
Por anticorpos do tipo IgG anti-banda 3 e fragmentos do complemento C3