TIREOIDE Flashcards
Hipotireoidismo na gestação
TSH deve ser repetido imediatamente após detectada alteração na triagem.
Subclínico na gestação:
A variação do TSH varia de acordo com o trimestre
- 1 trimestre: TSH > 2,5 mUI/L
- 2 e 3 trimestre: TSH > 3,0 mUI/L
Anti-TPO positivo aumenta o risco de progressão para hipotireoidismo franco.
O objetivo do tratamento é manter os níveis de TSH dentro das faixas em cada trimestre (abaixo de 2,5 mUI/L no primeiro e abaixo de 3,0 mUI/L nos trimestres subsequentes).
Diagnóstico —> 1 trimestre: TSH > 2,5; 2 e 3 > 3,0.
- Se TSH entre 2,6 - 4,0 —> solicitar Anti-TPO —> se negativo, observar. Se positivo, Levotiroxina na vigência de história de abortamento e de acordo com a preferência da paciente. Dose 50mcg/dia
- Se > 4,0 —> analisar T4 livre —> se normal (hipotireoidismo subclínico), levotiroxina 1,0 mcg/kg. Se baixo (hipotireoidismo franco), repor levotiroxina 1,6 mcg/kg.
Avaliar a cada 4-6 semanas no início é depois a cada 6-8 semanas.
É comum aumentar a dose de levotiroxina devido às maiores demandadas do período gestacional, em 20-30%.
Hipotireoidismo subclínico
TSH elevado e T4L normal (diagnóstico bioquímico, não sintomático).
Uma vez diagnosticado —>
Repetir exame de TSH em um prazo 1-3 meses para confirmação da situação, se TSH entre 4,5 e 14,9.
Repetir exame em 1- 2 meses se TSH maior ou igual a 15.
Taxa de progressão para o franco de 5% ao ano (alerta se TSH> 10, autoanticorpos positivos, história familiar de hashimoto, antecedente de tratamento de hipertireoidismo).
Tratar se —>
- TSH > 10mUI/L, independente da idade.
- Se menos que 65 anos, TSH entre 4,5 a 6,9 —> tratar se clínica muito sugestiva de hipo, Anti-TPO +, TSH em aumento progressivo, plano de gravidez, bócio.
- Se menos que 65 anos e TSH entre 7,0 a 9,9 —> considerar repor se alto risco cardiovascular ou clínica muito sugestiva de hipotireoidismo.
- Se 65 anos ou mais e TSH entre 4,5 a 6,9 —> não repor.
- Se 65 anos ou mais e TSH entre 7,0 a 9,9—> repor levotiroxina
Gestantes e mulheres que pretendem engravidar sempre manter TSH abaixo de 2,5. Ou pacientes com sintomas atribuíveis a deficiência do hormônio tireoidiano.
Síndrome do eutireoideo doente
Doenças sistêmicas graves (sepse, IC, aids, desnutrição significativa, IAM grave, neoplasias, grandes queimados etc) —> aumento da produção de citocinas —> anormalidades no TSH ou níveis de hormônios circulantes.
Apresenta diminuição do T3 total e livre, com TSH e T4 normal —> prejuízo na conversão periférica de T4 em T3 pela desiodase tipo 1, aumentando a formação de T3 reverso (biologicamente inativo).
- Nesses casos, o foco é tratar a doença primária, não é para repor hormônio tireoidiano de forma rotineira.
Hipotireoidismo congênito
- O quadro pode ser transitório (maioria dos casos) ou permanente (má formação congênita).
- Os sinais e sintomas podem ser sutis/ausentes no início, devido aos hormônios tireoidianos recebidos via placenta.
Depois de alguns dias ele pode apresentar: macroglossia, mixedema, ganho de peso, icterícia prolongada, atraso no fechamento das fontanelas, pele fria e seca, cabelos finos e quebradiços, hipotermia, redução na velocidade de crescimento, atraso puberal. - O teste do pezinho (realizado no segundo e no quinto dia) é importante para rastreio —> dosagem de TSH do neonato —> se maior que 10 —> solicitar denovo em 1 semana para confirmar diagnóstico.
- Tratar com levotiroxina que vai iniciar de 7-10 microgramas por Kg e com o passar dos anos vai diminuindo até o 1,6 microgramas por kg.
- Avaliar com TSH mensal nos primeiros 6 meses, monitorar peso, crescimento, idade óssea, desenvolvimento intelectual e neuropsicomotor.
Coma Mixedematoso
Geralmente tem um evento precipitante (infecção, exposição ao frio, síndrome coronariana aguda, traumas, cirurgias) —> rompe as adaptações neutro vasculares do hipotireoidismo.
- Tríade: evento precipitante + hipotermia + alteração do nível de consciência.
- A maioria dos pacientes encontra-se com pneumonia bacteriana.
- Pode ter hiponatremia e hipoglicemia.
- Se dúvida com a síndrome do eutireoideo —> solicitar CPK que estará aumentado nesta última.
Tratamento: Levotiroxina EV + Hidrocortisona EV + suporte ventilatório + corrigir hiponatremia e hipoglicemia + aquecimento com cobertas de forma passiva.
Hipertireoidismo subclínico
TSH baixo com T3 e T4L normais (pôde-se solicitar T3 total depois do T3 para descartar T3 toxicose).
Conduta:
- Repetir o exame em do 3-6 meses (muitos pacientes entram em remissão).
- Se TSH < 0,10 mUI/L, tratar se —> 65 anos, cardiopatias, arritmias, mulheres pós menopausa com risco de osteoporose (sem usar bifosfonatos ou reposição hormonal) ou já com a osteoporose diagnosticada. Ou sintomas de hipertireoidismo. Geralmente é recomendado para mulheres que pretendem engravidar ou grávidas. Pode-se considerar em casos de bócio.
- Se TSH entre 0,1-0,39 tratar se > 65 anos e presença de doenças cardiovasculares ou diabetes
- Nos demais, só acompanhar.
Doença de Graves
- Mais comum em mulheres de 20-50 anos. Predisposição familiar importante.
- É uma doença autoimune na qual os linfócitos B sintetizam autoanticorpos que atacam a superfície da tireoide, ligando-se aos receptores de TSH e, consequentemente, gerando efeito trófico, produtor de hormônios e aumentando a vascularização (TRAb estimulante).
- O anti-TPO positivo em 80% dos casos.
- Paciente vai ter manifestações de tireotoxicose gerais (perda ponderal, taquicardia, palpitação, sudorese, hiperdefecação, insônia, agitação psicomotora, amenorreia/oligomenorreia, queda de cabelo, lid lag).
- Manifestações específicas: bócio simétrico e difuso, oftalmopatia infiltrativa (exoftalmia, olhar fixo, retração a pálpebra com exposição da esclera), mixedema pré-tibial, baqueteamento digital.
- O TRAb tem indicações específicas.
- RAIU —> quando dúvida diagnóstica entre Graves e tireoidites subagudas. No Graves há uma captação elevada e difusa, enquanto nas tireoidites uma captação baixa.
- Os nódulos tem suas indicações específicas.
- Tratamento: betabloqueadores para sintomas de tireotoxicose (propanolol) + tionamida.
- A radioiodoablação pode ser uma opção em hipertireoidismo significativamente sintomático, intolerância às tionamidas, idosos ou comorbidades com alto risco de se manterem muito tempo em hipertireoidismo. Devem ser tratados inicialmente com betabloque e/ou não com tionamidas por 1 mês e suspender 1-2 semanas antes da RIT.
- Cirurgia —> treoidectomia subtotal ou lobectomia. Analisar indicações.
Indicações de cirurgia no Hipertireoidismo
- Paciente que não controla a doença com tionamida e que recusa radioablação.
- Doença com bócio volumoso que gera deformação estética ou comprometimento da traqueia.
- Suspeita de neoplasia tireoidiana subjacente.
- Grávidas com hipertireoidismo que não conseguiram controlar a doença com as drogas ou alérgicas (somente realizar no segundo trimestre).
Sempre monitorizar calcemia pelo risco de hipoparatireoidismo secundário.
Radioablação com IODO-131
- Tratamento de escolha para BMT e Plummer.
- Administração de um isótopo radioativo via oral que causará destruição da tireoide.
- Indicado para: casos de recidiva pós tionamidas, contraindicação a cirurgia e ao uso das tionamidas, pacientes mais velhos com hipertireoidismo moderado e aumento da glândula e naqueles que uso regular da medicação não garantido.
- Tratar o paciente, inicialmente, por 1 mês com tionamidas para diminuir o risco de crise tireotóxica e suspender 3-7 dias antes da radioablação.
- É contraindicado em gestantes e mulheres que estão amamentando.
- Solicitar USG para descartar nódulos antes da radio.
- Maioria dos paciente evolui com hipotireoidismo depois do procedimento.
Tionamidas
Propitiluracil:
- Inibe a ação da TPO (peroxidase tireoidiana), inibindo os processos de oxidação e organificação do iodo. Em doses altas, maiores que 600 (o habitual é entre 300-600), há uma inibição da conversão periférica de T4 —> T3 pela inibição da desiodase tipo 1.
- Indicada somente como escolha em gestantes no primeiro trimestre, pacientes com crise tireotóxica e pacientes com efeitos colaterais/contraindicação ao Memitazol.
- Suspender se transaminases > 3 LSN sem melhora em 1 semana de tratamento.
Memitazol:
- Boa posologia, dose única diária, menor risco de hepatotoxicidade.
- Mesmo mecanismo de ação do PTU, exceto da conversão periférica.
Não se prescrever tionamidas de transaminases > 5 LSN e neutrófilos < 500 (por causa do efeito imunossupressor).
As drogas só fazem efeito com 10-15 dias!
Monitorizar com T4L (TSH demora regular).
Tratamento pode durar até 2 anos. Se recidiva —> tratamento definitivo.
Quando solicitar o TRAb
- No diagnóstico de Graves em indivíduos eutireoideos.
- Nos casos de hipertireoidismo apatético.
- Para avaliar o risco de recidiva após tratamento com antitireoidianos.
- Em doença de Graves com poucas manifestações clínicas e que apresentam doença sistêmica.
- Indivíduo eutireoidiano com exofitalmia, principalmente unilateral.
- Em gestantes eutireoidianas com passado de doença de Graves submetidas a radioiodo ou tireoidectomia ou com Graves presente, para avaliar predileção a tireotoxicose neonatal.
- No diagnóstico diferencial com tireotoxicose neonatal.
Crise tireotóxica
- Exacerbação do estado de hipertiroidismo —> descompensação de um ou mais sistemas orgânicos.
- Fatores precipitantes: infecções, cirurgias, IC, hipoglicemia, parto, estresse emocional, AVE, CAD, suspensão de drogas antitireoidianas etc.
- Há um aumento das catecolaminas e de seus receptores, o que contribui para maximizar os efeitos dos hormônios tireoidianos, sem de fato ter um aumento nos seus valores totais. Pode haver um aumento súbito nos níveis de T4 livre e isso tem relação com uma maior agressividade do quadro.
- Paciente pode ter: confusão, delirium, agitação e psicose franca. Coma, arritmias, IC, etc.
Tratamento: Propitiluracil + Iodo (1 hora após PTU) + propanolol + dexametasona.
Bócio multinodular tóxico
Surgimento de nódulos ou crescimento de nódulos preexistentes (principalmente em áreas carentes de iodo), na qual esses nódulos adquirem certa autonomia e começam a produzir hormônio em excesso.
- É uma fase final da evolução do BMA.
- BMT predomina em idosos e mulheres e geralmente é uma complicação do atóxico.
- Clínica: bócio + sinais de tireotoxicose.
- Diagnóstico: cintilografia —> (não esquecer dos hormônios tireoidianos iniciais) múltiplos nódulos hipercaptantes (nódulos quentes). Dosagens de TSH anuais.
- Tratamento —> cirurgia ou radioablação. Realizar controle clínico com tionamidas e betabloque.
Doença de Plummer (adenoma tóxico)
É um nódulo tireoidiano autônomo (mutação somática nos receptores de TSH) hiperfuncionante —> produz muito hormônio.
- Geralmente são maiores que 3 cm para gerar hipertireoidismo (hiperplasia, proliferação celular).
- Paciente apresenta um nódulo solitário com uma clínica de hipertireoidismo (mais brando que o de Graves).
- O diagnóstico é confirmado pela cintilografia —> nódulo único e quente.
- Tionamidas tendem a não resolver —> cirurgia ou radioiodo.
Tireioidite subaguda dolorosa (DeQuervain)
É causa da por uma infecção de via respiratória superior —> reação cruzada entre os anticorpos e antígenos da tireoide com ativação do HLA—> inflamação granulomatosa.
Clínica: quadro gripal —> 1-3 semanas depois cursa com síndrome álgica tireoidiana (dor cervical anterior que pode ser muito intensa) que pode ser associada a uma tireotoxicose transitória. O VHS e PCR podem estar elevados. A cintilografia é de uma tireoide fria.
Tratamento: AINE/ASS inicialmente nas primeiras 48 horas, se não melhorar —> predinisona 40 mg/dia durante 4-8 semanas + betabloque se sintomas de tireotoxicose.