Teste 1 Flashcards
O que estipula a Legislação sobre as Normas de Segurança em Laboratório?
Medidas de Proteção Individual e Coletiva (utilização de equipamento se segurança individual, luvas bata e máscara, bem como imunização dos trabalhos)
Utilização de Processos de Trabalho, Equipamento e Instalações que diminuam o Risco (não pipetar à boca, cuidados com objetos cortantes, equipamentos específicos de segurança biológica como copos de segurança para aerossóis, autoclaves, etc… e separação dos locais de trabalho no laboratório)
Ações em Caso de Acidente (evacuar o local, isolar o local e alertar as autoridades competentes)
De que fatores depende a escolha do método de descontaminação
- tipo de material ou equipamento;
- microrganismos envolvidos ou potencialmente envolvidos;
- tempo disponível para o procedimento;
- risco de infeção;
- nível de descontaminação pretendido.
Descreva os 3 níveis de Risco
Baixo - material não crítico que apenas contacto com a pele intacta ou não contacta de todo com o doente (LIMPEZA)
Intermédio - material semi-crítico que pode estar em contacto com mucosas, contaminado com agentes virulentos ou de fácil transmissão cruzada ou antes de utilização em imunodeprimidos (DESINFEÇÃO)
Elevado - material crítico, introduzido em locais estéreis do organismos, ou que contacte com soluções de continuidade de pele ou mucosas (ESTERILIZAÇÃO)
Descreva o Processo de Limpeza
Processo pelo qual se remove toda a sujidade, matéria inorgânica e orgânica (exs: sangue, secreções, microrganismos) de um objeto, superfície ou parte do corpo. Tem eficácia de cerca de 80% na remoção de microrganismos.
Mesmo em meio hospitalar é feita com água e sabão ou detergente coadjuvados por ação mecânica. Para o processo de limpeza ficar concluído convenientemente todas as superfícies devem ser bem secas.
A limpeza é ainda um pré-requisito fundamental na desinfeção e esterilização de um local, já que facilita a ação posterior do agente desinfetante ou esterilizante na eliminação dos microrganismos e protege contra a corrosão tornando mais seguro o manuseamento de materiais/equipamento clínico.
Descreva o Processo de Desinfeção
Processo que permite a eliminação ou redução para níveis não patogénicos de todos os microrganismos à exceção das formas bacterianas esporuladas. Tem eficácia de 90-99% na eliminação de microrganismos.
Pode ser realizada com agentes físicos ou químicos.
Como agente físico utiliza-se o calor. A desinfeção pelo calor obtém-se através da utilização de máquinas com ciclo de lavagem e desinfeção.
Este processo é adequado para tratamento de materiais que tolerem a exposição repetida ao calor húmido a temperaturas de cerca de 80-90o C, tais como arrastadeiras, urinóis, roupas, equipamentos anestésicos, instrumentos cirúrgicos, etc.
Descreva os diversos anti-sépticos
Os álcoois etílico e isopropílico são desinfetantes de ação rápida, com excelente atividade nas bactérias Gram positivas e Gram negativas, vírus e fungos. Devido à sua fraca penetração não atuam na presença de matéria orgânica, requerendo a limpeza adequada prévia de todos os materiais ou equipamentos.
O cloro é o desinfetante de eleição para contaminação por vírus. Tem também uma boa atividade antibacteriana. É inativo na presença de matéria orgânica.
O glutaraldeído é um desinfetante que apresenta excelente atividade para todos os microrganismos tendo mesmo alguma atividade contra esporos. É irritante para a pele e mucosas e apresenta um elevado potencial de toxicidade pelo que deve ser manuseado com as devidas precauções (em locais ventilados e utilizando máscaras, luvas e óculos). Apenas se utiliza na desinfeção de equipamentos de endoscopia.
A clorexidina apresenta como grande vantagem a sua atividade residual durante algumas horas após a aplicação. Além disso é apenas minimamente inativado na presença de matéria orgânica. Como desvantagens é de salientar a sua ototoxicidade, a inativação na presença de detergentes aniónicos e a
atividade algo reduzida contra fungos, micobactérias e algumas bactérias Gram negativas. É principalmente utilizada na desinfeção da pele e mucosas.
O iodo e a iodopovidona apresentam boa atividade contra todos os microrganismos incluindo alguma atividade contra esporos bacterianos. No entanto podem provocar recções de hipersensibilidade cutânea e alterar as provas de função tiroideia, devendo ser evitados em recém-nascidos. São também usados principalmente como desinfetantes da pele e mucosas.
Descreva a Desinfeção da Pele e Mucosas
Sub-tipo de desinfeção, com objetivo de reduzir a quantidade de microrganismos presentes num dado local anatómico. Realiza-se habitualmente:
-nas mãos do prestador de cuidados de saúde;
-na pele do doente onde se vai realizar um procedimento invasivo (colheita de sangue, administração de fármaco injetável, etc);
-na desinfeção pré-operatória do médico e doente.
É também efetuada através do uso de substâncias antissépticas ou desinfetantes, utilizando-se principalmente o álcool etílico, álcool isopropílico com etilsulfato de mecetrónio (Sterilium ®), clorexidina e os compostos iodados (iodo e iodopovidona).
As indicações destes produtos variam consoante o procedimento a efetuar:
-Higienização das mãos do prestador de cuidados antes de procedimentos invasivos – álcool isopropílico com etilsulfato ou clorexidina;
-Desinfecção da pele do doente antes de:
->Aplicação de injetáveis ou colheita de sangue – álcool etílico;
->Colheita de sangue para hemocultura, algaliação ou desinfeção da pele no campo operatório – iodopovidona;
->Inserção de cateteres endovenosos centrais ou realização de biópsias percutâneas,
punções lombares, etc – iodopovidona ou clorexidina;
- Desinfeção das mucosas do doente:
- > Mucosa oral – clorohexidina ou iodopovidona em solução oral;
- > Mucosas genitais – iodopovidona.
Descreva o Processo de Esterilização
Processo pelo qual são eliminados todo o tipo de microrganismos incluindo bactérias esporuladas. Para ser eficaz é necessário que a carga microbiana inicial seja baixa devendo os materiais ser previamente submetidos a um processo de lavagem e secagem. A eficácia na remoção de microrganismos é de 100%.
Os agentes esterilizantes podem ser físicos (ex: calor húmido ou seco), ou químicos (ex: óxido de etileno ou ortoftaldeído).
Os processos físicos são preferíveis por serem inócuos, não poluentes e de custo mais baixo, sendo os processos químicos reservados para os materiais termo-sensíveis.
Os métodos de calor utilizam temperaturas mais elevadas e/ou tempos de atuação mais longos do que quando utilizados na desinfeção.
Descreva o seguinte meio de cultura: Gelose de Sangue
Meio não seletivo utilizado mais frequentemente. Constituído por gelose enriquecido com sangue de cavalo ou carneiro a 45ºC. Permite o crescimento de praticamente todas as bactérias e leveduras, a observação da presença ou ausência de hemólise e a distinção do tipo de hemólise.
Descreva o seguinte meio de cultura: Meio de MacConkey
Meio seletivo e diferencial para isolamento de bacilos Gram negativos.
Particularidades da sua constituição:
-grande quantidade de sais biliares permitindo apenas o crescimento de bactérias habituadas a estes produtos do metabolismo, como as Enterobacteriáceas e Pseudomonas (Gram negativos) e Enterococcus (Gram positivos – a exceção à seletividade do meio);
-presença de lactose e indicadores de pH, permitindo a distinção entre colónias fermentadoras da lactose (cor rosada) e não fermentadoras da lactose (transparentes ou de cor amarela);
Descreva o seguinte meio de cultura: Meio ANC
Meio seletivo para bactérias Gram positivas. Apresenta uma constituição semelhante à gelose de sangue mas com adição de dois antibacterianos (ácido nalidíxico e colistina) que impedem o crescimento de Gram negativos (com exceção de Gardnerella vaginalis e alguns Bacteroides spp.).
Descreva o seguinte meio de cultura: Gelose de Chocolate
Meio nutritivo utilizado na cultura de microrganismos fastidiosos como Neiserria spp. e Haemophilus spp. Assim denominado por ter aparência de chocolate, já que contém sangue aquecido a 80º C. Semelhante à gelose de sangue mas enriquecido com diversos fatores incluindo os fatores X e V necessários ao crescimento de Haemophilus spp. Não permite distinção de padrões hemolíticos.
Descreva o seguinte meio de cultura: Meio de Sabouraud
Meio seletivo para leveduras. Podem ser adicionados antibacterianos aumentando a sua seletividade.
Descreva o seguinte meio de cultura: Meio Líquido de Todd-Hewitt
Meio líquido mais utilizado. À semelhança dos restantes meios líquidos é usado com o intuito de permitir o enriquecimento do produto biológico em causa facilitando o posterior crescimento dos microrganismos nos meios sólidos e a sua identificação.
Descreva o seguinte meio de cultura: Meio de Muller-Hinton
Meio não seletivo utilizado principalmente para o estudo da suscetibilidade aos antimicrobianos.
Descreva os 3 métodos das técnicas de sementeira para métodos sólidos
- Por quadrantes ou em roseta – coloca-se uma pequena porção de produto num quadrante e procede-se à sementeira com a ansa em todos os quadrantes da placa;
- Por espalhamento com zaragatoa – utiliza-se no teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (TSA) por difusão em placa;
- Para quantificação de colónias – utiliza-se para a urina; técnica igual aos quadrantes mas empregando ansa calibrada.
Descreva os 3 métodos das técnicas de sementeira para métodos sólidos
- Por quadrantes ou em roseta – coloca-se uma pequena porção de produto num quadrante e procede-se à sementeira com a ansa em todos os quadrantes da placa;
- Por espalhamento com zaragatoa – utiliza-se no teste de suscetibilidade aos antimicrobianos (TSA) por difusão em placa;
- Para quantificação de colónias – utiliza-se para a urina; técnica igual aos quadrantes mas empregando ansa calibrada.
Quanto às Condições de Incubação, o que devemos ter em conta?
- Atmosfera – certos microrganismos apenas crescem ou crescem preferencialmente em atmosferas capnofílicas (alto teor de CO2), microaerofílicas (baixo teor de O2) ou anaeróbias (ausência de O2);
- Temperatura – para a maioria dos microrganismos a temperatura ótima de crescimento é 37ºC; no entanto, alguns preferem temperaturas mais baixas ou elevadas (desde 4ºC a 42ºC);
- Humidade – a maioria dos microrganismos tem um desenvolvimento ótimo com humidade igual ou superior a 70%.
Descreva as Características da Parede Celular Bacteriana
À semelhança das células eucariotas, as células procariotas apresentam citoplasma delimitado por uma membrana citoplasmática constituída por uma bicamada fosfolipídica. A envolver esta membrana existe uma parede celular cuja estrutura, componentes e funções permitem classificar a maioria das bactérias em Gram positivas ou Gram negativas.
As bactérias Gram positivas apresentam uma parede celular espessa, composta por múltiplas camadas de peptidoglicano, um polímero de aminoácidos e polissacáridos. Esta parede pode incluir outros componentes, nomeadamente ácido teicóico e lipoteicóico e polissacáridos complexos.
A parede celular das bactérias Gram negativas é mais complexa, apresentando duas porções distintas. Externamente à membrana citoplasmática encontra-se uma fina camada de peptidoglicano sem ácido teicóico ou lipoteicóico. Após esta existe a membrana externa. As duas porções estão separadas pelo espaço periplásmico, onde existem várias enzimas, fundamentais para o metabolismo e virulência do microrganismo, e proteínas transportadoras de metabolitos. A membrana externa é assimétrica sendo o folheto interno composto por fosfolípidos e o folheto externo essencialmente constituído por uma molécula anfipática designada lipopolissacárido (LPS) ou endotoxina.
Qual o Objetivo da Coloração de Gram?
Esta coloração, desenvolvida originalmente por Christian Gram em 1884, é usada para diferenciar determinados microrganismos e classificar as bactérias com base na sua forma, tamanho, organização (“arranjo”) e “reacção de Gram”.
Permite o diagnóstico presuntivo de determinados agentes infeciosos e a avaliação da qualidade de determinadas amostras biológicas.
Descreva os Materiais e Procedimento da Coloração de Gram
Após preparação, secagem e fixação (pelo calor ou metanol) do esfregaço:
a) Roxo de metilo (Primeiro corante) – 30 segundos;
b) Lugol (“mordente” ou fixante) – 60 segundos;
c) Limpeza com Álcool ou Acetona (descorante) e Água;
d) Fucsina (Segundo corante) – 30 segundos;
e) Limpeza com Água e Secagem;
Observação ao microscópio óptico.
Descreva o Princípio da Coloração de Gram
Os microrganismos classificam-se como Gram positivos ou negativos com base nas diferenças da composição e arquitetura da parede celular.
As bactérias Gram positivas, devido à espessa camada de peptidoglicano (20-80 nm), retém a coloração inicial (roxo de metilo).não sendo afetadas pela descoloração com solução alcoólica.
As Gram negativos, com uma fina camada de peptidoglicano (5-10 nm), não têm a capacidade de reter o roxo de metilo, que é removido pela descoloração com álcool, permitindo a coloração pela fucsina (o segundo corante).
Quais as Classificações Possíveis através da Coloração de Gram?
- Reação de Gram: Positiva (roxo) ou Negativa (rosa / encarnado).
- Forma: cocos, bacilos, coco-bacilos.
- Disposição: em cadeia (estreptococos), em cacho (estafilococos), etc.
O que se entende por Flora Microbiana Normal?
Os termos flora microbiana normal, indígena e comensal são sinónimos, sendo utilizados para descrever todos os microrganismos encontrados habitualmente em diversos locais anatómicos de indivíduos saudáveis. Estes microrganismos encontram-se na pele e mucosas de todos os seres humanos pouco após o nascimento e mantêm-se até à sua morte. Os locais anatómicos mais colonizados por esta flora são a pele (com particular incidência na pregas e dobras), as mucosas do tubo digestivo (principalmente mucosa oral e cólon), o sistema respiratório (mucosas nasal e faríngea), a uretra e a vagina. Nesta aula abordar-se-á a flora cutânea, oral, gastrointestinal, nasal e faríngea.
Quais os Benefícios da Flora Indígena?
- Estimulação precoce do sistema imunitário;
- Prevenção da colonização por microrganismos patogénicos;
- Síntese de substâncias essenciais (ex: vitamina K).
Quais os Inconvenientes da Flora Indígena?
- Potencial disseminação para locais previamente estéreis;
- Desenvolvimento excessivo de microrganismos potencialmente patogénicos após:
- > alteração das condições locais;
- > terapêutica antimicrobiana;
- > imunossupressão.
Indique a Flora Indígena mais frequente na Pele
Microrganismos mais frequentes: Staphylococcus coagulase negativos, difteróides anaeróbicos (como Propionibacterium acnes), Micrococcus spp., Corynebacterium spp., etc.
Outros: Bacillus spp., Enterobacteriáceas, Streptococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Candida spp., Pityrosporum spp., etc.
Além da flora descrita acima, nas axilas e períneo de cerca de 10-15% dos indivíduos saudáveis podemos encontrar ainda Staphylococcus aureus.
Indique a Flora Indígena mais frequente na Mucosa Oral
Flora muito diversa chegando a ter mais de 200 espécies diferentes de bactérias Gram positivas e Gram negativas e fungos. Entre os mais frequentes temos Streptococcus spp., Candida spp. e várias bactérias anaeróbias.
Indique a Flora Indígena mais frequente na Mucosa Gastrointestinal
A densidade da flora indígena no trato gastrointestinal vai aumentando progressivamente desde o estômago até ao cólon. Assim na mucosa gástrica podemos ter apenas alguns lactobacilos tolerantes ao ácido ou Helicobacter pylori.
Por outro lado no íleon e cólon existe um grande número de bactérias; a maioria (cerca de 95-99%) são anaeróbios, principalmente Bacteroides spp., mas também existem Streptococcus spp., Enterococcus spp., Enterobacteriáceas (Escherichia coli, Klebsiella spp., etc), Clostridium spp., entre outras.
Indique a Flora Indígena mais frequente na Mucosa Nasal e Faríngea
A mucosa nasal de cerca de 30% dos indivíduos saudáveis alberga S. aureus. Em termos gerais a mucosa naso-faríngea é habitualmente portadora de microrganismos altamente patogénicos como Streptococcus pneumoniae (ou Pneumococcus), Streptococcus pyogenes, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis (agentes de infecções respiratórias) ou Neisseria meningitidis (agente de meningite). Também se pode encontrar Candida spp.
Quais os Critérios de rejeição de amostras biológicas
- Amostras/requisições incorretamente (ou não) identificadas;
- Dados de identificação das amostras e requisições não coincidentes;
- Recipientes e/ou requisições visivelmente conspurcados com matéria orgânica;
- Recipientes partidos e/ou a extravasar produto biológico;
- Amostras inadequadas para o exame microbiológico pedido;