Streptococcus Flashcards

1
Q

Como se caracteriza o género Streptococcus

A

Constituído por uma grande diversidade de cocos gram-positivos em pares ou cadeias. A maioria das espécies são anaeróbios facultativos e muitos possuem crescimento capnofílico (em meios ricos em CO2). Elevadas exigências nutricionais e meios enriquecidos com sangue ou soro para o seu isolamento. Catalase-negativos.

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2
Q

Que critérios se podem usar para classificar as diferentes espécies de Streptococcus?

A

Propriedades Serológicas (Grupos de Lancefield)
Padrões Hemolíticos (hemólise completa - beta; hemólise incompleta - alfa; ausência de hemólise - gama)
Propriedades Bioquímicas

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3
Q

Qual a espécie patogénica de Streptococcus mais comum?

A

Streptococcus pyogenes - pertencem ao grupo A de Lancefield e são por excelência o causador de amigdalite, ainda que também seja conhecido por infeções necrosantes bastante graves.

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4
Q

Qual a forma dos Streptococcus Pyogenes e qual o meio de crescimento ótimo?

A

São cocos esféricos cujo meio de crescimento ótimo é gelose de sangue enriquecida, no entanto é inibido por elevadas concentrações de glicose.

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5
Q

Quais os componentes estruturais relevantes para a virulência e capacidade de infeção do Streptococcus pyrogenes?

A

Carbohidratos de grupo específico (dímero de N-acetilglicosamina e ramnose, permitindo distinguir o grupo A dos restantes);
Proteínas Tipo Específicas (das quais a principal é a Proteína M, associada a streptococcus virulentos e a secundária é a T que, embora menos virulenta, é um marcador importante para as que não expressam M);
Componentes da Superfície Celular como proteínas idênticas às do tipo M, ácido lipoteicóico e Proteína F;
Cápsula (camada mais externa composta por ácido hialurónico, impedindo a fagocitose da bactéria, funcionando assim como uma barreira física entre as proteínas opsonizantes ligadas à superfície celular e células fagocíticas)

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6
Q

Como é conseguida a virulência do grupo A?

A

Pela capacidade destas bactérias de aderir à superfície das células do hospedeiro, invadir as células epiteliais, impedir a opsonização e a fagocitose e produzir uma grande variedade de toxinas e enzimas.

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7
Q

Como conseguem os Streptococcus pyogenes a sua característica aderência?

A

Pela interação entre o ácido lipoteicóico e os sítios de ligação dos ácidos gordos na fibronectina e células epiteliais (mediada pelas proteínas M e F, entre outras adesinas, o que permite a manutenção da infeção por longos períodos e a colonização de locais mais profundos).

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8
Q

Como conseguem os Streptococcus evitar a opsonização e fagocitose?

A

Pela ligação da região conservada da proteína M à beta-microglobulina sérica (fator H), que desregula a ativação do sistema de complemento. Quando o fragmento C3b se liga à proteína M este é degradado pelo fator H e isto impede a fagocitose. Esta bactéria pode ainda bloquear a quimiotaxia dos neutrófilos e fagócitos mononucleares ao produzir a C5a peptidase que degrada a C5a.

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9
Q

Para além da Proteína M tão característica pela virulência dos Streptococcus pyogenes, que outras toxinas e enzimas aumentam esta virulência?

A
Exotoxinas Pirogénicas (Spe que atuam como superantigénios, interagindo com macrófagos e células T auxiliares com a libertação de IL-1, IL-2, IL-6, TNF-alfa e TNF-beta e interferão gama);
Estreptolisina S e O (a S é uma hemolisinaoxigénio-estável, não imunogénica e ligada à célula que pode lisar eritrócitos, leucócitos e plaquetas; a O é uma hemolisina oxigénio-lábil capaz de lisar eritrócitos, leucócitos e plaquetas, sendo que para esta última se formam anticorpos rapidamente, o que é útil para detetar streptococcus do grupo a - Testo ASO);
Estreptocinases (podem ser A e B, capazes de lisar coágulos sanguíneos, podendo ser responsáveis pela rápida disseminação da bactéria);
Desoxirribonucleases (DNAses do tipo A ou B, não são citolíticas, mas podem degradar o DNA livre no pus - reduz viscosidade e permite maior disseminação do microrganismo, sendo os marcadores contra esta enzima importantes para diagnóstico de infeções cutâneas por S. pyogenes);
C5a Peptidase (degrada C5a, componente do complemento que medeia a inflamação ativando e recrutando células fagocíticas;
Outras enzimas como a hialuronidase e difosfopiridina nucelotidase (DPNase) nos S. pyogenes.
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10
Q

Descreva a Epidemiologia dos Streptococcus pyogenes

A

Colonizam, tanto no adulto como na criança a orofaringe de indivíduos saudáveis (15-20%). Colonização geralmente transitória e regulado pela capacidade do indivíduo de desenvolver imunidade específica contra a proteína M. Os Streptococcus alfa-hemolíticos e não hemolíticos podem produzir substâncias semelhantes a antibióticos (bacteriocinas) que inibem o crescimento dos S. pyogenes.
Podem ainda colonizar transitoriamente a pele e sobreviver durante longos períodos de tempo em superfícies secas, sendo a transmissão feita (geralmente) por via respiratória (mais provável durante o inverno e em locais com multidões). As infeções nos tecidos mais profundos inicia-se geralmente por uma infeção cutânea que, após invasão pelo microrganismo evolui para uma mais profunda.

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11
Q

Que Síndromes Clínicas podem resultar da Infeção por Streptococcus Pyogenes?

A

Estas síndromes podem ser causadas diretamente pelo microrganismo, pelas suas toxinas/enzimas ou como consequência da infeção:
Amigdalite;
Piodermite/ Impétigo;
Erisipela;
Celulite;
Fasciite Necronizante;
Síndrome do Choque Tóxico por Estreptococcus

Existem ainda patologias que, embora associadas a este género, são complicações de uma infeção crónica ou prolongada:
Febre Reumática;
Glomerulonefrite Aguda

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12
Q

Descreva a seguinte Patologia: Amigdalite Estreptocócica (e uma complicação da mesma)

A

Desenvolve-se 2-4 dias após a exposição ao patogeneo, marcada por um início abrupto de dor de garganta, febre, mal-estar e cefaleias. Orofaringe possivelmente eritematosa com exsudado e linfoadenopatia cervical proeminente. Díficil distinguir uma amigdalite viral da estreptocócica, mas sabe-se que a presença de exsudado é mais característica nas virais (ainda que frequentemente se encontre nas estreptocócicas).
Uma complicação da amigdalite estreptocócica é a escarlatina que ocorre quando a estirpe é lisogenizada por um bacteriófago que estimula a produção de exotoxina pirogénica. Após 1-2 dias do aparecimento dos sintomas iniciais desenvove-se uma erupção eritematosa difusa que contrasta com a palidez circum-oral, da palma das mão e das plantas dos pés.

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13
Q

Descreva a seguinte Patologia: Piodermite (Impétigo)

A

Infeção purulenta, limitada à derme que afeta principalmente as zonas expostas. O microrganismo é introduzido por uma solução de continuidade (arranhão ou corte) sendo que inicialmetne se observa o desenvolvimento de vesículas que se transformam em pústulas e sofrem rutura e originam crostas. Característica em crianças com higiene precária sendo que na zona de infeção podem ser encontrados Staphylococcus aureus.

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14
Q

Descreva a seguinte Patologia: Erisipela

A

Infeção aguda da pele, mais comum em crianças de pouca idade e adultos de idade avançada. Geralmente precedida por infeções das vias aéreas ou da pele por S. pyogenes.

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15
Q

Descreva a seguinte Patologia: Celulite

A

Envolve a pele e tecidos subcutâneos mais profundos, mas devido ao grande número de microrganismos que a pode provocar é necessário o isolamento e identificação do microrganismo em questão

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16
Q

Descreva a seguinte Patologia: Fasciite Necrosante

A

Infeção que ocorre profundamente no tecido subcutâneo e que se dissemina pelos planos fasciais, caracterizando-se pela destruição do músculo e gordura. Começa por haver apenas celulite e avança para a formação de bolhas e finalmente gangrena e sintomas sistémicos. Deve ser tratada ativamente com antimicrobianos e remoção do tecido não viável.

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17
Q

Descreva a seguinte Patologia: Síndrome do Choque Tóxico por Estreptococos

A

Pacientes mais suscetíveis são os que estão infetados com HIV, cancro, diabetes mellitus, doenças cardíacas e pulmonares, infeção pelo vírus varicela-zoster e uso de drogas intravenosas e consumo excessivo de álcool.

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18
Q

Descreva a seguinte Patologia: Febre Reumática

A

Complicação causada por S. pyogenes e caracterizada por alterações inflamatórias envolvendo o coração, articulações, vasos sanguíneos e os tecidos subcutâneos. A nível cardíaco desenvolve-se uma pancardite (inflamação de todas as camadas do coração levando a lesões progressivas das válvulas cardíacas)

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19
Q

Descreva a seguinte Patologia: Glomerulonefrite Aguda

A

inflamação aguda dos glomérulos renais com edema, hipertensão, hematúria e proteinúria

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20
Q

Como se faz o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes?

A

Por Microscopia, Deteção Antigénica, Cultura, Identificação (sensibilidade bacitracina) e Deteção de Anticorpos

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21
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes por Microscopia?

A

A coloração pelo método de Gram é rápida para diagnóstico preliminar nos tecidos moles ou piodermite.
Cocos Gram-Positivos aos pares ou em cadeia em asociação com leucócitos. Um a vez que fazem parte da flora normal da orofaringe e assim uma amostra respiratória de um paciente com amigdalite apresenta um baixo valor prognóstico

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22
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes por Deteção Antigénica?

A

Podem-se realizar testes utilizando anticorpos contra o carbohidrato específico da parede celular do Streptococcus pyogenes mas, ainda que muito específicos, são testes com pouca sensibilidade (negativos devem ser confirmados com a cultura)

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23
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes por Cultura?

A

Amostras obtidas da orofaringe posterior (pois a anterior tem um baixo número de bactérias e a cavidade bucal é colonizada por outras bactérias que inibem o crescimento de S. pyogenes). Não devem ser recolhidas amostras de pústulas cutâneas rompidas uma vez que se encontram contaminadas com estafilococos. Uma vez que possuem grandes necessidades nutricionais o seu período de incubação deve ser prolongado.

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24
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes por Identificação?

A

O S. pyogenes foi identificado devido à sua sensibilidade bacitracina o que indica que pertence ao grupo A. A diferença entre S. pyogenes e S. anginosus e de outros S. beta-hemolíticos pode ser rapidamente realizada pela demonstração da enzima L-pirrolidonil-arilamidase (PYR)

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25
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus Pyogenes por Deteção de Anticorpos?

A

O Teste ASO trata-se da quantificação dos anticorpos contra a estreptolisina O que permite quantificar a presença de febre reumática ou glomerulonefrite aguda que tenha derivado de uma infeção faríngea por Streptococcus recente. O Teste Anti-DNAse B deve ser realizado se se suspeitar de glomerulonefrite estreptocócica.

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26
Q

Qual a terapêutica ideal para o Streptococcus pyogenes e qual a opção secundária (em que casos se deve utilizar)?

A

Muito sensível à Penicilina mas em caso de alergia deve ser utilizada a Eritromicina ou Cefalosporina oral (como em Portugal não há Penicilina oral muitas vezes é utilizada a opção de tratamento como se fosse um paciente alérgico).

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27
Q

Qual a terapêutica que deve ser aplicada se, para além de Streptococcus pyogenes, nos encontrarmos na presença de Staphylococcus aureus?

A

A penicilina não é eficaz e deve ser utilizada Oxacilina ou Vancomicina

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28
Q

A que se deve a resistência a Macrólidos?

A

A uma bomba de efluxo, característica do fenótipo M (gene mef), ou de uma metilação ribossómica resultando no fenótipo MLSb (gene erm). Assim distinguem-se 3 fenótipos:
- Fenótipo MLSb Indutível – resistente à Eritromicina e sensível à Clindamicina, mas quando existe elevada concentração de antibiótico torna-se resistente a ambos;
- Fenótipo MLSb Constitutivo – resistente à Eritromicina e à Clindamicina;
- Fenótipo M – resistente à Eritromicina e susceptível à Clindamicina;
No caso do MLSB Indutível a resistência apenas se manifestar quando na presença de elevadas concentrações de Macrólidos.

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29
Q

Qual a ordem preferencial das Terapêuticas a Aplicar?

A

Penicilina, se esta não se encontrar disponível Macrólidos (quer no caso de necessidade de toma oral ou de alergia à penicilina). Nas infeções graves deve-se associar a Penicilina a Clindamicina, Dicloxacilina ou Vancomicina.

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30
Q

Que tipo de Terapêutica se deve realizar em doentes com historial de Febre Reumática?

A

Profilaxia Antibiótica prolongada para evitar a recorrência da doença (toma de uma injeção de Penicilina de Difusão Lenta um vez por mês durante pelo menos 5 anos e caso o doente seja submetido a intervenções cirúrgicas ou qualquer procedimento evasivo (devido à possibilidade de endocardite). A profilaxia da Endocardite deve ser feita com Amoxicilina, em associação, ou não com um aminoglicosídeo.

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31
Q

Qual a única espécie de Streptococcus que apresenta o antígeno do grupo B?

A

Streptococcus agalactiae

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32
Q

Descreva a Fisiologia e Estrutura do Streptococcus agalactiae

A

Cocos gram-positivos (díficil distinguir dos S. pyogenes pelo método Gram, sendo a maior diferença o aspeto cremoso destas colónias e uma zona estreita de beta-hemólise. Estas estirpes apresentam:
Antígeno B/ antígeno polissacárido grupo-específico da parede celular;
Polissacáridos Capsulares Tipo-Específicos;
Proteínas de Superfície, Proteína C

33
Q

Como se pode explicar a maior incidência de infeção desta bactéria nos recém-nascidos?

A

Os anticorpos desenvolvidos contra os antígenos capsulares dos Streptococcus do grupo B são protetores e os recém-nascidos apresentam baixos níveis dos mesmos. Do mesmo modo a colonização genital com streptococcus está associada a um risco aumentado de partos prematuros e para combater este microrganismo é fundamental o papel do sistema de complemento, assim existe uma maior probabilidade de colonização em prematuros com baixos níveis de complemento.

34
Q

Como pode ser manipulada a fagocitose dos Streptococcus do grupo B?

A

O ácido siálico da região terminal de alguns polissacáridos capsulares pode inibir a ativação do sistema de complemento pela via alternativa e assim interferir com a fagocitose deste Streptococcus.

35
Q

Quais as enzimas que os Streptococcus do grupo B produzem?

A
DNAses
Hialuronidase
Neuraminidase
Proteases
Hipurase
Hemolisinas
36
Q

Quais as características epidemiológicas do Streptococcus agalactiae?

A

Colonizam a orofaringe, trato GI inferior e o trato genito-urinário - cerca de 60% dos recém-nascidos provenientes de mães colonizadas tornam-se colonizados à nascença e este risco aumenta caso a mãe esteja intensamente colonizada aquando do nascimento, no parto prematuro, na rutura prolongada das membranas e febre intra-parto. A colonização e o desenvolvimento de doença neo-natal pode ocorrer no útero, por ocasião do nascimento ou nos primeiros meses de vida:
Início Precoce (<7dias)
Início Tardio (>1semana e <3meses)

37
Q

Em que casos há maior probabilidade de transmissão para o recém nascido de Streptococcus agalactiae?

A

Quando ocorre a rutura prematura das membranas, um parto prolongado, prematuridade ou há uma mãe infetada.

38
Q

Quando se fala de Streptococcus agalactiae, que o tipo de patologia mais frequente em grupos de mulheres grávidas vs mulheres não grávidas e homens?

A

Enquanto que nas grávidas é mais frequente encontrar infeções urinárias, amnionite, endometrite e infeções de ferimentos, nos homens e mulheres não-grávidas é mais frequente encontrar infeções da pele e dos tecidos moles, possível bacterémia, urossepsia e pneumonia.

39
Q

Que doentes apresentam maior risco de contrais infeções por Streptococcus do grupo B na idade adulta?

A

Diabetes mellitus, cancro ou alcoólicos.

40
Q

Que Síndromes Clínicas podemos esperar decorrentes da infeção por Streptococcus agalactiae

A

Doenças Neo-Natal de Início Precoce
Doenças Neo-Natal de Início Tardio
Infeções em Mulheres Grávidas
Infeções em Homens e Mulheres Não-Grávidas

41
Q

Descreva as Doenças Neo-Natal de Início Precoce associadas a Streptococcus agaçactiae

A

Sintomas na 1º semana de vida e caracterizados por uma bacterémia, pneumonia ou meningite (sendo pneumonia a mais frequente)

42
Q

Descreva as Doenças Neo-Natal de Início Tardio associadas a Streptococcus agaçactiae

A

Doença adquirida através de uma fonte exógena cujas manifestações predominantes são a bacterémia com meningite

43
Q

Descreva as Infeções em Mulheres Grávidas associadas a Streptococcus agalactiae

A

Ao nível do trato urinário ou aparelho genital, frequentes durante e após a gravidez como e endometrite, raramente apresentando complicações como a bacterémia, endocardite, meningite ou osteomielite.

44
Q

Descreva as Infeções em Homens e Mulheres Não Grávidas associadas a Streptococcus agalactiae

A

As manifestações mais comuns são bacteriémia, pneumonia, infecções dos ossos e das articulações, da pele e dos tecidos moles.

45
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus agalactiae?

A

Pela Deteção de Antígeno, Cultura e Identificação

46
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus agalactiae através da Deteção de Antígeno?

A

Para detetar rapidamente a doença causada pelo Streptococcus do grupo B em neo-natais pode-se detetar diretamente antígenos com anticorpos preparados contra o polissacárido grupo-específico. Ainda assim é importante referir que atualmente o único método confiável para detetar se uma mulher grávida está colonizada ou não é a cultura.

47
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus agalactiae através da Cultura?

A

Estes crescem rapidamente em meio nutricionalmente enriquecido e produzem grandes colónias após 24 horas de incubação. A beta-hemólise pode estar ausente ou ser difícil de identificar. Deve ainda ser utilizado um meio seletivo com adição de antibióticos para permitir um diagnóstico de streptococcus do gurpo B.

48
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus agalactiae através da Identificação?

A

A Identificação Preliminar pode ser feita pelo teste de CAMP positivo pela hidrólise do hipurato, sendo a identificação definitiva conseguida pela demonstração do polissacárido grupo-específico ou por sondas moleculares.

49
Q

A que antibiótico é o Streptococcus do grupo B suscetível e como é que este é utilizado?

A

Geralmente suscetíveis à Penicilina G e, sendo que a concentração mínima inibitória é relativamente elevada, é frequentemente utilizada a associação da penicilina com um aminoglicosídeo.

50
Q

No caso de Pacientes alérgicos à Terapêutica preferencial para os Streptococcus agalactiae, qual a opção a utilizar?

A

No caso de pacientes alérgicos à penicilina é utilizado a Gentamicina, tendo sido já descrita a resistência à eritromicina e à tetraciclina.

51
Q

Como é feita a prevenção da doença neo-natal causada por Streptococcus agalactiae?

A

Recomenda-se às mulheres grávidas que sejam examinadas para deteção quanto à possível colonização por Streptococcus do Grupo B entre a 35ª e 37ª semana. Deve-se ainda conhecer os fatores de risco:
Temperatura Intra-Parto de pelo menos 38º;
Rutura prematura das membranas (pelo menos 18 horas pré-parto);
Cultura Vaginal ou Retal positiva para o microrganismo entre a 35ª e 37ª semana
Quando se verificam fatores de Risco deve ser administrada Penicilina G pelo menos 4 horas antes do parto.

52
Q

Quanto às infeções urinárias, frequentemente causadas por S. agalactiae, qual a terapêutica a seguiur?

A

Ampicilina ou Nitrofurantoína

53
Q

Qual o único Streptococcus suscetível a Optoquina?

A

Streptococcus pneumoniae que provoca doenças que representam uma das maiores causas de morbilidade e mortalidade

54
Q

Descreva a Estrutura dos Streptococcus pneumoniae (penumococos)

A

Gram-positivo encapsulado, podendo apresentar uma forma oval ou de lança e estão geralmente aos pares ou em cadeias curtas. As células mais velhas descoram rapidamente o que faz com que pareçam Gram-Negativas.

55
Q

O que acontece às colónias de S. pneumoniae com o envelhecimento?

A

Sofrem autólise com o envelhecimento, levando à destruição da parte central da colónia, razão pela qual acabam por ter um aspeto em covinha.

56
Q

Descreva a capacidade de Hemólise dos Streptococcus pneumoniae

A

Quando cultivados em gelose de sangue são alfa-hemolíticas, no entanto, quando cultivadas anaerobiamente são beta-hemolíticas. A aparência alfa-hemolítica resulta da produção de pneumolisina (degrada a hemoglobina resultando num produto verde, conferindo a coloração típoca das colónias de S. pneumoniae em gelose de sangue).

57
Q

Descreva as necessidades nutricionais do Streptococcus pneumoniae

A

Tem necessidades nutricionais fastidiosas e apenas cresce em meios suplementados com produtos sanguíneos e, tal como os restantes Streptococcus carecem de catalase.

58
Q

Indique quais as proteínas que se encontram nos Streptococcus pneumoniae e qual a sua importância

A

Ácido Teicóico na parede celular, bem como a Colina, que é exclusa do S. pneumoniae e desempenha um papel regulador na hidrólise desse invólucro, sendo necessária para a atividade da autolisina pneumocócica durante a divisão celular - amidase.

59
Q

Descreva os Ácidos Teicóicos dos pneumococos

A

Existem duas formas na sua parede celular - uma está exposta sobre a superfície e outra, semelhante, ligada covalentemente aos lípidos da membrana.
O Ácido Teicóico exposto está ligado à camada de peptidoglicano e estende-se através da cápsula formando o Polissacárido C que precipita uma fração de globulina sérica (Proteína C Reativa) na presença de cálcio. A CRP encontra-se em baixas concentrações em pacientes saudáveis e em altas concentraçãos em infeções agudas.
O Ácido Teicóico da membrana é denominado Antígeno F, uma vez que pode reagir de maneira cruzada com os antígenos superficiais Forssman nas células dos mamíferos.

60
Q

A que se devem as manifestações da doença causada por Streptococcus pneumoniae?

A

Principalmente pela resposta do organismo hospedeiro à infeção e não tanto pela produção de fatores tóxicos específicos do microrganismo - quando este migra para tecidos normalmente estéreis vai estimular uma resposta inflamatória localizada e escapa da destruição pelas células fagocíticas. Assim, a sua capacidade de Colonização e Migração, Destruição Tecidual e Sobrevivência à Fagocitose permite que este microrganismo tenha uma forte virulência.

61
Q

Descreva a Colonização e Migração pelo Streptococcus pneumoniae

A

Coloniza a orofaringe e, em situações específicas é capaz de se disseminar para os pulmões, seios peri-nasais e ouvido médio e pode ainda ser transportado pela corrente sanguínea até ao cérebro.
Consegue ainda fixar-se às células epiteliais graças a proteínas adesivas da superfície, tendo ainda uma protease para a IgA secretora e a pneumolisina.

62
Q

Descreva a Destruição Tecidual pelo Streptococcus pneumoniae

A

O Ácido Teicóico e os Fragmentos de Peptidoglicano ativam a via alternativa do complemento - há produção de Ca5 levando ao processo inflamatório. Tal atividade é aumentada pela amidase bacteriana (libertação de componentes celulares) e a via clássica do complemento é ativada pela pneumolisina, havendo produção de C3a e C5a. As proteínas do complemento levam à produção de citocinas, resultando numa migração de células inflamatórias para o local. A ação do S. pneumoniae leva à produção de peróxido de hidrogénio, o que acaba por lesar os tecidos graças ao oxigénio reativo.
A fosforiscolina da parede celular pode ligar-se a recetores do fator de ativação plaquetária e assim penetrar nas células, onde ficam protegidas da opsonização e fagocitose.

63
Q

Descreva a Sobrevivência à Fagocitose pelo Streptococcus pneumoniae

A

A sua cápsula confere uma proteção antifagocitária e, devido à inibição da capacidade oxidativa da célula, mediada pela pneumolisina, necessária para a destruição intracelular. Apenas as estirpes com cápsula são capazes de induzir infeção nos seres humanos, as não-capsuladas são avirulentas.

64
Q

Descreva a epidemiologia dos Streptococcus pneumoniae

A

Colonização mais frequente em crianças do que em adultos, sendo facilmente transmitidas de crianças infetadas para adultos em contacto com as mesmas. A infeção surge quando os pneumococos se disseminam para outros locais (que não a orofaringe e nasofaringe) como os pulmões, seios perinasais, ouvidos e meninges. Em todas as referidas pode surgir bacterémia.
É causa comum de pneumonia bacteriana, meningite, otite média, sinusite e bacterémia, sendo a maioria das infeções endógenas (cujo risco aumenta no caso de infeção vírica respiratória prévia).
Os idosos e as crianças apresentam risco acrescido de desenvolver meningite que, no caso de doenças hematológicas se manifesta num aumento de risco de sépsis.

65
Q

Quais as principais Síndromes Clínicas causadas por Streptococcus pneumoniae?

A

Pneumonia, Sinusite e Otite Média, Meningite e Bacterémia

66
Q

Descreva a Pneumonia pneumococica

A

Caracterizada pelo desenvolver das bactérias nos espaços alveolares. Os eritrócitos atravessam os capilares congestionados e acumulam-se nos alvéolos e depois ocorre o mesmo com neutrófilos e macrófagos alveolares. Ocorre um início abrupto de febre constante entre os 39-41ºC e calafrios com tremores. Resulta frequentemente da inspiração de aerossóis contaminados, desenvolvendo-se geralmente nos lobos inferiores - pneumonia lobar.

67
Q

Descreva a Sinusite e Otite Média pneumococica

A

Infeções agudas nos seios peri-nasais e ouvido, geralmente precedidas por infeções virais das vias aéreas superiores - obstrução dos seios peri-nasais e ouvido médio. A Otite Média é frequentemente observada em crianças de pouca idade, no entanto a sinusite abrange pacientes de todos os grupos etários

68
Q

Descreva a Meningite pneumococica

A

Resulta da disseminação do organismo para o SNC após bacterémia, tendo como ponto de partida infeções no ouvido médio ou nos seios peri-nasais, que após traumatismo podem originar uma comunicação entre a naso-faringe e o espaço subaracnoide.

69
Q

Descreva a Bacterémia pneumococica

A

25-30% dos pacientes com pneumonia pneumocócica e em mais de 80% dos pacientes com meningite. Pode ocorrer endocardite nos pacientes com válculas lesadas, mas também nos que estejam saudáveis.

70
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus pneumoniae?

A

Por Microscopia, Cultura e Identificação

71
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus pneumoniae por Microscopia?

A

A coloração de Gram dá um rápido diagnóstico de doença pneumocócica. Diplococos gram-positivos em forma de lanceta, revestidos por cápsula não corada. Mas se forem colónias envelhecidas podem não aparecer coradas, evidenciando um aspeto gram-negativo.

72
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus pneumoniae por Cultura?

A

Amostras de Expectoração que devem ser incubadas em meio nutritivo enriquecido e suplementado com sangue. Utiliza-se um meio seletivo com 5microg/ml de Gentamicina, mas é muito difícil diferenciar pneumococos de outros estreptococs alfa-hemolíticos na amostra. Para identificar o microrganismo responsável pela sinusite ou otite média deve ser realizado um aspirado do local infetado.

73
Q

Como pode ser feito o Diagnóstico Laboratorial de Streptococcus pneumoniae por Identificação?

A

Teste de solubilidade à bílis: este é rapidamente lisado quando as autolisinas são ativadas pela presença de bílis e dos Streptococcus alfa-hemolíticos, os pneumococos são os que solubilizam mais rápido, podendo ainda ser identificado pela sua suscetibilidade à Optoquina.

74
Q

Qual era a Terapêutica contra os Streptococcus pneumoniae antes dos Antibióticos?

A

Infusões Passivas de Anticorpos Anti-Capsulares já que estes levavam a uma opsonização das bactérias e a uma fagocitose facilitada pelos leucócitos

75
Q

Qual a Terapêutica de eleição para os Streptococcus pneumoniae e qual a segunda opção?

A

Penicilina, no caso de pacientes alérgicos pode ser substituída por Cefalosporinas, Eritromicina ou Cloranfenicol, sendo que este último está recomendado para casos de Meningite.

76
Q

Quando se fala de Meningite pneumococica, o que é importante ter em conta?

A

No caso da Meningite é preciso ter em conta que os macrolídos não atravessam a Barreira Hemato-Encefálica, e por isso são inúteis nessa situação clínica.

77
Q

Que evolução se tem observado quanto às Resistências a Antibióticos por parte dos Streptococcus pneumoniae?

A

Há uma elevada resistência às Tetraciclinas e um aumento das resistências às Penicilinas, que se deve a uma diminuição da afinidade às PBP. O aumento de resistência às Penicilinas é um caso único, uma vez que se trata duma evolução progressiva, caracterizada por uma aquisição gradual de sequências de DNA estranho, tal como estretococcus da cavidade oral, que conduziram a genes em mosaico que codificam esta resistência e esta resulta de uma mutação nas PBPs - mudança no alco.
A resistência às Quinolonas resulta de uma mutação independente, não existindo neste caso resistências cruzadas às Quinolonas e Penicilinas.

78
Q

Existe algum Método de Prevenção contra o Streptococcus pneumoniae?

A

Sim, existe uma vacina anti-capsular (23 polissacáridos diferentes), mas este não é eficaz em indivíduos que possuam elevado risco de contrair a doença. Existe também uma Vacina Conjugada 7 Valente, em que os polissacáridos estão conjugados a uma proteína, normalmente o roxóide da difteria ou do tétano, que aumenta em muito a eficácia da vacina.

79
Q

Quais os indivíduos que apresentam maior risco de contrair uma infeção por pneumococs?

A

Pacientes com Asplenia, Anemia falciforme, Neoplasia e HIV-Positivos
Pacientes Submetidos a Transplante Renal
Crianças de Pouca Idade
Indivíduos Idosos.