Sofrimento Fetal, CIUR, Forceps Flashcards
Fórcipe
- Instrumento que auxilia a extração fetal durante período expulsivo
- Tração da cabeça fetal e na rotação
- Anatomia: colher, pedículo, articulação e cabo
- Três curvaturas: pélvica, cefálica e perineal (adaptação a curvatura)
Tipos de Forcips
*4 tipos mais usados: Simpson , Piper, Kielland e Luikart
- Simpson-Braun (90% dos casos): aplicação em qqer variedade, EXCETO transversal. (pequenas rotações).
- Apresenta articulações fica por encaixe, colheres são fenestradas e curvatura pélvica acentuada, suas indicações limita-se às variedades oblíquas e pegas diretas (púbica ou sacra)
- Kielland: pinças retas sem curvaturas, faz rotação amplas (ex: OET) e variedade TRANSVERSAL, correção assinclitismo. (grandes rotações)
- Piper: Pelve, extração da cabeça derradeira na apresentação Pélvica.
- Barton: utilizado para apresentações mais altas, na pelve, sendo raramente utilizado devido várias complicações
- Luikart: se assemelha ao fórcipe de Simpson e não possui fenestra
Pegada IDEAL do Fórcipe
BIPARIETOMALOMENTONIANA
Fórcipe - Função
- Apreender a cabeça do feto (preensão ou pegada), rodá-lo (rotação) e extração (tração)
- Única posição adequada e autorização de uso: preensão (ou pegada) biparietomalomentoniana → tracionar feto pelas laterais do mento, passando pelas eminência malares e parietais
- Não existe rotação máxima
- Rotação de maior amplitude tem maior risco de lesões materno-fetais, sendo rotações >45º = fórcipe baixa e não de alívio***
- Alívio: feto pode rotar até 45 graus
Critério para diagnóstico da pegada ideal = verificação da pegada
- Pequena fontanela (posterior ou lambda) estar na distância de um dedo transverso do plano dos pedículos
- Sutura sagital perpendicular e equidistante ao plano das hastes, em toda sua extensão (simétrico)
- Ao se introduzir um dedo entre o fórcipe e a cabeça fetal, não deve ter acesso às fenestras
Classificação das operações (ACOG)
- Se baseia na altura da cabeça na pelve
- Desprendimento (otlet fórcipe) ou de Alívio: couro cabeludo é visível no introito vaginal sem separar os lábios, crânio fetal atingiu assoalho pélvico, sutura sagital no diâmetro anteroposterior
- Baixo: plano +2 DeLee ou abaixo dele
- Médio: cabeça fetal está acima do plano +2 porém insinuada
- Alto: cabeça NÃO insinuada ou limite da insinuação → NÃO fazer fórcipe/ proscritos na prática obstétrica atual, devido alto risco (considerar cesariana)
Insinuação da Apresentação Cefálica
- Toque vaginal que porção mais baixa do polo cefálico (vértice) está ao nível ou abaixo do nível das espinhas ciáticas (plano 0 de DeLee)
- Fetos em 0, +1, +2, +3 ou +4 já estão insinuados
Indicações de Forcipe
- Fetais: sofrimento fetal agudo, DPP, distocia de rotação;
- Maternas: exaustão materna, período expulsivo prolongado
- Profiláticas: cardiopatias, pneumopatias, neuropatias maternas e cabela derradeira
Pré-Requisitos para a APLICAÇÃO do Fórcipe
- Extração é possível
- Aplicação do fórcipe está indicada
- Aplicação do fórcipe é a melhor maneira de concluir o parto
Condições para APLICAR:
- Morte fetal não é contraindicação, mas maior risco de deslizamento das colheres
- Pode ser usado em fetos PREMATUROS (<37 sem)
- A: Ausência de visualização do colo (ou seja = Dilatação TOTAL)
- P: Pelve proporcional a cabeça fetal
- L: Livre canal de parto s/ obstáculos (tumor/ estenoses)
- I: Insinuação da cabeça fetal (DeLee ≥0)
- C: Conhecer a variedade da posição
- A: Amniotomia
- R: Reto/bexiga vazias (evitar lesão)
- Feto vivo ou morte recente que permita preensão da cabeça
- Operador habilitado e obediência à técnica
Técnica geral de aplicação do fórcipe
*Uso de ATB profilático NÃO é consensual
- Litotomia
- Assepsia e antissepsia
- Analgesia peridural ou bloqueio bilateral dos pudendos
- Cateterismo vesical p/ esvaziar bexiga
- Verificação das condições de praticabilidade fórcipe
- Episiotomia NÃO é obrigatória
- Apresentação do fórcipe à vulva, introdução dos dedos-guias, aplicação da 1ª e depois 2ª colher c/ articulação
- Verificação da pegada
- Rotação (s/n), tração (sempre no eixo da bacia e manobra de Saxtorph-Pajot) e extração
- Retirada dos instrumentos
- Revisão do canal de parto
Nome da Colher
- É dado pela mão que segura o cabo ou lado materno onde a colher ficará posicionada
- 1ª colher será a Esquerda se : OP, OS, OEA, ODP
- 1ª colher a Direita: ODA, OEP
- Colher posterior: em contato c/ períneo da pcte (contato c/ parede da vagina posterior)
Complicações ao uso incorreto do fórcipe
- Mãe: laceração vulva, vagina, útero, bexiga e reto, prolongamento da episiotomia, ↑ perda sanguínea, infecções, hematomas e fraturas do cóccix
- Fetais: céfao-hematoma, dano cerebral e hemorragia IC, depressão geral/asfixia, lacerações, compressões oculares, paralisia do nervo facial (VII) ou hipoglosso (IX), sequela neurológica tardia, paralisia braquial e fratura do crânio
Vácuo-Extrator
- Indicações: período expulsivo prolongado, cardiopatia/pneumopatias, alteração cerebrovascular, sofrimento fetal, disfç neuromuscular (= ao fórcipe)
- Contraindicações: apresentação pélvica/ bregma/ face, PMT <34 sem* (risco hemorragias intraventriculares), suspeita desproporção cefalopélvica ou da posição, operador inesperiente (Apesar de mais fácil que fórcipe)
Vácuo-Extrator
- Contraindicado em IG <34 semanas
- Não é necessário fazer episiotomia (nem se fórcipe)
- Deve ser identificado fontanela posterior (occipital) e anterior: colocar campânula entre elas, mais próxima a porterior (1 cm e 3 cm da anterior) → pressão negativa até 600 mmHg e mão do obstetra tocando a cabeça
- Deve ser posicionada na sutura sagital*
Vácuo-Extrator
- Não se deve tracionar no intervalo das contrações/puxos
- Entre as contrações deve reduzir a pressão na ventosa (200 mmHg)
- Perda do vácuo após 3 tentativas consecutivas ou tempo total de aplicação >30’ são indicativos de interrupção do procedimento
- Se extração fracassada: realizar cesariana
Vácuo-Extrator - Complicações
- Maternas: extensão da episiotomia, lesão dos tecidos moles e hemorragia/ atonia uterina ou fístulas vesicovaginal
- Fetais: lesão de escalpe fetal (laceração), céfalo-hematoma, hematoma subaponeurótico (ou subgaleal é a maior complicação), gratura crânio, hemorragia IC
Fórcipe x Vácuo-Extrator
- Vácuo-extrator não é feito com <34 semanas
- As complicações maternas são mais comuns com o fórcipes
- Complicações fetais são mais comuns com vácuo-extrator
Sofrimento Fetal (SF)
- Crônico: progressiva ↓ O2, com adaptação fetal que pode agudizar, observado mais no pré-natal de alto riso.
- 1.Manifestações de CIUR, alteração no doppler e OLIGODRAMNIA
- Agudo: súbita ↓ O2, ocorre mais durante o trabalho de parto.
- Manifestações: ALTERAÇÃO BCF no perfil biofísico fetal
Sofrimento Fetal Agudo (SFA)
- Ocorre durante o TP, c/ ↓ brusca do BCF
- Hipóxia (↓ O2 nos tecidos), acidose e hipercapnia
- Asfixia (↓ O2 e ↓ eliminação CO2)
- Insuficiência nas circulações uteroplacentária, fetoplacentária e origem pré-materna
Etiologia do SFA
- Alterações Uteroplacentárias: hiperatividade uterina por excesso ocitocina , desproporção cefalopélvoca, DPP/ eclâmpsia, parto prolongado (hipersistolia, taquissistolia e hipertonia),
- Hipotensão materna: anestesia, hemorragia, decúbito dorsal
- 2 Hipovolemia
- Alterações fetoplacentárias (cordão umbilical): acidentes com cordão (compressão, circulares, prolapsos, trombose)
- Insuf. placentária crônicas
- Amniorrexe prematura: compressão funicular
SFA - Avaliação (Movimentação/ Mobilograma)
- Movimentação fetal (mobilograma): se presente indica integridade dos sistemas regulatórios fetais.
- Mãe em decúbito lateral após alimentação, percepção a partir do 2º Trimestre (metade)
- Sua ausência NÃO indica necessariamente comprometimento fetal (sono, drogas, hipóxia?)
- Não se mostrou eficaz na ↓ morte
- Anormal: <5 mov/1 hora = INVESTIGAR (CTG ou perfil biofísico)
SFA - Avaliação (Microanálise do sangue fetal)
- Já foi padrão-ouro, mas pouco usado atualmente
- Altamente invasivo (microgota de sangue do couro cabeludo)
- Avalia hipoxemia, acidose respiratória (CO2 ↑) e depois mista
- Anormal: ph<7,20 ou lactato >4,8 = hipóxia (N: ph>7,25 e lactato <4,2)
SFA - Avaliação da FC fetal
- SN parassimpático: nervo vago c/ estimulo liberação Ach por ↓ FC fetal, e faz oscilação e variabilidade batida/batida
- SN simpático: nervos pelos músc. cardíaco, estimulação por noradrenalina c/ ↑ FC e da força contrátil, ↑ DC
- Normal: o ↑ IG está relacionado a ↓ FC fetal, as acelerações indica feto não acidótico
- Hipóxia → ↓ estímulo simpático → perda das acelerações e variabilidade → bradicardia e desacelarações tardias → perda dos mvtos, respiração e tônus fetal
SFA - Avaliação (Ausculta Cardíaca Fetal INTERMITENTE)
- Estetoscópio de Pinard ou sona-Doppler
- Baixo risco: 1/1h na fase latente; 30/30’ na fase ativa (dilatação) e 15/15’ no período expulsivo
- Alto risco: 1/1h na fase latente, 15/15’ na dilatação e 5/5’ no expulsivo
- Deve ser iniciada durante a contração e persistir por mais 30” após término
- Reduz mortalidade fetal/ neonatal (CTG intermitente ñ tem evidência)
- Anormal: bradicardia persistente (<110 bpm) por pelo menos 50% da duração no mínimo 3 contrações consecutivas
SFA - Avaliação (Cardiotocografia/ CTG)
- Comportamento da FCF pelo cardiotocógrafo (registra FCF, contrações e mvtos fetais)
- Decúbito lateral esquerdo
- Anteparto (basal) ou intraparto
- Padrões alterados estão sob influência do SNAutônomo
Cardiotocografia
- Linha base: FCF média em 10’
- Taquicardia: >160 bpm por mais 10’ (moderada até 180 e grave >180)
- Bradicardia <110 bpm por 10’ (moderada até 100 e grave <100) → não está associada c/ acidose fetal ou pior prognóstico
Cardiotocografia
- Variabilidade da linha de base pela influência da maturação do parassimpático
- Se alterado estimular e nova CTG
- Variabilidade: diferença entre a ↑ FCF e a ↓ FCF
- Aumentada: >25 (ñ indica SF) → excessiva
- Moderada: 6 a 25 (ondulatório) → padrão NORMAL
- Mínima: ≤ 5 (sempre indica asfixia)
- Ausente: 0 (liso ou terminal) → linha reta
- Se variabilidade normal da FCF, mesmo se bradi, taquicardia ou DIPs, indica que o feto ainda não apresenta hipóxia cerebral significativa (condução nervosa intacta)
Cardiotocografia
*Mvto fetal e contrações leva a aceleração da FCF por vasodilatação muscular c/ ↓ DC e ↑ FC compensatória, leve compressão cordão prejudicando RV.
- Alterações Transitórias: pequena duração periódica ou não.
- Aceleração: ↑ transitórios da FCF de no mínimo ↑ 15 bpm por 15 seg
- REATIVO: 2x/20 min (sem asfixia) = Se tem aceleração da FCF (reatividade) não há SF
- Não reativo: imaturidade fetal, sono, medicamentos, tabaco, hipoxemia (defesa p/ economia de glicogênico cardíaco)
- Na hipoxemia fetal o 1º sinal percebido é o desaparecimento das acelerações à movimentação fetal
Cardiotocografia
- FCF x contração uterina x movimento fetal
- NÃO é de rotina em baixo risco, pois aumento falso-positivo
- Depende das contrações percebidas pela mãe
Cardiotocografia - Desacelerações ou DIPs
*Quedas transitórias da FCF
- DIP I ou precoce ou cefálico: DIP coincide com contração (reflexo por compressão cefálica) → NÃO é SF = expectante
- DIP II ou tardio ou placentário: DIP após a contração, geralmente ↑ FCF → ASFIXIA (estase sangue interviloso) = SFA = O2, DLE, suspender ocitocita, corrigir PA ↓ e PARTO (via mais rápido)***
- DIP III OU Umbilicais ou Variáveis: DIP variável em relação à contração (junto e separado). Indica compressão do cordão = não é SAF (mudança de decúbito), EXCETO se DIP desfavorável (hipóxia) se um:
- Recuperação lenta
- S/ retorno a linha de base
- Bifásico (em W)
Cardiotocografia - Desacelerações ou DIPs
- DIP I ou precoce é que começa precocemente, junto da contração uterina
- DIP cefálico: compressão das metrossístoles sobre polo cefálico no canal do parto
- DIP II outardio: após contração
- DIP placetáiro: decorrente da deficiência de O2 placentário
- DIP III ou variável: duração e início variável
- DIP umbilical pode compressão transitória do codão umbilical, c/ forma e durações variáveis
Classificação da Cardiotocografia
*1 é ideal, 2 é meio-termo e 3 é péssimo
- Categoria I (inclui todos parâmetros): LB entre 110 e 160 bpm, variabilidade normal (6-25 bpm), ausência de desacelerações tardia ou variáveis, desaceleração precoce ausente/presente, aceleração presente/ausente
- Categoria II: fica entre I e III
- Categoria III: ausência de variabilidade + uma das seguinte → desacelerações tardias recorrentes (>50%), desacelerações variáveis recorrentes (>50%), bradicardia e padrão sinusoidal (Anemia fetal grave)
SFA - Avaliação (outros)
- Estímulo vibroacústico: Indicado quando a CTG basal não evidenciar reatividade fetal após 5’ do exame
- Teste da ocitocina (de pose ou tolerância às contrações uterinas): solução diluída infundida até frequência de 3 contrações a cada 10’
- Estimulação do escalpe ftal
Conceitos importantes
- Taquicardia pode ser observada na recuperação de episódios de asfixia
- Taquicardia não associada à ↓ variabilidade ou à desaceleração não está associada à asfixia, e sim à infecção materna ou fetal, uso de medicamentos …
- Asfixia fetal intraparto tem principal característica a ↓ ou perda da VARIABILIDADE da linha de base associada a desaceleração da FCF
- Não há vantagem em monitorar continuamente durante o TP em gestação de ↓ risco, por PC por SFA intraparto é rara.
Melhor indicador de asfixia fetal intraparto:
ou perda da VARIABILIDADE da linha de base associada a desaceleração da FCF
Monitorização Anteparto com a Cardiotocografia
- Pode iniciar a 26-28 sem, mas ideal a partir da 32-34 sem.
- Intervalos diários ou semanais se indicação (alto risco p/ morte fetal: SAF, LES, DM 1, HAS crônica, disfç placentária, CIUR, pré-eclâmpsia)
- Não indicado <26 sem por imaturidade fisiológica do SNA
- Não é rotina em gestações de baixo risco
- Apresenta elevada taxa de falso-positivo (>50%), então se alterado INVESTIGAR
Monitorização Anteparto com a Cardiotocografia - Indicações:
- Pós-datismo
- CIUR
- Pré-eclâmpsia
- DM insulino-dependente
- Isoimunização Rh
- Hipertireoidismo
- Dça vascular
- Sangramentos vaginais
- Oligo ou polidramnia
- Nefropatias
- Cardiopatias
- Malformaçõe fetais
Monitorização Intraparto com a Cardiotocografia:
- Recomendada por várias instituições
- Não há ensaios clínicos comparando a monitorização eletrônica da FCF ou ausculta intermitente c/ ausência de monitorização
- Recomendação é baseada em experiência médica e questionamento
- Não é indicado em gestações de baixo risco
Mecônio
- Eliminação intrauterina de conteúdo fetal
- Nem sempre é sinal de sofrimento fetal, se associado à FCF/ pH normais
- Associado a maturação fetal (prematuros não eliminam)
SFA - Avaliação (Perfil Biofísico)
- Só é realizado se CTG alterado, pois é a alteração mais SENSÍVEL (1º a alterar)
- Último a alterar: ↓ volume de líq. amniótico (indica alteração crônica)
- Dx: CTG + 4 parâmetros da USG (volume de líq. amniótico + movim. fetal + movim. resp. fetal + tônus fetal)
Prognóstico do Sofrimento Fetal Agudo
- Só 10% dos casos de paralisia cerebral em RN a termo são decorrentes de asfixia perinatal
- Na asfixia leve o prognóstico é excelente, moderado depende da evolução clínica e grave morrem ou tem PC
- Asfixia determina falência de múltiplos órgãos
- Se encefalopatia s/ envolvimento multissistêmico: provavelmente não tem lesão cerebral por asfixia intraparto
- Hipercapnia é fator de risco p/ hemorragia intraventricular (CO2 é vasodilatador)
- Sd aspiração meconial ocorre em 2-4% dos partos, surge dificuldade resp e pnm aspirativa, mortalidade de 20-35%
Prevenção do SAF
- Não proceder à amniotomia rotineria;
- Não acelerar o TP que progride normalmente;
- Só usar ocitócinos se necessário (discinesias) na ↓ dose
- Monitorar se alto risco
- Não induzir parto se comprometimento da vitalidade