Puerpério fisiológico e patológico Flashcards
Puerpério
- Período de 6-8 semaas que inicia após o parto, com expulsão da placenta (até 42 dias do pós-parto)
- É uma fase ativa de natureza hormonal, psíquica e metabólica
- Marcada pelo retorno dos órgãos reprodutivos e pela readaptação do organismo feminino à situação pré-gravídica
- Puerpério imediato: até a 2a hora pós-parto
- Puerpério mediato: da 2a hora ate 10o dia após parto
- Puerpério tardio: do 10o dia até retorno das menstruações, ou 6-8 semanas
Fases do Puerpéro
- Puerpério imediato: 1º ao 10º dia
- Puerpério tardio: 10º ao 45º dia
- Puerpério remoto: além do 45º dia
Manifestações involutivas e Fisiológicas
- Mama: 1º dia (Colostro) e até 3º dia (Apojadura → “descida”)
- Ovário: ovulação em 6-8 semanas
- Útero na cicatriz umbilical após paarto e intrapélvico na 2ª semana
- Colo: fechado totalemente em 1 semanas
- Vagina: “crise vaginal” → atrofia
- Lóquios: até 4º dia avermelhado, e >10º dia esbranquiçado
- Se vermelho após 2ª semana = restos
- Se odor fétido, febre e pus = infecção → patológico
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Corpo Uterino
- Logo após o parto: altura da cicatriz umbilical , c/ ↓ 1 cm ao dia de forma irregular
- 15º dia: intrapélvico e volta às dimensões pré- gravídicas dentro de 4 semanas
- Peso reduz gradativamente: 1000 g (parto) → 500 g (1ª semana) → 100 g (30 dias após parto)
- Contrações vigorosas pós-parto imediato respondem pela hemostasia da ferida placentária e ↓ sangramento
- Útero contraído e firme: GLOBO DE SEGURAÇÃO DE PINARD
- Hemostasia da contração miometrial sobre vasos uterino: Ligaduras vivas de Pinard + trombose dos orifícios vasculares
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Involução uterina
- Ocorre por ↓ no tamanho das fibras musculares (miócitos) à custa de ↓ citoplasma, mas não de nº
- É mais rápido em mulheres que amamentam*
- Estimulação mamilos produz ocitocita pela neuro-hipófise
- Ocitocina promove ejeção do leite e contração uterina (cólicas) → reflexo útero-mamário
Manifestações involutivas e Fisiológicas
- Colo uterino: volta ao normal em 1 semana, mas o OE nunca se recupera do original (puntiforme/ circular) e assume aspecto de fenda transversa
- Endométrio: dequitadura da placenta e membranas leva apenas camada esponjosa da decídua, ficando por 2 dias apenas 2 camanas decídua (superficial e basal remanescentes)
- A camada da basal (externa) eliminas necrose em forma de lóquios***
- Remanescente (interna): regenera endométrio, completo até 3ª semana
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Vagina
- Pode ter pequenas equimoses pela descida fetal
- Lacerações cicatrizam em 5-6 dias
- Nas primeiras semanas após parto há reaparecimento gradual do pregueamento das paredes
- Nos primeiro 15 dias após parto há desconforto local devido atrofia hormonal do epitélio escamoso estratificado → crise vaginal pós-parto
- Curúnculas mirtiformes: hímen roto após parto
Função ovulatória fisiológica pós-parto
- Retorna ovulação em 6-8 semanas nas que NÃO amamentam
- Ovulação é menos frequente na amamentação (ciclos anovulatório), mas pode ocorrer
- Pode ser feito a Minipílula no pós-parto IMEDIATO (não interfere na lactação e inibe)
- Ovulação é o 1º fenômeno de retorno à fertilidade (e não menstruação)
Mamas
- 1ª metade gestação: proliferação céls epiteliais alveolares (novos ductos)
- Final gravidez: diferenciação atividade secretora, c/ ↑ glândula por hipertrofia
- Colostro: presente no parto
- Descida do leite (apojadura): 1-3º dia pós-parto
Etapas da Produção láctea
- Mamogênse: crescimento e desenvolvimento mama (na gravidez)
- Lactogênese: início da secreção láctea, após expulsão placenta-feto que ↓ bloqueio dos hormônio maternos e estimula prolactina - apojadura
- Lactopoiese ou galactopoise: manuteção da lactação, pela prolactina estimulada pelo esvaziamento das mamas, e a ocitocina pela estimulação das fibras mioepiteliais p/ ejeção.
Trato urinário após parto
- Hipotonia e relaxamento das paredes da bexiga e ureteres regridem em 2-8 semanas, mas podem persistir por 3 meses
- Pode ocorrer retenção urinária, c/ rico de infecções por ↓ débito urinário (há maior capacidade vesical e dilatação e traumas após parto) → cateterismo vesical se necessário
- Fluxo plasmático renal, TFG e ClCr retornam ao normal nos 1os 5 dias após parto.
Alterações Hemodinâmicas no Puerpério
- DC: ↑ no puerpério imediato c/ descompressão aortocava
- Nas 1as horas após parto há consumo dos fatores de coagulação → tamponar sangramento uterino, mas retorno ao normal no 2º dia
- Hb retorna ao normal em 6 semanas
Manifestações clínicas do puerpério
- Dor: contrações uterinas vigorosas por até 1 semana
- Lóquios: exsudatos e transudatos + regeneração ferida placentária + elementos celulares descamados e sangue
- Até 3º dia: lóquios rubro, avermelha dos c/ sangue
- Lóquios róseos ou serossanguíneos: lóquios fusca c/ menos sangue
- 2ª semanas: Lóquios serosa ou flava
- 10º dia: lóquios albo, esbranquiçaos ou amarelo-claro
Lóquios patológicos
- Microscópico: eritrócitos, céls epiteliais, fragmentos deciduais e bactérias
- Persistência de lóquios avermelhados após 2 semanas: restos placentários
- Presença odor forte e desagradável: vaginose bacteriana
- Odor forte, febre e lóquios c/ cor achocolatada: infecção puerperal (endometrite)
Manifestações clínicas do puerpério
- Redução peso: retorno normal no final do 6º mês pós-parto
- Elevação temperatura corporal: nos primerros 3 dias está elevado, relação c/ apojadura (Febre do leite) e é fisiológica se duração <48h
- Distúrbio do humor: alteação ritmo circadiano e do humor são comuns e transitórios, se persistir buscar psiquiatria.
Disforia pós-parto (Blue syndrome, maternity blue)
- Ocorre em até 60%
- Alterações do humor transitórias, benignas e autolimitadas
- Decorre do desconforto do puerpério imediato, fadiga devido privação do sono, ansiedade sobre cuidados do RN, preocupação com própria imagem e medos
- Apesar do choro fácil/ tristeza, a puérpera afirma gostar do RN e tem vontade de amamentar (dxx c/ depressão pós-parto)
- Início no 3º dia após parto e desaparece no 14º dia (se persistir = abordagem especializada p/ diferenciar da depressão puerperal)
- Manejo: auxílio e tranquilização (escuta ativa)
Assistência pós-parto
- Avaliação sinais vitas
- Avaliação perdas vaginas e palpação uterina: na 1ª hora pós parto
- Deambulação precoce
- Higiene
- Cuidados c/ feridas: episiorrafia (gelo local e não é necessário antissépticos) e cicatriz cesárea (descobrir após 2º dia PO)
- Não higienizar mamas após amamentação
- Profilaxia da aloimunização pelo antígeno RH (D)
Profilaxia da aloimunização pelo antígeno RH (D)
- Mãe Rh negativo, não sensibilizada (teste Coombs indireto negativo) c/ RN Rh positivo
- Deve receber imunoglobulina anti-Rh na dose 300 mcg por via IM de preferência em 72h após parto (mas pode até 5 dias)
Orientação na Alta Hospitalar
- Até 48h após parto vaginal ou 72h após cesariana, se tudo bem.
- Retorno no 7º dia de PO p/ reavaliação
- Revisão puerperal tardia até 30º dia PO, c/ alta obstétrica por desaparecimento quase total do puerpério
- Atividade sexual: 30 dias após parto, risco de infecção ascendente e traumatismo de <15 dias o retorno.
- Exercício físico: após 1º mês do puerpério
- Risco de automedicação p/ AME
Orientação na Alta Hospitalar - Anticoncepção
- Planejamento familiar
- Amamentação suprime efeito pulsátil GnRH pelo HT e estimula prolactina (suprimindo LH)
- Anovulação até 6-8 semanas, mesmo sem amamentação
- A partir do 2º mês pode ocorrer ovulação
Classificação dos Fármacos para uso durante a amamentação
- Seguros: s/ efeito adversos sobre lactente ou suprimento lácteo
- Moderadamente seguro: sem estudos, risco efeitos adversos lactentes
- Uso c/ cautela: várias evidências de risco de dano p/ lactente ou produção láctea, avaliar risco x beneficio
- Contraindicados: danos significativos ao lactentes, risco muito maior. Ex: amiodarona, danazol, MTX, ilícitas, corambucil, ciclofosfamida, tamoxifen, ouro, mercaptopurina, isotretinoína, dissulfiram
Puerpério Patológico
- Complicações que se estendem do 3º período após parto até algumas semanas após (6-8 sem)
- Hemorragia pós-parto, infecções puerperais, alterações nas mamas lactantes, dças tromboembólicas, depressão pós-parto
Hemorragia Pós-Parto
- Principal causa de mortalidade materna em todo o mundo
- Responsável por 30% de todos óbitos maternos em países em desenvolvimento e 10% desenvolvidos
- É o sangramento excessivo que torna pcte sintomática (vertigem, síncope) e/ou sinais hipovolemia (hipotensão, taquicardia ou oligúria)
Hemorragia Pós-Parto
- Primária ou precoce ou imediata: antes das 1as 24h após parto
- Secundária ou tardia: após 24h até 6-12 sem após parto
- Dx é CLÍNICO (avalia perda sanguínea e estabilidade) → grau de choque hemorrágico
Hemorragia Pós-Parto - Causas: 4 Ts
- Tônus: atonia uterina
- Trauma: lacerações do trajeto ou inversão/ rotura uterina
- Tecido: retenção placentária ou fragmentos
- Trombo: coagulopatia → avaliar TS, TAP, INR, TP
Hemorragia Pós-Parto - Fatores de Risco
- Multiparidade
- Placentação anômala
- TP prolongado
- TP de evolução muito rápida
- Anestesia geral: halogenados “relaxam” utero
- Infiltração miometral por sangue: útero de Couvelaire
- Miométrio mal perfundido,
- Sobredistensão uterina (gemelar, polidramnia, macrosomia)
- Cesárea prévia e atual
- DPP, corioamnionite, atonia prévia, embolia amnótica, episiotomia
Hemorragia Pós-Parto - Prevenção
- Manejo ativo do 3º periódo do parto
- Administração de ocitocina no momento da dequitação 10 U IM ou 10 U IV diluída → medida profilática mais efetiva e c/ menor efeitos colaterais
- Massagem uterina (?)
- Tração controlada do cordão
Hemorragia Pós-Parto - Complicações
- Anemia
- Fadiga crônica
- Choque hipovolêmico
- CIVD
- IRA, hepática e respiratória
- Sd. Sheehan (necrose hipofisária isquêmica): complicação tardia