Puerpério fisiológico e patológico Flashcards
Puerpério
- Período de 6-8 semaas que inicia após o parto, com expulsão da placenta (até 42 dias do pós-parto)
- É uma fase ativa de natureza hormonal, psíquica e metabólica
- Marcada pelo retorno dos órgãos reprodutivos e pela readaptação do organismo feminino à situação pré-gravídica
- Puerpério imediato: até a 2a hora pós-parto
- Puerpério mediato: da 2a hora ate 10o dia após parto
- Puerpério tardio: do 10o dia até retorno das menstruações, ou 6-8 semanas
Fases do Puerpéro
- Puerpério imediato: 1º ao 10º dia
- Puerpério tardio: 10º ao 45º dia
- Puerpério remoto: além do 45º dia
Manifestações involutivas e Fisiológicas
- Mama: 1º dia (Colostro) e até 3º dia (Apojadura → “descida”)
- Ovário: ovulação em 6-8 semanas
- Útero na cicatriz umbilical após paarto e intrapélvico na 2ª semana
- Colo: fechado totalemente em 1 semanas
- Vagina: “crise vaginal” → atrofia
- Lóquios: até 4º dia avermelhado, e >10º dia esbranquiçado
- Se vermelho após 2ª semana = restos
- Se odor fétido, febre e pus = infecção → patológico
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Corpo Uterino
- Logo após o parto: altura da cicatriz umbilical , c/ ↓ 1 cm ao dia de forma irregular
- 15º dia: intrapélvico e volta às dimensões pré- gravídicas dentro de 4 semanas
- Peso reduz gradativamente: 1000 g (parto) → 500 g (1ª semana) → 100 g (30 dias após parto)
- Contrações vigorosas pós-parto imediato respondem pela hemostasia da ferida placentária e ↓ sangramento
- Útero contraído e firme: GLOBO DE SEGURAÇÃO DE PINARD
- Hemostasia da contração miometrial sobre vasos uterino: Ligaduras vivas de Pinard + trombose dos orifícios vasculares
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Involução uterina
- Ocorre por ↓ no tamanho das fibras musculares (miócitos) à custa de ↓ citoplasma, mas não de nº
- É mais rápido em mulheres que amamentam*
- Estimulação mamilos produz ocitocita pela neuro-hipófise
- Ocitocina promove ejeção do leite e contração uterina (cólicas) → reflexo útero-mamário
Manifestações involutivas e Fisiológicas
- Colo uterino: volta ao normal em 1 semana, mas o OE nunca se recupera do original (puntiforme/ circular) e assume aspecto de fenda transversa
- Endométrio: dequitadura da placenta e membranas leva apenas camada esponjosa da decídua, ficando por 2 dias apenas 2 camanas decídua (superficial e basal remanescentes)
- A camada da basal (externa) eliminas necrose em forma de lóquios***
- Remanescente (interna): regenera endométrio, completo até 3ª semana
Manifestações involutivas e Fisiológicas - Vagina
- Pode ter pequenas equimoses pela descida fetal
- Lacerações cicatrizam em 5-6 dias
- Nas primeiras semanas após parto há reaparecimento gradual do pregueamento das paredes
- Nos primeiro 15 dias após parto há desconforto local devido atrofia hormonal do epitélio escamoso estratificado → crise vaginal pós-parto
- Curúnculas mirtiformes: hímen roto após parto
Função ovulatória fisiológica pós-parto
- Retorna ovulação em 6-8 semanas nas que NÃO amamentam
- Ovulação é menos frequente na amamentação (ciclos anovulatório), mas pode ocorrer
- Pode ser feito a Minipílula no pós-parto IMEDIATO (não interfere na lactação e inibe)
- Ovulação é o 1º fenômeno de retorno à fertilidade (e não menstruação)
Mamas
- 1ª metade gestação: proliferação céls epiteliais alveolares (novos ductos)
- Final gravidez: diferenciação atividade secretora, c/ ↑ glândula por hipertrofia
- Colostro: presente no parto
- Descida do leite (apojadura): 1-3º dia pós-parto
Etapas da Produção láctea
- Mamogênse: crescimento e desenvolvimento mama (na gravidez)
- Lactogênese: início da secreção láctea, após expulsão placenta-feto que ↓ bloqueio dos hormônio maternos e estimula prolactina - apojadura
- Lactopoiese ou galactopoise: manuteção da lactação, pela prolactina estimulada pelo esvaziamento das mamas, e a ocitocina pela estimulação das fibras mioepiteliais p/ ejeção.
Trato urinário após parto
- Hipotonia e relaxamento das paredes da bexiga e ureteres regridem em 2-8 semanas, mas podem persistir por 3 meses
- Pode ocorrer retenção urinária, c/ rico de infecções por ↓ débito urinário (há maior capacidade vesical e dilatação e traumas após parto) → cateterismo vesical se necessário
- Fluxo plasmático renal, TFG e ClCr retornam ao normal nos 1os 5 dias após parto.
Alterações Hemodinâmicas no Puerpério
- DC: ↑ no puerpério imediato c/ descompressão aortocava
- Nas 1as horas após parto há consumo dos fatores de coagulação → tamponar sangramento uterino, mas retorno ao normal no 2º dia
- Hb retorna ao normal em 6 semanas
Manifestações clínicas do puerpério
- Dor: contrações uterinas vigorosas por até 1 semana
- Lóquios: exsudatos e transudatos + regeneração ferida placentária + elementos celulares descamados e sangue
- Até 3º dia: lóquios rubro, avermelha dos c/ sangue
- Lóquios róseos ou serossanguíneos: lóquios fusca c/ menos sangue
- 2ª semanas: Lóquios serosa ou flava
- 10º dia: lóquios albo, esbranquiçaos ou amarelo-claro
Lóquios patológicos
- Microscópico: eritrócitos, céls epiteliais, fragmentos deciduais e bactérias
- Persistência de lóquios avermelhados após 2 semanas: restos placentários
- Presença odor forte e desagradável: vaginose bacteriana
- Odor forte, febre e lóquios c/ cor achocolatada: infecção puerperal (endometrite)
Manifestações clínicas do puerpério
- Redução peso: retorno normal no final do 6º mês pós-parto
- Elevação temperatura corporal: nos primerros 3 dias está elevado, relação c/ apojadura (Febre do leite) e é fisiológica se duração <48h
- Distúrbio do humor: alteação ritmo circadiano e do humor são comuns e transitórios, se persistir buscar psiquiatria.
Disforia pós-parto (Blue syndrome, maternity blue)
- Ocorre em até 60%
- Alterações do humor transitórias, benignas e autolimitadas
- Decorre do desconforto do puerpério imediato, fadiga devido privação do sono, ansiedade sobre cuidados do RN, preocupação com própria imagem e medos
- Apesar do choro fácil/ tristeza, a puérpera afirma gostar do RN e tem vontade de amamentar (dxx c/ depressão pós-parto)
- Início no 3º dia após parto e desaparece no 14º dia (se persistir = abordagem especializada p/ diferenciar da depressão puerperal)
- Manejo: auxílio e tranquilização (escuta ativa)
Assistência pós-parto
- Avaliação sinais vitas
- Avaliação perdas vaginas e palpação uterina: na 1ª hora pós parto
- Deambulação precoce
- Higiene
- Cuidados c/ feridas: episiorrafia (gelo local e não é necessário antissépticos) e cicatriz cesárea (descobrir após 2º dia PO)
- Não higienizar mamas após amamentação
- Profilaxia da aloimunização pelo antígeno RH (D)
Profilaxia da aloimunização pelo antígeno RH (D)
- Mãe Rh negativo, não sensibilizada (teste Coombs indireto negativo) c/ RN Rh positivo
- Deve receber imunoglobulina anti-Rh na dose 300 mcg por via IM de preferência em 72h após parto (mas pode até 5 dias)
Orientação na Alta Hospitalar
- Até 48h após parto vaginal ou 72h após cesariana, se tudo bem.
- Retorno no 7º dia de PO p/ reavaliação
- Revisão puerperal tardia até 30º dia PO, c/ alta obstétrica por desaparecimento quase total do puerpério
- Atividade sexual: 30 dias após parto, risco de infecção ascendente e traumatismo de <15 dias o retorno.
- Exercício físico: após 1º mês do puerpério
- Risco de automedicação p/ AME
Orientação na Alta Hospitalar - Anticoncepção
- Planejamento familiar
- Amamentação suprime efeito pulsátil GnRH pelo HT e estimula prolactina (suprimindo LH)
- Anovulação até 6-8 semanas, mesmo sem amamentação
- A partir do 2º mês pode ocorrer ovulação
Classificação dos Fármacos para uso durante a amamentação
- Seguros: s/ efeito adversos sobre lactente ou suprimento lácteo
- Moderadamente seguro: sem estudos, risco efeitos adversos lactentes
- Uso c/ cautela: várias evidências de risco de dano p/ lactente ou produção láctea, avaliar risco x beneficio
- Contraindicados: danos significativos ao lactentes, risco muito maior. Ex: amiodarona, danazol, MTX, ilícitas, corambucil, ciclofosfamida, tamoxifen, ouro, mercaptopurina, isotretinoína, dissulfiram
Puerpério Patológico
- Complicações que se estendem do 3º período após parto até algumas semanas após (6-8 sem)
- Hemorragia pós-parto, infecções puerperais, alterações nas mamas lactantes, dças tromboembólicas, depressão pós-parto
Hemorragia Pós-Parto
- Principal causa de mortalidade materna em todo o mundo
- Responsável por 30% de todos óbitos maternos em países em desenvolvimento e 10% desenvolvidos
- É o sangramento excessivo que torna pcte sintomática (vertigem, síncope) e/ou sinais hipovolemia (hipotensão, taquicardia ou oligúria)
Hemorragia Pós-Parto
- Primária ou precoce ou imediata: antes das 1as 24h após parto
- Secundária ou tardia: após 24h até 6-12 sem após parto
- Dx é CLÍNICO (avalia perda sanguínea e estabilidade) → grau de choque hemorrágico
Hemorragia Pós-Parto - Causas: 4 Ts
- Tônus: atonia uterina
- Trauma: lacerações do trajeto ou inversão/ rotura uterina
- Tecido: retenção placentária ou fragmentos
- Trombo: coagulopatia → avaliar TS, TAP, INR, TP
Hemorragia Pós-Parto - Fatores de Risco
- Multiparidade
- Placentação anômala
- TP prolongado
- TP de evolução muito rápida
- Anestesia geral: halogenados “relaxam” utero
- Infiltração miometral por sangue: útero de Couvelaire
- Miométrio mal perfundido,
- Sobredistensão uterina (gemelar, polidramnia, macrosomia)
- Cesárea prévia e atual
- DPP, corioamnionite, atonia prévia, embolia amnótica, episiotomia
Hemorragia Pós-Parto - Prevenção
- Manejo ativo do 3º periódo do parto
- Administração de ocitocina no momento da dequitação 10 U IM ou 10 U IV diluída → medida profilática mais efetiva e c/ menor efeitos colaterais
- Massagem uterina (?)
- Tração controlada do cordão
Hemorragia Pós-Parto - Complicações
- Anemia
- Fadiga crônica
- Choque hipovolêmico
- CIVD
- IRA, hepática e respiratória
- Sd. Sheehan (necrose hipofisária isquêmica): complicação tardia
Sd. Sheehan (necrose hipofisária isquêmica)
- Complicação tardia, por atonia uterina e DPP.
- A hipóxia em fç do espasmo das a. pituitárias leva a necrose, c/ insuf. hipofisária
- Agalactia, amenorreia, atrofia genital, hipotireoidismo e insuf. adrenal
- Atualmente é infrequente pelas medidas preventivas e terapêuticas do choque hipovolêmico
Hipotonia/ Atonia Uterina
- Perda na eficiência da manutenção da contração miometrial
- Principal causa de hemorragia e choque hipovolêmico após secundamento
- É umas das principais indicações de histerectomia pós-parto
- Dx: sangramento vaginal moderado e contínua que evolui p/ hipovolemia
- Útero subinvoluído, acima cicatriz umbilical, flácido e depressível → 1ª conduta é avaliar contratilidade uterina
- Prevençaõ: Ocitocina 10 UI IM no 3º período (após saída placenta)
Hipotonia/ Atonia Uterina - Fatores de Risco
*Mesmo de hemorragia pós-parto
- Miométrio mal perfundido (hipotensão)
- Menor contração miometrial (leiomiomas uterino e multiparidade)
- Anestesia geral (halogenados), que leva a relaxamento uterino
- Sobredistensão uterina (gemelaridade, polidamnia, macrossomia)
- TP prolongado ou de evolução muito rápida
- Atonia uterina em gestação prévia
- Corioamnionite
Hipotonia/ Atonia Uterina - Conduta:
- Se a massagem não resolver passar para cada fase até resolução
- Deve ser feitas todas, se esgota terapia medicamentosa para depois passar para próximo passo (balão intrauterino)
- Medidas gerais: acesso, SF infusão rápida de 2-3L ou RL, cateter vesical de demora (manter >30 ml/h), reserva hemoderivados
- Massagem do fundo uterino c/ duas mão (Manobra de Hamilton): 1ª comprime fundo e 2ª fechada e colocada por via vaginal comprime parede anterior
- Drogas Uterotônicos: ocitocina*, metilergonovina, misoprostol, ác. tranexâmico.
- Balão intraútero (Bakri)
- Rafia de B-Lynch
- Embolização ou ligadura de artéria uterina
- Histerectomia
Drogas Uterotônicas
- Contratilidade uterina: 1ª linha no TTO (antes de cx)
- Deve ser feitas todas, se esgota terapia medicamentosa para depois passar para próximo passo (balão intrauterino)
- Ocitocina*: de escolha.
- Metilergonovina: 2ª linha, promove contração generalizada e tetânica, contraindicada em hipertensas (pré-eclâmpsia) ou cardiopatas
- Misoprostol via Retal: efeito colateral diarreia, febre e calafrio
- Ác. tranexâmico: antifibrinolítico VO ou retal.
- Prostaglandinas: não disponível no BR, mas muito efeitos adversos
Técnicas de Tamponamento
- Se falha na contração uterina bimanual e terapia medicamentosa
- Balão de Bakri: intraútero c/ resolução em 85%, deve ser removido 12h após inserção
- Sonda de Foley: caso não tenha o Bakri, retirado em 12-24h.
Tratamento Cirúrgico
- Falha nas acimas (após balão), evitar outras causas de sangramento.
- Suturas de B-lynch: fio absorvível, preserva a fertilidade e evita histerectomia***
- Ligadura das artérias uterinas e das artérias hipogástricas
- Embolização seletiva das artérias uterinas
- Histerectomia: última opção, c/ preferência subtotal (deixado colo do útero) por ser mais rápido e menor perda sangue, mas a total é necessária se placenta prévia inferior.
Laceração do Trajeto
- 2ª maior causa de hemorragia puerperal precoce
- Sangramento c/ útero contraido → períneo, vagina e colo uterino
- Fatores de risco: episiotomia extensa, feto macrossômico, manobra de Kristeller intempestiva e/ou inadequada, parto pélvico operatório (fórcipe)
- TTO: revisão canal parto, hemostasia imediata e correção + medidas gerais
Retenção Placentária ou de Restos Placentário
- Hemorragia por dificuldade de contração miometrial devido restos, não havendo regeneração endometrial.
- Perdas sanguíneas contínuas (escassa/ abundantes)
- Retenção cotilédones avulsos, lobo sucenturiado ou acretismo
- Útero aumentado tamanho
- Dx: USG + histopatológico p/ excluir dça trofoblástica gestacional + b-hCG
Retenção Placentária ou de Restos Placentário - Manejo
*Manobra de Harvey é semelhante à Credé mas já ocorreu o descolamento da placenta
- Infusão de ocitócitos: p/ estímulo da contração miometrial
- Manobra de Credé: pré-requisito o cateterismo vesical c/ compressão do fundo uterino antes do desprendimento placentário,
e remoção da placenta/ restos após anestesia e Credé - Curagem (extração manual da placenta): falha na manobra de Credé, pcte sob narcose.
- Curetagem
Hematomas
- Perda sanguínea não exterioriza e retida em: vulvoperineais, vaginas, pós-episiotomia e subperitoneais
- Tumoração de crescimento rápido, não redutível, azul/ violáceo e doloroso
- Se infecção ocorre febre
- Pode ser reabsorvido, romper, encistam, infectam ou choque (depende do volume represado)
- Pouco volumosos: expectante (reabsorvido)
- Volumosos: abertura seguida de hemostasia do vaso sangrante, colocação de dreno e curativo compressivo.
- Se intracavitários: laparotomia e laqueadura do vaso sangrante
Inversão Uterina
- Invaginação do fundo uterino em forma de dedo de luva, que pode alcança segmento inferior e chegar a vagina (parcial) ou vulva (total)
- Complicação da tração exagerada do cordão umbilical ligado à placenta ainda implantada no fundo uterino
- Pode ser aguda (atonia, placenta fúndica, multiparidade, acretismo) ou crônica (hipotonia, esvaziamento súbito, tração)
- Dor aguda e hemorragia precoce c/ choque neurogênico no agudo.
Inversão Uterina
*Manobra de taxe é efetiva em >90%
- Fundo de Útero não encontrado na palpação abdominal, choque e hemorragia
- Manejo geral: acesso, SF, hemotransfusão
- Correção manual imediata sob anestesia geral → Manobra de TAXE (palma da mão no centro do fundo e ponta dedos c/ pressão p/ cima)
- Associar uterolíticos (betamiméticos ou sulfato de Mg) c/ objetivo de facilitar reposição do órgão na pelve, e depois Ocitocina em altas doses
- Procedimento de Huntington: se insucesso no Taxe, fazer laparotomia
Infecções Puerperais ou Morbidade Febril Puerperal
- Quadro febril (Tax >38ºC) por >48 horas do 2º ao 10º dia do pós-operatório 2
- Exclui as 1as 24 horas por ser um achado comum/ fisiológico no puerpério, por resposta endocrinometabólica normal da mulher ao estresse do parto (resolução espontânea) se duração <48h
- A ausência de febre não indica ausência de infecção
- Febre não é parâmetro único de infecção puerperal.
Infecções Puerperais ou Morbidade Febril Puerperal - Causas
- Maioria causada por infecção do trato genital inferior
- Endometrite é a forma clínica mais frequente de infecção puerperal, e constitui o início de quase todos processos infecciosos do útero e anexos
- Infecção do útero e anexos
- Infecções da ferida operatória
- Infecções da mama
- Infecções em outros sítios (urinárias)
Infecções Puerperais ou Morbidade Febril Puerperal - Principal Fator de Risco:
- Cesariana: isoladamente é o principal FR, ↑ morbimortalidade materna, ↑ risco endometrite, tromboflebite pélvica e choque séptico em 30x (comparada ao parto vagina)
Infecções Puerperais ou Morbidade Febril Puerperal - Fatores de Risco Anteparto
- Baixo nível socioeconômico
- Desnutrição
- Anemia materna
- Obesidade
- DM
- Terapia imunossupressora
- Infecção do trato genital inferior (vaginose bacteriana)
- Higiene pessoas
- Ausência de assistência pré-natal
Infecções Puerperais ou Morbidade Febril Puerperal - Fatores de Risco Intraparto e Pós-Parto
- Cesariana
- Roturas prematura das membranas
- Corioamnionite
- Múltiplos exames vaginais
- TP prolongado
- Monitorização fetal interna
- Perdas sanguíneas
- Traumatismode parto
Endometrite
- FR: cesariana, anemia, desnutrição, RPMO
- Etiologia: Polimicrobiana
- Dx: febre, lóquios fétidos, útero amolecido, subinvoluído e doloroso
- TTO: Clinda + Genta IV até 72 se pcte ficar afebril
- Se manitver afebril e assintomático: sem ATB p/ casa
Condições Associadas a Via de Parto
- Vaginais: RPMO >12 horas, bacteriúria intraparto, múltiplos toques vaginais, monitoração interna, corioamnionite e traumatismo intraparto
- Cesarianas: é o FR mais importante → eleva risco de endometrite em 5-30x, bacteremia 2-10x, abscesso/ tromboflebite 2x e morte por infecção de 80x
- TP prolongado, anestesia geral e monitoração intraútero
- Qualidade dos cuidados, técnicas assepsia e cirúrgica
Puerpério patológico
- ATB profilático sempre está recomendado na cesariana, inclusive nas eletivas e de emergência
Quarto período do parto ou de Greenberg
- É posterior à dequitação placentária (secundamento)
- Redistribuição volêmica, porque se reduz o desvio de sangue para útero
- Redução da compressão exercida pelo útero sobre os vasos pélvicos
- Se entende por 1 hora para contém sangramento pela hemostasia local
- Miotamponagem: ligaduras viva de Pinard (contração útero e laqueadura dos vasos)
- Trombotamponagem: formação de coágulos, nos grandes vasos ureroplacentarios e hematoma
- Indiferença uterina: útero apático
- Contração uterina fixa globo vivo de Pinard
Microbiologia de micro-organismos das invasões no puerpério
- Geralmente são os que fazem parte das infecções puerperais
- Os da endometriose são similares às da corioamnionite
- Aeróbios gram +: Streptococcus beta-hemolíticos do grupo A,B (S. agalactiae) e D, enterococcus faecalis, S. Aureus
- Aeróbios gram -: E.coli, Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Pseudomonas aeruginosa, N. Gonorrhoeae
- Anaerobios Gram +: Clostridium prefringens
- Anaerobios gram -: Fusobacterium sp., Bacteroides
- Outras: Mycoplasma e Chlamydia
- Clamídia é a bactérias associada à endometriose puerperal tardia (após 10 dias)
Profilaxia das Infecções Puerperais
- Investigação e correção de fatores predisponentes: nutrição, anemia e infecções genitais
- Manutenção da integridade das membranas
- Toque vaginal parcimonioso
- Assistência ao parto c/ assepsia e antisséptica rigorosa
- Correção de distorcias e discinesias uterinas
- Uso de ATB no perioperatório
Endometrite
- Infecções que envolvem endométrio (se afetar miométrio é endomiometrite)
- Geralmente é o inicio de quase todos processos infecciosos do útero e anexos, e é a infecção puerperal mais prevalente
- Surge entre 4-5o dia após o parto
- Tríade de Brumm: útero doloroso, amolecido e hipoinvoluído
- QC: os acimas + febre alta (39oC), colo entreaberto e exteriorizando lóquios piossanguinolentos fétidos, não há empastamento dos paramétricos ou massas palpáveis
- Complicações: se relacionam à extensão da infeccao p/ cavidades pélvica e peritoneal (parametrite, salpingite, peritonite, abscesso pélvico, fascite necrosante, choque séptico e tromboflebite)
Endometrite
- FR: cesariana, anemia, desnutrição, RPMO
- Etiologia: Polimicrobiana por via ascendente
- Dx: febre, lóquios fétidos, útero amolecido, subinvoluído e doloroso
- TTO: Clinda + Genta IV até 72 se pcte ficar afebril e assintomatica
- Se manitver afebril e assintomático: sem ATB p/ casa
- Se suspeita de sepse ou infecção por enterococcus ou anaeróbio pode-se adicionar Ampicilina ou Metronidazol
Complicações da Endometrite
*TTO c/ ATB
- Parametrite: espessamento, unilateral, doloroso ao toque e c/ febre alta
- Salpingite: dor abdominal aguda em FI
- Abscesso Pélvico: Febre persistente, vespertina, massa identificável à palpação e na USG
- Peritonite: febre alta, palidez, pulso rápido, dor pélvica intensa, sinal de Blumberg, mais comum pelo Streptococcus beta-hemolítico
Tromboflebite Pélvica Séptica:
- Diagnóstico de exclusão
- Ocorre em pctes com ATBterapia que possuem remissão parcial do sintomas, mas permanecem com febre após 48-72h
- Picos febris são acompanhados de taquicardia significativa e desproporcional
- Formação de coágulos nos vasos pélvicos relacionado a infecções (ovarianos, ilíacos comuns, hipogástrio)
- USG c/ doppler: ausência de fluxo na veia ovariana, mas é melhor avaliado pela TC/ RM
- TTO: empírico c/ uso de heparina em dose plena + ATB (resposta clinica ocorre em 48-72h do inicio da heparina)
Sepse e Choque Séptico na Infecção Puerperal
- Mais nas infecção por Enterobactérias, principalmente a E.coli, por produção de endotoxinas e ativação da cascata de coagulação
Fascite Necrosante
- Acomete episiorrafias, feridas operatórias e lacerações perineais
- Infecção grave com extensas areas de necrose no 3-5o dia após parto
- Infecção inicial pode Streptococcus beta-hemolítico do grupo A (se gás em tecidos moles sugere infecção por Clostridium difficile)
- QC: edema, eritema, cor azul/ acastanhada de aspecto gangrenosos/ formação de vesículas e bolhas
- TTO: desbridamento cx + ATB de amplo espectro + UTI
Alterações nas Mamas Lactantes: Ingurgitamento Mamário
- Estase láctea repentina em puérperas c/ BEG
- Desconforto, hiperdistensão mamária e hipertermia local e sistêmica (se febre <39)
- Maioria ocorre entre 48-72h pós-parto e reflete a apojadura
- Principal causa: pega mamilar inadequada
- Outras causas: sucção ineficiente, dificuldade de ejeção láctea, produção excessiva de leite e obstrução do ducto mamário
Ingurgitamento Mamário
- Aumento da vascularização da mama e congestão vascular 2a à saída da placenta
- Acúmulo de leite nas mamas
- Edemas 2o à obstrução da drenagem linfática causada por estase do leite e por aumento da vascularização dos alvéolos
- Manejo: manutenção do aleitamento e apoio, uso de sutiã adequado, aumento da frequência de mamada e ordenha, massagens circulares nas áreas dolorosas e enrijecidas
- Pode ser feito analgésicos na dor e uso de compressas não é mais recomendado
Fissuras Mamárias
- Erosões alongadas em torno dos mamilos por pega inadequada do RN ou por ingurgitamento
- Dor durante a amamentação, sangramento
- Permitem a entrada de germes no parênquima e predispõe à ocorrência de mastites (continuidade)
- Prevenção e TTO: posicionamento adequado e pega correta e não suspender a AME
Mastite Puerperal
- Pode acometer todos tecidos mamários (glândula, SC ou pele), sendo forma aguda puerperal mais comum
- Deriva de germes saprófitas da pele, em geral pela fissura mamaria quebra dos mecanismos de defesa do organismo e aumento número de bactérias
- Principal agente: S.aureus
- FR: primiparidade, idade <25 anos, ingurgitamento mamário , fissura, hx previa, traumas diretos, má higiene
Mastite Puerperal
- Início do processo com estase láctea
- QC: dor, calor, rubor, febre de início súbito, calafrios, turgência e adenopatia - sinais flogisticos localizados (edema, calor, eritema e endurecimento da pele)
- Prevenção: higiene adequada e prevenção ingurgitamento/ fissuras
- Manejo: analgésicos, antitérmicos, suspensão adequada das mamas (sutiãs adequados), esvaziamento completo por ordenha manual e ATB ambulatorial (Cefalexina 500 mg 6/6h por 7-14 dias) e manter a AME*
Abscesso Mamário
- Coleção purulenta no parênquima mamário
- ATB + drenagem cirúrgica (incisura radial e mais distante da areola p/ preservar lactação e evitar secção dos ductos principais)
- Manter AME, exceto se drenagem purulenta espontânea pela papila e de incisão cx próximo do mamilo.
- AME contralateral deve ser mantida e a acometida deve ser esvaziada por ordenha manual ou bomba elétrica adequada, e retornar amamentação após controle da infecção.
Doenças tromboembólicas (TEV)
- Pode ocorre em qqer momento do cisto gravídico, metade na gravidez e outra no puerpério, principalmente na 1a semana pós-parto
- Puerpério é o período de maior risco de TEV, e aumenta se fizer cesárea
- QC: dor súbita em mmii, edema assimétrico, eritema e calor, sinal de Homans (dor na dorsiflexão), dispneia, taquicardia, dor torácica e hemoptoicos
- TTO: Heparina em dose terapêutica e warfarina (segura na gestação se necessário por longo período)
Depressão pós-parto
- Episódio de depressão maior que ocorre nas 1as 4 semanas do puerpério
- FR: adolescentes, pctes c/ hx de depressão ou ansiedade na gravidez, ocorrência de eventos traumáticos na gestação, RN em UTI
- Pctes com blues puerperal podem evoluir p/ depressão pós-parto
- Humor deprimido, falta de interesse, sono, fadiga, disfunção cognitiva, incapacidade ou culpa, falta de interesse no cuidado do filho*** (e na amamentação)
- Ocorrem em 10-20% das mulheres
Blue pós-parto
- Ocorre em 60% das puérperas
- Alterações de humor transitórias, benignas e autolimitadas
- Inicio no 3o dia ao 14o dia do puerpério, raramente pode evolui p/ depressão maior
- Primíparas que tiveram cesariana estão mais sujeitas
- Dx é feito por questionário assintomatico de Keller
- Ansiedade, cefaleia, cansaço e deficit de memória fazem parte do QC
Aleitamento Materno
- Desenvolvimento das glândulas mamarias em mulheres, inicia-se no período puberal e so atinge plenitude caso mulher engravide e amamente (papel imprescindível no crescimento e diferenciação mamas)
- Evitar uso de lubrificantes, sabonetes nos cuidados com a mama por exacerbar oleosidade e resseca-la
- Lactopoese relaciona-se c/ eventos que visa a manutenção da produção e da ejeção do leite
- Galactocinese: mecanismo que descreve a excreção do leite durante a sucção das mamas pelo neonato
Hemorragia pós-parto
- Na gestação há aumento de 40% no volume plasmático e de 25% no numero de glóbulos vermelhos, ocorrem em antecipação à perda sanguínea do parto
- De acordo com a FIGO, a hemorragia pós-parto é definida como sangramento excessivo que torna pcte assintomatica
- Mulheres com episódios preciso de hemorragia pós-parto tem risco de recorrência de 10% em gravidez subsequentes
- A hemorragia pós-parto é responsável por 25% de todas mortes maternas
Risco de gestação nos primeiros 6 meses após parto, mesmo se amamentação total:
2%
Doença psiquiátricas na gestação
- Na depressão puerperal, o inicio dos sintomas, ocorre geralmente na 3a e 4a semanas de puerpério
- Na psicose puerperal, o início dos sintomas, ocorre geralmente nas duas primeiras semanas pós-parto
- 20-30% das pctes bipolares desenvolvem psicose puerperal
- A carbamazepine e valproate são drogas mais indicados p/ distúrbio de humor durante amamentação