Pré-Eclâmpsia, DMG e Gemelar Flashcards
Pré- Eclâmpsia
*Aferição sentada em repouso ou em decúbito lateral esquerdo
- PA ≥ 140 x90 mmHg + Proteinúria ≥300 mg/dia (ou ≥1 + em amostra isolada na fita ou proteína/ creatinina > 0,3)
- Padrão-ouro é a
proteinúria/dia e o pior é o exame na fita - Hipertensão APÓS 20 semanas de IG previamente normotensa
- Multissistêmica, idiopática, específica da gravidez/ puerpério → distúrbio placentário
- 75% ocorre em nulíparas
- Maioria dos casos ocorre em extremos reprodutivos <18 anos e >40 anos
Classificação dos distúrbios hipertensivos da gravidez
- Hipertensão induzida pela gravidez: Hipertensão gestacional (transitória), pré-eclâmpsia e eclâmpsia
- Hipertensão agravada pela gravidez: pré-eclâmpsia sobreposta
- Importante causa de morbimortalidade perinatal
- Principal causa de morte materna no BR (30% das mortes diretas)
- Forma leve da pré-eclâmpsia é mais frequentes (75%)
Pode ter Pré-Eclâmpsia SEM proteinúria…
- Hipertensão > 20 semanas + um critério abaixo:
- Plaquetopenia (<100.000) ou
- Cr >1,1, ou
- EAP ou
- ↑ 2x transaminases ou
- Sintomas cerebrais ou visuais
Eclâmpsia
- É indistinguíveis eletroencefalograficamente de outras causas de crises tônico-clônicas
- Raramente ficam em coma
- É comum bradicardia fetal por 3-5’ após convulsão (hipóxia e hipercapnia materna) e não requer parto de emergência
- Pré-Eclâmpsia + CRISES CONVULSIVAS
- Geralmente tônico-clônica generalizadas e podem aparecer antes**, durante ou após o parto (até 10º dia)
- Geralmente autolimitadas (2-3’)
- Precedidas por cefaleia, alt. visuais, epigastralgia dor em QSD
- Pode ter como causas: vasoespasmo cerebral c/ isquemia, encefalopatia hipertensiva, edema vasogênico e dano endotelial
Hipertensão Gestacional (ou Transitória)
- Geralmente leve e início no final da gestação SEM proteinúria e outros sinais de pré-eclâmpsia
- PA ≥ 140 x90 mmHg após 20 semanas sem critério p/ pré-eclâmpsia e que melhora no puerpério
- Retorno em 12 semanas de puerpério e recorre em 80% nas próximas gestações
- 15-25% pode desenvolver ptnúria (pré-eclâmpsia)
Hipertensão Agravada pela Gravidez (Pré-Eclâmpsia Sobreposta)
- HAS essencial crônica preexistente + Pré-Eclâmpsia
- Pior prognóstico materno-fetal
- Início mais precoce, agressivo e c/ RCIU
- Calciúria > 100 mg/24h fala a favor de HAS crônica
- Persiste no pós-parto, dças ateroscleróticas associadas, >35 anos e multigestas e pode ocorrer em <20 sem.
Hipertensão Arterial Cronica
- PA ≥ 140x90 antes do início da gestação ou com <20 semanas
- Não associada a edema e ptnúria (exceto se DRC) e persiste após 12 semanas pós-parto
- Fisiologicamente a PA ↓ no 2º T por relaxamento vascular
Fatores de risco para Pré-Eclâmpsia
*Multiparidade não é FR
- Primiparidade*
- Gravidez múltipla e gestação molar
- Dça vascular hipertensiva crônica
- DM, DRC, colagenoses, trombofilias, obesidade
- Hidropsia fetal
- Extremos de vida reprodutiva (>35 anos ou adolescentes)
- PRÉ-ECLÂMPSIA ANTERIOR: principal p/ prevenção
- Hx familiar
- Longo intervalo interpartal
- Negras
- Isoimunização Rh
Etiologias e Terorias da Pré-Eclâmpsia
- Ausêncai da 2ª onda de invasão trofoblástica (2ºT): artérias placentárias não são convertidas em vasos de ↓ resistência
- Má adaptação imune: perda tolerância (rejeição) materna aos antígenos paternos (sistema HLA)
- Ativação endotelial: ↑ TNF-a, TXA2 citocinas e interleucinas (estresse oxidativo) c/ ↓ óxido nítrico, PGI2 (vasodilatadores) = espasmo arteriolar sistêmico
- Suscetibilidade genética: hx familiar
Teoria da Placentação Anormal
- Placenta se desenvolve 1º dos trofoblastos e se diferencia em sinciotrofoblasto (trocas materno-fetais e produção hormonal) e citotrofoblasto (invasão pela decídua e das artérias espiraladas)
- A invasão leva alargamento do diâmetro d vaso de 4-6x e ↑ fluxo sanguíneo p/ feto
- Na pré-eclâmpsia, a invasão trofoblástica e remodelamento das artérias espiraladas é deficiente em <50% do fisiológico → isquemia placentária
Teoria da Placentação Anormal
- A migração trofoblástica ocorre em 2 onda, no 1º T (destruição da capa musculoelástica das a. espiraladas) e 2º T (entre 16-18ªsem segmento miometrial c/ vasos de baixa resistência)
- Hipoperfusão é pior na progressão da gestação
- Endotélio lesado faz ↑ coagulação/FIBRINA (e permeabilidade vascular) e ↓ vasopressores = Espasmo arteriolar placentário e sistêmico (risco de CIVD)
Fisiopatologia da Pré-Eclâmpsia
- Distúrbio endotelial no controle do tônus vascular c/ ↑ Tromboxane e ↓ Prostaciclinas = HAS (agregação plaquetária)
- ↑ Permeabilidade: edema e ptnúria
- Expressão endotelial anormal de pró-coagulantes: Coagulopatia
- Isquemia em cérebro, fígado, rins e placenta
- Edema é ocasiodado pela glomeruloendoteliose que gera hipoalbuminemia e perda de líquido p/ espaço extravascular
Alterações Sistêmica na Pré-Eclâmpsia
- RIM: Endoteliose capilar glomerular difusa (não é patognomônico, mas é característico) → ptnúria não seletiva
- CDV: miocárdio hiperdinâmico, hemoconcentração, vasoespasmo e hiperreatividade
- Fígado: ↑ TGO e HELLP
- Sangue: trombocitopenia (e microtrombos)
- Convulsão: excesso neurotransmissores excitatórios (glutamato) e potenciais de ação; despolarização maciça → hemorragia cerebral
Diagnóstico de Pré-Eclâmpsia
- PA ≥ 140x90 mmHg + Proteinúria ≥ 300 mg/24 ou 1+ em fita ou Proteína/ Cr >0,3 (edema generalizado não é essencial p/ dx)
- Proteinúria é não seletiva, costuma ser tardia pois depende da lesão histológica glomerular p/ se manifestar
- 20% dos pctes não terá proteinúria (não sendo obrigatório se tiver sinais de pré-eclâmpsia)
Pré-Eclâmpsia LEVE
- Hipertensão (PA ≥ 140x90 mas <160x110) e proteinúria, E SEM SINAIS DE GRAVIDADE (s/ LOAs)
- Não necessita internato, pode acompanhar ambulatorial e não precisa fazer uso de anti-hipertensivo
Pré-Eclâmpsia GRAVE
- PA deve ter 2 medidas espaçadas em 4h
- Alguns autores consideram ác. úrico >6 mg/dl
- PAS ≥ 160 OU PAD ≥110; ou
- EAP ou oliguria (<25 ml/h ou <400 ml/24h) ou Cr ≥ 1,3 mg/dl; ou
- Sd. Hellp: hemólise (An. hemolítica microangiopática c/ esquizócitos ou BT ≥1,2 às custas de BI ou LDL > 600 UI/L) + AST ≥ 70 + Trombocitopenia <100.000
- Iminência de eclâmpsia: cefaleia, torpor, escotomas, amaurose, diplopias, dor epigástricasr (em barra de Chaussier) e reflexos tendinosos aumentados*
- AVC
Eminência de Eclâmpsia
- Distúrbios cerebrais: cefaleia frontoccipital e pouco responsiva a analgésicos, topor e obnulação
- Distúrbios visuais: turva, escotomas, diplopia, amaurose
- Dor epigástrica (em barra de Chaussier) ou no QSD (isquemia hepa´tica ou distnesão)
- Reflexos tendinosos profundo exaltados
Síndrome de Hellp
- Pré-eclâmpsia grave (não é exclusiva da eclâmpsia)
- Descrita por Louis Weinstein (1982)
- 15-20% das pctes não tem antecedentes de hipertensão ou ptnúria
- Ocorre em 10-20% c/ pré-eclâmpsia grave
- Brancas, multíparas e >35 anos
- Em 30% se expressa ou progride após o parto
- A incidência nos quadro de eclâmpsia é de 11%
- Ocorre mortalidade materna em até 24% dos casos
Síndrome de Hellp
*Hemolisys, Elevated Liver e Low Platelet
- Hemólise: anemia hemolítica microangiopática (LDH >600 ou Esquizócitos ou BT≥ 1,2 às custas de BI ou haptoglobina <25 mg/dl) + AST >70+ Trombocitopenia <100.000
- Dor QSD ou epigástrica (80%), piora do edema/peso, HAS, Ptnúria, náusea/vômito, cefaleia, alterações visuais e icterícia
Predição da Pré-Eclâmpsia
*Não existe um marcador específico p/ pré-eclâmpsia
- Ganho de peso excessivo
- Elevação da PAD
- Maioria assintomática
- Teste da Hipotensão Supina: + se PAD eleva-se >20 mmHg ao mudar de decúbito lateral p/ dorsal
- Fundo de olho: espasmo arteriolar
- Dopplerfluxometria: persistência da incisura da artéria uterina bilateral protodiastólica >26 semanas
Conduta na Pré-Eclâmpsia Leve
- Fluxo reduzido em <50% do normal
- Não faz anti-hipertensivo
- Tto definitivo: interrupção da gestação
- Casos leve (<160 x 110 mmHg): conservadora (ambulatorial) até que feto atinja 37 semanas (termo)
- Repouso e restrição ingestão de sódio não é comprovada benefício no controle da PA
- Anti-hipertensivo: não altera curso da pré-eclâmpsia, não previne evolução p/ eclâmpsia e não reduz morbimortalida perinatal. Pode piorar fluxo uteroplacentário e ↑ RCIU → Não é indicado p/ casos leve ou hipertensão gestacional
- Não faz sulfato de Mg: por ↓ risco de eclâmpsia na forma leve
- Corticoide p/ maturação pulmonar fetal deve ser considerada
Avaliação do bem-estar materno e fetal
- Materno: ganho ponderal, PA, hemograma e plaquetas, Ur, Cr e ác úrico, transaminases e LDH, EAS e ptnúria 24h
- Fetal: mobilograma/ mvtos fetais, rastreio RCIU, cardiotocografia (semanal 30-32 sem) e USG perfil biofísico fetal
Pré-Eclâmpsia grave ou Eclâmpsia
*Risco de deterioração repentina
- Internação imediada
- Estabilizar sempre antes de realizar o parto
- Considerar interrupção em IG ≥ 34 sem
- Abaixo de <34 sem avaliar bem estar fetal p/ uso de corticoide e caso piore realizar o parto.
Sulfato de Magnésio heptahidratado
- Superior a fenitoína, diazepam e nimodipina
- Prevenção em TODAS pré-eclâmpsias graves e eclâmpsia
- Medicação de escolha para prevenir ou controlar as convulsões
- Não tem ação anti-hipertensiva
- Terapia anticonvulsivante NÃO previne progressão da doença
- Só deve ser utilizada em casos GRAVES e manter por 24h após parto
- Ação por vasodilatação seletiva da vascularização cerebral, protegendo céls endoteliais de danos por radicais livres
- Prevenção da entrada de cálcio (BCC) nas céls isquêmicas, inibindo agregação plaquetária e antagonismo c/ glutamato (epileptogênica)
Esquema - Sulfato de Magnésio heptahidratado
- Ataque + Manutenção
- Mais utilizado é o Zuspan (efetivo mesmo se IR devido depuração renal)
- Contraindicado na miastenia grave (pode precipitar crise) e cautela se uso associado a BCC
- Pritchard: Ataque → 4 g IV (lento) + 10 g IM / Manutenção → 5 g IM a cada 4h (indicado quando não tem bomba de infusão)
- Zuspan: A → 5h IV (lento em 20’) / M 1-2 g/h em BI até 24 após parto
- Sibai: A → 6h IV / M → 2-3 g/h em BI
- Pierce: A → 4-6 g IV (lento) / M → 4-6 g a cada 6h IV
Risco de Intoxicação com Sulfato de Magnésico
- Reavaliar a cada 4/4h
- Manter Mgsemia entre 4-9 mEq/L
- Reflexo patelar ausente (>10 mEq/L): indica suspensão de Mg e aplicar gluconato de cálcio a 10% 1g IV (lento 3-5’) → reavaliar outros reflexos profundos*
- Depressão respiratória/ FR <16 (>12 mEq/L): suspender e gluconato de cálcio
- Parada cardíaca (>15-20 mEq/L): gluconato de cálcio
- Cr >1,2: reduzir dose de manutenção p/ metade
- Diurese ≤ 25 ml/h (<100 ml/4h);. não é sinal de intoxicação → apenas ajustar dose p/ metade
- Rubor, sudorese, cefaleia, vômito, palpitações, ↓ FC fetal
Anti-Hipertensivos na Pré-Eclâmpsia
*Indicado em pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia (PAS >160 ou PAD >110)
- NÃO fazer se PA <160 x 110 (não faz na leve)
- Objetivo: manter PAS 140-155 e PAD 90-100.
- Reduzir incidência de IC, isquemia miocárdica, IR e AVCi/h.
- Seu controle não impede a convulsão*
Anti-Hipertensivos na Pré-Eclâmpsia - Crise Convulsiva:
- Hidralazina IV 5 mg IV c/ ↓ PA em 10-20’
- Labetalol IV: 10-20 mg IV c/ ação em 1-2’ (evitar se asma, cardiopatia, bradicardia e BAV)
- Nifedipino VO* (BCC): único VO na crise, por ter liberação imediata → considerado 1ª linha 10 mg VO a cada 30’
- Nitroprussiato de sódio (dilatador arterial e venoso): só em casos refratários aos acinma.
Anti-Hipertensivos na Pré-Eclâmpsia - Manutenção:
- Metildopa VO
- Hidralazina VO
- Pindolol VO
Interrupção da gestação na Pré-Eclâmpsia
- Leve: espectante até o termo (37 sem), conforme condições maternas-fetais
- Grave ≥ 34 sem: interrupção da gestação APÓS estabilizar*
- Grave <34 sem: avaliar corticoterapia e parto se piorar
- Via de parto pode ser vaginal: depende de condições maternas (gravidade, BISHOP), e fetais (sofrimento)
- Preferir a via mais rápida p/ evitar período prolongados de indução
Tratamento Conservador da Pré-Eclâmpsia
*Se hematoma hepático preferir cesariana
- Grave: controle intra-hospitalar.
- Não indicado se HAS descontroladas, cefaleia persistente, epigastralgia, deficit visual, HELLP, piora renal, EAP, eclâmpsia e DPP
- Não indicado se alteração cardiotocografia, morte fetal, anomalia fetal
Conduta na Sd. HELLP
- Mesma que na pré-eclâmpsia grave
- Evitar Sulfato de Mg IM por risco de hematoma (trombocitopenia)
- Uso de corticoide em altas doses (dexametasona 10-12 mg IV de 12/12) é controverso (sem benefício)
- Cesariana não é a via de parto exclusiva
- Pior complicação: rotura hepática
Prevenção da Pré-Eclâmpsia* - Aspirina
*Ação só se iniciada no INÍCIO da gestação (ante da 2ª invasão trofoblástica)
- Doses baixas (60-150 mg/d) reduz incidência dos distúrbios hipertensivos em pctes de ALTO RISCO (em baixo risco não foi confirmado)
- Alto risco: hipertensas crônicas, DM 1 e 2, gemelar/molar, hx ANTERIOR de pré-eclâmpsia, dça renal ou LES/SAF → Uso de AAS se apresentar um.
- Médio: Primigesta (exposição 1ª vez à placenta), nulípara, obesidade, hx familiar, >35 anos → Uso de AAS se apresentar dois
- Inibição do tromboxano s/ alterar produção de prostaciclinas (equilíbrio)
Prevenção da Pré-Eclâmpsia - Cálcio
- Carbonato de cálcio 1,5-2g/d a partir da 12ª semana em doses fracionadas até fim da gestação
- Diminui risco em pctes c/ baixa ingesta e FR p/ ocorrência
- Se ingesta adequada: não tem redução do risco
- Recomendado para ALTO risco
Prognóstico da Pré-Eclãmpsia
- Relação c/ crise convulsiva → ↑ mortalidade se eclâmpsia (10-15%)
- EAP
- DPP, CIVD, IRA, lesão/ rotura hepática, hemorragia intracerebral
- Quanto mais grave a forma menos suprimento sanguíneo fetal
- Risco de recorrência é maior quando ocorre precocemente (<30 sem)
Diagnósticos Diferenciais de HELLP
- Fígado gorduroso da gravidez: vômito, dor, icterícia, HIPOGLICEMIA, leucocitose, ↑ transaminases/ bilirrubinas
- PTT
- SHU
- PTI
- Apendicite
Hipertensão Arterial Crônica
*Fazer uso de metildopa se necessário (se normotensa não adicionar e avaliar)
- Comorbidade mais frequente na gestação (7%)
- Maior morbimortalidade materna-fetal se pré-eclâmpsia associada
- Dx: PA ≥ 140x90 mmHg antes de 20 sem ou que não se resolve após 12 semanas do parto
- Pode ser mascarada c/ a ↓PA fsisiológica (2ºT)
- Risco maior de ter HAS sobreposta (20-50%)
- Manejo na gestação: suspender medicamentos contraindicados (IECA, BRA, DIU) e se PA compensada (normotensa) apenas acompanhar perfil pressórico no pré-natal e não acrescentar metildopa, pois pode haver ↓ PA fisiológica
Complicações da Hipertensão Arterial Crônica na Gravidez
*Propanolol tem risco de causar RCIU
- IR, eventos cerebrovasculares e EAP (até 6x maior que gestantes normotensas)
- Maior risco de hipertensão c/ pré-eclâmpsia sobreposta
- Alvo: PAS 120-16 e PAD 80-110
- TTO: Metildopa 250 mg VO 2x/d (evitar uso de IECA, DIU, BRA são contraindicados)
DIabeter Melliitus Gestacional
- Fisiologicamente na gravidez há resistência à insulina e hiperinsulinema
- É a complicação clínica mais comum da gestação
- Definição: intolerância aos carboidratos, em graus variados, iniciada na gestação e que pode persistir ou não após o parto.
- Reavaliar a 6-8 sem após parto (puerpério) c/ TOTG para classificar DM.
Fatores de Risco para DMG
“Tia Lu na gravidez da Aninha”
Tabagismo não é FR
- > idade
- Sobrepeso/ obesidade
- Hx familiar 1º grau
- Antecedentes de alterações metabólicas: HbA1c ≥ 5,7%, SOP, hipertrigliceridemia, HAS, acantose, DCV aterosclerótica, uso hiperglicemiantes
- Antecedente obstétrico: ≥2 perdas gestacionais prévias, DMG, plidrâmnio, macrossomia, óbito fetal s/ causa determinada, malformação fetla
- Ganho excessivo de peso
- Trombofilias adquiridas e hereditárias
- Nulíparas (75%)
Fisiopatologia da DMG
- Mãe DM: hipoinsulinismo e hiperglicemia
- RN mãe DM: hiperinsulinismo e hipoglicemia
- Placenta secreta hormônios contrainsulínicos (Lactogênio placentários): fornecer glicose p/ feto por difusão facilitada.
- O HPL aumenta na 2ª metade da gestação (mais potente)
- Gestação é um estado potencialmente diabetogênico, que testa o adequado funcionamento do pâncreas, há leve hiperinsulinemia, hipoglicemia jejum e hiperglicemia pós-prandial
- O Estrogênio, progesterona, cortisol e prolactina são contrainsulínicos que aumentam a resistência periférica à insulin
- No 1ºT há tendência à hipoglicemia, principalmente no jejum
Classificação de Priscilla White
- 1949
- Não tem classe E nem G
- ≥A2 indica tto c/ insulina
- N não é de nefro e sim a F
- Classe A (gestacional): Adquirido na gestação. A1 = s/ insulina (controlada c/ dieta) e A2 = c/ insulina
- Classe ≥ B (DM pré-gestacional/prévio - Before). ≥20 anos de início de dça ou <10 anos de duração, s/ vasculopatia, tto c/ insulina
- Classe C: 10-19 anos de início de dça ou 10-19 anos de duração, s/ vasculopatia, tto c/ insulina.
- Classe ≥ D: com doença vascular
- Classe D: Retinopatia benigna ou HAS c/ tto insulina. < 10 anos de dça ou ≥20 anos duração.
- Classe F: Flanco c/ nefropatia e ptnúria >0,3/d antes de 20 sem
- Classe R: Retinopatia maligna
- Classe H: Heart - Coronariopatia
- Classe T: Transplante renal
Classificação de Priscilla White
- Classificação etiológica, prognóstica e evolutiva
- Considera: idade materna no início da doença, duração do DM, necessidade do uso de insulina e de complicações vasculares
- Evidenciar as dificuldades que poderão ser encontradas no acompanhamento da gestação
- Não orienta o momento do parto
Rastreamento do DMG - Glicemia de Jejum na 1ª consulta de pré-natal
- IADPSG e OMS
- GJ 92-125 na 1ª consulta já confirma DMG (confirmada em uma 2ª GJ) não necessitando de TOTG
- GJ <92: TOTG 75 g (24-28 semanas)
- GJ ≥92 e <126 (92-125): DMG já na 1ª consulta se após repetir a GJ vier alterado (menos ADA)
3 . Glicemia SEM Jejum ≥ 200 ou HbA1c ≥ 6,5% ou GJ ≥ 126 ou TOTG 75g 2h ≥ 200: DM prévio (pré-gestacional) - Se TOTG 75 (entre 24-28 sem): GJ ≥ 92 ou Após 1h ≥ 180 ou Após 2h ≥ 153 = DMG (1 valor alterado já confirma)
Rastreamento do DMG - Glicemia de Jejum na 1ª consulta de pré-natal (<20 semanas ) pelo MS (2017)
- GJ 92-125 confirma DMG NÃO precisa repetir p/ confirmar*
- Se iniciar pré-natal entre 20-28 semanas ou após 28 semanas recomenda o 1º teste o TOTG***
- GJ < 92: TOTG 75 entre 24-28 semanas (se inviabilidade de TOTG fazer outra GJ c/ 24-28 sem)
- GJ de 92 a 125: DMG (não precisa repetir para confirmar nem de TOTG)
- GJ ≥ 126: DM prévio
- TOTG 75 (24-28 sem): Jejum de 92-125, Após 1h ≥ 180 ou 2h de 153 a 199 = DMG
- TOTG 75 g (24-28 sem): jejum ≥ 126 ou após 2h ≥ 200 = DM prévio*** (em qqer momento da gestação)
DMG
- Tem a possibilidade do DM não desaparecer com o término da gravidez
- TOTG 75 g deve ser repetido após 6 semanas do parto
- Risco de 50-60% de se tornarem diabéticos em 10 anos
- Estímulo higienodietéticas (dieta, ex. físicos regulares)
Influência da Gestação sobre o metabolismo glicídeico
*Resistência insulínica e hiperglicemia pós-prandial
- Hormônio lactogênio placentário (hPL): sintetizado pela placenta em teores crescentes c/ evolução da gestação (contrainsulínico antagonista à ação da insulina) → resistência insulínica
- Estrogênios, progesterona, cortisol e prolactina: ação hiperglicemiante → resistência insulínica
- Catabolismo Acentuado (= ao jejum): feto necessita de glicose
- Anabolismo facilitado: ↑ glicemia materna (> transferência fetal), ↑ conversão glicose em Tg e ↓ glucagon*
Comportamento do Diabetes na Gestação
- 1º Trimestre: tendência materna a hipoglicemia, c/ ↓ necessidade de insulina (náuse/ vômitos)
- 2ºTrimestre: rápida ↑ das necessidades de insulina c/ tendência à cetose e cetoacidose
- 3º Trimestre: ↑ necessidade insulina e ↑ prevalência de cetoacidose. Próximo ao termo tende a estabilizar o DM ocorrendo hipoglicemia (risco de insuf. placentária).
- Puerpério: ↓ brucas da necessidade de insulina por ↓ dos hormônios contrainsulínicos produzidos pela placenta
Influência do DM na Gestação
- Glicosúria: por ↑ DC e do fluxo renal c/ ↑ TFG comprometendo reabsorção tubular mesmo de glicemia normal
- Infecção urinária: glicosúria
- Candidíase vaginal: acidificação pelo acúmulo glicogênio na mucosa
- Lesões vasculares como nefropatia preexistente tem pior prognóstico (aborto, TPP, eclâmpsia, CIUR)
- Pré-eclâmpsia*
Complicações Gestacionais MATERNAS do DMG
- DM prévio prognóstico a longo prazo não é alterado c/ a gestação, exceto a retinopatia (agravada durante e após a gestação)
- Nefropatia não se altera
- DM prévio aumento muito morbimortalidade materno-fetal
- Maior risco de abortamento (acidose metabólica fetal): diretamente relacionado ao níveis de HbA1C ≥ 12% e pré-prandial > 120 mg/dl no 1º T
- Morte fetais tardias “inexplicadas” (1%): relação c/ acidose metabólica fetal, geralmente após 35 sem.
- Alterações do volume do líquido amniótico (Polidramnia em 25% das DMG): mais frequente nas classeis iniciais de White (A-C) → diurese fetal por hiperglicemia.
- Índice de LA >18 se relaciona a macrossomia fetal (USG a cada 4 sem após 28ª sem)
Complicações Gestacionais FETAIS do DM materno
- Anomalias fetais = DM maternos prévio (diferencia do DMG) por ausência de controle periconcepcional do DM
- DMG o risco de anomalias fetais e abortamento não está aumentado, pois surge só no 2ºT (após organogênese)
- Maior incidência de anomalias congênitas (3-6x maior): DM PRÉVIO
- Efeito negativo da hiperglicemia na organogênese → ↑ Radicais livres e ↓ ação de genes produtores de ác. araquidônico → defeitos do tubo neural
- Dano à vesícula vitelina
- MAIS COMUM: defeitos cardíacos (situs inversos)
- MAIS TÍPICO: Sd de regressão caudal
- Outros: defeito fechamento do tubo neural, ureter duplo
- Cetoacidose é a complicação de maior gravidade
Malformações congênitas em RN de mãe diabética
- DM prévio*
- Relação direta c/ glicemia de jejum e HbA1C no 1ºT
- Cardíacas (mais comuns): transposição de grandes vasos, CIV, coarctação da aorta
- Nervosas: anencefalia, meningocele, hidrocefalia, espinha bífica
- Renais: Agenesia renal
- Sd. Regressão Caudal: MAIS TÍPICA DO DM PRÉVIO
- PREVENÇÃO: engravidar com HbA1C <6%
Complicações Gestacionais FETAIS do DMG - Macrossomia
- Tanto DMG quanto DM prévio
- Macrossomia ocorre mais em mães euglicêmicas*
- Peso do RN >4kg: fases iniciais de Qhite (A-C)
- Hiperglicemia materna estimula pâncreas fetal a produzir insulina (efeito anabólico e de crescimento)
- É 2ª à hiperinsulinemia fetal
- Depósito de gordura em membros e tronco, visceromegalias.
- Maior risco de distócia de espáduas no parto vaginal → recomenda cesária
Complicações Gestacionais FETAIS do DMG - Distócia de Espáduas
- Dificuldade na liberação dos ombros fetais no parto vaginal c/ feto em apresentação cefálica
- Pode ocorrer em qqer gestação, maior risco na macrossomia (gordura em tronco)
- Suavidade ao abaixar e elevar a cabeça, evitar tração sobre pescoço (associada a paralisias do plexo braquial - Erb-Duchenne)
Complicações Gestacionais FETAIS do DMG - Distócia de Espáduas: MANOBRAS de desprendimento de ombros:
- Manobra de McRoberts: abdução e hiperflexão das coxas (ao elevar sínfese púbica desprende os ombros)
- Pressão suprapúbica: pressão vertical comprimindo ombro fetal, ↓ diâmetro biacromial (pode ser associada a McRoberts)
- Manobra de Rubin I: pressão sobre ombro fetal, ↓ movimento de flexão e rotação dos ombros
- Remoção do braço posterior “Jacquemier”: introduz mão e retira braço fetal posterior (↓ diâmetro impactado)
- Manobra de Gaskin: pcte de quadro, desprendimento dos ombros na ordem inversa (ombro posterior e depois o anterior)
Complicações Gestacionais FETAIS do DMG - Distócia de Espáduas: MANOBRAS rotacionais
*Manobra de Woods provoca abdução do ombro fetal e a de Rubin II a adução
- Manobra de Woods (saca-rolha): pressão na face anterior (sobre a clavícula) do ombro posterior fetal c/ auxílio de dois dedos (rodá-lo 180º)
- Manobra Rubin II: introduz dedos na vagina atrás do ombro anterior fetal e empurrando ombro em direção do tórax fetal.
- Manobra Woods Reversa: dedos sobre ombro posterior, por trás, c/ objetivo de girar o feto na direção oposta à manobra convencional de Woods
Complicações Gestacionais FETAIS do DMG -Manobras
- Principais e inicias: McRoberts e pressão suprapúbica (ordem de menor complicações)
- Em caso de insucesso com seguintes fazer Manobra de Zavanelli: reintrodução da cabeça fetal na vagina e cesárea de emergência)
- Eventualmente pode ter fratura intencional da clavícula (clidotomia que ↓ diâmetro fetal) ou sinfisiotomia (ampliação do canal de saída): último caso*
Complicações Gestacionais FETAIS e Maternas do DMG
- RCIU: classes mais avançadas de White (≥ D)
- Sofrimento fetal: hipóxia
- Prematuridade: por hiperdistensão uterina da polidramnia, insuf. placentárias e crescimento fetal
- A maioria das gestantes c/ intolerância à glicose na gravidez retorna a um estado euglicêmico no pós-parto, mas tem risco de ter DM2 posteriormente (20-30% em 5-10 anos e >50% em 20 anos)
Complicações Neonatais de DMG
- Síndrome da Angústia respiratória (Dça da membrana hialina): ↓ produção de surfactante (maturação pulmonar reduzida)
- Hipoglicemia Neonatal: interrupção aporte placentário excessivo glicose após clampeamento, e glicemia fetal se torna ↓ que a hiperinsulinemia fetal → complicação metabólica mais comum
- Hipocalcemia: por prematuridade
- Hiperbilirrubinemia: policitemia e imaturidade bilirrubina
- Policitemia: por hipóxia placentária e necessidade de ↑ O2
- Risco de DM vida futura: DM 2 em até 1/3 ods filhos de diabéticas até 17 anos de idade
Resumo das Complicações do DMG
- Macrossomia: hiperinsulinemia fetal → insulina tem efeito GH-like no feto
- Distocia ombro: ↑ gordura nos membros e tronco
- Hipoglicemia e hipocalcemia neonatal
- HAS e pré-eclâmpsia (e prematuridade)
- RCIU: mãe c/ vasculopatia
- Abortameno: hiperglicemia periconcepcional
- Polidramnia: feto hiperglicêmico → poliúria → glicose no LA → efeito osmótico
- ITU e candidíase
- Hipoglicemia matern
- Cetoacidose: alta mortalidade
Resumo das Complicações do DMG
- Más-formações fetais associam-se a controle inadeuado durante as primeiras 8 semanas de gestação
- Pctes c/ microalbuminúria tem maior risco de pré-eclâmpsia (nefropatia)
- Cardiomiopatia hipertrófica fetal
- Policitemia e hiperviscosidade fetal
- Hiperbilirrubinemia neonatal
- Mais cesáreas
- Morte materna
- Piora da retinopatia
- Malformações congênitas (DM prévio)
- Morte fetal tardia súbita: acidose fetal e hipoxemia
- Síndrome do desconforto resp. do RN (hiperinsulinemia → ↓ surfactante)
Conduta do DMG
- Dieta e ex. físisco mantem até 60% das gestantes euglicêmica (1ª linha de manejo)
- Insulina se refratário à dieta + ex. fisico
- Controle periconcepcional: HbA1C <6-7%
- Dieta: depende do IMC pré-gestaciona, se baixo peso deve ganhar mais peso e se obesa fazer restrição → 50-55% de carboidratos, 15-20% ptnas e 30-40% lipídeos
- Dieta fracionada (3 refeiçoes e 3 lanches a cada 3/3h) + Atividade física regulares 20-30’/d
- Contraindicação absoluta de ex. físico: dça cardíaca, pulmonar restrita, incopetência istmo-cervical ou cerclagem, placenta prévia, membranas rotas, anemia grava, pré-eclâmpsia
Metas Glicêmicas no DMG
- Jejum: <95 mg/dl
- Pré-Prandial: >100
- Uma hora pós-prandial: <140 mg/dl
- Duas horas após pós-prandial: <120 mg/dl
- Usuárias de insulina devem manter GJ > 70 mg/dl e pós-prandiais >100 mg/dl para evitar hipoglicemia
- Avaliações das glicemias a de 3-6x/dia
Hipoglicemiantes Orais e Insulina no DMG
*Insulina inicial de 0,5 UI/kg/d
- Metformina e Gliburida (glibenclamida) parecem ser seguros, mas não é consenso absoluto
- MS considera apenas metformina como monoterapia se inviabilidade de adesão ou acesso à insulina
- Medicação padrão-ouro e de escolha para gestante é a INSULINA
- Insulina deve ser administrada em todas que já usavam antes da gravidez, DM 2 em substituição dos orais e DMG REFRATÁRIO à dieta + ex. físico
- MS recomenda uso de NPH e Regular, e considera asparte e lispro em pctes c/ hipoglicemia
Insulina
- Refratário à dieta e ativ. física
- Em DM prévio a insulina é a droga da escolha
- 1º Trimestre/ pós-parto: diminuir dose de insulina
- 2º e 3º Trimestre: aumentar dose de insulina
- Monitorar glicemia capilar a cada 1-2h mantendo glicose entre 70-120 mg/dl
DMG e Parto
- DMG não é indicação para cesariana e a via de parto deve ser indicação obstétrica
- Cesaria eletiva se USG mostra peso >4-4,5 kg
- Pctes tratadas apenas com dieta nõ precisa antecipar parto (indução eletiva c/ 40 sem)
- Uso de insulina: antecipar parto c/ 38-39 sem
- Se sof. fetal: antecipar parto
Controle do DM após o parto
- Se uso de insulina só durante gravidez: suspender insulina
- Reavaliar entre 60 dias ou 6-12 sem pós-parto c/ TOTG 75g
- 50% tem risco de DM em 20 anos
- Se insulina antes de engravidar: retornar a dose utilizada antes de engravidar
Gemelaridade
- Maior risco de morbiletalidade perinatal: prematuros e baixo peso
- Presença de 2 ou + fetos no útero materno ou fora dele
- Mono ou dizigóticos
Gémeos Monozigóticos (MZ) ou idênticos ou verdadeiros ou uniovulares ou univitelinos
- Semelhança é absoluta
- Falha da divisão e do desenvolvimento embrionário (↑ risco malformações e complicações)
- Um espermatozoide e um óvulo
- Camada celular interna se divide em 2 fetos
- 1/3 dos gemelares
- Placentação depende do momento em que a divisão ocorre após a fecundação
- Podem ser monocoriônicos e dicoriônicos
- Gêmeos tem o mesmo genótipo: sexo é obrigatoriamente igual, mesmo grupo sanguíneo, fatores séricos, características físicas e tendências patológicas
- MZ monocoriônica apresenta maior morbimortalidade perinatal
Gêmeos Dizigóticos (DZ) ou fraternos ou biovulares ou bivitelino
- Genótipos distintos
- Depende da ovulação da mulher, diferenças raciais, níveis FSH, hereditariedade
- Dois óvulos e 2 espermatozoides
- Dois zigotos separados se desenvolvem
- 2/3 dos gemelares
- Placentação é obrigatoriamente dicorionicas
- Gêmeos fraternos tem genótipos distintos e não tem a mesma carga genética e não são idênticos
Outras possibilidades de gemelaridade
- Superfecundação: fertilização de 2 óvulos em coitos diferentes, em um mesmo ciclo menstrual
- Superfetação: fertilização de 2 óvulos em ciclos menstruais diferentes. Muito raro.
- Poliembrionia: formação de vários embriões a partir de um único zigoto
Fatores de Risco para Gemelaridade
- MZ ou idênticos: não tem influência de raça, hx familiar (s/ hereditariedade), idade materna e paridade → evento ao acaso
- DZ ou fraternos: apenas hx familiar MATERNA é relevante, mulher até 37 semanas, maior em negras, intermediárias em brancas e menor em asiáticas, aumento de paridade**, mulher alta e com sobrepeso*
- Indutores de ovulação (gonadotrofina ou clomifeno) e FIV: são risco tanto p/ MZ como DZ
Corionia ou Corionicidade
- Tipo de placentação: nº de placentas
- DZ são sempre dicoriônicos, sempre 2 placentas. Podem estar fusionadas dando impressão de uma
- MZ: depende do momento da divisão
- Se ovo divide em até 72h após fertilização: Dicoriônica Diamniótica (30% dos Mz)
- Se divisão ocorrer entre 4-8º dia após a fertilização, resultará em placenta MC e DA
- Se divisão entre 8-12 dias após fertilização, por divisão completa do disco embrionário, após formação do âmnio: Monocoriônica Monoamniótica
- Se divisão entre 13-15 dia após fertilização, a separação do disco embrionário será incompleta: gemelaridade imperfeita (rara) com Monocoriônica Monoamniótica, com separação incompleta e c/ gêmeos acolados/ siameses
Resumo da Gemelaridade*
- Todas gestações Monocoriônica (MC) são Monozigóticas (MZ)
- MAS, nem toda gestação MZ é MC
- Nas gestações MC os fetos podem pertencer à mesma bolsa amniótica (monoamniótica - MA) ou cada um pode ter seu próprio âmnio (diamniótica - DA)
- Todas gestações Dizigóticas (DZ) são Dicoriônicas (DC) e Diamnióticas (DA)
- MAS nem toda gestação Dicoriônica diamniótica é dizigótica
Dx da Gemelaridade
- Anamnese: Hx familiar ou pessoa, uso de indutores de ovulação, sensação de útero maior que esperado p/ IG
- Ex. físico: Aumento exagerado da circunferência abdominal e fundo uterino, individualização fetal, palpação da cabeça fetal (pequena p/ tamanho do útero)
- Ausculta dos batimentos cardíacos de 2 ou + fetos (sinais + específico quando zona de silêncio entro os focos de ausculta e uma diferença de FC fetal de 10 bpm entre os focos)
- B-hCG >50.000
- USG TV: 2 ou + sacos gestacionais entre 4-5 semanas
Diagnóstico da Zigotia
- Morbimortalidade perinatal está associada à corionicidade e não à zigotia*
- USGTV de 1ºT não é confiável p/ determinar zigotia
- Pode ser determinada pela discordância do sexo e placenta dicoriônica
- Zigotia antes do parto se DC e DA é difícil de realizar, e geralmente não feito (testes invasivos)
- Na gestação inicial, a identificação de mais de um corpo lúteo sugere DZ (2 CL = 2 óvulos)
Resumo do dx de zigotia
- USG c/ fetos de sexos diferentes: DZ
- USG c/ fetos do mesmo sexos: observar nº de placentar
- USG com uma placenta (um córion): sinal do T → MZ
- USG com duas placentas: sinal do Lambda (testes invasivos para diferenciar)
- Tipos sanguíneos diferentes (=DZ) ou iguais (provavelmente MZ → fazer DNA)
- DNA tem mesmo padrão (=MZ) ou não (=DZ)
Principal determinante do prognóstico da gestação gemer:
- É a CORIONIA e ão zigotia
2. Mortalidade e morbidade maior se MONOCORIÔNICO
Dx da Corionia (Placentação)
- Se dividem a mesma placenta = MC
- Na MC podem dividir mesmo âmnio (Monoamniótica- MA) ou ter seu próprio (Diamniótica - DA)
- Gêmeos DZ sempre são dicoriônicos e diamnióticas. Mas as placentas podem estar fusionadas em uma só placenta.
Dx da Corionia (Placentação)
- USG entre 6-9 semanas: melhor exame p/ dx corionia → saco gestacional duplo identifica a placentação DC, e se único MC
- Âmnio só é visível após 8 semanas e o nº de vesículas vitelinas só caracteriza a MA quando único, presença de duas é = DA.
- MC MA apresenta vesícula única
- MC DA é identificada entre 5-6 semanas pela presença de duas vesículas vitelinas no mesmo saco gestacional
Dx da Corionia (Placentação) - Twin Peak Sign ou Sinal do Lambda ou Sinal do Y
*Dicoriônicas (parede grossa)
- USG com uma massa placentária define uma gestação DC
- É a presença de tecido coriônico em forma de cunha, visualizada na inserção do seto intergemelar na placenta
- Presença de reentrância de tecido coriônico entre 2 membranas amniótica = DC (espessura do septo >1,5 mm)
Dx da Corionia (Placentação) - Sinal do T
*Monocoriônica (parede fina)
- Determinação da corionia entre 11-14 semanas
2. Na variedade monocoriônica, a insercção do septo na placenta corresponde ao sinal T e sua espessura é <1,5 mm
Dx da Corionia (Placentação)
- Sinal Y (twin peak ou lambda): sinal de dicorionicidade, placenta dicoriônica diamniótica
- Sinal T: sinal monocorionicidade, placenta monocoriônica diamniótica
- Dificuldade de identificar corpos fetais, a presença de >3 vasos no cordão umbilical, identificação das membranas separando os sacos e dx de feto malformado levanta suspeita de fetos unidos
Assistência na Gestação Gemelar
- Acompanhamento como de alto risco (consultas mais frequentes)
- Ganho de peso maior entre 15-18 kg, ingesta de ferro e folato deve ser aumentada
- Maior risco de hemorragias no 2º período: indicado ocitocina e massagem uterina
- Maior risco de mortalidade é do 2º gemelar por anoxia
Complicações Obstétricas da Gestação Gemelar
*Maior risco de complicações
- Anemia: grande demanda de ferro
- Êmese acentuada ou hiperêmese gravídica
- Hipertensão e Pré-Eclâmpsia, HELLP
- DMG
- Polidramnia: agrava fenômenos compressivos
- Abortamento: maior risco de MZ
- Amniorrexe prematuro
- Parto prematuro (30%) e hemorragia pós-parto
- RCIU
- Placentas prévias, DPP, insuf. placentária
- Anomalias congênitas
Complicações Fetais Específicas
- Morte fetal intraútero: maior em monocoriônicos
- Síndrome da Transfusão Feto-Fetal (STFF): mais em monocoriônicos
- Gêmeos conjugados: divisão tardia (após 13º dia pós-concepção) de um único ovo fecundado (toraconfalópagos*, toracópagos, onfalópagos, pigópagos) → dx no 1ºT pela presença de um único cordão umbilical com >3 vasos (no BR precisa autorização judicial p/ abortar)
- Gêmeo Acárdico ou Perfusão Reversa do Gemelar (ou sequência TRAP)
Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ou Síndrome de Transfusão Gêmelo-Gemelar
- Envolve gêmeos MZ e MC, principalmente diamnióticos, cujas circulações se comunicam na região da placenta
- Incide em 15% das MC no 2ºT e está relacionado a morte fetal
- Resulta da presença de uma ou mais comunicações arteriovenosas em combinação com escassez de anastomoses arterioarteriais (desequilíbrio hemodinâmico = shunt)
- Um cotilédone é alimentado pela artéria do feto doador e drenado p/ veia do feto receptor
Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ou Síndrome de Transfusão Gêmelo-Gemelar
- *Diferença de peso não é critério dx
- Ocorre mais em MC diamnióticos***
- Feto doador: pálido, hipovolêmico, oligúria, oligodramnio, CIUR, dificuldade de mvtação fetal (stuck twin)
- Feto receptor: polidramnio, hipervolêmico, poliúria, IC e hidropsia
- Anastomoses transplacentárias
- Critério inicial e obrigatório p/ dx de STFF: discordância de LA nas duas cavidades: bolsão >8 cm na cavidade receptor e <2 cm do doador.
Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ou Síndrome de Transfusão Gêmelo-Gemelar - Classificação de Quintero de Gravidade
- Estágio I: polidramnia no feto receptor (>8cm) e oligodramnia (<2 cm)
- Estágio II: não visibilização da bexiga do feto doador
- Estágio III: dopplerfluxometria anormal em qqer um dos fetos
- Estágio IV: hidropisia fetal
- Estágio V: óbito de um ou ambos os fetos
Síndrome da Transfusão Feto-Fetal ou Síndrome de Transfusão Gêmelo-Gemelar - TTO:
- Amniocentese seriada: em casos leves e aparecimento tardio → previnir parto prematuro 2º à polidramnia e melhorar circulação fetal pela ↓ pressão
- Fotocoagulação com Lases das Comunicações Vasculares Através de Fetoscopia (entre 16-26 sem): casos graves de ocorrência antes de 26 semanas
- Sequência Anemia-Policitemia do Gemelar (ou sequência TAPS)
Gemelar e via de Parto
*Considera prolongada ou pós-termo quando duração >40 sem em gemelares
- Viabilidade dos fetos: se inviáveis (<24 sem) considerar vaginal
- Apresentação dos fetos: parâmetro mais importante, cefálico-cefálico (42-54% → parto normal), cefálico/não cefálico (27% → cesarea)
- Estimativa de peso fetal: se diferença de peso >25% indicado cesárea
- Paridade
Indicações de Cesariana em Gemelares
- Nº fetos >2
- Gestação monoamniótica: risco de enovelamento do cordão
- Gêmeos unidos
- STFF*
- Anomalias congênitas
- Primeiro feto em apresentação cefálica
- Viabilidade comprometida
- Diamnióticos com prematuridade extrema
Conceito
- Procidência é diferente de prolapso de cordão umbilical
- A procidência ou procúbito define a presença do cordão umbilical antes da apresentação, com bolsa íntegra
- Após a amniorrexe, será prolapso de cordão
Critério dx da STFF
- Gestação MC e diamniótica, que tem polidramnia (> bolsão vertical >8 cm) no feto receptor/ Oligodramnia (> bolsão vertical <2 cm) no feto doador
- Ocorre em 15% das gestações MC, especialmente diamnioticas
- A STFF NÃO é uma complicação da gestação dicoriônica
Indicações para uso de Sulfato de Magnésio heptahidratado
- NÃO possui efeito anti-hipertensivo e não deve ser utilizado isolado p/ controle pressórico
- É indicado até na convulsão APÓS o parto (eclâmpsia puerperal)
- Prevenção de convulsão com Síndrome HELLP e Eclâmpsia
- Tratamento do episódio convulsivo em casos de eclâmpsia
- Neuroproteção fetal em partos prematuros e diminui morbidade neurológica em RN prematuro se admnistrada entre 24-32 sem
- Eficácia superior aos outros anticonvulsivantes (como hidantoína eBZP)
- Faz vasodilatação seletiva da vascularização cerebral, protegendo céls endoteliais de danos por radicais livre
- Previne entrada de cálcio (BCC) nas céls isquêmicas, inib. agregação plaquetária e antanonista competitivo da glutamato-N-metil-D aspartato (substância epileptogênica)
Gestações Gemelares
- Nas gestações monocoriônicas não complicadas, recomenda-se antecipação do parto para 36-37 semanas, e nas DC não complicadas recomenda c/ 38 sem
- Nas gestações dicoriônica pode ter tanto gêmeos = (MZ) quanto ≠ (DZ)
- RCIU é mais frequente nas MC
- Prematuridade é maior nas MC por maior taxa de complicações
- STFF ocorre só na MC
DM pré-gestacional
- Glicemia SEM Jejum ≥ 200 ou HbA1c ≥ 6,5% ou GJ ≥ 126 ou TOTG 75g 2h ≥ 200 (dx na 1ª consulta)
- Orientar dieta c/ 30-35 kcal/kg/d fracionada em 6 refeições diárias, pois IMC está normal e manter as caminhadas diárias
- Realizar perfil glicêmico após 14 dias de dieta p/ avaliação de necessidade de uso de insulina
- Encaminhar p/ centro de referência em gestação de alto risco
Conceitos no DMG
- DMG não causa malformações, já que o descontrole ocorre a partir do 2ºT, exceto se DM prévio.
- Insulinas ultrarrápidas são seguras e podem ser utilizadas na gravidez. Geralmente, ela são utilizadas em pctes c/ DM 1 que já faziam uso destas antes da gestação
- A dopplerfluxometria não é um bom método para avaliação do bem-estar fetal em gestantes com DM, sendo método idela p/ avaliar RCIU.
- No DMG utiliza USG para avaliação do peso fetal e do Líquido amniótico, cardiotocografia,apesar destes métodos não apresentarem acurácia
- É recomendado rastreamento universal p/ DMG inicialmente através da glicemia de jejum no início do pré-natal
Melhor período para determinação da corionicidade e da amnicidade no USGTV:
- Entre 6-8 semanas
- Após 8 semanas os sacos gestacionais crescem e se encostam, sendo necessário o uso de outros sinasi como do T ou do lambda (piores p/ definir corionicidade)
DMG e Complicações Fetais
- Teoria de Pedersen: hiper materna leva a hiperglicemia fetal, hiperplasia das ilhotas pancreáticas fetais com consequente hipoglicemia fetal
- Hipoglicemia neonatal é considerada <54 mg/dL
- Policitemia é decorrente da hiperglicemia e hiperinsulinemia fetais, c/ ↓ O2 livre arterial e estímulo da eritropoiese
- Hiperinsulinemia fetal inibe ação do cortisol no pulmão fetal, inibindo produção de lecitina pelo pneumócito II e desenvolve Sd. Descomforto Resp do RN
DMG e descontrole glicêmico
- Internação da pcte p/ ajusta da dose de insulina e controle glicêmico p/ tentar chegar ao termo
- Controle ambulatorial não é ideal, pois demora
- Não tem indicação de interrupção da gestação com 34 semanas; deve tentar compensar a pcte
- Interrupção precoce só em pctes graves
- Interrupção da gestante c/ DMG deve ser interrompida c/ 38sem (ñ sperar 40 sem)
DHEG
- Define HAS quando PAS ≥140 ou PAD ≥ 90, adotando PAD a fase V de Korotkoff (desapareciemento do som) c/ pcte sentada, confimando após 4h de repouso
- DHEG ocorre mais nos estremos reprodutivos, <18 e >40 anos
- Maioria ocorre (75%) em nulíparas
- DHEG caracteriza-se por HAS, edema e/ou ptnúria a partir da 20ª sem, em pctes previamente normotensas
- Ptnúria patológica é ≥300 mg/24h
- Alterações encontradas: necrose focal da periferia de lobo hepática, redução da volemia, hemorragia e edema cerebral e disfunç celular endotelial
DMG e Insuf. Placentária
- Pcte previamente hiperglicemica que apresenta hipoglicemia no último trimestre de gestação
- Isso ocorre pois a resistência elevada à insulina é decorrente pela produção placentária de hormônio lactogênico placentário que não estará mais atuante
Síndrome de HELLP
- Alteração da consciência e convulsão não são frequentes
- Principais sintomas: dor abdominal, HAS, náusea, vômitos, cefaleia e pntúria
- Elevação de enzimas hepáticas AST e ALT demonstra necrose de céls hepática
- A eleveção d desidrogenase láctica (LDH) é decorrente de hemólise
- Plaquetopenia é decorrente da destruição e do consumo das mesmas: destruição e aderência ao colágeno vascular
- O aparecimento de esquizócitos é uma alteração do eritrócito decorrente de lesão vascular e de deminuição de Hb
- Elevação de bilirruibinas ocorre às custa de elevação de fração indireta, sendo consequência da hemólise e não hepática