Síndrome Urêmica e DRC Flashcards
Quais as funções do rim no organismo?
filtração do plasma sanguíneo, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico e funções endócrinas. A filtração renal destina-se, sobretudo, à eliminação de excretadas nitrogenadas presentes na circulação sanguínea, sobretudo ureia (VR: 20 – 40mg/dL) e creatinina (VR: 1,3 – 1,5mg/dL). Quanto às funções endócrinas, o rim é responsável pela produção de eritropoietina (que participa do processo de eritropoiese) e calcitriol (a forma ativa da vitamina D).
Como se chama o conjunto de sintomas que caracterizam a perda de função renal?
síndrome urêmica
Na síndrome urêmica, quais manifestações decorrer da queda na filtração glomerular?
encefalopatia urêmica, pericardite urêmica, insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, disfunções plaquetárias (com maior risco de sangramento), manifestações GI (como dor abdominal, náuseas e vômitos), desnutrição e infecções
Como se caracteriza a evolução da encefalopatia urêmica?
A encefalopatia caracteriza-se, inicialmente, por quadros de flapping ou asterix, soluços e cefaleia, que se não manejados adequadamente podem evoluir para confusão mental, agitação psicomotora, convulsões e, até mesmo, coma e óbito por edema cerebral grave.
Como se caracteriza a evolução da pericardite urêmica?
A pericardite, por sua vez, pode evoluir para derrame pericárdico hemorrágico e tamponamento cardíaco.
Quais as principais causas de derrame pericárdico hemorrágico?
Síndrome urêmica
Tuberculose
Neoplasias
Na síndrome urêmica, quais manifestações decorrer de distúrbios HE e AB?
hipervolemia (com congestão pulmonar, edema e hipertensão), a hipercalemia (sobretudo em estados hipercatabólicos, como sepse, síndrome da lise tumoral e rabdomiólise), acidose metabólica com AG elevado (pela retenção de ácidos do metabolismo proteico, como o ácido sulfúrico), a hiperfosfatemia e a hipocalcemia (sobretudo em quadros de rabdomiólise, hemólise e síndrome da lise tumoral) e a hiponatremia.
Quais quadros de IRA podem cursar com hipoK?
nefrotoxicidade por aminoglicosídeos ou anfotericina B, síndrome de Weil e HAS maligna
O que ocorre na fase de recuperação da NTA e da IRA pós-renal?
As fases de recuperação de NTA e IRA pós-renal podem cursar com poliúria com espoliação de Na e água, o que pode levar à redução do VCE se não manejada adequadamente com reposição de sódio e água.
Qual a etiologia da hipocalcemia na síndrome urêmica?
A hipocalcemia apresenta etiologia multifatorial, sendo decorrente sobretudo do consumo de cálcio pelo fosfato elevado, com a formação de fosfato de cálcio, que pode causar calcificação vascular e tecidual por sua deposição. Nas formas crônicas de perda de função renal, a redução da produção de calcitriol (importante para a absorção intestinal de cálcio) pode contribuir para a hipocalcemia.
Na síndrome urêmica, quais manifestações decorrer da perda das funções endócrinas?
A perda de funções endócrinas, por sua vez, é observada apenas nos quadros de DRC, com redução da secreção de eritropoietina (o que pode levar à anemia) e de calcitriol (o que pode causar doença óssea, visto que a forma ativa da vitamina D é de grande importância para a absorção intestinal de cálcio).
O que é a DRC?
A doença renal crônica é um diagnóstico essencialmente laboratorial, correspondendo a quadros de TFG < 60mL/min e/ou albuminúria ≥ 30mg/d por um período superior a 3 meses, com caráter irreversível.
O que é Insuficiência Renal Crônica?
Destaca-se que o termo insuficiência renal crônica deve ser utilizado para quadros terminais, com necessidade de terapia dialítica.
Como é possível avaliar albuminúria? Qual o método de escolha?
A albuminúria pode ser identificada em mg/dia, através do exame de proteinúria de 24 horas, ou em mg/g de Cr, através da relação Ua/Uc, em amostra isolada de urina. Atualmente, a avaliação de Ua/Uc tem sido preferível, pela maior praticidade e menor risco de erros.
Quais as duas principais causas de DRC? Qual a mais frequente no Brasil? E no mundo?
As principais causas de DRC constituem a nefroesclerose hipertensiva (a principal causa no Brasil) e a glomerulopatia diabética (a principal causa no mundo).
Quais outras importantes causas de DRC, além de DM ou HAS?
Existem ainda outras importantes causas, como glomerulopatias primárias, doença renal policística e doenças urológicas
A DRC frequentemente constitui evolução de quadro de IRA? Por quê?
A DRC pode ser ainda uma evolução de quadros de IRA, por perpetuação da agressão renal; todavia, na maioria dos casos de lesão renal aguda, há resolução completa do caso em menos de 3 meses.
Qual a fisiopatologia de DRC?
Na DRC, a fisiopatologia se associa à perda inicial de néfrons, a partir de condições que causam necrose e substituição do parênquima renal por fibrose (como síndrome compartimental renal, toxicidade, obstruções persistentes, entre outras). Caso tal a perda de massa renal seja crítica, pode haver sobrecarga dos néfrons remanescentes, a partir de mecanismos de adaptação renal mediados por citocinas locais, SRAA, fatores de crescimento e outros fatores, que determinam hipertrofia dos néfrons funcionantes, levando à GESF secundária (mesmo que o insulto inicial ao parênquima renal tenha desaparecido). A GESF, por sua vez, pode evoluir para glomeruloesclerose global difusa em um ciclo vicioso, com perda exponencial de néfrons.
A evolução de quadros de DRC causa que tipo de alteração renal principal?
GESF, que, por sua vez, pode evoluir para glomeruloesclerose global difusa em um ciclo vicioso, com perda exponencial de néfrons.
Como ocorre a GESF secundária à DRC?
A GESF secundária à DRC decorre de comprometimento dos podócitos, com resposta das células mesangiais em aumentar a produção de matriz extracelular, resultando na deposição de material amorfo nos glomérulos.
Qual o quadro clínico de DRC?
O quadro clínico de DRC é condizente com a Síndrome Urêmica, caracterizando-se por manifestações que ocorrem a partir da perda da função de filtração sanguínea, da perda das funções endócrinas (não corrigíveis por diálise) e de distúrbios hidroeletrolíticos.
O que é a Síndrome de Desnutrição-Inflamação-Aterosclerose/Calcificação?
Entre as manifestações da Síndrome Urêmica, ganha destaque a chamada Síndrome de Desnutrição-Inflamação-Aterosclerose/Calcificação, decorrente de acúmulo de toxinas no organismo e de perda das funções endócrinas renais, cursando com perda de apetite, aumento do catabolismo e alterações inflamatórias sistêmicas, que favorecem a ocorrência de aterosclerose e calcificações teciduais, sobretudo quando associadas a complicações ósseas.
O estadiamento de DRC é importante para quê e realizado com base em quê?
Importante para tratamento e prognóstico dos pacientes, e pode ser realizado com base na TFG ou no nível de albuminúria.
Qual o estadiamento com base na TFG?
Estágio TFG (mL/min) G1 ≥ 90 G2 60 – 89 G3a 45 – 59 G3b 30 – 44 G4 15 – 29 G5 < 15
Qual o estadiamento com base na albuminúria?
Estágio Albuminúria (mg/dia)
A1 < 30
A2 30 – 300
A3 > 300
O que ocorre com a TFG a partir do envelhecimento? Qual o impacto dessa informação na avaliação do estadiamento de DRC?
Destaca-se que a TFG tende a diminuir com o envelhecimento, a partir da terceira década de vida, de modo que indivíduos idosos em estágios G1, G2, ou até mesmo G3a, podem não ser considerados nefropatas crônicos, desde que não apresentem queda progressiva da TFG e nem manifestações condizentes com quadro de síndrome urêmica. É importante avaliar também que estágio A1 não categoriza critério para DRC.
Qual o padrão-ouro para estimar a TFG? Por quê?
Clearence de inulina, visto que esta substância exógena sofre apenas filtração glomerular, embora seja um procedimento caro e pouco prático
Qual o método laboratorial mais utilizado para estimar a TFG? Por quê?
Clearence de creatinina (mais utilizado, por ser mais barato e prático)
Por que tem-se preferido a estimativa da TFG a partir de fórmulas em detrimento do clearence de Cr?
Recentemente, tem-se preferido a estimativa da TFG por fórmulas matemáticas, visto que a medida de clearence de creatinina pressupõe a realização de exame de urina de 24 horas, um exame pouco prático e sujeito a erros.
Quais fórmulas para estimativa da TFG?
Três fórmulas principais podem ser utilizadas para esse cálculo: a de MDRD, a de CKD-EPI (de maior acurácia) e a de Cockcroft-Gault
Como se estima TFG pela fórmula de Cockcroft-Gault?
TFG = [(140 – Idade) x Peso] / 72 x creatinina;
em mulheres, o valor deve ser corrigido multiplicando-o por 0,85.
Quais exames complementares devem ser solicitados de rotina na avaliação de pacientes com DRC?
- Ureia e Creatinina
- Bioquímica completa (incluindo cálcio e fosfato séricos)
- EAS
- Hemograma, cinética do ferro e níveis séricos de folato e vitamina B12 (sobretudo para avaliação de quadros anêmicos)
- Níveis de PTH e vitamina D (para avaliação de osteodistrofia renal)
Quais outros exames complementares laboratoriais podem ser solicitados na avaliação de pacientes com DRC? Quais as indicações de cada um?
Em contextos de suspeita de mieloma múltiplo ou em pacientes de idade superior a 35 anos sem causa aparente de DRC, deve-se solicitar imunoeletroforese de proteínas. Da mesma forma, FAN e sorologias, com destaque para HIV, hepatites B e C devem ser realizados em contextos de manifestações condizentes com glomerulonefrites.