Insuficiência Renal Aguda Flashcards

1
Q

Como se diferencia IRA de DRC? (4)

A

A IRA apresenta evolução rápida, sendo potencialmente reversível; por outro lado, a DRC tem evolução lenta (entre semanas e meses) e caráter irreversível. Além disso, nos quadros de IRA, a Cr prévia do paciente é normal, enquanto na DRC, os níveis prévios de Cr estão reduzidos; todavia, nem sempre temos tais exames disponíveis para comparação. Exames de imagem também auxiliam na diferenciação: a IRA não cursa com alterações ao USG de rim, enquanto, na DRC, há atrofia renal (com tamanho renal < 8cm) e perda da relação cortiço-medular. Por fim, a DRC cursa frequentemente com anemia normocítica e normocrômica e doenças ósseas (identificadas aos exames laboratoriais); a IRA, por sua vez, não leva a quadros anêmicos ou distúrbios ósseos.

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2
Q

Critérios para diagnóstico de IRA? Quantos devem estar presentes?

A

Apenas 1 dos 3 já fecha diagnóstico. • Elevação de Cr ≥ 0,3mg/dL em 48h • Cr ≥ 50% do basal em 1 semana • DU < 0,5ml/kg/h em mais de 6 horas

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3
Q

Qual a conclusão que se pode tirar a partir dos critérios diagnósticos de IRA?

A

Trata-se de um diagnóstico laboratorial, muitas vezes realizado em pacientes assintomáticos.

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4
Q

Por que a TFG não é usada como critério diagnóstico de IRA?

A

As fórmulas para estimativa do clearence de creatinina e da TFG não devem ser utilizadas em pacientes com função renal instável e, por isso, a TFG não deve ser utilizada para diagnóstico de IRA, embora esse quadro pressuponha redução dessa taxa.

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5
Q

A insuficiência renal aguda descreve qual condição?

A

O termo insuficiência renal aguda está destinado a quadros mais avançados de perda da função renal, mais graves e que requerem diálise

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6
Q

Qual a classificação que estabeleceu os critérios de definição de IRA? O que ela avalia?

A

A definição de IRA foi realizada a partir da classificação de KDIGO, a qual avalia a gravidade dos quadros de perda da função renal e permite estadiar os diferentes graus de IRA, demonstrando que pacientes que atendem a um dos critérios apresentados acima apresentam aumento do risco de morte.

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7
Q

Quais outras classificações de IRA além da de KDIGO? O que elas avaliam?

A

Existem ainda outras classificações de gravidade da IRA, como as classificações de Rifle e de Akin. Avaliam gravidade da condição

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8
Q

Quais os três tipos de IRA de acordo com a classificação etiopatológica? Qual a causa básica de cada uma?

A

a IRA pré-renal (a causa mais comum de IRA, representando 55% dos casos e cursando com hipoperfusão renal), a IRA intrínseca (40% dos casos, desenvolvendo-se a partir das síndromes compartimentais renais, como glomerulopatias, doenças tubulointersticiais e doenças vasculares) e a IRA pós-renal (5% dos casos, decorrente de obstruções urinárias)

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9
Q

São frequentes as associações entre IRA pré-renal e IRA intrínseca? Quando ocorre?

A

É frequente a associação entre IRA intrínseca e IRA pré-renal, podendo a primeira ser uma evolução de quadros inicialmente marcados por hipovolemia, como ocorre, por exemplo, em sepse e choque séptico (as principais causas de IRA intrínseca em pacientes hospitalizados) e NTA

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10
Q

São frequentes as associações entre IRA pós-renal e IRA intrínseca? Quando ocorre?

A

Não!

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11
Q

Quais tipos de IRA frequentemente se associam?

A

IRA pré-renal e IRA intrínseca

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12
Q

Quais as principais causas de IRA pré-renal?

A

As principais causas de IRA pré-renal incluem hipovolemia ou choque; IC e cirrose hepática (quadros de hipovolemia relativa, com redução do VCE); e uso de drogas como IECA, BRA e AINES.

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13
Q

Como funcionam os mecanismos adaptativos renais para manutenção da TFG? Qual a limitação desse mecanismo?

A

em casos de redução do VCE ou da perfusão renal, há a ativação de mecanismos adaptativos: vasodilatação da arteríola aferente (pela produção local de citocinas inflamatórias) e vasoconstrição da arteríola eferente (mediada pela ação da angiotensina II). Tais mecanismos aumentam a pressão hidrostática no capilar glomerular, garantindo a manutenção da TFG. Em indivíduos saudáveis, esse mecanismo de adaptação renal é capaz de se sustentar até PAS de 80mmHg; caso a pressão arterial caia a valores inferiores a esse, tais mecanismos, embora plenamente ativados, não são capazes de assegurar a manutenção da TFG, levando à IRA pré-renal

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14
Q

Como drogas como AINES, IECA e BRA causam IRA pré-renal?

A

O uso de AINES (por bloquear a ação de citocinas inflamatórias, prejudicando a vasodilatação da arteríola aferente) e o uso de IECA e BRA (por bloquear o SRAA, comprometendo a vasoconstrição da arteríola eferente) reduzem a capacidade de adaptação renal, podendo levar a injúria pré-renal

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15
Q

Quais as principais causas de IRA intrínseca? Como a leptospirose causa essa lesão?

A

A IRA intrínseca pode ser decorrente de diversas condições que agridem o parênquima renal, como NTA, NIA, leptospirose, glomerulonefrites, ateroembolismo, síndrome hemolítico-urêmica, entre outros. Destaca-se que a leptospirose pode causar IRA por lesão celular grave sem que haja necrose ou inflamação significativas, resultando em quadros oligossintomáticos (forma anictérica) ou na chamada Síndrome de Weil (forma íctero-hemorrágica), caracterizada por icterícia, hemorragia pulmonar e insuficiência renal aguda.

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16
Q

Qual a fisiopatologia da IRA pós-renal?

A

Já nos casos de IRA pós-renal, a fisiopatologia envolvida decorre de processo inflamatório e aumento da pressão hidrostática retrogradamente a partir do ponto de obstrução, o que atinge a cápsula de Bowmann e leva a redução da TFG.

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17
Q

O que ocorre em um primeiro momento de IRA pós-renal?

A

Em um primeiro momento, devido ao processo inflamatório, há vasodilatação dos capilares glomerulares, resultando em uma fase hiperêmica, com aumento do fluxo sanguíneo local

18
Q

O que ocorre com a evolução de quadros de IRA pós-renal?

A

Com o passar do tempo, as citocinas locais causam vasoconstrição parenquimatosa, com isquemia e necrose do sistema tubular, favorecendo evolução para DRC

19
Q

Como pode ocorrer IRA pós-renal em pacientes com ambos os rins saudáveis?

A

Em pacientes com ambos os rins saudáveis, para que sejam estabelecidos quadros de IRA pós-renal, são necessárias obstruções na via excretora comum, como doenças prostáticas, bexiga neurogênica, obstruções uretrais ou obstruções ureterais bilaterais.

20
Q

Qual a diferença da IRA pós-renal em nefropatas ou pacientes com rim único em relação a pessoas com ambos os rins saudáveis?

A

Em pacientes nefropatas crônicos ou com apenas um rim funcionantes, a IRA pós-renal pode se desenvolver mesmo em obstruções ureterais unilaterais

21
Q

Obstruções parciais e completas podem causar IRA pós-renal ou apenas as completas?

A

As obstruções urinárias podem ser parciais ou completas e em ambos os casos pode haver ocorrência de IRA pós-renal; todavia, as obstruções parciais, em geral, causam queda significativa da função renal sobretudo em pacientes nefropatas

22
Q

Qual melhor exame laboratorial para diferenciação entre as três grandes formas de IRA?

23
Q

O que avaliar no EAS para diferenciação entre as três grandes formas de IRA?

A

devemos observar alguns dados principais: eosinofilúria (que fala a favor de NIA ou ateroembolismo); cilindros hemáticos ou hemácias dismóficas (que indicam quadros de glomerulopatias); cilindros granulosos (formados pela associação da mucoproteína com células epiteliais dos túbulos renais) ou células epiteliais (apontando para NTA); e cilindros hialinos (que falam a favor de IRA pré-renal). Ainda, (a) heme +, sem hematúria ou cilindros hemáticos, fala a favor de mioglobinúria (rabdomiólise) ou hemoglobinúria; e (b) presença de cristais de oxalato de cálcio fala a favor de intoxicação por etilenoglicol.

24
Q

Quais parâmetros laboratorais auxiliam na diferenciação entre NTA e IRA pré-renal?

A

IRA pré-renal: Na urinário < 20 mEq/L FE de Na < 1% Densidade da urina > 1020 Osmolaridade da urina > 500 mOsm/L Ur/Cr > 40 Cilindros urinários Hialinos NTA isquêmica Na urinário > 40 mEq/L FE de Na > 1% Densidade da urina < 1015 Osmolaridade da urina < 350 mOsm/L Ur/Cr < 20 Cilindros urinários Granulosos

25
O FE de Na é um parâmetro sempre confiável para diferenciação entre NTA e IRA pré-renal? Por quê?
Não! Algumas condições de NTA podem cursar com FE de Na \< 1%, como rabdomiólise e nefropatia contraste-induzida, por apresentarem grande componente pré-renal. Por outro lado, algumas injúrias pré-renais podem levara FE de Na \> 1%, como o uso de diuréticos (sobretudo de diuréticos de alça) e a DRC
26
Quando devem ser solicitados exames de imagem em IRA e com qual objetivo?
Devem ser solicitados em casos de suspeita de obstrução das vias urinárias ou diante de IRA sem causa aparente, em que causas pré-renais e intrínsecas foram afastadas. Objetivo de avaliação de IRA pós-renal
27
Qual exame de imagem de escolha na IRA, quando houver indicação e por quê?
O exame de escolha, nessas circunstâncias, é o USG, tendo em visto que exames contrastados devem ser evitados em pacientes com perda de função renal
28
Em caso de obstrução do TU, qual achado ao USG?
Na vigência de obstrução, o USG manifesta uma hidro-uretero-nefrose, com sensibilidade de 98%
29
O USG pode estar normal na vigência de obstrução do TU? Em que contextos?
Pode estar normal em 2% dos quadros de obstrução, sobretudo em obstruções recentes ou em contextos de encarceramento do TU (como em fibrose retroperitoneal)
30
O que fazer em casos de clínica sugestiva de obstrução urinária com USG de vias urinárias normal?
Nessas situações, está indicada a solicitação de exames contrastados, como TC ou pielografia.
31
A biópsia renal é importante no diagnóstico de IRA?
A biópsia renal não é necessária rotineiramente para o diagnóstico de lesões renais agudas, estando indicada em quadros obscuros com exclusão de IRA pré-renal, de IRA pós-renal e de IRA intrínseca toxica ou medicamentosa.
32
Quais biomarcadores podem ser usados na avaliação de IRA e por quê?
KIM-1 e NGAL, por serem capazes de identificar injúria ao parênquima renal que podem auxiliar na identificação de doenças intrínsecas do rim de forma precoce
33
Como é a abordagem de quadros de IRA em cada um dos três grupos?
Nos quadros de IRA pré-renal, a abordagem é feita com restauração da volemia, com transfusões sanguíneas nos quadros de sangramento ou infusão de solução salina ou coloide nas perdas de água. Na IRA intrínseca o tratamento envolve correção da causa base, podendo envolver imunossupressão ou plasmaférese. Por fim, a conduta na IRA pós-renal consiste em desobstrução do trato urinário (através de cateterismo vesical ou punção subrapúbica nas obstruções baixas; cateter duplo J ou nefrostomia, nas obstruções uretrerais, entre outras abordagens, de acordo com a causa).
34
Qual a importância das medidas de suporte no tratamento da IRA?
São importantes para prevenir a necessidade de terapia de substituição renal em pacientes com IRA e garantir melhor prognóstico.
35
Quais as medidas de suporte no caso de hipervolemia?
Recomenda-se restrição de sódio e administração de diuréticos de alça (furosemida 200mg bolus, com manutenção em 10 a 40mg/h BIC)
36
Quais as medidas de suporte no caso de hipercalemia?
Deve-se administrar gluconato de cálcio (em pacientes com alterações ao ECG com hiperK grave \> 6,5mg/dL), glicoinsulina, nebulização com beta-agonista e sorcal (resina de troca); nos casos refratários, há indicação de diálise
37
Quais as medidas de suporte no caso de acidose?
Recomenda-se reposição IV de bicarbonato se pH \< 7,2 e HCO3 \< 15
38
Quais as medidas de suporte no caso de hiperfosfatemia?
Deve haver restrição da dieta e quelantes gastrointestinais de fosfato (como sevelamer e carbonato de cálcio)
39
Quais as orientações quanto à nutrição de pacientes com IRA?
Quanto à nutrição desses pacientes, deve haver uma ingesta diária de 20 a 30 kcal/kg/dia, com consumo de proteínas na ordem de 1g/kg/dia em pacientes não dialíticos e 1,5g/kg/dia em pacientes dialíticos; se houver quadros de hipercatabolismo, como NTA com sepse, o aporte proteico deve ser de 1,7g/kg/dia.
40
Em pacientes com IRA, é importante realizar quais tipos de profilaxia?
Deve haver profilaxia de HDA com IBP com antagonistas H2 e de TEV (preferencialmente com heparina não-fracionada).
41
Quais as indicações de diálise de urgência?
(a) refratariedade à hipervolemia, hipercalemia ou acidose; (b) casos graves de uremia franca, com encefalopatia, pericardite ou hemorragias; e (c) intoxicações exógenas com toxinas dialisáveis.
42