Senescência do sistema digestório Flashcards

1
Q

Quais alterações, em geral , o aparelho digestório apresenta e quais suas pricnipais consequências?

A
  • Com o envelhecimento, o aparelho digestório apresenta alterações estruturais, de motilidade e da função secretória, que variam em intensidade e natureza em cada segmento.
  • As consequências clínicas dessas alterações são, na maioria dos casos, pouco perceptíveis, mas, em seu conjunto, adquirem importância para compreensão e manuseio de sintomas, bem como para previsão de alterações na farmacocinética de diversas medicações
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2
Q

Quais são as principais alterações que ocorrem no esôfago com a senescência?

A
  • Com o envelhecimento, a musculatura lisa do esôfago pouco se altera, porém ocorre importante e progressiva redução de sua inervação intrínseca
  • Estudos observaram aumento da frequência de contrações terciárias, presença de aperistalse, distúrbios funcionais do esfíncter inferior do esôfago e contrações não propulsivas em 45% das deglutições, de voluntários idosos –> •Os autores denominaram o conjunto dessas alterações como “presbiesôfago”.
  • Ocorre diminuição da pressão de repouso e alterações da sincronia e magnitude do relaxamento do esfíncter superior do esôfago (o que pode causar disfagia alta), aumento da incidência de contrações não peristálticas (síncronas e falhas) e manutenção da pressão de repouso do esfíncter inferior do esôfago (aumento da frequência de respostas inadequadas à deglutição, com relaxamento incompleto ou ausente.
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3
Q

Qual a consequência clínica das alterações de motilidade esofágica?

A
  • Alterações da motilidade esofágica relacionadas ao envelhecimento podem reduzir a depuração de materiais deglutidos ou refluídos do estômago, tendo implicações clínicas importantes, como a necessidade, mesmo em idosos assintomáticos, de se administrar medicamentos por via oral (VO), na posição ortostática e acompanhados de razoável quantidade de líquido.
  • O fato de materiais ácidos refluídos do estômago permanecerem por mais tempo em contato com a mucosa esofágica, levam a maior potencial de lesão.
  • É provável que a demora para o esvaziamento de materiais refluídos do estômago para o esôfago contribua para a ocorrência de pneumonias aspirativas
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4
Q

Qual a razão pela qual a gravidade dos sintomas dolorosos não se relaciona com a gravidade da lesão esofágica causada pela presença de refluxo ácido do estômago

A
  • A população idosa pode ter o limiar de dor esofágica aumentado, razão pela qual a gravidade dos sintomas dolorosos não se relaciona com a gravidade da lesão esofágica causada pela presença de refluxo ácido do estômago.
  • Já foi demonstrado que, para graus semelhantes de sintomas, idosos têm maior grau de lesão, incluindo a presença e a extensão de esôfago de Barrett, do que pacientes mais jovens.
  • A associação de redução da limpeza de materiais refluídos com o aumento do limiar de dor é, pelo menos em parte, responsável por esse fenômeno.
  • Como as alterações da motilidade esofágica em idosos são extremamente frequentes e raramente associadas a sintomas, recomenda-se que todo idoso com disfagia ou outros sintomas de natureza esofágica seja investigado para doenças envolvendo o esôfago e que jamais, antes de investigação exaustiva, queixas sejam atribuídas a alterações da motilidade relacionadas exclusivamente ao envelhecimento.
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5
Q

Por que ocorre maior saciedade precoce e anorexia na senescência?

Qual a consequência clínica da elevação do tempo de esvaziamento gástrico?

A
  • Uma primeira alteração a ser considerada é a redução do relaxamento receptivo do fundo gástrico à chegada de alimentos. A capacidade de acomodação do alimento, por essa razão, reduz-se, com a ocorrência de saciedade precoce e anorexia do envelhecimento.
  • Há discreta a moderada elevação do tempo de esvaziamento gástrico, principalmente para líquidos, o que pode alterar o tempo e o grau de absorção de medicações cuja exposição prolongada ao meio ácido é crítica. –> •Pode-se citar o cetoconazol, o fluconazol, as tetraciclinas e a indometacina
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6
Q

Quais funções/Alterações no estômago estão diminuídas? (4)

A
  • Diversos estudos acerca da secreção ácida do estômago mostram alguma redução da secreção de ácido clorídrico, tanto basal quanto estimulada, provavelmente secundária à redução da quantidade de células parietais, que é relacionada à idade.
  • A secreção basal e estimulada de pepsina também se mostra reduzida com o envelhecimento, independentemente da presença de infecção pelo Helicobacter pylori, gastrite atrófica ou tabagismo.
  • A produção de fator intrínseco, necessário para a absorção de vitamina B12, também se mostra relativamente reduzida, mas não em níveis capazes de alterar a absorção dessa vitamina e induzir anemia.
  • A absorção do ferro pode estar parcialmente reduzida pela hipocloridria, o que poderia contribuir para o desenvolvimento de anemia ferropriva, mas não para a sua causa.

OBS: •Portanto, da mesma forma que sintomas esofágicos não devem ser primariamente atribuídos a alterações da motilidade do esôfago, também a anemia não deve ser atribuída, a princípio, a alterações fisiológicas do estômago ou de outras porções do trato digestório

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7
Q

A colonização da mucosa gástrica pelo H. pylori aumenta com o avançar da idade? Qual a consequência clínica disso?

A

A colonização da mucosa gástrica pelo H. pylori aumenta com o avançar da idade.

•O significado clínico desse dado é pouco compreendido, no entanto, há considerações de que ele possa estar parcialmente relacionado a condições de incidência idade-relacionadas, como a ocorrência de metaplasia intestinal, atrofia gástrica e neoplasia.

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8
Q

Quais são as alterações que ocorrem histologicamente no pâncreas na senescência?

A

O pâncreas sofre importantes alterações estruturais com o envelhecimento. O seu peso se reduz de uma média de 60 g para menos de 40 g, na nona década de vida.

  • Alterações histológicas: dilatação do ducto principal, proliferação de epitélio ductal e formação de cistos.
  • fibrose e lipoatrofia focal, manifestada, em exames radiológicos, como aumento da densidade do parênquima.
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9
Q

•As alterações estruturais do pâncreas se refletem em alterações funcionais

A
  • Redução da capacidade de secreção de tripsina, lipase e bicarbonato, que têm significado clínico negligenciável, uma vez que a reserva funcional pancreática é muito elevada.
  • Provável redução da secreção de insulina, o que explicaria, em adição à redução da sensibilidade periférica à esse hormônio, o aumento da prevalência de diabetes na população idosa.
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10
Q
  • O fígado é um dos órgãos mais estudados no que diz respeito aos efeitos do envelhecimento sobre o trato digestório.
  • A grande maioria dos estudos, se dedica mais à metabolização de medicamentos do que às alterações estruturais e à função secretora.

Sendo assim, quais são as alterações estruturais do fígado na senescência?

A
  • O peso do fígado se reduz cerca de 30 a 40% da segunda para a nona década de vida.
  • A arquitetura hepática se mostra pouco alterada.
  • Os hepatócitos, bem como suas organelas, têm aumento em seu tamanho, e o colágeno, embora aumentado em quantidade, pouco se altera em suas características.
  • Há deposição marcante de lipofuscina, com o aspecto do fígado se tornando acastanhado.
  • O fluxo sanguíneo hepático é reduzido, proporcionalmente à redução do peso do fígado (em torno de 25 a 47%).
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11
Q

Cite as alterações das funções secretoras do fígado.

A
  • São descritos, redução na secreção de albumina (até 20%), redução da secreção de colesterol, aumento da secreção de alfa-ácido glicoproteínas e redução na quantidade total de ácidos biliares.
  • As alterações na secreção de albumina e de glicoproteínas podem interferir na farmacocinética de medicações que têm importante ligação à albumina, como a fenitoína e os antipsicóticos, e às glicoproteínas, como a lidocaína e o propranolol.
  • Essas alterações também interferem na interação entre os medicamentos quando são utilizados diversos fármacos que se ligam a esses carreadores
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12
Q

A metabolização de medicamentos é classificada em duas fases distintas, quais são elas?

A

A fase I consiste da ação de enzimas mono- oxigenase microssomais (incluindo o sistema citocromo P-450), que promovem oxidação, redução ou hidrólise da medicação original, convertendo-a em metabólitos mais polares. Esses metabólitos podem ser menos ou mais ativos que a medicação original.

A fase II se caracteriza por reações sintéticas ou de conjugação, que acoplam a medicação ou seus metabólitos a metabólitos endógenos, como os ácidos glicurônico, sulfúrico, acético ou mesmo um aminoácido, facilitando sua excreção na bile ou na urina.

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13
Q

Quais alterações ocorrem nas funções de metabolização do fígado?

A
  • Há descrição da redução, com o envelhecimento, de 5 até 30% na metabolização de medicamentos pela fase I, mais intensa em homens do que em mulheres
  • O sistema citocromo P-450 se mantém pouco alterado em quantidade.
  • Essas alterações podem promover a redução da metabolização de fármacos, como vários benzodiazepínicos, e, mesmo, a produção de compostos intermediários de meia-vida muito longa
  • Outro aspecto importante das alterações das reações de fase I é que existe uma variabilidade interindividual grande, o que reduz a previsibilidade desse fenômeno individualmente.
  • As reações da fase II (conjugação) se alteram menos com o envelhecimento, provavelmente sofrendo redução de grau modesto.
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14
Q

Ocorrem alterações de Testes de função hepática e de lesão hepatocelular?

A
  • Os testes rotineiramente empregados para a avaliação da função hepática (dosagem de bilirrubinas, albumina, fatores da coagulação) e da presença de lesões hepatocelulares (transaminases) e canaliculares (fosfatase alcalina, gama glutamil transferase) permanecem praticamente inalterados com o envelhecimento.
  • Alterações desses testes e da dosagem dessas enzimas devem ser consideradas, até prova em contrário, sinais de doença subjacente, que precisa ser investigada.
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15
Q

Quais são as principais alterações no intestino delgado?

A

Alterações estruturais: relativa redução da superfície mucosa, redução das vilosidades intestinais e redução correspondente do fluxo esplâncnico entre 40 e 50%.

O tempo de trânsito intestinal não apresenta alterações significativas com o envelhecimento, o que não exclui alterações da motilidade e de seus padrões.

Alterações da motilidade podem ter importante significado clínico, pois possibilitam a hiperproliferação bacteriana, uma das causas de perda de peso em idosos.

  • A função absortiva é, aparentemente, pouco alterada para a maioria dos nutrientes, incluindo açúcares e proteínas.
  • Para a avaliação da absorção de carboidratos, o clássico teste da D-xilose pode se mostrar reduzido com o envelhecimento em até 35%; entretanto, a redução da função renal é a responsável por essa alteração, e não a absorção de carboidratos.
  • A absorção de lipídios envolve uma série de passos complexos, incluindo a formação de emulsão no estômago; a hidrólise de triglicerídios na presença da lipase pancreática; a formação de micelas complexas formadas por ácidos biliares, ácidos graxos e monoglicerídios; a difusão de ácidos graxos através da membrana vilosa; a ressíntese de triglicerídios nas células mucosas; a formação de quilomícrons e o transporte dos quilomícrons para ductos linfáticos.
  • Uma discreta redução na absorção de lipídios, especialmente em situações de sobrecarga, é descrita, e, além de estar relacionada às alterações do pâncreas e da secreção de sais biliares, descritas anteriormente, deve-se, em parte, à redução da capacidade de ressíntese de triglicerídios na célula mucosa.

•De qualquer forma, essas alterações não se mostram, em nenhum estudo, críticas para a manutenção do estado nutricional.

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16
Q

Quais vitaminas diminuem sua absorção no intestino delgado e quais vitaminas aumentam a sua absorção?

A
  • A absorção de alguns nutrientes específicos, incluindo vitamina D, ácido fólico, vitamina B12, cálcio, cobre, zinco, ácidos graxos e colesterol, é reduzida com o envelhecimento.
  • A redução da absorção da vitamina D, associada a outros fatores, contribui para a ocorrência da osteoporose e de outras consequências deletérias da hipovitaminose D que vêm sendo demonstradas recentemente
  • A absorção de alguns outros nutrientes, incluindo vitamina A e glicose, pode aumentar.
  • Os resultados, entretanto, são controversos, e sua significância clínica, questionável.
17
Q

A ocorrência mais frequente de constipação intestinal entre os idosos pode ser explicada pelo quê?

A
  • A ocorrência mais frequente de constipação intestinal entre os idosos pode ser explicada por uma série de fatores extrínsecos ao cólon, como o sedentarismo, a redução na ingestão de fibras e de líquidos, as alterações hormonais e, em mulheres, a histerectomia e as alterações do assoalho pélvico.
  • O tempo de trânsito colônico se mostrou aumentado em diversos estudos, mas inalterado em outros

*** •Uma possível causa para distúrbios do trânsito seria a redução dos neurônios do plexo mioentérico associada ao envelhecimento.

18
Q

***Três fatos idade-relacionados ocorrem no que se refere ao cólon:

A

•(1) aumento da prevalência de constipação intestinal;•(2) aumento da incidência de neoplasias e •(3) aumento da prevalência de doença diverticular.

19
Q

CÓLON - O aumento da prevalência de doença diverticular está relacionado com o quê?

A
  • O aumento da prevalência de doença diverticular está relacionado a alterações morfológicas e biomecânicas do cólon, com o comprometimento da resistência da parede colônica a pressões intraluminais elevadas.
  • A presença de colágeno e elastina submucosos confere distensibilidade ao cólon; alterações nesses elementos, com maior agregação e acumulação de colágeno e degeneração da fibrina podem causar menor distensibilidade e menor resistência.
  • Devido a alterações no plexo mioentérico, passam a predominar os movimentos de segmentação em relação aos de progressão do bolo alimentar, criando-se câmaras de alta pressão intraluminal.
  • Essas alterações não explicam integralmente a formação de divertículos e dietas pobres em fibra, além de outros fatores extrínsecos, também apresentam importante papel para a sua patogênese.
20
Q

**** CÓLON - •A maior incidência de neoplasias também é explicada por diversas teorias: (3)

A
  • exposição da mucosa colônica, por período prolongado, a agentes carcinogênicos,
  • hiperproliferação das células crípticas e •aumento da suscetibilidade da mucosa colônica, com o envelhecimento, à transformação maligna
21
Q

Quais são as alterações que ocorrem no reto e ânus? (Extrínsecas e Intrínsecas)

A
  • A prevalência de incontinência fecal aumenta com o envelhecimento, com consequências pessoais e sociais importantes.
  • Diversos mecanismos extrínsecos contribuem para a ocorrência de incontinência, como déficit cognitivo, impactação fecal, acidentes vasculares cerebrais, neuropatia diabética
  • Algumas alterações intrínsecas ao envelhecimento contribuem para esse fenômeno..
  • Alterações da musculatura do esfíncter exterior, com espessamento e alterações estruturais do tecido colágeno e redução da força muscular, diminuem a capacidade de retenção fecal voluntária.
  • Alterações na automaticidade muscular esquelética, explicadas, em parte, pela lesão mecânica crônica dos nervos pudendos.