Reumatologia - artrite reumatoide (AR) Flashcards

You may prefer our related Brainscape-certified flashcards:
1
Q

Introdução

A
  • Epidemiologia
    –> Artropatia inflamatória crônica mais prevalente
    –> Prevalência em torno de 1% da população
    –> Acomete mais o sexo feminino (3:1) entre 35-75 anos, média de 45 anos. No sexo masculino, tende a ocorrer de forma mais tardia
    –> Tem impacto social e morbidade consideráveis
  • Etiopatogenia:
    Multifatorial
    –> Fatores genéticos: mutações no HLA-DR4 e/ou HLA-DRB1 estão associadas a um maior risco de artrite reumatoide no futuro
    –> Fatores ambientais: TABAGISMO, exposição à sílica, microbioma comprometido, infecções virais (EBV). Funcionam com gatilhos em pacientes geneticamente predispostos.
    –> Fatores hormonais: gestação e puerpério (tende a melhorar ao longa da gestação e piorar com o puerpério)
  • Seu alvo principal é a membrana sinovial, levando a um processo inflamatório crônico e progressivo (sinovite) que pode formar pannus (espessamento da membrana sinovial cronicamente agredida, levando a um edema articular característico).
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
2
Q

Quadro clínico

A
  • Poliartrite simétrica e bilateral, de curso crônico (> 6 semanas) e que tem grande preferência por PEQUENAS ARTICULAÇÕES PERIFÉRICAS. Se < 6 semanas devemos pensar em diagnósticos diferenciais, incluindo artrites ou artralgias virais.
  • Acomete grandes e pequenas articulações periféricas, tendo predomínio nas articulações de mãos (metacarpofalangeanas, interfalangeanas proximais - IFPs, punho) e pés (metatarsofalangeanas, com exceção da primeira metatarsofalangeana). Pode acometer ainda tornozelo, ombros, joelho, cotovelo…
  • RIGIDEZ MATINAL > 1 h (em geral mais)
  • Poupa interfalangeanas distais (IFDs)
  • Acometimento variável, pode atingir várias articulações como ficar restrita a uma parte. Quanto maior o acometimento, pior o prognóstico.
  • Deformidades de AR:
    –> Deformidade em pescoço de cisne: extensão da IFP e IFD flexionada
    –> Deformidade em botoeira: flexão de IFP e extensão de IFD
    –> Desvio ulnar FIXO, não redutível de mãos
    –> Acometimento C1 (atlas) e C2 (áxis): lembrar da subluxação atlanto-axial > 3 mm (provoca paraparesia em 4 membros). Lembrar que a AR não gosta de acometer o eixo axial, à exceção de C1 e C2
  • Acometimentos extra-articulares
    –> Ocorre em 40% dos pacientes
    –> No início do quadro temos sintomas sistêmicos (fadiga, fraqueza, rigidez matinal)
    –> O nódulos subcutâneos, principalmente localizados em faces extensoras dos MMSS, são as manifestações extra-articulares MAIS FREQUENTES. Ademais, eles podem estar presentes em outras localidades, como vísceras, pulmão, coração (valvas)
    –> Vasculite reumatoide: são as mais temidas. São manifestações tardias, associadas a elevados títulos de FR e anti-CCP e acometimento articular intenso com deformidades. Pode gerar úlceras/lesões tróficas e necroses.
    –> Derrame pleural: sim, a AR pode provocar derrames pleurais! Inclusive, são derrames EXSUDATIVOS (pH baixo, glicose baixa, LDH alto, proteínas elevadas geralmente > 3,5, e fator reumatoide alto), estabelecendo diferencial com infecções, tuberculose pleural, neoplasias.
    –> Pneumopatia intersticial não específica (PINE) e pneumopatia intersticial usual (PIU): associadas ao aumento de mortalidade em AR. O padrão de PINE atinge preferencialmente as bases, provocando inflamação intersticial, poupando região subpleural e sendo mais responsiva ao tratamento imunossupressor. O padrão fibrosante é encontrado na PIU - padrão intersticial usual - e cursa com faveolamento em TC de tórax, apresenta um prognostico reservado e não responde bem à imunossupressão.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
3
Q

Diagnostico

A
  • Exames complementares:
    –> Anemia, leucocitose e trombocitose no hemograma
    –> Elevação de VHS e PCR
    —> Fator reumatoide: positivo em 70-80% dos casos
    –> Autoanticorpos anti-citrolinados (anti-CCP): alta especificidade para AR
    –> As variações das provas inflamatórias (VHS e PCR) tem associação com a atividade da doença
    –> A dosagem de FR e anti-CCP em altos títulos correlacionam-se com PIOR PROGNOSTICO
  • Exames de imagem:
    –> RX de extremidades: sinovite, osteopenia periarticular, erosão óssea com redução do espaço articular
    –> USG articular: graduado de 0-3. O ecodoppler identifica neovasos articulares que surgem em resposta à inflamação e ainda avalia o grau de espessamento da membrana sinovial (pannus). Quanto maior a neovascularização e mais espessa/inflamada é a sinóvia, maior é o grau de acometimento (grau 3). Pode ser um exame de seguimento, indicando falha de tratamento na persistência dos neovasos!
  • Existem critérios clínicos da ACR para o diagnóstico definitivo de AR. O importante aqui é lembrar que o acometimento inflamatório de > 5 articulações PEQUENAS, evolução de > 6 semanas, elevação do PCR e VHS, bem como anticorpos positivos (FR e anti-CCP +) definem o diagnostico (> 6 pontos)
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
4
Q

Métricas terapêuticas

A
  • Tem várias ferramentas de seguimento clínico, entre elas o DAS28, CDAI e SDAI (índice clínico simplificado)
  • DAS28: é baseada na avaliação de:
    –> Contagem de articulações edemaciadas
    –> Contagem de articulações dolorosas
    –> Reagentes de fase aguda
    –> Avaliação global do paciente
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
5
Q

Tratamento

A

Dividido em medicações para alívio sintomático e as DMARDs (drogas antireumáticas modificadoras da doença)

  • Controle sintomático: AINEs e glicocorticoides
  • DMARDs:
    –> Sintéticos:
    METOTREXATO + ácido fólico: medicamento âncora, sempre deve ser associado ao ácido fólico (sem sua reposição acarreta anemia megaloblástica)
    Leflunomida
    Sulfassalazina
    Hidroxicloroquina

–> Biológicos:

Anti-TNF: infliximab, adalimumabe, certolizumabe, golimumabe, etanercept. Tomar cuidado com os anti-TNF: lembre-se que junto com o IFN-gama, o TNF-alfa é uma importante citocina inflamatória liberda pelos macrófagos em resposta ao complexo micobactéria tuberculose. Portanto, é imperativo rastreio de TB em todos os pacientes que iniciarão anti-TNF; os anti-TNF são contraindicados em gestantes, EXCETO o certolizumabe. Também são contraindicados em doenças desmielinizantes e IC classe funcional NYHA III e IV.

Anti-IL6

Outros: anti-CD20 (rituximabe), abatacept

Inibidores da JAKS (iJAKS): DMARDS alvo-específicos, última linha de tratamento, pois é associado com aumento do risco cardiovascular e de eventos trombóticos.

  • Fluxograma:
    –> Iniciar sempre metotrexato como primeira escolha
    –> Reavaliar paciente em 3-6 meses: se houver falha, associar outro DMARD sintético ou trocar por outro sintético
    –> Nova falha terapêutica após 3-6 meses: manter o DMARD sintético (de preferência o metotrexato) e associar um biológico (não há superioridade entre as classes de DMARDs biológicos)
    –> Nova falha em 3-6 meses: manter DMARD sintético e trocar o biológico, de preferência para outra classe.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly
6
Q

Diagnóstico diferencial com hemocromatose

A
  • Hemocromatose: doença de deposição de ferro tecidual, acometendo gônadas, fígado e outros órgãos.
  • Também pode atingir articulações periféricas pequenas. Ao RX, os principais achados são os OSTEÓFITOS EM GANCHO. Tem pouca resposta às flebotomias terapêuticas propostas para essa doença.
How well did you know this?
1
Not at all
2
3
4
5
Perfectly