Pancreatite Aguda (Casos Clínicos) Flashcards

1
Q

MDFR, 69 anos, advogado. Relata dor na barriga, de início súbito, na região epigástrica, com irradiação para o dorso, associada a náuseas e vômitos recorrentes. Fez uso de analgésicos, antiespasmódicos e antieméticos, com pouca melhora. Procurou setor de emergência para controle dos sintomas. HAS (em uso de Losartana 100 mg por dia e hidroclorotiazida 25 mg por dia), DM (em uso de metformina 500 mg por dia), Hipercolesterolemia (em uso de sinvastatina 20 mg por dia), Obesidade e “Etilista de fins de semana”. Nega Tabagismo. Ao exame, paciente acordada, facies de dor, mucosas hipohidratadas, PA 90/60 mmHg, FC 110 bpm, SaO2 de 95%. AR: MV diminuído nas bases. ACV: RCR em 2T, ritmo sinusal ao monitor. ABD: Dor a palpação do andar superior de abdômen; distensão abdominal sem irritação peritoneal; sem peristalse. MMII: sem edema. Quais hipóteses diagnósticas?

A

→ Colecistite
→ Pancreatite aguda
→ Úlcera perfurada
→ Suboclusão intestinal

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2
Q

Paciente de 69 anos sob suspeita de colecistite, pancreatite, úlcera perfurada e suboculsão intestinal com Exames laboratoriais: HTO de 40% / Leucograma de 12500 (5 bastões) / Plaqueta de 210000 / PCRt de 5,2 (Ref: até 0,5) / Glicose de 307 / TGO de 360 / TGP de 238 / FA de 450 / Gama-GT de 102 / BT de 1,2 / BD de 0,6 / BI de 0,6 / Ur de 70 / Cr de 1,34 / Na de 140 / K de 3,9 / Ca ionico de 1,0 / Amilase de 950 / Lipase de 570. GSA: pH de 7,2 / BIC de 17 / pCO2 de 30 / Lactato de 57. Qual o diagnósitco?

A

PANCREATITE, devido a elevação da amilase e lipase acima de 3 vezes do normal.

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3
Q

Até quando ocorre a elevação da amilase e lipase acima de 3 vezes do normal em pacientes com sintomas de pancreatite aguda?

A

90% dos paciente ocorre em até 24 horas dos sintomas!

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4
Q

Qual enzima é mais específica para firmar o diagnóstico de Pancreatite Aguda? Amilase ou Lipase?

A

LIPASE.

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5
Q

Quais são as alterações laboratoriais que podem ser vistas em pacientes com Pancreatite Aguda?

A

→ Leucocitose (com desvio a esquerda)
→ Hemoconcentração
→ ↑ PCRt e VHS
→ ↑ da Amilase e Lipase 3 vezes o valor normal

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6
Q

TGO / TGP / Bilirrubinas / Fosfatase Alcalina elevadas em um paciente sob suspeita de Pancreatite Aguda sugere qual etiologia?

A

ETIOLOGIA BILIAR!

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7
Q

Qual a porcentagem de pacientes que apresentam pancreatite biliar com enzimas hepáticas normais?

A

10%

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8
Q

Além do exame laboratorial, qual exame é fundamental ser realizado para ajudar no diagnóstico da pancreatite aguda?

A

EXAME DE IMAGEM DO ABDOME!

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9
Q

Critérios de Ranson (Escore de gravidade clínica na admissão):

A
→ Idade > 55 anos
→ Leucócitos > 16.000
→ Glicose > 200 mg/dL
→ TGO > 250 UI
→ LDH > 400 UI
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10
Q

Paciente de 69 anos sob suspeita de colecistite, pancreatite, úlcera perfurada e suboculsão intestinal com Exames laboratoriais: HTO de 40% / Leucograma de 12500 (5 bastões) / Plaqueta de 210000 / PCRt de 5,2 (Ref: até 0,5) / Glicose de 307 / TGO de 360 / TGP de 238 / FA de 450 / Gama-GT de 102 / BT de 1,2 / BD de 0,6 / BI de 0,6 / Ur de 70 / Cr de 1,34 / Na de 140 / K de 3,9 / Ca ionico de 1,0 / Amilase de 950 / Lipase de 570. GSA: pH de 7,2 / BIC de 17 / pCO2 de 30 / Lactato de 57. Quais critérios de Ranson são preenchidos?

A

→ Idade > 55 anos (ela tem 69 anos)
→ Glicose > 200 mg/dL (ela tem 307 mg/dL)
→ TGO > 250 UI (ela tem 360 UI)
Logo, a paciente preenche 3 dos 5 critérios de Ranson!

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11
Q

Qual alteração da radiografia de tórax é possível ver em um paciente com Pancreatite Aguda?

A

Derrame pleural a esquerda isolado por contiguidade do processo inflamatório que ocorre no andar superior esquerdo do abdome.

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12
Q

Qual alteração da tomografia de abdome é possível ver em um paciente com Pancreatite Aguda?

A

Aumento de tamanho e um edema do pâncreas e tecido pancreático.

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13
Q

Escore Tomográfico de Balthasar - ASPECTO na TC:

A

→ A (pâncreas normal): 0 pontos
→ B (aumento do pâncreas): 1 ponto
→ C (inflamação pancreática ou da gordura peripancreática): 2 pontos
→ D (1 coleção líquida peripancreática): 3 pontos
→ E (2 ou + coleções peripancreáticas ou gás no retroperitônio): 4 pontos

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14
Q

Escore Tomográfico de Balthasar - Intensidade de necrose:

A

→ Sem necrose: 0 ponto
→ < 30%: 2 pontos
→ 30 - 50%: 4 pontos
→ > 50%: 6 pontos

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15
Q

Relação da soma de pontos com a mortalidade do Escore Tomográfico de Balthasar:

A

→ 0 - 3 pontos: 3% de mortalidade
→ 4 - 6 pontos: 6% de mortalidade
→ 7 - 10 pontos: 17% de mortalidade

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16
Q

O Aspecto tomográfico do Escore de Balthasar serve para diferenciar quais tipos de pancreatite?

A

Serve para diferenciar a Pancreatite Aguda da Pancreatite Necrohemorrágica!

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17
Q

A Pancreatite edematosa sem necrose recebe quantos pontos no Escore Tomográfico de Balthasar?

A

2 pontos!
→ 2 pontos por apresentar inflamação pancreática ou da gordura peripancreática
→ 0 ponto por não apresentar necrose

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18
Q

A Pancreatite necrotizante recebe quantos pontos no Escore Tomográfico de Balthasar?

A

5 pontos!
→ 3 pontos por apresentar 1 coleção líquida peripancreática
→ 2 pontos por apresentar necrose < 30%

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19
Q

Pancreatite necrotizante infectada com presença de nível hidroaereo recebe quantos pontos no Escore Tomográfico de Balthasar?

A

10 pontos!
→ 4 pontos por apresentar 2 ou + coleções peripancreáticas ou gás no retroperitônio
→ 6 pontos por apresentar necrose > 50%

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20
Q

Medidas gerais que devem ser empregadas em um paciente com diagnóstico de Pancreatite Aguda?

A

→ Dieta zero por 48 a 72h
→ Hidratação venosa com Ringer Lactato
→ Analgésicos
→ Procinéticos
→ Profilaxias de tromboembolismo venoso (TEV)
→ Profilaxia de lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG)

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21
Q

Medidas gerais na pancreatite aguda - Hidratação venosa com Ringer Lactato. Qual a dose?

A

5 - 10 mL/Kg/h:

→ 2,5 a 4 litros nas primeiras 24h, sendo mais vigoroso nas primeiras 6 horas

22
Q

Medidas gerais na pancreatite aguda - Analgésicos. Quais usar?

A

DIPIRONA + OPIÁCEOS, já que é uma síndrome que gera muita dor (a dor aumenta o catabolismo). Portanto, deve-se ser agressivo na dor, podendo até usar derivados de morfina para isso.

23
Q

Medidas gerais na pancreatite aguda - Procinéticos. Por que usar?

A

Essa síndrome causa muita gastroparesia, o que explica a gênese das náuseas e vômitos incoercíveis. Usa-se a Bromoprida.

24
Q

Medidas gerais na pancreatite aguda - profilaxias de tromboembolismo venoso (TEV). Qual usar?

A

Enoxaparina (clexane) ou Compressor pneumático de membros inferiores.

25
Q

Medidas gerais na pancreatite aguda - profilaxias de lesão aguda de mucosa gástrica (LAMG). Qual usar?

A

Ranitidina ou Pantoprazol.

26
Q

Utiliza-se antibioticoterapia em todos os pacientes com pancreatite aguda?

A

NÃÃÃÃÃO!

27
Q

Indicação para administração de antibioticoterapia na pancreatite aguda:

A

Pancreatite aguda com necrose infectada!

28
Q

Como é a característica da melhora da evolução de um paciente com pancreatite aguda após as medidas gerais?

A

Paciente apresentará:
→ Melhora evolutiva da dor e da hemodinâmica
→ Redução progressiva das enzimas pancreáticas e hepáticas

29
Q

Quanto é uma diurese satisfatória em uma paicente com pancreatite aguda após ressuscitação volêmica?

A

Diurese osculando entre 0,5 a 1 mL/Kg/Hora.

30
Q

Em um paciente com pancreatite aguda após 48 horas da internação com melhora evolutiva, como deve-se prosseguir com a dieta?

A

Inicia-se dieta hipolipídica.

31
Q

Paciente com pancreatite aguda com melhora evolutiva após 48 horas, quando empregado as medidas gerais, e início de dieta hipolipídica que começou a apresentar: náuseas e vômitos incoercíveis (mesmo com associação da Ondansetrona), discreta elevação das enzimas pancreáticas, parâmetros inflamatórios em queda (sugerindo controle da resposta sistêmica e inflamatória), hipocalemia (pelos vômitos recorrentes e não aceitação da dieta), distensão abdominal e parada de eliminação de gases. No raio-x de abdome mostrou grande quantidade de gás no estômago e uma alça intestinal sentinela com grande quantidade de gás. Qual o diagnóstico?

A

ÍLEO PARALÍTICO + GASTROPARESIA

32
Q

Paciente com pancreatite aguda que, após 48h das medidas gerais com melhora evolutiva, passa a apresentar sinais, sintomas e resultado radiográfico abdominal sugerindo Íleo paralítico + gastroparesia. Qual a conduta?

A

→ Suspensão da dieta oral

→ Passagem de sonda nasogástrica

33
Q

Qual a utilidade da passagem da Sona Nasogástrica (SNG) em paciente com íleo paralítico + gastroparesia?

A

Evitar que os vômitos recorrentes levem a broncoaspiração.

34
Q

Paciente com pancreatite aguda que, após 48h das medidas gerais com melhora evolutiva, passa a apresentar sinais, sintomas e resultado radiográfico abdominal sugerindo Íleo paralítico + gastroparesia. Após suspensão da dieta oral e passagem da SNG, paciente evoluiu com taquipnéia superficial, redução do débito urinário, elevação do lactato, acidose e hipocalemia. Qual o diagnóstico?

A

HIPERTENSÃO INTRA-ABDOMINAL (HIA) + SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL (SCA)

35
Q

Definição de Pressão Intra-abdominal:

A

Pressão uniforme e oculta no interior da cavidade abdominal, oriunda da interação entre a parede abdominal e as vísceras em seu interior, oscilando de acordo com a fase respiratória e a resistência da parede abdominal.

36
Q

Definição da Síndrome Compartimental Abdominal (SCA):

A

Elevação sustentada da Pressão Intra-abdominal > 200 mmHg, associada a disfunção ou à falência orgânica.

37
Q

Disfunção ou falência orgânica que pode ser vista em paciente com pancreatite aguda que leva a íleo paralítico + gastroparesia, desenvolvendo hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

→ Oligoanúria: mostrando disfunção renal

→ Dispneia ou taquipneia superficial: distúrbio da função respiratória

38
Q

Critério da sociedade internacional da síndrome compartimental abdominal (WSACS) para uniformizar a medição da pressão intra-abdominal (PIA):

A

→ Deve ser expressa em mmHg (sendo 1 mmHg igual a 1,36 cmH2O);
→ Deve ser medida: ao final da expiração, na posição supina completa, contrações musculares abdominais devem estar ausentes e o transdutor deve ser colocado em zero grau na linha média axilar ao nível da crista ilíaca;
→ Deve instilar um volume de 25 mL de solução salina estéril

39
Q

Tratamento da Hipertensão Intra-abdominal (HIA) com a Síndrome Compartimental Abdominal (SCA):

A

→ Zerar dieta oral e instalar dieta parenteral
→ Instalar sonda vesical triplo-lúmen (three way) para medir a Pressão Intra-abdominal (PIA)
→ Corrigir distúrbios acido-base e eletrolíticos
→ Associar metoclopramida
→ Suspender opióides
→ Sentar o paciente fora do leito

40
Q

Indicação de instalar dieta parenteral em pacientes com hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

Paciente apresentar íleo paralítico ou resíduos gástricos elevados.

41
Q

Finalidade de corrigir os distúrbios acido-base e eletrolíticos em um paciente com hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

Evitar a perpetuação da hipomotilidade intestinal, acúmulo de gases e aumento da PIA.

42
Q

Finalidade do emprego do procinético em um paciente com hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

Para ajudar na eliminação dos gases.

43
Q

Finalidade da suspensão dos opióides em um paciente com hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

O opioide reduz a motilidade gastrointestinal.

44
Q

Finalidade de sentar fora do leito em um paciente com hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal:

A

Estimular a peristalse e a motilidade intestinal.

45
Q

Paciente com pancreatite aguda que levou a um quadro de íleo paralítico + gastroparesia, que, posteriormente, desenvolveu quadro de hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal. Foi instituído o tratamento para essa última condição. Quais são os elementos presentes que demonstram a melhora evolutiva da paciente?

A

→ Melhora da PIA, da diurese e do padrão respiratório
→ Redução do débito gástrico pela SNG (com 180 mL de débito após 3 dias)
→ Eliminação de flatos
→ Tolerância da dieta oral com suspensão da nutrição parenteral

46
Q

Paciente com pancreatite aguda que levou a um quadro de íleo paralítico + gastroparesia, que, posteriormente, desenvolveu quadro de hipertensão intra-abdominal + síndrome compartimental abdominal. Foi instituído o tratamento para essa última condição com paciente apresentando melhora evolutiva, o que deve ser feito?

A

Ultrassonografia abdominal, podendo confirmar etiologia biliar da pancreatite aguda que levou a todos esses desfechos patológicos.

47
Q

Conduta terapêutica em pacientes com pancreatite aguda de etiologia biliar:

A

Após pacientes estar clinicamente estável com os exames laboratoriais “equilibrados”, deve-se:
→ Programar colecistectomia por via videolaparoscópica
→ Realizar colangiografia peroperatória

48
Q

Qual a utilidade de NÃO dar alta hospitalar em um paciente com pancreatite aguda, em que foi confirmada etiologia biliar, sem antes ter realizado a colecistectomia videolaparoscópica?

A

Porque o paciente corre o risco de uma nova pancreatite!

49
Q

Qual a utilidade de realizar a colangiografia peroperatória?

A

Verificar a presença ou não de COLEDOCOLITÍASE.

50
Q

Indicações da Colangiopancreatectomia retrógrada endoscópica (CPRE):

A

→ Icterícia obstrutiva: para desobstruir a via biliar
→ Tratar uma provável colangite associada
→ Nas primeiras 24h nas formas graves

51
Q

Se faz Colangiopancreatectomia Retrógrada Endoscópica (CPRE) em pacientes com pancreatites biliares não graves e sem obstrução mantida após a colecistectomia videolaparoscópica?

A

NÃÃÃÃO, devendo ser feito a colangiografia intraoperatória.