Pancreatite Flashcards

1
Q

Como é a fisiopatologia normal do pâncreas?

Enzimas (quais e onde são sintetizadas) e Fases da secreção pancreática

A

ENZIMAS
1. Amilase pancreática: hidrolisa polissacarídeos em oligossacarídeos
2. Lipase pancreática: hidrolisa gorduras em ácidgos graxos e 2-monoglicerídeos
- São sintetizadas e armazenadas como enzimas inativas no interior das células acinares; essas células sintetizam um inibidor da tripsina - que protege as células acinares da autodigestão

FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA
- Ocorre após ingestão de alimentos - período digestivo

1a fase = cefálica: visão, olfato, paladar →+ nervo vago →+ pâncreas
- ACh induz secreção de enzimas

2a fase = gástrica: distensão gástrica →+ reflexos vasovagais →+ secreção das células acinares das enzimas já na forma ativa

3a fase = mais importante = intestinal:
Acidificação do lúmen duodenal →+ secretina →+ secreção de água e bicarbonato
CCK → mediador da secreção de enzimas pancreáticas

→+ estimula

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2
Q

Qual a fisiopatologia da pancreatite aguda?

A

Ativação enzimática pancreática anormal dentro das células acinares que podem levar a sua morte (autodigestão do parênquima) e, como consequência, desperta a resposta inflamatória por meio de TNF-alfa, IL-1, IL-2 e IL-6.
Geralmente fica autolimitada, mas pode também ganhar múltiplos sistemas.

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3
Q

Quais os fatores de risco para desenvolver a pancreatite aguda?

A

Cálculos biliares: pressão excessiva no ducto pancreático e/ou sais biliares provocam necrose das células acinares por aumentar a concentração de cálcio no citoplasma.
→ Teoria obstrutiva: lesão por aumento de pressão intraductal, devido a secreção pancreática contínua na presença de obstrução do ducto pancreático
→ Teoria do refluxo: cálculos impactados na ampola de Vater formam canal comum que permite refluxo de sais biliares para o pâncreas

Álcool: desencadeia acessos pró-inflamatórios como o NF-kB que eleva a produção de TNF-alfa e IL-1. Ainda, reduz a perfusão pancreática, induz o espasmo do esfíncter de Oddi e obstrui os ductos pancreáticos através da precipitação das proteínas no lúmen dos ductos.

Obstrução anatômica: pâncreas divisum tem risco de desenvolver pancreatite pela obstrução do fluxo de saída pela papila menor. Outros tipos são por infecção por Ascaris lumbricoides e pâncreas anular.

Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica: principalmente quando a finalidade é terapêutica. Endoscopista manipula a papila e edemacia.

Medicamentos: sulfonamidas, metronidazol, eritromicina, tetraciclina, didanosina, tiazida, furosemida, inibidores de redutase.

Metabólicos: hipertrigliceridemia, hipercalcemia (hiperparatireoidismo) e hiperlipidemia.

Trauma abdominal: hipotensão intraoperatória prolongada e manipulação pancreática excessiva

Outros: picadas de escorpião venenoso e úlcera duodenal perfurada.

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4
Q

Qual a clínica de um paciente com pancreatite aguda?

Anamnese e Exame Físico

A

Anamnese: dor epigástrica ou periumbilical que se irradia para as costas. Pode ter náusea, vômito (que não aliviam a dor), desidratação, turgor cutâneo, taquicardia e hipotensão.

Exame físico: normal ou discreta sensibilidade epigástrica.
Se sangramento retroperitoneal: sinal de Grey turner (equimose nos flancos) e sinal de Cullen (equimose periumbilical)

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5
Q

Quais achados clínicos e exames podem ser pedidos na investigação do diagnóstico de pancreatite aguda?

A
  1. Achados clínicos + elevação dos níveis das enzimas pancreáticas no plasma
    - Elevação de 3x ou + de amliase e lipase confirmam diagnóstico
  2. USG: limitado, mas sempre deve ser solicitado para analisar presença de cálculos biliares
  3. TC com contraste: melhor imagem de pâncreas
    - A fase de contraste mais importante para analisar o parênquima pancreático é a venosa portal (de 65 a 70 segundos após a injeção), que possibilita a avaliação da viabilidade e do grau de infiltração peripancreática e a presença de ar ou líquido livres na cavidade abdominal

Outros:
CPRM: analisar a anatomia do ducto biliar e pancreático
USE: identifica coledocolitíase
CPRE: realiza a papilotomia quando há coledocolitíase obstrutiva

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6
Q

O que é preciso para confirmar o diagnóstico de pancreatite?

A

2 de 3 critérios abaixo:
1. Dor típica
2. Amilase e lipase aumentam em 3x o valor de referência (pede primeiro, logo que chega com a dor - menos invasivo)
3. TC com contraste indicando pancreatite

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7
Q

Como é a cascata diagnóstica da pancreatite aguda num paciente:
- Sem icterícia
- Dor típica
- Amilase e lipase aumentada em 3x

A

Tratar pancreatite e investigar com ultrassonografia (não fazer TC pois já estão presentes 2 critérios dos 3 - apenas realizar como critério, por exemplo quando tem dor típica mas não tem amilase/lipase aumentada, OU num paciente que não melhora após tratamento)
Resultado do USG:
→ Sem dilatação da Via Biliar e sem cálculo dentro da vesícula→ investigar outra causa como álcool
- Tratar pancreatite e depois tirar a vesícula

→ Cálculo na vesícula, dilatação e aumento da bilirrubina direta mas sem ver o cálculo dentro da via biliar → Colangiorressonância

→ Cálculo dentro da via biliar → CPRE (diagnóstico e tratamento) - só se necessário

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8
Q

Como é definida uma pancreatite aguda grave?

A

Presença de complicações pancreáticas locais (necrose, abscesso ou pseudocisto) ou qualquer evidência de falência dos órgãos.

Critérios de Atlanta para pancreatite aguda grave estão na imagem

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9
Q

Dica: 4 parâmetros

Como é feita a avaliação da gravidade da pancreatite aguda?

A

Pontuação de Ranson: não prevê a gravidade da doença no momento da internação, porque 6 parâmetros somente são avaliados após 48 horas de internação.
É diagnosticada pancreatite grave se 3 ou mais forem preenchidos.

APACHE III: pode ser adotada na internação e repetida a qualquer momento; feita com base na idade, estado de saúde prévio e nas 12 medidas fisiológicas de rotina do paciente

Pontuação por características de exames de imagem (TC) → Balthazar índice de gravidade (0-10)

PCR: marcador inflamatório que aumenta em 48 a 72 horas após o início da pancreatite e está relacionado com a gravidade da doença
> = 150 mg/mL define a gravidade da pancreatite.
- Não pode ser usada na internação; a sensibilidade da avaliação diminui se os níveis forem dosados dentro de 48 horas após o início dos sintomas

PS: o nível de amilase e lipase não tem relação com gravidade da doença

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10
Q

Como é o tratamento não cirúrgico da pancreatite aguda?

A

Jejum (cessar estímulo a CCK), reposição de líquidos e de eletrólitos, oximetria (se saturação < 95%, pois uma das complicações sistêmicas mais comuns dessa doença é hipoxemia provocada por lesão pulmonar), analgesia (morfina ou dipirona), IBP, suporte nutricional por via enteral
- Proibido administrar antibióticos!
- Reavaliação hídrica a cada 6 horas
- Pode sair do jejum logo que melhorar o quadro clínico, não precisa esperar a amilase normalizar.

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11
Q

Como é o tratamento cirúgico da pancreatite aguda?

A

Tratar a causa!
- Se biliar: colecistectomia na mesma internação depois da abordagem clínica. Observar se há coledocolitíase para realizar CPRE com papilotomia (poucas vezes tem no colédoco)
- Se caso grave, esperar pelo menos 6 semanas antes de realizar a cirurgia

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12
Q

Quais as possíveis complicações de uma pancreatite aguda?

A

Pseudocisto pancreático: coleção de secreção pancreática envolta por colágeno ou tecido de granulação (é o que diferencia de apenas um líquido peripancreático, que demora menos de 4 semanas para se formar pela ausência desta cápsula).
- Como se formam? Pancreatite gera uma mini necrose –> Suco pancreático (composto de Amilase e lipase) cai na cavidade, o peritônio absorve e mostrará, em exames laboratoriais, aumento sérico
- Clínica: dor persistente, saciedade precoce, náusea, perda de peso
- Diagnóstico: enzimas pancreáticas elevadas
- Tratamento: normalmente tem remissão espotânea e cirurgia de ressecção é contraindicada, pois geralmente estão muito aderidos. Se sintomáticos, endoscopia ou drenagem cirúrgica interna = o conteúdo do cisto é colocado em outro órgão do abdômen, geralmente o estômago, que é onde deveria se destinar. Pode ser realizado por via endoscópica ou cirúrgica, realizando uma anastomose entre o cisto e estômago ou cisto e jejuno, por exemplo (Drenagem externa gera distúrbio eletrolítico)

Necrose pancreática e infectada:
- Diagnóstico: TC mostra ar; se não mostrar ar: há dúvida de ser infectada, então, fazer PAAF
- Tratamento: antibiótico e debridamento cirúrgico com necrosectomia

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13
Q

TBL T10

Justifique o erro das outras alternativas

A

R: C
A: as enzimas com alteração na pancreatite aguda: amilase e lipase, que já são secretadas na forma ativa
B: a pancreatite com etiologia litisíaca é mais comum
D: Catepsina B é relacionada com a morte celular, mas é a ativação da tripsina, não amilase
A não interrupção das citocinas pró-inflamatórias traz repercussões sistêmicas

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14
Q

TBL T10

Justifique o erro das outras alternativas

A

R: B
A: mortalidade da pancreatite leve gira em torno de 1%, ao passo que a grave tem uma mortalidade um pouco maior
C: amilase e lipase não passam por ativação intracelular, pois quando são liberadas pelas células acinares já estão ativas
A tripsina é secretada como tripsinogênio e é ativada pela enteroquinase no duodeno

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15
Q

TBL T10

Justifique o erro das outras alternativas

A

R: B
Litíase e álcool são as etiologias mais comuns
CPRE: em torno de 15% dos pacientes fazem PA depois do procedimento
- Contraste com pressão na via biliar vai para o pâncreas e gera uma pancreatite
- Quanto maior o tempo do procedimento, maior a chance de desenvolver pancreatite aguda
- A: Quando a CPRE é feita para fins de procedimentos (colocação de stent/prótese/desobstrução), o risco de PA é maior, já que há uma maior ingestão de contraste e um maior tempo de procedimento

C: não é frequente, mas é a causa mais comum

D: deve ser suspeitada quando níveis de triglicérides são > 1000mg/dL, principalmente em pacientes com síndromes genéticas com hipertrigliceridemia

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16
Q

Qual deve ser a ordem para descobrir a etiologia mais provável de um paciente que chega ao PS com Pancreatite?

A
  1. Investigar cálculo biliar
    - USG de abdome
    - Colangiorressonância quando dilatação de vias biliares no USG
  2. Ver histórico de ingestão de álcool
  3. Anatomia (ducto obstruído)
  4. Verminose (lombriga)
17
Q

TBL T10

Justifique o erro das outras alternativas

A

R: D
A:
Dor típica da pancreatite: em faixa que irradia para as costas
Dor típica da litíase biliar: hipocôndrio direito

B: vômitos não aliviam a dor
Úlcera péptica e gastrite melhora a dor com vômitos
Diagnósticos diferenciais importantes

C: podem estar presentes em casos leves, ainda que não estejam muito acentuadas

18
Q

TBL T10

Por que é a letra B?

A

Sabe-se que para confirmar o diagnóstico de pancreatite são precisos 2 de 3 critérios abaixo:
1. Dor típica
2. Amilase e lipase aumentam em 3x o valor de referência (pede primeiro, logo que chega com a dor - menos invasivo)
3. TC com contraste indicando pancreatite

Assim, no caso, o paciente possui dor típica. Dentre as opções da questão e considerando os critérios, a TC é a que melhor analisa. Além disso, a letra c) poderia estar certa se estivesse escrito que aumenta em 3 vezes.

19
Q
A

R: B
Critérios de Ranson não conseguem modificar a evolução, já que são medidos somente em 2 momentos
APACHE: critérios de evolução na entrada, não exclusivo para pancreatite e predizem morbimortalidade; não precisam ser seriados, podem ser feitos a qualquer momento
PCR > 150mg/ml

20
Q
A

R: B

21
Q

Icterícia não é um quadro típico da PA, mas pode estar presente. Se estiver, significa que há coledocolitíase ou colelitíase associada. Como diferenciar pancreatite de colangite?

A
  • Febre alta em colangite; febre mais baixa em pancreatite

O QUE FAZER? AVALIAR VIAS BILIARES COM USG
1. USG com dilatação
a) Se não vir cálculo → colangiorressonância
Se não vir cálculo na colangiorressonância → US endoscópico
ACHOU! o cálculo → CPRE

b) Se vir o cálculo no colédoco - CPRE

2. USG sem dilatação → investigar outras causas de pancreatite (álcool, doenças autoimunes etc)
CPRE → só é feita se eu tiver certeza que há cálculo impactando Oddi, pois ode piorar a pancreatite

22
Q

Justifique as outras:

A

R: C
B: paciente pode ficar com uso de analgésico (até mesmo opióides) na internação e, se mesmo assim persistir a dor, a via enteral é de fato a melhor opção nutricional
- Quando se reintroduz a dieta oral e paciente não melhora (dor persiste), faz dieta enteral com sonda no duodeno

Sonda mantida pós papila para que não estimule a secreção pancreática

Se o paciente evoluir com febre, investigar complicações para só depois definir conduta (pode ser necrose estéril ou não); não administrar ATB de cara
- PCR acima de 150, paciente está mal — ATB

23
Q

Justifique as outras

A

R: C
B: laparoscopia é via de acesso priorizada
D: grave precisa melhorar antes da cirurgia

24
Q

Qual é?

A

B

25
Q

No caso de uma PA evoluindo para Pancreatite Grave com necrose, o que deve ser feito?

Na TC, pâncreas com várias áreas hipodensas internamente ao órgão → significa presença de necrose

A

1) Certificar de que a necrose está infectada
- Na TC com ar já é certeza de infecção. Não precisa fazer a PAAF, já pode começar o antibiótico
- Sem ar, ou seja, incerteza de infecção → PAAF

2) Iniciar antibiótico (PORQUE É DOENTE COM NECROSE!!!) de amplo espectro e aguardar o resultado da PAAF
- Se PAAF negativa (cultura sai em 5 dias), suspender ATB

26
Q

Quando realizar necrosectomia numa Pancreatite Grave com necrose?

A

Necrose grande, o ATB não melhora
* Melhor sobrevida após 30 dias do início da doença
* As necroses que estão espalhadas pelo pâncreas tendem a se organizar, facilitando o procedimento
* Em casos graves, tentativa de drenagem para postergar debridamento ao máximo (mas é um mau prognóstico)