Infecções Perinatais Flashcards
Sífilis: agente etiológico e transmissão
- Agente etiológico: Treponema pallidum (espiroqueta)
- Transmissão: sexual, vertical e hemotransfusão
- Epidemiologia: 2,6% das gestantes brasileiras possuem sífilis, e estima-se que, anualmente, ocorram mais de 10 mil casos de sífilis congênita, sendo que apenas 56% tiveram o diagnóstico antes do parto
Sífilis: manifestações clínicas
- Primária: cancro duro (úlcera indolor, autolimitada e subdiagnosticada em mulheres), altamente infectantes
- Secundária: 1 a 2 meses após a fase primária (exantema máculo papular, febre, cefaleia, tardia ou indeterminda)
- Latente (período entre as primeiras manifestações e a sífilis terciária): assintomática (recente, tardia ou indeterminada)
- Terciária: tabes dorsalis, gomas, etc
Sífilis: diagnóstico
- Campo escuro: padrão ouro na detecção do cancro duro
- Testes não treponêmicos: VDRL (não é específico, positiva 1-2 semanas/ 5-6 semanas após a infecção, permite análise quantitativa, 1% falso positivo, tendem a negativar após 6-12 meses de tratamento, valores persistentemente baixos < 1:4 podem significar cicatriz sorológica, resposta ao tratamento quedas dos títulos em 4 vezes) ➝ NA GESTAÇÃO, CONSIDERAR QUALQUER TÍTULO DE VDRL COMO INFECÇÃO ATIVA
- Testes treponêmicos: FTA-Abs, Elisa, teste rápido ➝ específicos para treponema, confirmação sorológica, tendem a permanecer positivo pelo resto da vida
Sífilis: repercussões no feto
- Transmissão vertical: passagem transplacentária do treponema ocorre em todas as fases da doença e o risco de TV cai para 1% em pacientes tratadas
- Repercussões perinatais: 3-% óbito fetal, 10% óbito neonatal
- Quadro clínico: RCIU, placentomegalia, hepatomegalia, hidropsia
Sífilis: tratamento
- Fármaco de escolha: penicilina benzatina
- Iniciar o tratamento como sífilis latente ➝ 3 doses de p. benzatina 2400000 UI
- VDRL para acompanhar o tratamento
- Não precisa testar o parceiro ➝ tratar parceiro
Sífilis: quando o tratamento é considerado inadequado?
• Quando realizado com qualquer medicamento que não a penicilina;
• Quando incompleto, mesmo tendo sido feito com penicilina;
• Se não for adequado para a fase clínica da doença;
• Quando for realizado menos de 30 dias antes do parto;
• Quando houver elevação dos títulos após o tratamento;
• Quando os parceiros não forem tratados, forem tratados inadequadamente ou na ausência de informação sobre o tratamento destes;
• Na ausência de identificação dos títulos do VDRL ou da queda dos títulos dos parceiros após
tratamento.
Toxoplasmose: agente etiológico e transmissão
- Agente etiológico: protozoário Toxoplasma gondii
- Transmissão: ingestão de oócitos ou de cistos do protozoário. Estes são encontrados nas fezes de gato, na água, em frutas ou verduras contaminadas, em carne crua ou malcozida ou durante jardinagem em solos contaminado.
- 20 - 40 % das gestantes são suscetíveis
Toxoplasmose: quadro clínico
Infecção materna:
• 80 a 90% dos casos são assintomáticos.
• Sintomas: fadiga, febre, cefaleia, mal-estar, mialgia e linfadenopatia.
• A primoinfecção na gestação pode levar ao acometimento fetal, provocando abortamento, prematuridade e infecção congênita com ou sem malformações.
Infecção fetal:
• A maioria dos RN infectados é assintomática ao nascimento, e os
efeitos da doença podem levar meses ou anos para se manifestarem.
• Tríade clássica: coriorretinite, hidrocefalia e calcificações
intracranianas.
• Outras manifestações congênitas: hepato-esplenomegalia, ventriculomegalia, ascite, restrição do crescimento fetal, placentomegalia, anemia, trombocitopenia, pneumonia, icterícia e retardo mental.
Risco de infecção fetal é maior quanto maior a IG; risco de gravidade da infecção quanto mais precocr a infecção
Toxosplamose: diagnóstico
Pesquisa sorológica de IgG e IgM
• IgG - e IgM - → sem infecção/ suscetível
• IgG - e IgM + → infecção recente
• IgG + e IgM + → infecção crônica ou recente
• IgG + e IgM - → imune
Teste de avidez:
• Avalia a força de interação entre o
antígeno e o anticorpo, aumentando conforme o tempo de ocorrência da infecção materna;
• Deve ser feito se IgM reagente e se < 16 semanas;
• Avidez inferior a 15%: baixa avidez; infecção nos últimos 3 meses;
• Avidez entre 15 e 29%: duvidosa;
• Avidez superior a 30%: alta avidez; infecção há mais de 6 meses.
Outros marcadores:
• A presença de IgA e IgE sugerem infecção recente.
Diagnóstico de infecção fetal: PCR do líquido aminiótico (amniocentese) - a partir de 22 semanas, após 6 semanas de infecção
Toxoplasmose: tratamento
Infecção aguda e < 30 semanas:
• Espiramicina, 3 g/dia, VO ou 1 g 8/8h VO
• Alternativa: azitromicina (500 mg/dia, VO)
Rastrear feto (amniocentese)
Infecção fetal ou infecção materna > 30 semanas
• Pirimetamina 50mg/dia (25 mg 1 cp VO 12/12h), sulfadiazina 3g/dia (500mg 2 cp VO 8/8h) e ácido folínico (15 mg, 3 ×/semana, VO)
• Evitar a pirimetamina no primeiro trimestre da gestação.
• Interromper o uso da sulfadiazina após as 34 semanas de gestação devido ao risco de icterícia neonatal.
Toxoplasmose: avaliação de contaminação fetal
- US obstétrica
- Achados sugestivos de toxoplasmose congênita: ventriculomegalia unilateral ou bilateral, ascite, calcificações hepáticas e intracranianas, hepatoesplenomegalia e restrição de crescimento fetal (RCF).
- Na ausência de achados, deve-se realizar exames seriados durante toda a gestação.
Citomegalovirus: agente etiológico e transmissão
• Infecção intrauterina mais comum
• Principal causa de surdez e déficit neurológico na infância
• Não apresenta sazonalidade
• No brasil, > 90-96% de IgG+ (fator determinante - nível sócio econômico)
• Agente etiológico: família herpesviridae - diversas cepas - um mesmo indivíduo pode ser afetadao mais de uma vez
• Transmissão: contato íntimo, pessoa a pessoa. Vírus isolado em secreções de orofaringe, sêmen, secreção vaginal, leite materno, sangue, urina, lágrimas
• Mair fator de risco: contato com crianças em escolas
Infecção materna: primária ou reinfecção, quadro clínico inespecífico
Citomegalovirus: diagnóstico
- IgM + sugere infecção aguda
- Transmissão vertical aumenta com a idade gestacional
- Chance de acometimento fetal diminui com a idade gestacional
- Suspeita de infecção fetal: RCIU, ascite, hepatoesplenomegalia, ventriculomegalia, calcificações periventriculares
- Diagnóstico fetal: PCR de líquido amniótico ➝ se IgG - a causa provavelmente não é CMV
- Repercussão tardia: surdez neurosensorial
Citomegalovirus: rastreamento, prevenção e tratamento
- Rastreamento na gestação não é recomendado, se suspeita clínica coletar sorologias
- Prevenção: lavar as mãos frequnetemente após contato com secreções
- Não há tratamento recomendado
Rubéola: transmissão e quadro clínico
- Infecção viral exantematoso, transmitida através de secreções respiratórias
- Infecção na gestação pode causar malformações congênitas no feto
- Quadro clínico: febre, linfadenopatia, artralgia e queixas respiratórias. Rash cutâneo que se inicia na face gradualmente evolui para o tronco e extremidades.