Icterícia Neonatal Flashcards
Qual a frequência da icterícia neonatal (IN) nos nascidos vivos?
60% dos RN nascidos à termo e 80% dos prematuros.
Defina icterícia.
É a coloração amarelada da pele e mucosas por um aumento nos níveis de BI (> 7,5, geralmente, mas não sempre) ou de BD.
Qual a complicação da icterícia mais importante? Explique tal condição.
A encefalopatia bilirrubínica (ou kernicterus). É uma encefalopatia que ocorre por níveis muito elevados de brb, fazendo com que essa atravesse a BHE e produza efeito tóxico nos neurônios.
Qual brb é mais frequente como causadora de IN?
BI.
Qual a importância da IN por brb direta?
A IN por BD é sempre patológica e deve ser investigada.
Como é a excreção da brb na vida fetal e após o nascimento?
Na vida fetal, a excreção se dá principalmente pela BI através da placenta, enquanto que após o nascimento é por BD pelos rins e bile.
Comente brevemente sobre o metabolismo da bilirrubina.
Grupamento heme (75% hemoglobina e 25% de mioglobina, catalase, peroxidase, citocromo) metabolizado no sistema retículo-endotelial -> BI -> se liga à albumina -> fígado -> glicuronidação -> BD -> excretada na bile -> estercobilina por bactérias (fezes) ou BI por enzimas -> reabsorvida epla circularação entero-hepática.
Como está o metabolismo da brb no RN?
No RN, existem condições que promovem aumento dos níveis de brb, como aumento da circulação entero-hepática, aumento na brb a ser metabolizada pelo fígado (hc fetais com tempo de vida menor), imaturidade de enzimas hepáticas, competição com drogas, defeitos genéticos.
Quais condições que, se presentes no RN, deixam ele mais suscetível à neurotoxicidade da BI?
Hipoproteinemia (menos brb ligada à albumina e mais livre, podendo atravessar a BHE), deslocamento da brb da albumina por uso de drogas, deslocamento por condições como acidose, aumento de ácidos graxos livres (2ário à hipoglicemia e hipotermia) e aumento da permeabilidade da BHE por imaturidade (prematuros), asfixia e infecção.
O que são as zonas de Kramer? Explique.
São regiões do corpo do RN que são afetadas de forma progressiva com o aumento nos níveis de brb (topografia da icterícia com os níveis de brb). A progressão é crânio-caudal.
Quais níveis de brb se relacionam com cada zona de Kramer?
5 - apenas face
15 - parte média do abdome
20 - corpo todo (incluindo mãos e pés).
Quais as indicações para coleta de exames bioquímicos para uma análise mais profunda da IN?
Aparecimento nas primeiras 24h de vida, IN em RN aparentemente doente, sinais de hemólise (palidez e hepatoesplenomegalia), IN até metade do abdome, incompatibilidade Rh ou ABO, irmão que precisou de fototerapia, céfalo-hematoma ou sangramento significativo.
Quais fatores são importantes definir no RN com IN?
Se é fisiológico ou patológico e quando foi o aparecimento.
Quais condições estão associadas com IN ao nascimento ou nas primeiras 24h de vida?
É SEMPRE patológico: sepse, eritroblastose fetal, TORSCHS.
Quais condições estão associadas com IN no 2° a 3° dia?
Fisiológica, Sd de Crigler-Najjar e icterícia do aleitamento materno.
Quais condições estão associadas com IN do 3° dia até a 1a semana?
Sepse, TORSCHS, ITU.
Quais condições estão associadas com IN após a 1a semana?
Leite materno, sepse, atresia congênita dos ductos biliares, hipotir, galactosemia, fibrose cística, …
Por que ocorre a IN fisiológica?
Acredita-se que ocorra por maior degradação de hemáceas fetais (meia vida mais curta que dos adultos) + limitação temporária de captação pelo fígado + exacerbação da circulação entero-hepática.
Como os níveis de BI se alteram na IN fisiológica?
Atingem seu pico no 2°-3° dia, podendo chegar a níveis de 12, começando, então, a cair. Tendem a cair para menos de 2 entre o 5°-7° dia de vida. Nos prematuros, a captação e conjugação mais lenta torna eles mais ictéricos, com níveis maiores de brb e por mais tempo (até o meio da 2a semana de vida).
Quais as formas de IN associada ao leite materno?
Forma precoce (icterícia do aleitamento materno) e forma tardia (icterícia do leite materno).
Explique a icterícia do aleitamento materno.
RNs que se alimentam exclusivamente de leite materno apresentam maior icterícia que os que se alimentam de fórmula infantil nos 1os dias de vida. Isso ocorre por maior circulação entero-hepática, ingesta de leite insuficiente (dificuldades do AM próprias desse período) e, consequentemente, menor eliminação do mecônio.
Quando surge a icterícia do aleitamento materno? Está associado a que sinais?
Surge entre o 2° e 3° dias de vida e está associado a sinais de pega/posição incorreta do AM e perda de peso acentuada nos 1°s dias.
Qual a HN da icterícia do leite materno?
Ao redor do 4° dia, ao invés de haver queda, os níveis continuam subindo até o 14° dia (brb 20-30) para então começar a cair e normalizar em 4-12 semanas. Se o AM for suspenso, os níveis de brb se normalizam rapidamente e caem em 48h.
Por que ocorre a icterícia do leite materno? Como estão esses bebês?
Parece que existem fatores no leite materno que interferem com o metabolismo da brb. Esses bebês estão saudáveis, com ganho de peso e sem qualquer alteração de função hepática ou hemólise.
A icterícia do leite materno pode promover kernicterus?
Pode, mas raramente.
Como confirmar o Dx de icterícia do leite materno em casos de dúvida?
Suspender o AM por 24h e ver a icterícia melhorar. Depois disso, introduzir progressivamente.
Quando suspeitar de IN patológica?
Icterícia que surge nas primeiras 24h, icterícia além a parte média do abd, associada a sinais clínicos de dç sistêmica (sepse, anemia, dific respiratória, …), níveis de brb ascendendo rapidamente, brb que ascende em velocidade maior que 0,5 mg/kg/h, brb que não diminui com fototerapia, aumento de BD e IN que persiste por mais de 3 semanas de vida.
Quais exames complementares devem ser solicitados após suspeita de IN patológica?
Brb sérica e suas frações, teste de Coombs, tipo sanguíneo e Rh materno e do RN, eritrograma e contagem de reticulócitos, análise da lâmina no sg periférico e outros (TSH/T4, galactosemia, …).
Quais as causas de IN patológica por BI?
- Teste de Coombs positivo: isoimunização ABO, Rh ou por outros tipos sanguíneos.
- Teste de Coombs negativo:
- a: Hb normal ou baixa:
- a.a: Reticulocitose: Esferocitose, eliptocitose, deficiência enzimática.
- a.b: reticulócitos normais: asfixia neonatal, sangramentos/equimoses, hipotir, sd de gilbert, sd de crigler-najjar.
- b: policitemia: atraso no clampeamento do cordão, transfusão feto-fetal e PIG.