ENDOCARDITE INFECCIOSA Flashcards

1
Q

Quais são as quatro camadas do coração e suas principais funções?

A

As quatro camadas do coração são o pericárdio (protege e estabiliza o coração no mediastino), o epicárdio (camada mais interna do pericárdio seroso, adere-se à superfície do coração), o miocárdio (camada muscular média, responsável pela contração e relaxamento cardíaco) e o endocárdio (camada mais interna, ligada às valvas cardíacas, músculos papilares e cordas tendíneas).

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2
Q

Como é subdividido o pericárdio e quais são as características de suas subdivisões?

A

O pericárdio é subdividido em pericárdio fibroso e pericárdio seroso. O pericárdio fibroso é composto de tecido conjuntivo fibroso, sendo a camada mais externa, enquanto o pericárdio seroso é uma membrana mais fina que forma uma dupla camada (parietal e visceral), envolvendo o coração.

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3
Q

O que é a endocardite infecciosa e quais estruturas pode comprometer?

A

A endocardite infecciosa é uma infecção que compromete a superfície endocárdica do coração, incluindo valvas cardíacas (nativas ou protéticas), estruturas valvares (cordas tendíneas), áreas de defeitos septais, endocárdio mural (lesado por jato regurgitante ou corpo estranho) ou até mesmo infecção de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI).

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4
Q

Como a especificidade das camadas cardíacas afeta o diagnóstico clínico de doenças cardíacas?

A

Doenças que afetam o coração podem acometer apenas uma de suas camadas, gerando quadros clínicos específicos com diagnósticos e tratamentos diferenciados, como pericardite, miocardite ou endocardite.

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5
Q

O que são DCEI e qual é a relação com a endocardite?

A

DCEIs, como marca-passos, cardioversores desfibrilhadores implantáveis e ressicronizadores cardíacos, estão associados à infecção endocardítica, sendo a remoção do dispositivo uma parte crucial do tratamento.

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6
Q

Como a epidemiologia da endocardite infecciosa varia entre países desenvolvidos e em desenvolvimento?

A

Em países desenvolvidos, a EI é mais comum após cirurgia valvar ou devido a infecção iatrogênica, enquanto em países em desenvolvimento, como o Brasil, a doença reumática crônica é um antecedente mais comum.

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7
Q

Quais são alguns dos fatores confundidores que podem levar ao subdiagnóstico da EI?

A

Fatores como congestão pulmonar e alterações em exames de urina podem levar ao diagnóstico errôneo de outras condições, como infecção do trato urinário e pneumonia.

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8
Q

Quais pacientes devem ser considerados para o diagnóstico de endocardite infecciosa?
4

A

Pacientes com fatores predisponentes e de risco conhecidos, como valvopatia, próteses valvares, DCEI, cateter de longa permanência, e uso de droga injetável, devem ser considerados para o diagnóstico de EI.

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9
Q

quais são os fatores de risco para o desenvolvimento de EI

A

idade>60
homem
uso de drogas injetáveis
dentição deficiente ou infecção dentária
doença valvular
cardiomiopatias congênitas
Válvula cardíaca protética e implante de válvula transcateter (TAVI):
histórico de endocardite infecciosa
dispositivo intravascular
hemodiálise crônica
internação hospitalar

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10
Q

Como a endocardite infecciosa aguda se caracteriza em termos de evolução clínica?

A

A endocardite infecciosa aguda se desenvolve rapidamente, em um período de dias a semanas, e é marcada por febre alta, toxemia, taquicardia, fadiga, e dano progressivo às estruturas cardíacas, podendo evoluir com sinais de insuficiência cardíaca e/ou sinais e sintomas de êmbolos periféricos ou centrais.

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11
Q

Quais são as características clínicas da endocardite infecciosa subaguda?

A

A endocardite infecciosa subaguda se desenvolve de forma mais gradual, ao longo de semanas a meses, com pacientes geralmente apresentando sintomas constitucionais vagos.

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12
Q

Quais são os principais agentes causadores da endocardite de valva nativa (EVN) aguda?

A

Staphylococcus aureus é o principal agente, seguido de Streptococcus pneumoniae, que também pode causar meningite e pneumonia (Síndrome de Austrian).

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13
Q

Quais são os patógenos mais comuns na endocardite de valva nativa (EVN) subaguda?

A

Os principais são os estreptococos do grupo viridans,

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14
Q

Quais organismos geralmente causam endocardite de valva protética (EVP) precoce e tardia?

A

A EVP precoce é geralmente causada por S. aureus ou estafilococos coagulase-negativos, enquanto a EVP tardia é geralmente causada pelos mesmos organismos que a EVN.

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15
Q

Quais são os desafios no diagnóstico de endocardite relacionada a dispositivos como cateteres centrais e DCEI?

A

Pode ser desafiador fazer a distinção entre a infecção no local do dispositivo (na loja do marca-passo) e a endocardite infecciosa relacionada aos dispositivos (no cabo ou na válvula).

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16
Q

Qual é a prevalência e os principais patógenos associados à endocardite em usuários de drogas injetáveis?

A

Representa 5% a 10% dos casos de EI, com o S. aureus sendo o organismo causador mais comum, responsável por 60% a 90% dos casos. A valva tricúspide é mais frequentemente afetada, podendo ocorrer metastatização de êmbolos sépticos para os pulmões.

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17
Q

Quais patógenos podem ser encontrados na endocardite do lado esquerdo em usuários de drogas IV?

A

Além de S. aureus, podem ser encontrados pseudomonas, salmonela, E. coli, entre outros, embora seja mais raro acometer as valvas esquerdas.

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18
Q

quais são os dois tipos de endocardite infecciosa classificados pela evolução?

A

Endocardite infecciosa aguda, que se desenvolve em menos de 6 semanas, e endocardite infecciosa subaguda, que se desenvolve em mais de 6 semanas.

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19
Q

Quais são os dois tipos de valvas cardíacas que podem ser afetadas pela endocardite infecciosa?

A

valvas nativas e valvas protéticas.

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20
Q

Quais são as três categorias de local de aquisição da endocardite infecciosa?

A

Comunitária, comunitária relacionada a procedimentos hospitalares e nosocomial.

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21
Q

O que significa a classificação ‘nosocomial’ no contexto da endocardite infecciosa?

A

Refere-se a casos de EI adquiridos em ambiente hospitalar.

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22
Q

Como o local de aquisição pode influenciar a abordagem terapêutica da endocardite infecciosa?

A

O local de aquisição pode indicar diferentes patógenos potenciais e, por isso, afeta a escolha da terapia empírica para tratar a EI.

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23
Q

Por que é importante considerar o tipo de valva afetada na classificação da endocardite infecciosa?

A

Porque o tipo de valva (nativa ou protética) pode sugerir diferentes microrganismos causadores e influenciar a estratégia de tratamento.

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24
Q

Qual é o primeiro evento na fisiopatologia da endocardite infecciosa?

A

Lesão valvar/endotelial.

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25
Q

O que ocorre após a lesão valvar/endotelial na patogênese da endocardite infecciosa?

A

Há deposição local de fibrina.

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26
Q

Como a vegetação trombótica não bacteriana se forma no contexto da endocardite infecciosa?

A

A vegetação trombótica não bacteriana forma-se no local após a deposição de fibrina sobre a lesão valvar/endotelial.

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27
Q

Qual é o papel da bacteremia transitória na fisiopatologia da endocardite infecciosa?

A

A bacteremia transitória permite a colonização e aderência de bactérias à vegetação trombótica não bacteriana.

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28
Q

Quais são as consequências da colonização e aderência bacteriana em uma vegetação trombótica?

A

Consequências incluem destruição valvar e invasão local, contribuindo para a progressão da endocardite infecciosa.

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29
Q

Qual é o evento inicial que dá origem à endocardite trombótica não bacteriana (ETNB)?

A

O evento inicial é a lesão do endotélio da superfície valvar ou do endocárdio, frequentemente causada por um fluxo sanguíneo turbulento.

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30
Q

O que ocorre após a exposição do colágeno no subendotélio?

A

Plaquetas e fibrinas aderem-se ao colágeno exposto, formando uma lesão microtrombótica conhecida como vegetação estéril ou endocardite trombótica não bacteriana (ETNB).

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31
Q

Como as bactérias circulantes na corrente sanguínea contribuem para a endocardite infecciosa?

A

Bactérias circulantes podem aderir-se e colonizar a vegetação estéril formada na ETNB. Na ausência de resposta imunológica adequada, essas bactérias se replicam, perpetuando o processo e formando uma vegetação infectada.

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32
Q

Como se forma o trombo estéril na endocardite trombótica não bacteriana (ETNB)?

A

Através da adesão de plaquetas e fibrina ao colágeno subjacente exposto pelo dano endotelial, formando um trombo estéril.

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33
Q

Quais são os quatro mecanismos responsáveis pela maioria das manifestações clínicas da endocardite infecciosa?

A

Destruição valvar e insuficiência cardíaca, embolizações, infecção de órgão-alvo à distância (como cérebro, rins, baço, pulmões), e fenômenos imunológicos (como glomerulonefrite, fator reumatoide falso-positivo).

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34
Q

Qual é o sintoma mais comum da endocardite infecciosa e sua frequência?

A

Febre, presente em 90% dos pacientes com EI.

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35
Q

Além da febre, quais outros sintomas gerais podem ser observados na endocardite infecciosa?
12

A

Sintomas gerais incluem calafrios, anorexia, perda de peso, mal-estar, cefaleia, mialgias, artralgias, sudorese noturna, dor abdominal, dispneia, tosse e dor pleurítica.

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36
Q

O que a febre prolongada após antibioticoterapia pode indicar em um paciente com endocardite infecciosa?

A

Pode indicar a presença de complicações, como embolização e abscesso.

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37
Q

Quão prevalente são os sopros cardíacos em pacientes com endocardite infecciosa e quais outras manifestações são importantes?
3

A

Sopros cardíacos estão presentes em 85% dos pacientes, sendo a esplenomegalia e as manifestações cutâneas, como petéquias e hemorragias subungueais em lasca, outras manifestações importantes.

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38
Q

Onde as petéquias são geralmente observadas em pacientes com endocardite infecciosa?

A

As petéquias podem ser observadas na pele, geralmente nas extremidades, ou nas membranas das mucosas, como o palato ou a conjuntiva, em 20% a 40% dos pacientes.

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39
Q

Como são caracterizadas as hemorragias subungueais em lasca na endocardite infecciosa?

A

São lesões lineares avermelhadas fixas, que não desaparecem com a digitopressão, sob o leito ungueal.

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40
Q

Quais são as manifestações clínicas pouco frequentes, mas altamente sugestivas de endocardite infecciosa?
4

A

Lesões de Janeway, nódulos de Osler, hemorragias Splinter e manchas de Roth.

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41
Q

Qual é a origem das lesões de Janeway e em qual tipo de EI elas são mais comuns?

A

Originam-se de embolização séptica e são mais comuns na EI aguda do que na subaguda.

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42
Q

O que são nódulos de Osler e onde eles são encontrados?

A

São nódulos violáceos subcutâneos dolorosos, encontrados principalmente nas polpas digitais das mãos e dos pés, e também nas eminências tenar e hipotenar.

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43
Q

Como são caracterizadas as hemorragias Splinter e o que elas representam?

A

Hemorragias no leito ungueal em forma de “lascas” com orientação longitudinal, representando um fenômeno vascular.

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44
Q

Descreva as manchas de Roth e o que elas indicam.

A

São lesões hemorrágicas exsudativas e edematosas da retina com centros pálidos, associadas a complicações da EI.

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45
Q

Quais são algumas complicações cardíacas e neurológicas da endocardite infecciosa?
2
4

A

Complicações cardíacas incluem insuficiência valvular e insuficiência cardíaca, enquanto complicações neurológicas podem ser AVC embólico, hemorragia intracerebral, abscesso cerebral e aneurisma micótico.

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46
Q

Por que é importante realizar uma investigação completa das manifestações extracardíacas na bacteremia por Staphylococcus aureus?

A

Devido à virulência desse organismo e ao risco de complicações graves.

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47
Q

Qual a importância do alto grau de suspeição clínica no diagnóstico da endocardite infecciosa?

A

É essencial devido à gama de apresentações clínicas, que podem ir de quadros arrastados a rapidamente progressivos, especialmente em pacientes com fatores de risco estabelecidos.

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48
Q

Quais sintomas gerais podem sugerir a presença de endocardite?
8

A

Febre, anorexia, perda ponderal, astenia, sudorese noturna, calafrios, artralgias e palidez cutânea.

49
Q

Quais achados no exame físico cardiovascular são indicativos de endocardite?

A

Sopro cardíaco novo, taquicardia, sinais de insuficiência cardíaca congestiva aguda como edema de MMII, congestão pulmonar e estase de jugulares.

50
Q

Quais são os fenômenos vasculares associados à endocardite?

A

Embolia arterial significativa, infartos pulmonares sépticos, aneurisma micótico, hemorragia intracraniana, hemorragia conjuntival, lesões de Janeway e hemorragias subungueais.

51
Q

Quais fenômenos imunológicos podem estar presentes na endocardite?

A

Glomerulonefrite, manchas de Roth, fator reumatoide positivo.

52
Q

Quais outros sinais e sintomas podem ser observados em pacientes com endocardite?

A

Esplenomegalia, baqueteamento digital, dor em flancos, hematúria, tosse e dor pleurítica, hemoptise.

53
Q

Quais microrganismos, quando identificados em hemoculturas, são considerados critérios maiores para o diagnóstico de endocardite infecciosa?

A

Staphylococcus aureus, viridans streptococci, Streptococcus gallolyticus (S. bovis), grupo HACEK, Enterococcus adquirido na comunidade na ausência de um foco primário, e Coxiella burnetii ou títulos de AC IgG para Coxiella >1:800.

54
Q

O que define uma hemocultura positiva persistente para o diagnóstico de endocardite infecciosa?

A

No caso de organismos típicos da EI, pelo menos duas hemoculturas positivas de amostra sanguínea com intervalo superior a 12 horas ou, para organismos comuns em infecções cutâneas, 3 ou a maioria de ≥4 hemoculturas coletadas separadas (com intervalo entre a primeira e a última de pelo menos uma hora).

55
Q

Quais achados em ecocardiograma são considerados critérios maiores para endocardite infecciosa?

A

Presença de vegetação (massa intracardíaca oscilante), abscesso, ou nova deiscência parcial de prótese valvar.

56
Q

Qual achado clínico indica um possível envolvimento endocárdico na endocardite infecciosa?

A

Nova regurgitação valvar.

57
Q

Quais condições de predisposição são consideradas critérios menores para o diagnóstico de endocardite infecciosa?

A

Uso de droga intravenosa ou presença de condição cardíaca predisponente, como prótese valvar, lesão valvar associada à regurgitação significante ou fluxo sanguíneo turbulento.

58
Q

Qual sinal febril é um critério menor para a endocardite infecciosa?

A

Febre com temperatura ≥38°C.

59
Q

Quais são os fenômenos vasculares que constituem critérios menores para a endocardite infecciosa?

A

Embolia arterial maior, infartos pulmonares sépticos, aneurisma micótico, hemorragia intracraniana, hemorragia conjuntival ou lesões de Janeway.

60
Q

Quais fenômenos imunológicos são considerados critérios menores na avaliação para endocardite infecciosa?

A

Glomerulonefrite, nódulos de Osler, manchas de Roth ou fator reumatoide.

61
Q

Que tipo de evidência microbiológica é classificada como um critério menor?

A

Hemocultura positiva que não se encaixa nos critérios maiores ou sorologia ativa de micro-organismo típico de EI.

62
Q

Quais combinações de critérios clínicos estabelecem o diagnóstico definitivo de endocardite infecciosa?

A

Dois critérios clínicos maiores, ou um maior e três menores, ou cinco critérios clínicos menores.

63
Q

Quando a endocardite infecciosa é considerada ‘possível’?

A

Na presença de um critério maior e um menor, ou três critérios clínicos menores.

64
Q

Sob quais circunstâncias a endocardite infecciosa é descartada?

A

Quando há um diagnóstico alternativo definitivo, resolução das manifestações clínicas em até 4 dias de antibioticoterapia, ou ausência de evidência patológica de EI na cirurgia ou autópsia depois de antibioticoterapia por quatro dias ou menos, ou não se encaixa nos critérios para EI possível ou definitiva.

65
Q

Quantos conjuntos de hemoculturas devem ser obtidos antes do início da antibioticoterapia e por que?

A

Pelo menos 3 conjuntos de hemoculturas devem ser obtidos de locais separados de punção venosa antes da antibioticoterapia para detectar bacteremia, que está presente em 96% a 98% dos casos de EI.

66
Q

Por que não é necessário coletar hemoculturas no momento da febre ou calafrios na endocardite infecciosa?

A

Porque a EI apresenta bacteremia contínua, e a coleta pode ser feita independentemente da presença de febre ou calafrios.

67
Q

Qual a importância de obter conjuntos de hemoculturas adicionais após o início do antibiótico?

A

Para demonstrar o clearance bacteriano, sendo razoável obter pelo menos 2 conjuntos a cada 48 a 72 horas após o início do tratamento.

68
Q

Como a contaminação da pele pode afetar os resultados das hemoculturas?

A

Falso-positivos podem ocorrer devido à contaminação da pele por patógenos comensais, e múltiplos conjuntos positivos ajudam a distinguir entre patogenicidade e contaminação.

69
Q

Quando são indicados a sorologia ou PCR nas hemoculturas?

A

Quando as culturas são negativas, alguns casos de EI podem ser identificados por sorologia ou PCR para patógenos como Coxiella burnetii, Bartonella spp, Chlamydia spp, Legionella spp, Mycoplasma e Brucella.

70
Q

Qual é a diferença entre o ecocardiograma transtorácico (ETT) e o transesofágico (ETE) em relação ao diagnóstico de EI?

A

O ETT é o primeiro teste diagnóstico, com boa sensibilidade e ótima especificidade. O ETE tem maior sensibilidade, especialmente para detecção de EI em próteses valvares e complicações cardíacas como abscesso, perfuração de folhetos e pseudoaneurisma.

71
Q

Por que é importante informar a hipótese diagnóstica de EI ao laboratório ao solicitar hemoculturas?

A

Para que as amostras sejam armazenadas e avaliadas por um período mais longo, considerando a possibilidade de haver bactérias de crescimento lento envolvidas na patogênese da EI.

72
Q

Mesmo após um diagnóstico feito pelo ETT, por que ainda pode ser necessário realizar o ETE?

A

O ETE pode ser necessário para avaliar com maior acurácia as complicações e a evolução da doença, além de auxiliar na indicação e planejamento cirúrgico quando for o tratamento proposto.

73
Q

Quais achados laboratoriais gerais são comuns na endocardite infecciosa?

A

Aumento dos marcadores inflamatórios (VHS e PCR elevados), anemia normocítica normocrômica, e fator reumatoide positivo, entre outros achados como hiperglobulinemia e testes sorológicos falso-positivos para sífilis.

74
Q

O que a urinálise pode revelar em um paciente com endocardite infecciosa?

A

Hematúria microscópica, proteinúria, piúria, e a presença de cilindros eritrocitários que geralmente indicam glomerulonefrite, um critério diagnóstico menor para a EI.

75
Q

Como a eletrocardiografia (ECG) pode contribuir para o diagnóstico de endocardite infecciosa?

A

A presença de bloqueio cardíaco ou atraso na condução, como um intervalo PR prolongado, pode indicar a extensão paravalvular da infecção para o anel valvar e o septo adjacente.

76
Q

Qual é a utilidade da radiografia de tórax no contexto da endocardite infecciosa?

A

Para avaliar a presença de êmbolos pulmonares sépticos, insuficiência cardíaca congestiva e outras causas potenciais de febre e sintomas sistêmicos.

77
Q

Por que a ultrassonografia (USG) de abdome é útil em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Para avaliar possíveis embolizações para órgãos abdominais, e algumas instituições solicitam como parte da avaliação rotineira após o diagnóstico de EI.

78
Q

Em que situações a tomografia computadorizada (TC) é indicada na endocardite infecciosa?

A

A TC é útil para avaliar locais subclínicos de infecção metastática, como acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma micótico, infartos esplênico ou renal, abscesso do psoas, ou outros locais de infecção.

79
Q

Por que é importante realizar uma avaliação odontológica completa em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Porque fontes ativas de infecção oral devem ser erradicadas para prevenir a propagação ou persistência da infecção.

80
Q

Qual é a relação entre infecção por Streptococcus gallolyticus (anteriormente conhecido como Streptococcus bovis) e câncer de cólon?

A

Existe uma relação bem documentada entre infecção por Streptococcus gallolyticus e câncer de cólon, sendo recomendada a exclusão de câncer de cólon oculto em casos de EI causada por esses organismos.

81
Q

Qual é a recomendação para indivíduos com infecção por Streptococcus gallolyticus que não têm tumor de cólon detectado?

A

É recomendada uma colonoscopia anual para esses indivíduos.

82
Q

Qual é a principal complicação da endocardite infecciosa relacionada a bloqueios atrioventriculares e como é detectada?

A

A principal complicação é o abscesso perivalvar, sendo que o alargamento do intervalo PR no ECG, comparado com exames prévios, pode ser o primeiro indício para o diagnóstico dessa complicação.

83
Q

Em que circunstâncias a PET-CT pode ser indicada para pacientes com suspeita de endocardite infecciosa?

A

Em pacientes portadores de prótese valvar implantada há mais de 3 meses com suspeita clínica de EI, mas sem diagnóstico confirmado pelo ecocardiograma transesofágico (ECOTE), pode-se optar pela realização de PET-CT.

84
Q

Quais são os critérios de Jones usados para diagnosticar febre reumática e como eles se diferenciam dos achados da endocardite infecciosa?

A

Os critérios de Jones para febre reumática incluem cardite, poliartrite, coreia, eritema marginado, nódulos subcutâneos e evidências de infecção precedente por estreptococos. Diferentemente da EI, a ecocardiografia geralmente não mostra vegetações.

85
Q

Como os sintomas do mixoma atrial se diferenciam dos da endocardite infecciosa subaguda?

A

Os sintomas do mixoma atrial são secundários à liberação de citocinas ou ao fenômeno embólico e apresentam-se de forma cíclica, enquanto os sintomas da EI subaguda são progressivos.

86
Q

Qual é a apresentação clínica da endocardite de Libman-Sacks e como é diagnosticada?

A

A endocardite de Libman-Sacks muitas vezes é assintomática, mas pode estar associada a uma história prévia de lúpus eritematoso sistêmico (LES), anticorpo antifosfolípide positivo e manifestações como abortos espontâneos repetidos e trombocitopenia. A coloração imuno-histoquímica demonstra ausência de neutrófilos e da resposta inflamatória típica da EI.

87
Q

Como a endocardite trombótica não bacteriana (ETNB) é caracterizada em relação à endocardite infecciosa?

A

A ETNB é caracterizada por vegetações estéreis nas valvas cardíacas, geralmente associada a tumores que podem levar a um estado de hipercoagulação. Diferente da EI, na ETNB não ocorre destruição valvar nem bacteremia.

88
Q

Quais condições são frequentemente associadas à endocardite trombótica não bacteriana (ETNB)?

A

Tumores do pâncreas, pulmões e cólon, além de TVP recorrente, aterosclerose acelerada, doença arterial coronariana precoce, infarto do miocárdio ou AVC.

89
Q

Qual é a natureza do tratamento antibiótico para a endocardite infecciosa e por que ele é administrado por um período prolongado?

A

O tratamento é feito com antibióticos intravenosos bactericidas e por um período prolongado porque os microrganismos ficam protegidos dentro da vegetação e às vezes em estado inativo.

90
Q

Quando se deve iniciar a antibioticoterapia empírica imediata em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Em pacientes com o quadro clínico agudo e clinicamente instável, devido ao risco de piora e novas complicações.

91
Q

Como a abordagem de tratamento da endocardite infecciosa varia entre os quadros subagudos e agudos?

A

No quadro subagudo, onde o paciente está clinicamente estável, aguarda-se o resultado da hemocultura para iniciar o tratamento, enquanto no quadro agudo, onde o paciente está clinicamente instável, inicia-se imediatamente a antibioticoterapia empírica.

92
Q

A partir de que momento a duração da terapia antibiótica para a endocardite infecciosa é calculada?

A

A duração da terapia é calculada a partir do primeiro dia em que as hemoculturas se tornam negativas.

93
Q

Qual é o procedimento recomendado se a febre persistir em um paciente com endocardite infecciosa durante o tratamento?

A

Deve-se repetir as hemoculturas e fazer uma nova avaliação para pesquisar possíveis complicações.

94
Q

Em pacientes com endocardite infecciosa, quando está indicado iniciar a anticoagulação?

A

A iniciação de anticoagulantes na prevenção de complicações na endocardite infecciosa não está indicada, a menos que haja outra indicação prévia para anticoagulação, devido ao risco aumentado de complicações hemorrágicas e falta de benefício convincente.

95
Q

Qual foi a nova perspectiva de tratamento para a endocardite infecciosa sugerida pelo estudo POET Trial?

A

Tratamento com antibiótico via oral para pacientes estáveis, com microrganismo causador da EI identificado e de baixa virulência, e após um período de, pelo menos, 10 dias de tratamento intravenoso. Essa estratégia mostrou-se não inferior ao tratamento habitual com antibioticoterapia intravenosa.

96
Q

Qual esquema antibiótico empírico é recomendado para endocardite infecciosa aguda em valva nativa?

A

Ampicilina + oxacilina + gentamicina por 4 a 6 semanas.

97
Q

Qual é o tratamento empírico recomendado para endocardite infecciosa subaguda em valva nativa?

A

Ceftriaxona + oxacilina por 4 a 6 semanas.

98
Q

Qual o esquema antibiótico empírico para prótese valvar com mais de 12 meses de implantação na presença de EI?

A

Ampicilina + oxacilina + gentamicina + rifampicina por 4 a 6 semanas.

99
Q

Como deve ser tratada a endocardite infecciosa em prótese valvar com menos de 12 meses de implantação?

A

Vancomicina + gentamicina + rifampicina por 4 a 6 semanas.

100
Q

Qual é o esquema antibiótico recomendado para usuários de drogas IV com endocardite infecciosa?

A

Vancomicina + gentamicina por 4 a 6 semanas.

101
Q

Quando um agente infeccioso é identificado como Streptococcus sp na endocardite infecciosa, qual antibiótico é especificamente recomendado?

A

Penicilina ou ampicilina ou ceftriaxona por 4 a 6 semanas.

102
Q

Como é tratada a endocardite infecciosa causada por Staphylococcus sp sensível à meticilina (MSSA)?

A

Com oxacilina por 4 a 6 semanas.

103
Q

Qual tratamento é específico para endocardite infecciosa causada por Staphylococcus sp resistentes à meticilina (MRSA)?

A

Vancomicina por 4 a 6 semanas.

104
Q

Que antibiótico é recomendado para tratar a endocardite infecciosa causada pelo grupo HACEK?

A

Ceftriaxona por 4 a 6 semanas.

105
Q

Quais são as principais indicações para cirurgia na endocardite infecciosa?

A

Insuficiência cardíaca descompensada, infecção descontrolada (como abscesso, fistula, aumento de vegetação), endocardite por fungos, embolização séptica mesmo com tratamento antibiótico adequado e vegetação maior que 30 mm.

106
Q

Por que uma vegetação maior que 30 mm em um paciente com endocardite infecciosa pode requerer intervenção cirúrgica?

A

Porque vegetações grandes têm alto risco de causar embolizações sépticas e podem ser menos responsivas ao tratamento apenas com antibióticos.

107
Q

Em que circunstâncias a endocardite fúngica é geralmente tratada com cirurgia?

A

Devido à dificuldade de erradicar fungos com antibióticos sozinhos, a endocardite fúngica é uma indicação para cirurgia para remover a infecção diretamente.

108
Q

Quando a infecção descontrolada na endocardite infecciosa leva à decisão de uma abordagem cirúrgica?

A

Quando há formação de abscesso, fistula, ou quando há um aumento da vegetação que não responde ao tratamento antibiótico, indicando que a infecção não está sendo controlada medicamentosamente.

109
Q

Quais são as complicações cardíacas mais comuns na endocardite infecciosa?

A

Insuficiência cardíaca, abscesso perivalvar, pericardite aguda e fístula intracardíaca.

110
Q

Qual é a causa mais comum de cirurgia cardíaca em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Insuficiência cardíaca, geralmente secundária à insuficiência valvular resultante de dano valvular induzido por infecção.

111
Q

Quais achados no ECG podem indicar um abscesso perivalvar em um paciente com endocardite infecciosa?

A

Anormalidades como aumento do intervalo PR até bloqueio atrioventricular (BAV) total, que podem sugerir extensão da infecção para tecidos de condução cardíaca.

112
Q

Quais podem ser as consequências da infecção perivalvar em casos graves de endocardite infecciosa?

A

Além de causar bloqueio cardíaco, raramente a infecção perivalvar pode resultar em compressão coronariana extrínseca e causar síndrome coronariana aguda.

113
Q

Como a pericardite aguda se manifesta em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Pode ser supurativa ou não supurativa e causar dor torácica ou tamponamento cardíaco.

114
Q

O que é uma fístula intracardíaca e como ela se desenvolve em pacientes com endocardite infecciosa?

A

Uma fístula intracardíaca é uma conexão anormal entre as câmaras do coração ou entre artérias e câmaras cardíacas que ocorre devido à extensão da infecção da válvula para o miocárdio adjacente.

115
Q

O que é embolização séptica e quais podem ser suas consequências em pacientes com endocardite infecciosa?

A

É a oclusão ou dano de vasos por êmbolos infectados, podendo resultar em AVC, paralisia, cegueira, isquemia de extremidades, infarto esplênico ou renal, embolia pulmonar e infarto do miocárdio agudo.

116
Q

Quais são os principais fatores de risco para embolização em endocardite infecciosa?

A

Lado esquerdo do coração afetado, tamanho da vegetação (> 15 mm), microbiologia (infecções fúngicas ou por S. aureus) e embolização prévia ao início do tratamento antibiótico.

117
Q

Como se forma um aneurisma micótico e onde ele geralmente se desenvolve?

A

Forma-se a partir da oclusão do vasa vasorum do vaso, levando à infecção da parede vascular e formação do aneurisma, frequentemente em pontos de bifurcação do vaso, na circulação cerebral ou sistêmica.

118
Q

Qual é o tratamento definitivo para um abscesso metastático resultante de endocardite infecciosa?

A

O tratamento definitivo para um abscesso metastático, especialmente se localizado no baço, é a esplenectomia.

119
Q

Como a glomerulonefrite relacionada à endocardite infecciosa se manifesta e o que a causa?

A

Manifesta-se como síndrome nefrítica devido à deposição de imunoglobulinas e complemento na membrana glomerular.