DOR NA PERNA DO ATLETA Flashcards
Quais são os diagnósticos diferenciais para dor na perna do atleta corredor? O que se quer dizer com atleta corredor nesse caso?
Os atletas corredores não são apenas os que praticam corrida de rua, apesar de estes realizarem grandes cargas dessa prática. Na verdade, se refere a atletas que tem a corrida como prática comum na sua modalidade. Os 3 diagnósticos diferenciais para dor na perna nesses pacientes são a Síndrome do Estresse Medial da Tíbia, Fraturas por stress na perna e Síndrome Compartimental Crônica
Como é mais comumente conhecida a Canelite?
Síndrome do Estresse Medial da tíbia
Qual a causa mais frequente de dor na perna do atleta corredor e qual sua prevalência nesse grupo?
Síndrome do Estresse Medial da Tíbia, com prevalência de 13,6 a 20%
Qual a prevalência da SEM da Tíbia em militares? Por que há diferença nesse caso?
A prevalência de SEM de Tíbia sobe para 35% em militares. Isso ocorre pelo volume intenso e desmedido de treinamento que esse grupo é submetido, além do uso do coturno, que dificulta a desaceleração e não absorve o impacto na passada, favorecendo o surgimento da doença
Qual é o mecanismo e como ocorre a SEM da Tíbia?
A SEM da Tíbia é principalmente associada ao sobreuso e ao aumento do volume do exercício. Ocorre a partir de um continuum de reação por stress, onde a musculatura que normalmente acomoda o pé durante a passada, passa a travar e gerar impacto sobre o chão, levando à tração insercional sobre a tíbia. A partir disso, ocorre uma periostite que com a sobrecarga de repetição leva à doença
Qual a relação da cadeia cinética do membro inferior com a SEM da Tíbia?
A cadeia cinética do membro inferior está relacionada a praticamente toda patologia do MMII. No caso da SEM da Tíbia, o pelvic drop associado a rotação interna do fêmur e flexão do joelho levam ao estresse tibial e ao desenvolvimento da doença
Quais são os músculos mais associados ao mecanismo da SEM da Tíbia?
Sóleo, Gastrocnêmio e Tibial Posterior, sendo esse último o principal
Quais são os principais fatores de risco da SEM de Tíbia? Qual o principal deles?
Sexo feminino, história prévia, IMC elevado, Drop do navicular alterado (mede a pronação do pé na passada) e os arcos de movimento reduzidos na rotação externa da tíbia e da flexão plantar. Além desses, o principal fator de risco é o aumento de mais de 20% do volume de treino semanal!!!
Como é a apresentação clínica da SEM da tíbia?
A SEM da tíbia se manifesta com dor difusa, em área maior que 5cm na borda póstero medial da tíbia; mecânica que piora ao exercício e alivia ao repouso, sendo ainda progressiva. Dessa forma, surge como uma dor ao fim do treino, passa com o tempo a ser uma dor durante o treino e depois a ser uma dor até mesmo aos leves esforços. É também pior a dor conforme mais intenso for o treino. Além disso, não costuma ser acompanhada de repercussões neurológicas como queimação, cãibras ou parestesia, assim como de sinais flogísticos
Como podemos diferenciar SEM da Tíbia de Fratura por estresse da tíbia e de Síndrome Compartimental Crônica na clínica?
A SEM da tíbia se manifesta com dor difusa, em área maior que 5cm, na borda póstero medial da tíbia. Já a fratura por estresse se manifesta como uma dor mais localizada, pontual, de topografia dependente de onde for a lesão. Já a Síndrome Compartimental Crônica se diferencia da SEM por apresentar associação com repercussões neurológicas como parestesia, disestesia, queimação e cãibras, o que não se observa na SEM
Como os exames de imagem apresentam a SEM da tíbia? Qual o melhor deles para o diagnóstico?
Enquanto o RX em geral se apresenta sem alterações, podendo haver no máximo um leve espessamento da cortical medial da tíbia; a Cintilografia apresenta apenas um borrão de hiperrecaptção, tendo baixa especificidade (pode ser qualquer coisa). Já a RM é o melhor exame para o diagfnóstico, sendo possível observar o edema periosteal e o edema medular
Como é feito o tratamento da SEM da tíbia?
O tratamento da SEM da tíbia é em geral conservador, com repouso relativo, estratégias anti inflamatórias, reabilitação e ajuste de calçados
O que é o repouso relativo indicado como tratamento para patologias como a SEM da tíbia?
O repouso relativo não significa a parada dos exercícios!! O indicado é que se mantenha o exercício físico, mas que sejam realizados aqueles que não causem dor. Em termos de consulta, deve ser oferecido ao paciente opções de exercícios que o agradem, que gerem aceitação, que ele consiga realizar e que não o causem dor. Após a adoção desse exercício, deve ser feito a reavaliação e ajuste contínuo para manter a prática sem dor
Como é feita a reabilitação da forma mais ideal no tratamento da SEM da tíbia? Que estratégias de treinamento podem ser utilizadas?
A reabilitação deve envolver o Gait Retraining com treinamento neuromotor para que se corrija os mecanismos que levam à lesão. Deve também envolver o treinamento do Core, que atualmente se inclui quadríceps e glúteos, e dos gastrocnêmios; alongamento; e treino de sobrecarga axial. Assim, se recomenda como melhor estratégia a corrida dentro desses parâmetros associada com exercícios de fortalecimento. Essa reabilitação deve sempre evitar que haja dor, não devendo o paciente estar em EVA maior que 2, sendo nesse caso reiniciada a reabilitação. Para isso, é feita progressão de volume semanal abaixo de 10%!! O crosstraining pode ainda ser incluído como estratégia devido à variação de exercícios na prática
Qual a expectativa de progressão da SEM da tíbia a partir da reabilitação?
A expectativa a partir da reabilitação da SEM da tíbia é que o paciente consiga, dentro de 90 dias, realizar corrida moderada de 20 minutos com dor mínima. Já dentro de 9 a 12 meses se indica que a reabilitação estaria completa, mas é normal que ainda não seja igual ao nível anterior à lesão
Quais estratégias anti inflamatórias podem ser usadas no tratamento da SEM da tíbia?
O tratamento da SEM da tíbia pode envolver estratégias anti inflamatórias como crioterapia, terapias de onda de choque, fisioterapia e fármacos. Em geral, se evita o uso dos fármacos como estratégia anti inflamatória a maior prazo nessa doença