Doenças da Junção Neuromuscular Flashcards
Quais os componentes da junção neuromuscular?
Quais os componentes pré- sinápticos da junção neuromuscular?
Membrana pré-sináptica
Acetilcolina-transferase (CHAT)
(Unifica as moléculas de acetilcolina → armazenamento de acetilcolina)
Canal de cálcio voltagem-dependente
Canal iônico responsável pela liberação do conteúdo das vesículas na fenda sináptica?
Canais de cálcio voltagem-dependente
(Há a fusão da vesícula com a membrana celular do neurônio, liberando o neurotransmissor)
Como se encontra a acetil-colinesterase na junção neuromuscular?
Ancorada numa cauda de colágeno do botão pós-sináptico
(COLQ)
Onde se encontram os receptores de acetilcolina?
Na membrana dos botões pós-sinápticos
Outras estruturas responsáveis pelo adequado funcionamento da junção neuromuscular?
MuSK
LRP4
DOK-7
O que é a agrina?
Substância que é liberada junta à acetilcolina
Acopla-se à LRP-4, ativando o complexo agrina-LRP4-MuSK → integrando e estabilizando o sinal dos receptores de acetilcolina → influxo de sódio para dentro do músculo.
O que explica a fadiga muscular nos pacientes com miastenia gravis?
Há uma liberação imediata de mais acetilcolina, vencendo a competição com os anticorpos antireceptores de acetilcolina.
Com o tempo, vai-se acabando os quanta do neurotransmissor, levando à fadiga.
Por que uma contração persistindo por 10 segundos leva a uma melhora do quadro de fadiga?
A contração voluntária de curto prazo funciona como uma despolarização tetânica → influxo de cálcio → liberação de um segundo quantumde acetilcolina, melhorando a força. Logo em seguida cai, piora.
Teste do gelo?
Há uma melhora da ptose quando se coloca o gelo nesta.
O frio reduz o efeito da acetilcolinesterase → aumenta a biodisponibilidade da acetilcolina.
O frio também aumenta a abertura dos canais de cálcio → mais acetilcolina liberada.
Os canais de sódio também ficam abertos por mais tempo → mais disparos musculares.
Como se comporta a miastenia gravis em tempos de frio e calor?
Frio → melhora dos sintomas
Calor → piora dos sintomas
Qual o decremento considerado normal na estimulação repetitiva da ENMG (3 Hz)?
De até 10%
(Só se faz a estimulação repetitiva quando se está pensando em doença de junção)
Decremento considerado anormal na estimulação repetitiva da ENMG?
Acima de dez por cento entre o primeiro e o quarto (ou quinto) estímulos.
O que sugere um decremento à estimulação repetitiva de 2-3 Hz na ENMG?
Distúrbio da junção neuromuscular
(Pré ou pós-sináptica)
Não sugere condições específicas
Como diferenciar do ponto de vista neurofisiológico as condições das junções neuromusculares?
Aumentando-se a frequência da estimulação repetitiva para 30-50 Hz
(Funciona como uma contração voluntária)
Incremento 40-60% sugere botulismo
Incremento de 60-100% sugere Lambert-Eaton
Incremento que sugere Eaton-Lambert na ENMG?
Incremento de 60-100% na estimulação repetitiva de 30-50 HZ.
Incremento que sugere o botulismo na ENMG?
Incremento de 40-6 0% na estimulação repetitiva de 30-50 HZ.
Incremento normal na estimulação repetitiva de 30-50 Hz?
Entre 20-40%
Botulismo e Lambert-Eaton… Síndromes pré ou pós-sinápticas?
PRÉ-sinápticas!
Por que há incremento do potencial de ação na estimulação de muito alta frequência?
Há um influxo brutal de cálcio pelos canais voltagem-dependente
Muita acetilcolina na placa
Incremento nos potenciais musculares compostos
(Equivale a fazer uma contração muscular voluntária por 10s)
Por que aquecer o membro do paciente para fazer ENMG?
Pelos efeitos do frio na resposta de decremento
(Lembrar que o frio:
Diminui a ação da acetilcolinesterase
Aumenta o influxo de cálcio pré-sináptico
Aumenta o influxo de sódio (e diminui o limiar de despolarização) pós-sináptico)
Aquecer o membro > 30-32°
Quais os alvos da miastenia gravis?
Receptor nicotínico de acetilcolina
Quinase específica do músculo (MuSK)
Proteína 4 relacionada ao receptor de lipoproteína de baixa densidade (LRP4)
Como acontece a produção de anticorpos contra os receptores de acetilcolina?
Hiperplasia folicular (70% dos casos) → sensibilização dos anticorpos: há um fator inicial (infecção viral, geralmente) → citocinas inflamatórias + alteração de células T regulatórias → produção de células B (que produzirão os anticorpos) no centro germinal do timo.
OU
Timoma (10-15%) → a produção de células T é feita no timo, exportando as células para a periferia, lá estimulando as células B → anticorpos contra os receptores de acetilcolina.
OU
Sem patologia tímica (15%).
Quais os tipos de anticorpos presentes na miastenia gravis tipo anti-receptor de acetilcolina?
IgG1 e 3.
Importância dos anticorpos anti-AChR?
Prevalência: 70% na forma ocular pura e 85% na forma generalizada
O IgG1 e o IgG3 ativam a cascata de complemento, danificando a membrana sináptica.
Obs.: a quantidade total de anticorpos não se relaciona com a gravidade dos sintomas.
Patogênese da miastenia gravis anti-MuSK positivo?
Desencadeantes desconhecidos
Quando o anticorpo se liga ao MuSK, altera a sua ligação ao LRP4, fazendo com que os receptores de acetilcolina (que estariam condensados), possuam outra conformação → fraqueza.
10% dos pacientes com MG
NÃO FIXAM COMPLEMENTO
IgG4
Sobretudo produzidos por resposta Th2
(Mas também Th1 e Th17)
Patogênese da miastenia gravis anti-LRP4?
Até 5% dos pacientes
Não se sabe o mecanismo desencadeante
Tampouco o mecanismo de ação
Predominantemente IgG1, possuindo ativação do complemento
Sintomas de fraqueza/fadigabilidade ocular?
Ptose - assimétrica, piora quando se olha pra cima
Diplopia - fraqueza sobretudo do reto medial
Sintomas da fraqueza/fadigabilidade bulbar?
Disartria - lingual, bucal e palatal (fala anasalada)
Disfagia - pneumonias recorrentes (sinais sutis)
Disfonia
Fraqueza mastigatória - fadiga de mandíbula, com comprometimento de fechamento > abertura
Sintomas/sinais de fraqueza/fadigabilidade facial?
Fechamento frustro das pálpebras
Face inferior - sialorreia
Manifestações da paresia/fadigabilidade de membros?
Geralmente proximal e simétrica
MMSS > MMII
Raramente focal
Ptose - simétrica ou assimétrica?
Assimétrica
Sinais semiológicos na avaliação da ptose?
Sinal de Cogan
Sinal da Cortina
Sinal da sobrancelha
Em que consiste o sinal de Cogan?
O paciente olha pra baixo, depois pra cima
Vê-se uma queda da pálpebra logo após olhar pra cima
Sinal da sobrancelha?
A sobrancelha do lado ptótico está elevada em relação ao lado contralateral
Sinal da cortina?
Quando se faz a elevação passiva da pálpebra ptótica, a contralateral tem uma leve queda
Como geralmente se manifesta a MG inicialmente?
Paresia ocular
(Persiste ocular pura em apenas 10-20% dos pacientes)
Dos pacientes com miastenia gravis, quantos vão para a insuficiência respiratória?
Até 10%
Como caracterizar a crise miastênica?
Episódio de insuficiência respiratória
Sinais clínicos de iminência de crise miastênica?
Classificação de Osserman modificada?
Como classificar a MG de acordo com o tipo do curso?
Ocular/Generalizada/Orofaríngea
Como classificar a MG de acordo com a idade de aparecimento?
Infantil - antes da puberdade
Início precoce - antes dos 50 anos
Início tardio - após os 50 anos
Como classificar a MG de acordo com a especificidade do anticorpo?
Anti-AChR
Anti-MuSK
Anti-LRP4
Soronegativa
Como classificar a MG de acordo com a patologia tímica?
Timo normal/atrófico
Hiperplasia tímica
Timoma
Diferenças entre as características da doença de início precoce x início tardio?
HLA relacionados à MG de início precoce?
HLA-DR3 e HLA-B8
HLAs relacionados à MG de início tardio?
HLA-B7, HLA-DR2, HLA-DR4, HLA-DQw8.
Existe associação clara entre timoma x MG x HLA?
Não!
Aquelas causadas por timoma geralmente não possuem associação com HLA
Positividade do MuSK nas formas oculares isoladas?
Muito, mas muito, mas muito raramente!
Pico de miastenia gravis associada ao timoma?
>50 anos
(Curso e prognóstico semelhante àquela de início tardio)
Características da MG anti-MuSK positiva?
Sinal do triplo sulco
Relacionada ao MuSK+ na MG.
Forma de miastenia gravis que pode estar relacionada com atrofia muscular, sobretudo de língua?
MuSK+.
MuSK+ responde bem aos anticolinesterásicos?
NÃO!
Responde bem ao rituximabe.
Clínica da forma LRP4?
Semelhante à do AChR
Predomina em mulheres
Bom prognóstico
Características da MG soronegativa?
Clínica variável, semelhante à forma generalizada
Incidência duvidosa (AChR de baixa afinidade?)
Respondem à terapia imunossupressora, plasmaférese e timectomia
Pode haver hiperplasia tímica
Características da miastenia gravis neonatal?
Ocasionada pela passagem de anticorpos maternos pela placenta
Início poucas horas após o nascimento, pico no terceiro dia
(Hipotonia e fraqueza generalizada, choro e sucção débeis, acúmulo de secreção e leite na cavidade oral)
Prognóstico bom - 90% recupera em dois meses
Recorrência em gestações futuras: 75%
Como realizar o diagnóstico CLÍNICO?
Quadro clínico compatível
Teste do gelo
Teste de prostigmine
Como realizar o diagnóstico LABORATORIAL?
ENMG
Dosagem de anticorpos
TC ou RM de tórax
Como realizar o teste de prostigmine?
Injeta-se um miligrama de neostigmina (adultos) ou 0,5 mg (em crianças até 40 kg)
Aguardam-se 05 minutos
Percebe-se melhora
Obs.: no passado usava-se edrofônio
Obs.2: pode-se usar piridostigmina via oral
Droga utilizada para minimizar os efeitos cardíacos do neostigmine/edrofônio, SEM alterar a resposta em musculatura estriada esquelética?
Atropina!
0,5 mg IV em adultos, 0,25 mg em crianças
Aguardar cinco minutos
Contar FC
Se não elevar > 15% a FC inicial, pode-se repetir a dose
Como realizar o ice pack test na MG?
Coloca-se gelo por cinco minutos no olho do paciente
Há uma melhora da ptose >/= 2 mm
Sensibilidade e especificidade > 90%
Qual o primeiro exame laboratorial a ser solicitado na suspeita clínica de MG?
Anticorpos!
(Todo paciente deve realizar)
MG + timoma = quase certeza ser AChR positivo
Suspeita de MG com AChR negativo = pedir anti-MuSK
Fez ENMG na MG, deu sugestivo, mesmo assim solicitar os anticorpos?
SIM!
Tipos de anticorpos anti-AChR?
Anticorpo ligador
Anticorpo bloqueador
Anticorpo modulador
Subtipo de anti-AChR com maior acurácia?
Anticorpo ligador
(Pode estar presente em parentes sadios de pacientes com MG, na neo de pulmão, timoma, doença hepática autoimune, reação transplante x hospedeiro)
Subtipo de anti-AChR com falso-positivo por contaminação bacteriana?
Anticorpo modulador
Sensibilidade da estimulação repetitiva na ENMG para MG?
60%
(Obs.: < 50% se forma ocular)
Sensibilidade de fibra única no diagnóstico ENMG da MG?
90%
(Falso positivo em: distrofia fascio-escapulo-umeral; polimiosite DNM; PNP).
(Obs.: 60% se forma ocular)
TC ou RM?
RM possui maior eficácia em diferenciar timoma x não timoma
Organograma diagnóstico da MG?
Diagnósticos diferenciais da MG?
Como se manifesta a miastenia gravis?
Períodos de atividade entremeados a períodos de remissão.
O que é uma crise miastênica?
IRespA com necessidade de suporte ventilatório
(Alguns autores consideram a complementação de “fraqueza bulbar importante”)
15-20% dos pacientes apresentarão uma crise miastênica ao longo da doença
Idade média de 72 anos
Miastenia de início tardio
Principal desencadeante das crises miastênicas e porcentagem da mortalidade?
Infecção (metade)
4-10% de mortalidade
Qual anticorpo mata mais na crise miastênica? Qual tem maior gravidade de crise e maior duração de internação?
Tudo igual.
Também não há relação entre o status prévio do paciente e a crise miastênica.
Quais os componentes do ciclo respiratório afetados na crise miastênica?
Tanto a inspiração quanto a expiração
Como avaliar o comprometimento da inpiração na miastenia gravis?
Capacidade vital e pressão inspiratória
(A expiração é avaliada através da medida da pressão expiratória)
Causas de obstrução das vias aéreas superiores na miastenia gravis?
Fraqueza da musculatura bulbar
(Obs.: nos pacientes anti-MuSK positivos, a fraqueza bulbar pode PRECEDER a fraqueza da musculatura respiratória)
Características da avaliação à beira-leito preditoras de crise miastênica?
Uso de musculatura acessória
Aumento da frequência respiratória
Paresia da musculatura cervical
Tosse fraca
Incapacidade de contar até vinte em um único fôlego
Gasometria e oximetria na avaliação beira-leito para predizer crise miastênica?
Não!
Dessaturação, hipoxemia e hipercarbia são tardias!
Medidas importantes a serem avaliadas na suspeita de crise miastênica?
Capacidade vital forçada, pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima
Parâmetros preditores da necessidade de IOT na miastenia gravis?
CV < 20 mL/kg
PI < 30 cmH20
PE < 40 cmH20
Corticosteróides como descompensadores de MG?
Até 50% dos pacientes podem apresentar piora clínica após a introdução do corticoide ao tratamento
Sobretudo entre o quinto e o décimo dia
Medicamentos a serem evitados nos pacientes com MG?
Crise miastênica = tratamento de alta resposta = ?
Imunoglobulina humana endovenosa
(1-2g/kg/dia por 2-5 dias)
OU
Plasmaférese
(5-7 sessões, dias alternados)
Dificiência de IgA - atentar para qual tratamento da MG?
Imunoglobulina
(Anafilaxia - risco aumentado. Dosar nesses pacientes com MG)
Escolha de tratamento em gestantes com MG?
Imunoglobulina humana
Qual terapêutica possui um início mais rápido (em torno de dois dias)?
Plasmaférese
Pacientes anti-MuSK - dar preferência a qual tratamento?
Plasmaférese
Corticoides na crise miastênica?
Se já faz uso, ajustar para 1-1,5 mg/kg/dia, por pelo menos 30 dias
(Seguir com desmame)
Se não fazia uso, iniciar 1-1,5 mg/kg/dia, durante ou após o tratamento com IVIG ou Plex
Pulsoterapia na crise miastênica?
500mg-1g/dia, durante cinco dias
Associada à IVIG ou Plasmaférese
OU
Quando pouca resposta a essas terapêuticas
Problema do início dos corticóides?
Piora do quadro respiratório, sobretudo naqueles que não estão em uso de ventilação mecânica
Deve-se suspender a piridostigmina durante a crise miastênica?
Antigamente se suspendia o anticolinesterásico
Atualmente tende-se a manter a medicação
(Além de poder encurtar o tempo da crise)
Obs.: pode aumentar as secreções em pacientes em VMI.
Qual a melhor via de administração do anticolinesterásico durante a crise?
Via oral!
(Alguns serviços usam IV e até de forma contínua)
Qual o melhor momento de uso de anticolinesterásico durante a crise miastênica?
Sem consenso
Alguns autores advogam suspensão inicial e reintrodução tempos antes de extubar o paciente
Anticolinesterásicos na crise miastênica - opções seguras para uso isolado?
Não!
Quais os sintomas de uma intoxicação por piridostigmina?
E quando o paciente com MG não melhora com o tratamento de primeira linha?
Tratar complicações → infecções, DHE etc;
Se IVIG, pode fazer IVIG ou plasmaférese
Se plasmaférese, IVIG
Rituximabe no contexto de MG?
Sim!
No paciente que não respondeu às outras terapias e continua grave!
Mudança de protocolo terapêutico da miastenia no paciente COVID grave?
Não!
Qual das terapêuticas emergenciais possui efeito mais rápido na crise miastênica?
Plasmaférese
(Início de efeito em 48h)
Manejo ambulatorial da MG?
Tratamento sintomático - piridostigmina - virtualmente todos os pacientes
Manutenção - maioria necessita de corticoides ou imunossupressores