Diarreia aguda e desidratação na infância Flashcards

1
Q

Diarreia: Conceito clínico

A

Fezes de consistência líquida ou amolecidas, em quantidade aumentada, 3 vezes ou mais por dia
OBS.: No lactente - Mudança no padrão habitual de evacuações

Aguda - Até 14 dias
Persistente - 15 a 30 dias
Crônica - > 30 dias

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2
Q

Complicações da diarreia aguda

A

Desidratação
Desnutrição ou agravamento da desnutrição

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2
Q

Principal etiologia da diarreia aguda

A

Infecciosa

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3
Q

Disenteria

A

Diarreia aguda com presença de sangue, pus e/ou muco nas evacuações

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4
Q

Mecanismo - Diarreia osmótica

A

-Acúmulo intraluminal de solutos por algum problema de absorção de determinado nutriente
-Melhora com o jejum

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5
Q

Mecanismo - Diarreia secretória

A

-Secreção ativa de eletrólitos
-Não melhora com jejum

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6
Q

Mecanismo - Diarreia invasiva

A

-Invasão da mucosa (geralmente colônica)
-Inflamação com erosão da mucosa
-Menor absorção de água e nutrientes do bolo fecal

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7
Q

Agentes etiológicos - Diarreia aquosa
ROTAVÍRUS

A

-Causa de diarreia aguda GRAVE em < 2 anos de idade
-Incomum em menores de 3 meses (imunidade materna)
-Diarreia acompanhada de vômitos, que costuma ser a primeira manifestação
-Mecanismos:
-Osmótico: Achatamento vilositário, consequente redução de enterócitos maduros e redução das dissacaridases - lactase
-Secretor: Liberação de NSP4
-Quadro autolimitado, duração < 7 dias

-Prevenção de casos graves: Imunização infantil, preconizada aos 2 e 4 meses de idade (SBP, 2022)
OBS.: Após vacinação por rotavírus, a etiologia de infecções diarreicas graves está migrando para o norovírus (geralmente associado a surtos coletivos, como em creches)

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8
Q

Agentes etiológicos - Diarreia Aquosa
E. COLI

A
  1. E. coli enterotoxigênica:
    -Principal causa bacteriana de diarreia aguda
    -Incomum nos países desenvolvidos, logo causa comum de diarreia em turistas vindos desses locais
  2. E. coli enteropatogênica:
    -Principal causa de diarreia PERSISTENTE em crianças
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9
Q

Agentes etiológicos - Diarreia aquosa
VIRBIÃO COLÉRICO

A

-Incomum no Brasil
-Pode haver surtos por contaminação de fonte de água
-Relação com situações de tragédias ambientais
-Causa desidratação grave em poucas horas
-Mecanismo secretor por secreção de toxina colérica
-Perda intensa de água e eletrólitos, com perda de litros em poucas horas
-Fezes em água de arroz

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10
Q

Agentes etiológicos - Disenteria
SHIGELLA

A

-Principal bactéria causadora de disenteria no Brasil
-Pode cursar como diarreia aquosa sem desinteria
-Presença de febre, dor abdominal e tenesmo associados a disenteria
-Pode manifestar sintomas neurológicos como convulsões
-Pode manifestar síndrome hemolítico-urêmica (IRA + Trombocitopenia + Anemia microangiopática)

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11
Q

Agentes etiológicos - Disenteria
CAMPYLOBACTER

A

-Principal causa de disenteria em países desenvolvidos como os EUA
-Pode cursar com síndrome de Guillain-Barré

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12
Q

Agentes etiológicos - Disenteria
E. coli

A

-Causada pela cepa ENTEROINVASIVA ou ENTEROHEMORRÁGICA

-A E. coli enteroinvasiva cursa com quadro intestinal semelhante à shigellose

-A E. coli entero-hemorrágica por liberação de toxina que leva a destruição da mucosa sem processo inflamatório exuberante
-NÃO MANIFESTA FEBRE
-Principal agente etiológico para causar Síndrome Hemolítica Urêmica

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13
Q

Agentes etiológicos: Disenteria
Salmonella

A

-Pode causar apenas diarreia aquosa
-Não costuma cursar com quadro grave
-Pode cursar com bacteremia por invasão da mucosa intestinal
-Fatores de risco para bacteremia por salmonella:
-Anemia falciforme (osteomielite)
-Imunodeprimidos
-Menores de 3 meses
-Diante da suspeita nesses fatores de risco, solicitar coprocultura

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14
Q

Soluções glicossalinas orais - Soro caseiro

A

-Na diarreia aguda se mantém ativo o transportador de Na associado a glicose, logo a glicose é necessária para entrada do sódio no lúmen
-Feito por uma pitada (3 dedos) de sal e um punhado de açúcar - recomendar colheres medidoras
-Não serve para reidratar
-Mantém a criança hidratada
-40 a 50 mEq/L

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15
Q

Soluções glicossalinas orais - SRO

A

-Soro de reidratação oral
-Podem ser utilizadas dois tipos de solução: Padrão ou de osmolaridade reduzida

-SRO Padrão: Solução desenvolvida inicialmente para tratamento de diarreia por cólera. Possui elevada osmolaridade, que pode auxiliar na diarreia secretória mas que aumentava o volume de evacuações nos pacientes com diarreia por mecanismo osmótico
90mmol de sódio e 111mmol de glicose

-SRO de osmolaridade reduzida: Mais recomendada atualmente. Apresenta composição equimolar (75 de Na e 75 de glicose). Possui osmolaridade menor que a osmolaridade intraluminal. Apresenta maior sucesso no tratamento de desidratação por diarreia agudas virais.

16
Q

Avaliação da Hidratação - Parâmetros

A

Sinais mais importantes:
Condição neurológica geral
Sede
Olhos
Sinal da prega cutânea

Outros sinais:
Pulso
Lágrimas
Tempo de enchimento capilar

17
Q

Avaliação da hidratação - Desidratação grave

A

Pelo menos 2 das manifestações abaixo:

Condição neurológica geral: Letárgica
Sede: Incapaz de ingerir água
Olhos: Fundos ou muito fundos
Sinal da prega cutânea: Desaparece muito lentamente (>2s)
Pulso: muito fraco/ausente
Lágrimas: Ausentes
Tempo de enchimento capilar: >5s

18
Q

Avaliação da hidratação: Desidratação em algum grau

A

Pelo menos 2 dos parâmetros abaixo:

Condição neurológica geral: Irritabilidade
Sede: Bebe água com avidez
Olhos: Fundos
Sinal da prega cutânea: Desaparece lentamente (< 2s)
Pulso: rápido, fraco
Lágrimas: Ausentes
Tempo de enchimento capilar: Entre 3 e 5s

19
Q

Avaliação da hidratação - Perda ponderal

A

Desidratação grave: Perda ponderal >9%
Desidratação em algum grau: 3-9%
Sem desidratação: <3%

20
Q

Planos de hidratação

A

A- Sem desidratação
B- Em algum grau de desidratação
C- Desidratação grave

21
Q

Plano de Hidratação A

A

-Criança sem desidratação
-Recebe alta com instruções para realizar em casa
-Aumentar a ingestão hídrica (soluções caseiras) após cada evacuação diarreica
< 1 ano de idade: 50-100ml de soro caseiro ou SRO
>1 ano de idade: 100-200ml de soro caseiro ou SRO
-Manter dieta habitual
OBS: Orientar para acrescentar uma refeição/lanche a mais por dia, durante 14 dias após melhora do quadro diarreico da criança
-Orientar quanto aos sinais de gravidade
-Orientar suplementação com zinco por 10 dias (reduz gravidade e risco de recorrência dos episódios diarreicos)

22
Q

Plano B

A

-Criança com algum grau de desidratação
-Terapia de reidratação oral na unidade de saúde
-Feita com solução de reidratação oral
-Reposição de 75ml/kg em 4 h
-Reposição da perda hídrica (3-9% do peso da criança)
-Suspende alimentação, manter somente aleitamento materno
-Reavaliação frequente
-Uma vez recuperada a hidratação, paciente recebe alta com plano A com SRO (não utilizar mais soro caseiro)

23
Q

Plano C

A

-Criança com desidratação grave
-Hidratação venosa
-Deve receber 100ml/kg de SF 0,9%
>1 ano de idade: em 3 h
30ml/kg em 30min + 70ml/kg em 2h30m
<1 ano de idade, correr em 6h
30ml/kg em 1 hora + 70ml/kg em 5 horas
-Plano só será interrompido diante de sinais de sobrecarga hídrica
-Reavaliação após 3-6h
-TRO tão logo seja possível
-Após fim da hidratação venosa, se paciente tiver recuperado a hidratação, paciente pode receber alta com plano A

24
Q

Indicação de antimicrobianos

A
  1. Tratar somente casos de disenteria com comprometimento do estado geral
    -Fazer ceftriaxona IM ou ciprofloxacino (suspeita de shigelose)
  2. Paciente com salmonelose que apresenta fator de risco para gravidade
    -Ciprofloxacino
  3. Paciente com suspeita de cólera
    -Primeira escolha: Azitromicina
25
Q

Outras medidas que devem ser realizadas

A
  1. Não é recomendada a prescrição de antiemético
    EXCEÇÃO: Admnistrar uma dose de ondansetrona na criança em plano B
  2. Criança com sintoma de vômitos não contraindica a TRO, recomendar fração da ingesta
  3. Probióticos: Não há recomendação formal pelo ministério da saúde.
    Podem ter algum benefício nas doenças diarreicas aguda de origem viral
  4. Racecadotrila (inibidor da encefalinase): Não há recomendação formal pelo ministério da saúde, SBP autoriza a prescrição
  5. Paciente que está evoluindo com diarreia persistente: Reavaliar dieta da criança e possíveis intolerâncias alimentares