Diarreia Flashcards
Fatores de risco para mortalidade
- baixo peso ao nascer
- desidratação grave
- desnutrição severa
- desmame precoce
- baixa condição socioeconômica
- lactente jovem
- febre elevada
- estado imunitário alterado (pneumonia)
- pais iletrados
OMS - Diarreia aguda aquosa
pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluídos, podendo causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos.
OMS - Diarreia aguda co sangue (disenteria)
presença de sangue nas fezes e lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. As principais causadoras são bactérias do gênero Shigella.
OMS - Diarreia persistente
diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais, podendo provocar desnutrição e desidratação. Os pacientes que evoluem para esta constituem o grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade.
Fisiopatologia
Por aumento da secreção intestinal ou diarreia secretória: um dos principais mecanismos envolvidos na diarreia aguda infecciosa. Ocorre hipersecreção de água e eletrólitos para dentro do lúmen intestinal, a partir de estímulos representados por toxinas, substancias, hormônios ou invasão de microrganismos. Exemplos: toxina do cólera, rotavírus e E. coli.
Aumento da osmolaridade: é provocada por excesso de substâncias osmoticamente ativas dentro da luz intestinal, o que promove a passagem de água e eletrólitos para dentro do lúmen. A quantidade aumentada de líquidos produzida supera a capacidade de absorção, o que determina a emissão de fezes liquefeitas. Os solutos não absorvíveis retém fluídos na luz intestinal e estimulam a peristalse.
Invasiva: lesão direta do epitélio intestinal ou ação de citocinas causando inflamação, diminuição de absorção e aumento da motilidade. Normalmente as fezes tem aspecto disentérico.
Distúrbios da motilidade: algumas condições clinicas (hipertireoidismo e tumores neuroendócrinos intestinais – VIPoma) causam diarreia devido ao aumento do trânsito intestinal.
ETIOLOGIA - Infecciosa - E. coli
E. coli entero-toxigênica (ETEC): causadora da diarreia dos viajantes. Produzem 2 tipos de enterotoxinas, LT e ST, que aumentam a perda hídrica, causando diarreia liquida e volumosa.
E. coli entero-patogênica clássica (EPEC): causa diarreia aguda e persistente em menores de 2 anos (aleitamento materno é fator de proteção).
E. coli entero-invasiva (EIEC): invande e destrói as células epiteliais, causando uma diarreia mucossanguinolenta. É pouco frequente no primeiro ano de vida.
E. coli entero-agregativa (EAEC): ocorre em crianças, adultos e imunodeprimidos. É a segunda causa de diarreia dos viajantes.
E. coli entero-hemorrágica (EHEC): produz 2 toxinas, SHIGA LIKE 1 e 2, que podem atingir a circulação e causar dano endotelial. 5 a 10% das crianças com colite podem desenvolver SHU ou outras complicações sistêmicas.
E. coli entero-aderente difusa (EDEC): causa quadros de diarreia prolongada em crianças maiores de 2 anos.
ETIOLOGIA - Infecciosa - Shigella
bactéria gram – invasora e produtora de exotoxina SHIGA, que é responsável pela SHU, e as enterotoxinas shET 1 e 2. A transmissão se dá através de água e comida contaminados ou pessoa a pessoa. Tem baixa inoculação para causar doença. Causa disenteria bacilar: afeta principalmente o cólon e se apresenta com evacuações com pequeno volume e alta frequência, inicialmente aquosa e posteriormente mucossanguinolenta, com tenesmo e cólica. Sintomas extraintestinais associados ao SNC (cefaleia, meningismo, letargia, confusão e alucinações) podem anteceder o quadro diarreico > pode ter alteração liquórica.
ETIOLOGIA - Infecciosa - Yersínia
são cocobacilos gram –, anaeróbios facultativos que causam uma diarreia com febre e dor abdominal, podendo as fezes conter muco e sangue. Pode simular quadro de apendicite em crianças maiores e adolescentes (adenite mesentérica). As complicações relatadas são: artrite reacional, eritema multiforme e nodoso e sepse.
ETIOLOGIA - Infecciosa - Campylobacter
são bastonetes gram –, invasores da mucosa, adquiridos através de água e alimentos contaminados (frango e leite cru) ou animais de estimação/fazenda. Associada a sd de Guillian Barré e artrite reativa.
ETIOLOGIA - Infecciosa - Salmonela enteritides
são bacilos gram – móveis, causadores de diarreia associada a intoxicação alimentar em crianças < 5 anos (6 a 72 horas). O sintomas são: início abrupto de náuseas, vômitos, dor abdominal, fezes aquosas ou mucossanguinolentas, dor periumbilical ou no QID. Pode ocorrer quadros de infecção a distância como meningite, osteomielite, endocardite e pneumonia (HIV e anemia falciforme). As S. typhy e paratyphi causa febre tifoide.
ETIOLOGIA - Infecciosa - Vibrio cholerae
doença antiga associada a epidemias e pandemias com centenas de mortes, são bacilos gram – aeróbicos, transmitidos através da água e alimentos contaminados, sobrevivendo tanto em água doce quanto salgada. Produz uma toxina que estimula o AMPc que bloqueaia a absorção de NaCl pelas células das criptas, resultando em fezes abundantes, liquidas com muco (água de arroz) e odor de peixe. Tem início súbito de diarreia e vômitos abundantes sem cólicas ou febre. A grande perda de água e eletrólitos pode causar choque hipovolêmico e morte em poucas horas (4-12).
ETIOLOGIA - Infecciosa - Virus
Rotavírus: principal causa de diarreia em < 2 anos, precedida por infecção das VA e vômitos intensos por 1 a 2 dias à diarreia líquida por 3 a 5 dias (mecanismo osmótico secretor NSP4). É mais grave em primoinfecção e < 2 anos. Maior incidência no inverno.
Norovírus: principal causa de surtos associados a contaminação alimentar. Afetam indivíduos de todas as idades, com náuseas, vômitos, dor abdominal e epigástrica importante e diarreia de intensidade moderada com duração de 1 a 3 dias.
Sapovírus: associados a quadros de menor gravidade. Astrovírus: associados a surtos de diarreia em hospitais e ambientes fechados como creches e quarteis.
Complicações
- desidratação
- distúrbios hidroeletrolíticos
- insuficiência renal
- choque séptico
- desnutrição
- infecção a distância
- SHU
- Guillian Barré
Diagnóstico laboratorial
- exame microscópico das fezes, exame parasitológico das fezes, coprocultura e pesquisa de vírus nas fezes
- pH fecal e substâncias redutoras
- hemograma
- eletrólitos
- ureia e creatinina
TTO
Hidratação
Vitamina A: deve ser adm na população com carência, reduz o risco de mortalidade e internação
por diarreia e tem sido usada nas zonas rurais mais carentes do Norte e Nordeste.
Zinco: faz parte da estrutura de várias enzimas com papel importante na função e crescimento celular, atuando também no sistema imunológico. Pode reduzir a duração do quadro de diarreia e ocorrência de novos episódios de diarreia aguda nos 3 meses subsequentes.
Probióticos: podem ser usados como coadjuvantes, apesar de não serem indicados pela OMS e MS.
Antieméticos: não devem ser usados no tratamento da diarreia aguda (OMS e MS). A ondansetrona pode proporcionais diminuição na frequência de vômitos e do risco de internação para pacientes com vômitos frequentes (0,1 mg/kg no máximo 4mg por VO ou VI).
Rececadotrila: é um inibidor da encafalinase, enzima que degrada as encefalinas produzidas pelo SN entérico, que reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos. É um medicamento seguro, que não interfere na motilidade intestinal (1,5 mg/kg 3x ao dia). Contraindicado para < 3 anos.