Diarreia Flashcards

1
Q

Fatores de risco para mortalidade

A
  • baixo peso ao nascer
  • desidratação grave
  • desnutrição severa
  • desmame precoce
  • baixa condição socioeconômica
  • lactente jovem
  • febre elevada
  • estado imunitário alterado (pneumonia)
  • pais iletrados
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2
Q

OMS - Diarreia aguda aquosa

A

pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluídos, podendo causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos.

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3
Q

OMS - Diarreia aguda co sangue (disenteria)

A

presença de sangue nas fezes e lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. As principais causadoras são bactérias do gênero Shigella.

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4
Q

OMS - Diarreia persistente

A

diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais, podendo provocar desnutrição e desidratação. Os pacientes que evoluem para esta constituem o grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade.

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5
Q

Fisiopatologia

A

Por aumento da secreção intestinal ou diarreia secretória: um dos principais mecanismos envolvidos na diarreia aguda infecciosa. Ocorre hipersecreção de água e eletrólitos para dentro do lúmen intestinal, a partir de estímulos representados por toxinas, substancias, hormônios ou invasão de microrganismos. Exemplos: toxina do cólera, rotavírus e E. coli.

Aumento da osmolaridade: é provocada por excesso de substâncias osmoticamente ativas dentro da luz intestinal, o que promove a passagem de água e eletrólitos para dentro do lúmen. A quantidade aumentada de líquidos produzida supera a capacidade de absorção, o que determina a emissão de fezes liquefeitas. Os solutos não absorvíveis retém fluídos na luz intestinal e estimulam a peristalse.

Invasiva: lesão direta do epitélio intestinal ou ação de citocinas causando inflamação, diminuição de absorção e aumento da motilidade. Normalmente as fezes tem aspecto disentérico.

Distúrbios da motilidade: algumas condições clinicas (hipertireoidismo e tumores neuroendócrinos intestinais – VIPoma) causam diarreia devido ao aumento do trânsito intestinal.

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6
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - E. coli

A

E. coli entero-toxigênica (ETEC): causadora da diarreia dos viajantes. Produzem 2 tipos de enterotoxinas, LT e ST, que aumentam a perda hídrica, causando diarreia liquida e volumosa.

E. coli entero-patogênica clássica (EPEC): causa diarreia aguda e persistente em menores de 2 anos (aleitamento materno é fator de proteção).

E. coli entero-invasiva (EIEC): invande e destrói as células epiteliais, causando uma diarreia mucossanguinolenta. É pouco frequente no primeiro ano de vida.

E. coli entero-agregativa (EAEC): ocorre em crianças, adultos e imunodeprimidos. É a segunda causa de diarreia dos viajantes.

E. coli entero-hemorrágica (EHEC): produz 2 toxinas, SHIGA LIKE 1 e 2, que podem atingir a circulação e causar dano endotelial. 5 a 10% das crianças com colite podem desenvolver SHU ou outras complicações sistêmicas.

E. coli entero-aderente difusa (EDEC): causa quadros de diarreia prolongada em crianças maiores de 2 anos.

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7
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Shigella

A

bactéria gram – invasora e produtora de exotoxina SHIGA, que é responsável pela SHU, e as enterotoxinas shET 1 e 2. A transmissão se dá através de água e comida contaminados ou pessoa a pessoa. Tem baixa inoculação para causar doença. Causa disenteria bacilar: afeta principalmente o cólon e se apresenta com evacuações com pequeno volume e alta frequência, inicialmente aquosa e posteriormente mucossanguinolenta, com tenesmo e cólica. Sintomas extraintestinais associados ao SNC (cefaleia, meningismo, letargia, confusão e alucinações) podem anteceder o quadro diarreico > pode ter alteração liquórica.

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8
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Yersínia

A

são cocobacilos gram –, anaeróbios facultativos que causam uma diarreia com febre e dor abdominal, podendo as fezes conter muco e sangue. Pode simular quadro de apendicite em crianças maiores e adolescentes (adenite mesentérica). As complicações relatadas são: artrite reacional, eritema multiforme e nodoso e sepse.

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9
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Campylobacter

A

são bastonetes gram –, invasores da mucosa, adquiridos através de água e alimentos contaminados (frango e leite cru) ou animais de estimação/fazenda. Associada a sd de Guillian Barré e artrite reativa.

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10
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Salmonela enteritides

A

são bacilos gram – móveis, causadores de diarreia associada a intoxicação alimentar em crianças < 5 anos (6 a 72 horas). O sintomas são: início abrupto de náuseas, vômitos, dor abdominal, fezes aquosas ou mucossanguinolentas, dor periumbilical ou no QID. Pode ocorrer quadros de infecção a distância como meningite, osteomielite, endocardite e pneumonia (HIV e anemia falciforme). As S. typhy e paratyphi causa febre tifoide.

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11
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Vibrio cholerae

A

doença antiga associada a epidemias e pandemias com centenas de mortes, são bacilos gram – aeróbicos, transmitidos através da água e alimentos contaminados, sobrevivendo tanto em água doce quanto salgada. Produz uma toxina que estimula o AMPc que bloqueaia a absorção de NaCl pelas células das criptas, resultando em fezes abundantes, liquidas com muco (água de arroz) e odor de peixe. Tem início súbito de diarreia e vômitos abundantes sem cólicas ou febre. A grande perda de água e eletrólitos pode causar choque hipovolêmico e morte em poucas horas (4-12).

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12
Q

ETIOLOGIA - Infecciosa - Virus

A

Rotavírus: principal causa de diarreia em < 2 anos, precedida por infecção das VA e vômitos intensos por 1 a 2 dias à diarreia líquida por 3 a 5 dias (mecanismo osmótico secretor NSP4). É mais grave em primoinfecção e < 2 anos. Maior incidência no inverno.

Norovírus: principal causa de surtos associados a contaminação alimentar. Afetam indivíduos de todas as idades, com náuseas, vômitos, dor abdominal e epigástrica importante e diarreia de intensidade moderada com duração de 1 a 3 dias.

Sapovírus: associados a quadros de menor gravidade. Astrovírus: associados a surtos de diarreia em hospitais e ambientes fechados como creches e quarteis.

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13
Q

Complicações

A
  • desidratação
  • distúrbios hidroeletrolíticos
  • insuficiência renal
  • choque séptico
  • desnutrição
  • infecção a distância
  • SHU
  • Guillian Barré
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14
Q

Diagnóstico laboratorial

A
  • exame microscópico das fezes, exame parasitológico das fezes, coprocultura e pesquisa de vírus nas fezes
  • pH fecal e substâncias redutoras
  • hemograma
  • eletrólitos
  • ureia e creatinina
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15
Q

TTO

A

Hidratação
Vitamina A: deve ser adm na população com carência, reduz o risco de mortalidade e internação
por diarreia e tem sido usada nas zonas rurais mais carentes do Norte e Nordeste.

Zinco: faz parte da estrutura de várias enzimas com papel importante na função e crescimento celular, atuando também no sistema imunológico. Pode reduzir a duração do quadro de diarreia e ocorrência de novos episódios de diarreia aguda nos 3 meses subsequentes.

Probióticos: podem ser usados como coadjuvantes, apesar de não serem indicados pela OMS e MS.

Antieméticos: não devem ser usados no tratamento da diarreia aguda (OMS e MS). A ondansetrona pode proporcionais diminuição na frequência de vômitos e do risco de internação para pacientes com vômitos frequentes (0,1 mg/kg no máximo 4mg por VO ou VI).

Rececadotrila: é um inibidor da encafalinase, enzima que degrada as encefalinas produzidas pelo SN entérico, que reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos. É um medicamento seguro, que não interfere na motilidade intestinal (1,5 mg/kg 3x ao dia). Contraindicado para < 3 anos.

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16
Q

ATB

A

1) Perguntar se o paciente tem sangue nas fezes. Se positivo e com comprometimento do estado geral:
- reidratar com planos A, B ou C
- iniciar antibioticoterapia:
o Ciprofloxacino 15 mg/kg a cada 12h, VO, por 3 dias
o Ceftriaxona 50 a 100 mg/kg, IM, uma vez ao dia, por 2 a 5 dias
- se mantiver sangue nas fezes após 48h do início do tto, encaminhar para internação hospitalar
- criança com desnutrição devem ter antibioticoterapia e hidratação iniciadas ainda na unidade de saúde, até que cheguem ao hospital.

2) Perguntar quando iniciou a diarreia. Se tiver mais de 14 dias:
- encaminhar para unidade hospitalar se paciente < 6 meses ou tiver sinais de desidratação (hidratar antes de encaminhar)
- se não tiver itens acima, encaminhar para consulta médica para investigar e tratar.

3) Observar se tem desnutrição grave:
- desidratação: iniciar hidratação e encaminhar para serviço de saúde
- envelopes de SRO até que chegue ao serviço de saúde

4) Verificar temperatura, se tiver > 39ºC, investigar e tratar outras possíveis causas, como: pneumonia, otite, amigdalite, faringite e ITU.