D14B3T3S M3LL1TUS - TR4T4M3NT0 Flashcards
- Qual a alteração que ocorreu quanto à postura no tratamento do DM 1?
A conduta visa um controle glicêmico rígido, contanto que não eleve os riscos de uma hipoglicemia, dessa forma a taxa de complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia) são menos incidentes.
- Qual o efeito da insulina no organismo humano?
Ela leva a ativação do receptor que leva a transcrição genética e ativação enzimática, culminando com a translocação de receptores GLUT 4 do citoplasma para a membrana a fim de captar a glicose no musculo e no tecido adiposo.
- Qual a meta de glicemia para o paciente diabético e quais as ferramentas ele deve usar para controle terapêutico?
A glicemia deve estar o mais próximo da normalidade; -Sendo glicemia em jejum <100 e pós prandial <140mg/dl -O paciente deve usar o glicosímetro pelo menos 4x ao dia: antes do café da manhã, almoço, jantar e antes de dormir. Em casos de pacientes com glicemia pré-prandial controlada, mas que permanecem com a glicemia glicada >7, é indicado a verificação de glicemia pós-prandial, de 1-2h após as principais refeições, totalizando aproximadamente 7 verificações por dia.
- O que é e qual a utilidade da Hb glicosilada?
A Hb glicosilada, também chamada de A1C reflete a fração de Hb que sofreu uma reação de glicosilação não enzimática e irreversível pela hiperglicemia sustentada. Assim como a hemácia a vida média da A1C é de 120 dias, dessa forma ela reflete o controle crônico da glicemia, sendo que 50% dela é resultado da glicemia dos últimos 30 dias. O seu nível normal é de 6-7 e essa é a meta do tratamento atual, para reduzir a incidência de complicações crônica, enquanto que antes usava-se o padrão <9.
- A meta da HbA1C deve mudar para pacientes idosos e gestantes?
Em idosos permite-se uma HbA1C um pouco mais flexível e em gestantes presa-se por uma meta <6,5, além disso, em gestantes esse método não é confiável para avaliação do tratamento pois a HbA1C leva cerca de 2 meses para refletir a inadequação da terapia nesse público.
- O que é e quais os riscos da variabilidade glicêmica?
A variabilidade glicêmica se mostra naqueles pacientes que possuem picos de hiperglicemia e episódios de hipoglicemia ao longo da terapia, nestes a HbA1C pode resultar falsamente normal. Demonstrou-se que a VG aumenta o risco de complicações microvasculares crônicas, tanto quanto a hiperglicemia sustentada.
O que pode causar uma HBA1C falsamente baixa?
A1C falsamente baixa Condições que diminuam a meia vida da hemácia: esferocitose, anemia hemolítica, eliptocitose, deficiência de G6PD. Perda de sangue: sangramento aguda ou crônico, gravidez ou parto recente. Transfusão de sangue. Excesso de vitamina C ou E >1g/dia, e Dapsona Hemoglobinopatias: no uso de outro método que não a Cromatografia Líquida de Alta Performance.
O que pode causar uma HBA1C falsamente alta?
A1C falsamente alta Insuficiência Renal Crônica Hipertrigliceridemia Álcool Esplenectomia Deficiência de Ferro Toxicidade por Chumbo e Opiáceos
- Nesses pacientes com valores não confiáveis o que se pode fazer?
A medida da frutosamina, uma Hb glicada composta principalmente de Albumina, que tem 2 semanas de meia vida, no entanto sua correlação com complicações microvasculares não está ainda bem estabelecida.
- Como calcular o peso ideal a fim de fazer o controle em pacientes diabéticos?
Sabe-se que mulheres nos primeiros 1,52 devem pesar 45kg, e a cada 2,5cm devemos adicionar mais 2,3kg. Já os homens, nos primeiros 1,52 devem pesar 48kg, adicionando 2,7kg a cada 2,5cm. Com a insulinoterapia intensiva, espera-se que haja um ganho de 5kg devido ao efeito anabólico e lipogênico da insulina. No entanto é necessário acompanhamento mais cauteloso em mulheres diabéticas com anorexia nervosa, que podem deixar de fazer doses de insulina acarretando maior risco de cetoacidose, complicações e internação.
Quais importantes orientações na dieta devem ser feitas ao paciente diabético?
-Dar preferência a alimentos como: arroz integral, feijão, fibras (cereais, grãos), substituir a sacarose por adoçante, de preferência a sucralose, mas não proibir completamente o açúcar. -Outra importante medida é na ceia comer alimentos com baixo índice glicêmico, contendo carboidratos complexos, combinados a proteínas e lipídios a fim de retardar o esvaziamento gástrico e reduzir o risco de hipoglicemia. -O álcool deve ser desencorajado pois ele inibe a gliconeogênese hepática, podendo causar hipoglicemia, e bebidas adocicadas podem levar a hiperglicemia, mas é recomendada pequena dose diária de vinho tinto, sem maiores problemas.
- Como orientar o paciente com DM1 quanto ao exercício?
O exercício deve ser estimulado, mas não o exercício extenuante, pois uma insulinemia alta antes do exercício pode levar a hipoglicemia, por que o exercício aumenta a sensibilidade muscular a insulina. E uma insulinemia baixa antes do exercício pode levar a hiperglicemia, por que o exercício aumenta a liberação de hormônios contra-reguladores. As orientações devem ser: -Não se exercitar se a glicemia estiver <90 ou >250, ou na presença de cetose; -Alimentar-se 1-3h antes do exercício, evitando exercitar-se em jejum; -Ingerir suplementos de carboidratos a cada 30min de exercício prolongado ou extenuante; -Aplicar a insulina num músculo que não participará do exercício, por vezes é conveniente reduzir a dose;
- Qual a dose de insulina recomendada na insulinoterapia no início e no seguimento do tratamento do DM1?
No início do tratamento é dose varia entre 0,3-0,5U/kg /dia de insulina. É uma dose muito baixa ou nenhuma as vezes, um período chamado de período lua de mel, onde o paciente ainda tem uma quantidade residual de células beta, no entanto, inevitavelmente elas serão destruídas e a dose passa a ser 0,5-1U/kg/dia. Ex: 60kg – 30-60U/kg/dia, de Insulina humana recombinante, que é o que seria fisiologicamente produzido.
Quais as insulinas de ação ultra rápida?
Tem inicio em 15min, pico de ação em 1h30min e duração de 4-6h. Ação Ultrarrápida - Lispro (Humalog®) - Aspart (Novorapid®) - Glulisina (Apidra®)
Quais as insulinas de ação rápida?
Ação Rápida - Regular: inicio em 30min a 1h, pico em 2-3h, duração de 8h
Quais as insulinas de ação intermediária?
Ação Intermediária - NPH - Ação em 2-4h, pico em 6h e duração de até 16h.
Quais as insulinas de ação prolongada?
Ação Prolongada - Glargina (Lantus®) inicio em 2-4h, não possui pico e dura até 24h. - Insulina Detemir (Levemir®): inicio em 4-6h, não possui pico e dura até 23h. - Degludec (Tresiba®) inicio em 2h, não possui pico e dura até mais de 40h.
Quais as possíveis concentrações que geralmente obtemos misturando insulina Regular e NPH e quais as suas farmacocinéticas?
- NPH/Regular (70%/30%) inicio em 30min a 1h, dois picos e dura até 16h. - NPH/Regular (50%/50%) inicio em 30min a 1h, dois picos e dura até 16h.
- Qual o esquema de duas aplicações/ dia e quais as suas desvantagens?
-Esquema 2 aplicações: Neste esquema usa-se Insulina NPH e regular, fazendo: -2/3 na primeira tomada (30-45min antes do café – por causa da regular): 70% de NPH e 30% de Insulina Regular -1/3 na segunda tomada (30-45min antes do jantar – por causa da regular): 50% de NPH e 50% de Insulina Regular Exemplo, um paciente que tome 30U/dia, em duas tomadas ele faria: 20U antes do café, sendo, 14U de NPH e 7U de Regular; 10U antes do jantar, sendo, 5U de NPH e 5U de Regular; A glicemia será verificada 4 vezes ao dia e seus resultados serão baseados no seguinte: -Glicemia pré-café: depende da NPH feita antes de dormir (dura até 16h) -Glicemia pré- almoço: depende da regular feita de manhã, antes do café (dura até 8h) -Glicemia pré-jantar: depende da NPH feita de manhã (dura até 16h) -Glicemia antes de dormir: depende da regular feita antes do jantar (dura até 8h) -O ideal é que se aplique a NPH na barriga (absorção mais rápida) e a Regular nas coxas ou nádegas (absorção mais lenta), mas ambas podem ser misturadas na mesma seringa e aplicadas em ambos locais. A desvantagem do sistema de duas aplicações são: -A insulina Regular deve ser aplicada de 30-45min antes das refeições, o que pode ser difícil de controlar; -O paciente precisa seguir uma rotina muito rígida nos horários e volume das refeições; -O período matinal pode ficar desprotegido, permitindo a hiperglicemia matinal; -A NPH da manhã pode ser insuficiente para controlar o pico glicêmico pós almoço;
Sobre o efeito Somogy e o Fenômeno o Alvorecer:
-Fenômeno o Alvorecer: no fim da noite e inicio da manhã o hormônio GH é secretado e pode levar à hiperglicemia, como o efeito da NPH já está se esgotando, pode ocorrer picos hiperglicêmicos, isso pode ser remediado separando a Regular da NPH. A Regular continua sendo tomada antes do jantar e a NPH passa a ser tomada antes de dormir. -Efeito Somogy: quando ao invés de separar Regular e NPH é feito o aumento da dose da NPH e segue-se com sua aplicação antes do jantar, isso pode desencadear o efeito Somogy, onde há uma hipoglicemia na madrugada, que estimula a secreção de hormônios contrarreguladores levando a uma hiperglicemia de rebote pela manhã. A diferenciação entre Efeito Somogy e Fenômeno do Alvorecer é feita pela verificação da glicemia na madrugada (2-3h) se tiver uma hipoglicemia estaremos diante de um E. Somogy. O esquema de duas doses deve ser evitado no DM1 pois não é fisiológico e tem todas essas desvantagens.
- Qual o esquema de múltiplas aplicações?
Esse esquema tenta mimetizar a secreção de insulina fisiológica, onde usamos uma insulina de ação intermediária a prolongada para mimetizar a secreção basal enquanto uma insulina de ação rápida ou ultra rápida simula o pico pós prandial. Intermediária ou Prolongada - Basal NPH (ou Detemir) antes do café da manhã e antes do jantar ou ceia Regular ou Ultra Rápida - Picos Insulina Regular ou Lispro, Aspart ou Glulisina antes do café da manhã, almoço e jantar OU Intermediária ou Prolongada - Basal NPH antes do café da manhã, almoço e jantar Regular ou Ultra Rápida - Picos Insulina Regular ou Lispro, Aspart ou Glulisina antes do café da manhã, almoço e jantar OU Glargina antes do café da manhã + Insulina Regular ou Lispro, Aspart ou Glulisina antes do café da manhã, almoço e jantar. OU Glargina (ou Detemir) antes do café da manhã e antes do jantar + Insulina Regular ou Lispro, Aspart ou Glulisina antes do café da manhã, almoço e jantar OBS: alguns pacientes podem necessitar de doses de ultrarrápida antes de outras refeições, como lanche ou ceia, para atingir um controle adequado. A escolha do esquema ideal dependerá da preferência do paciente, seu estilo de vida, resposta individual ao tratamento e custo, Alguns pacientes não respondem. por exemplo, a duas aplicações de NPH (necessitam de três) ou uma aplicação de glargina (necessitam de duas). A grande vantagem dos esquemas com análogos (Lispro, Aspart ou Glulisina) é o menor risco de hipoglicemia; entretanto, não há diferenças significativas no controle entre um esquema com análogos e um esquema com NPH e IR. Da mesma forma não há diferença entre o uso do esquema com Glargina ou Detemir.
Como calcular a dose de Insulina por refeição?
Passos para o cálculo da dose de insulina bolus pré-prandial conforme contagem de carboidratos Padrão——–Exemplo: criança com DM1, dose total de insulina= 20U, glicemia antes do café da manhã = 175mg/dl, e café da manhã com dose total de carboidratos = 50g Sua meta glicêmica=100mg/dl Passo 1: Calcular a razão insulina/carboidrato, que traduz a quantidade de insulina capaz de metabolizar uma determinada quantidade de glicose. Esta razão é calculada pela fórmula: 500/ dose diária total de insulina. A sua razão insulina/carboidrato será 500/20= 25, ou seja, 1 unidade de insulina cobre 25 g de carboidrato. Passo 2: Calcular a dose do bolus alimentação de acordo com a quantidade de carboidratos a ser ingerida na refeição. São necessárias 2 unidades de insulina para cobrir seu café da manhã (50/25= 2). Passo 3: Calcular a dose de bolus ‘corretiva’, ou seja a dose necessária para corrigir uma possível hiperglicemia pré-refeiçao. A dose corretiva = glicemia atual — meta glicêmica/ fator de sensibilidade. O fator de sensibilidade é definido como a quantidade de glicose sanguínea que diminuirá após 2 a 4 horas de 1 unidade de insulina bolus. O fator de sensibilidade é calculado pela fórmula fator de sensibilidade= 1500/ dose diária total de insulina. Seu fator de sensibilidade será 1500/20 = 75; Sua dose corretiva será 175 — 100= 75/75 = l. Passo 4: Calcular a dose total de bolus = dose bolus alimentação + dose bolus corretiva. A dose total será de 3 unidades (2 unidades de bolus alimentação + I unidade da dose corretiva). Muitas vezes como o tratamento exige um entendimento dos pais e das crianças, é feita uma terapia com uma prescrição de dose fixa empírica de insulina regular ou ultrarrápida antes das refeições, juntamente com esquemas para correção de acordo com a glicemia capilar e nas próximas consultas, de acordo com a monitoração do paciente, reavaliam-se as doses prescritas