D14B3T3S M3LL1TUS 1 Flashcards
- O que é o Diabetes Mellitus?
O Diabetes se caracteriza principalmente pela Hiperglicemia, que pode ser causada pela deficiência absoluta ou relativa na secreção de insulina ou pela resistência periférica a insulina que culmina com o baixo uso celular da glicose e aumento da produção hepática, levando a hiperglicemia.
- Quais os hormônios anabólicos e contrarreguladores do Metabolismo intermediário?
O metabolismo intermediário é controlado através da insulina, um hormônio anabólico maestro secretada no período pós prandial, e os hormônios contra reguladores: glucagon, cortisol, adrenalina e GH, secretados no período de jejum e responsáveis pelo catabolismo.
- Qual o processo de liberação da Insulina pelo pâncreas?
É sintetizada pelas células beta pancreáticas e liberada como resposta ao aumento dos níveis séricos de glicose, a glicose se acopla aos receptores GLUT 1 e 2 da célula beta, ocorre glicólise que libera ATP que fecha os canais de potássio ATP sensíveis, ativando o influxo de cálcio e a liberação de insulina após a despolarização.
- Qual o estímulo para a secreção de Glucagon?
Secretado pelas células alfa pancreáticas em resposta a redução dos níveis séricos de glicose.
- Quem são as Incretinas e quais suas funções?
As incretinas são GLP 1 (peptídeo glucagon símile) e GIP (peptídeo gástrico inibitório) elas tem a função de incrementar/aumentar a secreção de insulina pelo pâncreas durante uma refeição contendo glicose. Elas podem ser degradadas pela DPP4 e estão reduzidas em pessoas diabéticas.
- Qual a importância a da glicose para o Sistema nervoso?
Tem na glicose seu combustível quase exclusivo. Há nos neurônios receptores para a glicose GLUT 1, mas como os neurônios não possuem reservas de glicose e não podem usar outra fonte de energia, a glicemia deve estar sempre controlada pelo corpo.
- No Estado pós prandial, o aumento da glicemia provoca secreção de insulina, qual a sua função no metabolismo de AA, carboidratos e lipídios?
Logo após uma refeição a riqueza de nutrientes estimula a secreção de insulina que torna possível o anabolismo e o uso da glicose como combustível celular. Parte da glicose sofre glicólise, no miócito e no hepatócito e outra parte passa por glicogenogênese.
O fígado produz a partir do Acetil CoA, produto da glicólise, ácidos graxos, esterificados que serão reservados no adipócito, é a lipogênese. Já os aa da dieta são convertidos em proteínas pelas células.
- Qual o hormônio e perfil metabólica no estado de Jejum ou Interprandial?
A secreção de insulina cai e começa a ser secretado o glucagon e os hormônios contrarreguladores que estimulam a lipólise, o catabolismo e o uso de ácidos graxos como principal substrato energético.
Ocorre também a glicogenólise, o glicogênio hepático é quebrado originando a glicose nas primeiras 24 - 48h do jejum. Acabado o glicogênio ocorre a gliconeogênese, que origina glicose a partir de lactato vindo do músculo, aminoácidos vindos das células, glicerol vindo dos adipócitos, se a liberação de AG for excessiva ocorre a formação de corpos cetônicos.
No organismo do diabético o corpo fica em constante “estado de jejum”, a falta da insulina e o aumento dos hormônios contra reguladores levam ao catabolismo, uso de AG, e à gliconeogênese que predominam sobre a glicólise, levando a hiperglicemia crônica. A Gliconeogênese é responsável pela produção de glicose para o SN.
- Qual a etiologia do DM Tipo 1?
É causado pela destruição autoimune das células beta pancreáticas, mediada por linfócitos CD8, por isso a DM1 pode aparecer em pessoas com doenças auto imunes como vitiligo, Hashimoto ou anemia perniciosa, aparentemente a raiz do problema são infecções com Cocksackie B, associadas a mimetismo molecular. A instalação da doença é assintomática, mas quando a destruição das células beta alcança cerca de 80-90%, a presença de infecções recorrentes, ou a puberdade, que leva a uma resistência insulínica, pode precipitar o aparecimento dos sintomas.
- Quais as faixas etárias em que a doença costuma apresentar sintomas?
O DM 1 é bimodal, aparecendo em duas faixas etárias: 4-6 anos e entre 10-14 anos, ele era chamado de diabetes juvenil por ser mais comum em pessoas mais jovens, no entanto 30% dos diabéticos desenvolvem a doença depois dos 30 anos, nesses o perfil da destruição celular é mais lento, podendo levar a confusão entre DM 1 ou 2, no entanto com o passar dos anos instala-se a deficiência absoluta de insulina e até a cetoacidose, tornando mais claro o diagnóstico.
- Qual a etiologia do DM Tipo 2 e qual o perfil daqueles que são acometidos pela doença?
É causado pela resistência à insulina que exige mais da célula beta, levando-a a exaustão e ao déficit secretório de insulina. Leva a uma hipoinsulinemia relativa, onde a insulina pode estar normal ou aumentada, mas é sempre insuficiente para manter os níveis de glicose normais.
O que geralmente contribui para a completa instalação da doença é o ganho de peso e a falta de atividade física, associados a fatores ambientais e forte influência genética, com herança poligênica.
A resistência à insulina é responsável pela menor resposta hepática, com menor inibição à gliconeogênese, menor inibição da lipólise do tecido adiposo, menor captação e uso da glicose por tecidos periféricos, como o musculo esquelético. Essa resistência à insulina tem relação direta com o acúmulo de gordura visceral, que diferentemente das demais é altamente lipolítica e libera AG na circulação os quais afetam o funcionamento de enzimas transdutoras de sinais para a insulina, diminuindo sua sinalização para os receptores, além disso essa gordura centrípeta (em tórax e abdome) também libera fts inflamatórios que agem semelhantemente aos AG.
- Quais os fatores que cooperam para a fisiopatologia do DM tipo 2?
- Menor número de receptores GLUT 2 na célula beta, por isso, menor secreção de insulina;
- Menor quantidade de incretinas;
- Maior secreção de amilina, formando depósitos amiloides patogênicos no pâncreas;
- Exaustão e destruição de algumas células beta, na fase final, que indica a necessidade de insulina no tratamento.
- Quais as causas não endócrinas de DM?
Para que doenças do pâncreas levem a diabetes é necessário que haja destruição de 80-90% do pâncreas. São as causas:
-Pancreatopatia alcoólica;
-Fibrose cística;
-Câncer de pâncreas;
-Doenças que levem ao desequilíbrio entre insulina e hormônios contra reguladores: Cushing, excesso de GH - gigantismo em crianças e acromegalia em adultos, feocromocitoma.
-MODY (Maturity Onset Diabetes Young), é um tipo de DM 2 autossômica dominante transmitida por até 3 gerações consecutivas, que leva a baixa secreção de insulina, abre o quadro antes dos 25 anos, corresponde a 30% do DM2 e 10% do DM1.
-Além desses, o uso das seguintes drogas:
Corticoide
BEtabloq
Tiazídicos
Levotiroxina
Fenitoína
- Qual a definição do Estado Pré Diabético?
É o paciente com o seguinte perfil:
Glicemia de jejum alterada : 100-125
Glicemia após 2h TOTG 75g 140-199
HBA1C entre 5,7-6,4
Pacientes que atendem esses critérios tem fortes riscos de desenvolverem DM 2 em curto prazo -até 05 anos em 30% deles.
Parta confirmar se o paciente é de fato um pré diabético, é necessário um segundo teste, o TOTG 75 (Teste de Tolerancia Oral a Glicose com 75g de glicose anidra por via oral e verificação de glicemia 2h depois), nos casos de glicemia >200 identificamos uma DM 2 ainda não diagnosticada.
O tratamento de estado pré diabético é feito com dieta, exercício, perda de peso, cessação do tabagismo (que induz a Resistencia a Insulina) e reversão do quadro.
- Está recomendado o tratamento medicamentoso para pacientes pré diabéticos?
Apesar de saber-se que drogas como Metformina, Acarbose, Glitazonas e Orlistat previnem o DM 2 em pacientes pré diabéticos, não se recomenda o seu uso pois os efeitos deles não superam os efeitos das medidas higienodietéticas na prevenção em 5 anos. (30% e 60%, respectivamente), além da análise da relação custo da medicação e efeitos adversos com seus benefícios. No entanto, a Metformina, como é mais barata, está indicada se houverem múltiplos fts de risco para DM 2 ou se apesar das medidas de prevenção não houver controle da glicemia.
Fatores de risco para DM tipo 2 Obesidade grave. Sedentarismo. Parente de 1º grau acometido. Etnia (negros, latinos, índio americano, ilhas do pacífico). História de diabetes gestacional. História de doenças cardiovasculares. Estados pré-diabéticos. Hipertensão arterial. HDL < 35 mg/dl. Triglicerídeos > 250 mg/dl. Síndrome dos ovários policísticos. Acantose nigricans. Obs.: História de ter parido um bebê com mais de 4 kg ao nascer NÃO é mais considerado fator de risco independente para DM 2.