Complicações pós-operatórias Flashcards
Quais são os tipos de complicações pós-operatórias?
- Feridas (sítio cirúrgico)
- Febre
- Gastrointestinais
O que é seroma?
- Acúmulo de soro e linfa no subcutâneo
- Não chega a ser pus
- Pode infectar, já que a linfa tem proteínas (meio de cultura)
Seroma
Superficial ou profundo?
Superficial
Seroma
Em que tipo de cirurgia é mais comum ter esse tipo de complicação?
- Cirurgias com grande dissecação ou descolamento
- Ex.: paciente com hérnia incisional no abdome
Seroma
Quanto maior o espaço, maior a chance de líquido acumular e formar seroma (V/F)
- Verdadeiro: Quanto maior a exposição da aponeurose e “soltar” o subcutâneo, maior a chance de acumular líquido e formar seroma
Seroma
Quadro clínico?
- Abaulamento indolor e sem flogose (dor, calor, rubor)
- Consistência líquida à palpação
- Punção e drenagem de líquido claro
Seroma
Tratamento?
- Punção e compressão (curativo compressivo ⇒ faixa/cinta)
- Recorrência ou uso de prótese: drenagem aberta. Se recidiva, drenar novamente
Seroma
Profilaxia?
- Se possível, evitar grandes dissecções
- Hemostasiar muito bem a ferida, fechar o subcutâneo, colocar dreno
A hérnia pode ser confundida com um seroma (V/F)
Verdadeiro: o suposto “seroma” é o intestino do paciente ⇒ se puncionar vai gerar problemas (examinar bem antes de puncionar)
Hematoma
Definição?
- Acúmulo de sangue e coágulos no subcutâneo
- Pode infectar (meio de cultura - agar sangue)
Hematoma
Pode ser decorrente de?
- Hemostasia inadequada
- Coagulopatia: ex.: paciente cirrótico, com IR
Hematoma
Quadro clínico?
- Abaulamento da ferida
- Pode ocorrer extravasamento de sangue
- Sangue gera na pele uma coloração vinhosa ou azulada, que vai ficando amarela-esverdeada com o tempo
- Secreção avermelhada
Hematoma
Riscos?
- Infecção secundária
- Presença de sangue pode interferir na cicatrização da aponeurose ⇒ podendo ocasionar uma hérnia incisional ou uma evisceração
Hematoma
Tratamento?
- Hematoma volumoso até 48h:
- Evacuação + hemostasia em centro cirúrgico
- Cauterização de vasos coagulados
- Hematoma pequeno (tratamento clínico):
- Se desconforto, usar analgésicos
- Uso de curativos compressivos e cintas
- Fazer calor local: tentativa de reabsorção do sangue
A deiscência da aponeurose pode se complicar em?
- Eventração (separação da aponeurose)
- Evisceração (a pele também se abre)
Eventração
Quando costuma acontecer?
- Pacientes desnutridos
- Técnica inadequada
- Tendão friável
Eventração
No futuro, uma aponeurose que não cicatrizou se torna uma hérnia incisional (V/F)
Verdadeiro
Eventração
Exame físico?
- Ao empurrar o ambulamento pode-se sentir um anel (limite da aponeurose)
- Ferida fechada
- Pele íntegra
- Vísceras no subcutâneo
Eventração
Quadro clínico?
- Abaulamento da ferida
- Dor
Eventração
Tratamento?
- Hemioplastia incisional:
- Dissecção ampla, soltando todo o subcutâneo
- Colocação de uma tela de polipropileno, que gera uma fibrose ⇒ reforço para cobrir a hérnia
Evisceração
Conceito?
- Separação da aponeurose com rompimento da pele
- Vísceras ficam em contato com o meio externo
Evisceração
Quadro clínico?
- Exteriorização do omento ou do intestino delgado
Evisceração
Tratamento?
- Cobertura das alças intestinais com compressas úmidas e estéreis
- Cirurgia imediata
Infecções do sítio cirúrgico
Conceito?
- Acometimento em alguma porção do trajeto cirúrgico
Infecções do sítio cirúrgico
Classificação?
- Incisional superficial: pele e subcutâneo
- Incisional profunda: fáscia e músculo
- Espaço orgânico: abscessos intra-abdominais, empiema
Infecções do sítio cirúrgico
Podem ocorrer em até quanto tempo?
- Até 30 dias após a cirurgia
- Até 1 ano após implante de prótese, tela
Infecções do sítio cirúrgico
Agentes etiológicos de cirurgias limpas (de pele)?
- Staphylococcus aureus (gram +)
- Staphylococcus coagulase (gram -)
Infecções do sítio cirúrgico
Agentes etiológicos de cirurgias limpo-contaminadas e contaminadas (TGU e TGI)?
- E. coli
- Enterococos
Infecções do sítio cirúrgico
Fatores de risco?
- Relacionados a ferida: presença de seroma, hematomas e necrose
- Presença de fios de sutura monofilamentar/multifilamentar, drenos e corpos estranhos (gossipiboma = esquecer gaze dentro do paciente)
Infecções do sítio cirúrgico
Pacientes com mais predisposição?
- Imunossupressão
- Corticoides (redução da imunidade)
- Obesidade (subcutâneo considerável)
- Diabetes (cicatrização prejudicada)
- Idades extremas (crianças/idosos)
Infecções do sítio cirúrgico
O que aumenta chance de infecção bacteriana?
- Raspagem de pelos (tricotomia) muito antes da cirurgia
- Cirurgias prolongadas
- Internação recente ou UTI
- Infecção concomitante
- Uso indiscriminado de ATB
- Quantidade e virulência bacteriana
- Tipo de cirurgia (limpa x contaminada)
Infecções do sítio cirúrgico
Quadro clínico de infecções superficiais (pele/subcutâneo)?
- Geralmente ocorre entre o 5º e 6º dia (bactéria leva tempo para proliferar)
- Drenagem de secreção purulenta (leitosa)
- Eritema, dor e edema (flogose)
Infecções do sítio cirúrgico
Quadro clínico de infecção intra-cavitária (abscesso)?
- Febre
- Massa abdominal: pode ocorrer tumoração do abdome
- Secreção purulenta saindo da ferida ou do dreno cavitário
- Mais grave
- TC de abdome: fígado rodeado de líquido, com presença de ar em alguns pontos. Formação de abscesso intracavitário, com um nível de gás e líquido
Infecções superficiais
Tratamento?
- Soltura dos pontos (não necessariamente todos), limpeza, debridamento, ATB
- Importante fazer drenagem
- Na presença de necrose ⇒ limpeza
Infecções intra-abdominais
Tratamento?
- Drenagem por punção (guiada por USG ou TC)
- Secreção colhida = levar para fazer cultura
- Reoperação: quando não é possível drenar
- ATB
Complicações pós-operatórias
Febre?
- Presente em 1/3 de cirurgias de médio/grande porte
- Não necessariamente é patológico
Febre
Etiologias intraoperatórias?
- Sangue imcompatível (reações transfusionais): febre, hipotensão e hemoglobinúria
- A própria infecção que levou o paciente a cirurgia (ex.: apendicite)
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia?
- Atelectasia
- Fasciíte necrosante ou necrotizante
- Gangrena de Fournier
- Lesão inadvertida de alça intestinal
- Peritonite fecal
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia: atelectasia
- Consiste no colabamento do pulmão
- Principal causa de febre
*RX com atelectasia na base de pulmão direito com presença de acesso venoso central
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia: fasciíte necrosante ou necrotizante (acima da aponeurose)
- É uma infecção grave
- Geralmente é polimicrobiana, podendo ser por fungos também
- Pouco comum
- Alta morbimortalidade, se extendendo de 2 a 3 cm por hora
- Enfisema subcutâneo
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia: gangrena de Fournier
- Fasciíte necrozante no períneo
- Tratamento: ATB com urgência!!
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia: lesão inadvertida de alça intestinal
- Quadro clínico: distensão abdominal, vômito e peritonite
- Abdome táboa, com irritação à palpação
Febre
Etiologias das primeiras 48h pós cirurgia: peritonite fecal
- Intestino mergulhado em secreção entérica
Febre
Etiologias das primeiras 72h pós cirurgia?
- Fístula anastomose (precoce e tardia)
- Dispositivos invasivos
Febre
Etiologias das primeiras 72h pós cirurgia: fístula anastomose?
- Fístula = 2 superficiais epiteliais que se comunicam
- Anastomose = abre e começa a vazar líquido na cavidade
- Precoce (até 3d):
- Má técnica cirúrgica (pontos frouxos, brecha entre pontos)
- Tardia (após 3d):
- Má cicatrização do paciente
Febre
Etiologias das primeiras 72h pós cirurgia: dispositivos invasivos?
- Podem colonizar e gerar infecção
- Retirar o quanto antes
- Ex.: sonda de Foley (débito urinário), acesso venoso central
Fístulas
Conceito?
- Comunicação entre duas superfícies epiteliais
Fístulas
Classificação?
- Interna (entero-entérica): entre 2 vísceras
- Diverticulite: pode haver comunicação entre sigmóide e bexiga
- Externa (entero-cutânea): comunicação pós operatória com o meio externo
- Delgado: jejunostomia
- Em baixo, médio ou alto débito (pela quantidade)
Fístulas
Quais as possíveis etiologias?
- Espontânea
- Adquirida
Fístulas
Etiologia espontânea?
- Radioterapia: trata o tumor mas agride o tecido, podendo formar fístulas
- DII: DC, CU
- Neoplasia
Fístulas
Etiologia adquirida?
- Deiscência de anastomose
- Drenagem de coleções
- Ex.: punção que “solta” secreção no trajeto
- Lesão iatrogênica
- Ex.: retirada de cálculo renal que punciona o cólon, formando uma fístula
- Inflamação tecidual
- Ex.: cirurgia de pionefrose, que pode formar uma fístula colo-cutânea
Fístula enterocutânea
Quadro clínico?
- Secreção entérica pela ferida ou dreno
- Distúrbio hidroeletrolítico: paciente descompensado
- Desnutrição (sem absorção)
Quando realizar fistulografia?
- Em fístulas enterocutâneas
- Não é possível realizar em fístulas colovesicais, já que é interno
Em fístulas colovesicais, quais exames radiológicos pedir?
- Cistografia
- Enema opaco
Fístulas
Tratamento?
- Pode haver fechamento espontâneo
- Correção hidroeletrolítica
- ATB
- Jejum
- Garantir suporte nutricional (via parenteral e enteral)
- Octreotide: análogo de somastatina (reduz secreções do TGI)
- Cirurgia
Peristaltismo pós operatório após obstrução
Volta em quanto tempo no delgado, estômago e cólon?
- Delgado: algumas horas
- Estômago: 24-48h
- Cólon: 48-72h
Íleo pós operatório (“intestino preguiçoso”)
Causas?
- Estímulo nociceptivo (estimulação simpática): reduz peristaltismo
- Manipulação: durante a cirurgia pode haver o surgimento de “edema de alça”, que leva a dismotilidade
- Opiáceo (morfina, tramadol)
Íleo adinâmico
Causas?
- Tempo cirúrgico extenso
- Opiáceos
- Hipocalemia e hipopotassemia
- Infecção peritoneal (ex.: apendicite)
Íleo adinâmico
O que explica a hipopotassemia e hipocalemia?
- O paciente está vomitando muito e não está ingerindo líquido
- Dessa forma, há redução do volume intravascular
- Ou seja, há menos sangue chegando nos rins
- Há ativação do sistema RAA na tentativa de reter sódio e água
- Para reter sódio é necessário eliminar potássio = HIPOPOTASSEMIA
Causas mecânicas de obstrução
Exemplos?
- Aderências ou bridas
- Hérnia interna
Causas mecânicas de obstrução
Tratamento?
Geralmente cirúrgico
Obstrução
Quadro clínico?
- Vômitos
- Distensão abdominal
- Ruídos hidroaéreos:
- Aumenta no início (peristaltismo de luta)
- Reduzido ou abolido posteriormente
Obstrução
Vômitos?
- Quanto ao tempo:
- Precoce: obstrução no estômago
- Tardio: obstrução no íleo terminal
- Quanto ao aspecto:
- Bilioso: obstrução mais alta
- Fecaloide: obstrução mais baixa
Obstrução
Exames laboratoriais?
- Leucograma: pode aumentar, ocorrer translocação bacteriana ou leucocitose
- Série vermelha:
- Hematócrito: pode aumentar
- Pode surgir anemia (cirurgia com perda sanguínea)
- Distúrbio hidroeletrolítico: obstrução alta
Obstrução de causa metabólica
Tratamento?
Geralmente clínico
Obstrução de causa mecânica
Tratamento?
Correção cirúrgica da obstrução