Arquivologia Flashcards
Noções de arquivologia
O termo arquivo pode se referir a:
1. Conjunto de documentos produzidos e acumulados por uma entidade coletiva, pública ou privada, pessoa
ou família, no desempenho de suas atividades, independentemente da natureza do suporte ;
2. Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o processamento técnico, a conservação e o
acesso a documentos;
3. Instalações onde funcionam arquivos;
4. móvel destinado à guarda de documentos.
Documento
Unidade de registro de informações (ideias e fatos), qualquer que seja o suporte ou formato utilizado. É
suscetível de consultas, pesquisas ou estudos, e também pode ser utilizado como evidência ou prova, neste
caso servindo para, respectivamente, evidenciar ou comprovar a ocorrência ou existência de fatos,
fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem, em uma determinada época ou lugar
Documentação
É o conjunto dos documentos que tratam de determinado assunto ou elucidam certos fatos, servindo para
evidenciá-los ou comprová-los. Alternativamente, também pode se referir à disciplina que trata das
atividades de manipulação das informações contidas nos documentos, para posteriormente disponibilizá-las
aos usuários.
Os arquivos permanentes formam-se a partir de documentos recolhidos dos arquivos correntes, portanto a
administração destes influencia diretamente os arquivos de custódia. Em vista disso, é importantíssima a
atuação do arquivista n
Documentação
Os arquivos como instituição tiveram origem na antiga civilização grega. Nos séculos V e IV a.C. os
atenienses guardavam seus documentos de valor no templo da mãe dos deuses (Metroon). O imperador
Justiniano ordenou que se reservasse um prédio público no qual o magistrado pudesse guardar os
documentos, escolhendo alguém que os mantivesse sob custódia. A finalidade era a de impedir a
adulteração e propiciar as condições necessárias para que pudessem ser encontrados rapidamente.
Entretanto foi a partir da Revolução Francesa que se reconheceu definitivamente a importância dos documentos para a sociedade. Desse reconhecimento resultou em três importantes realizações no campo
arquivístico:
criação de uma administração nacional e independente dos arquivos;
proclamação do princípio de acesso do público aos arquivos;
reconhecimento da responsabilidade do Estado pela conservação dos documentos de valor, do passado
Várias razões levaram os países a instituir arquivos públicos:
- necessidade prática de incrementar a eficiência governamental;
- motivos de ordem cultural, visto que os arquivos públicos constituem uma espécie de fonte de
cultura, ao lado de livros, manuscritos e peças de museus; - razões de interesse pessoal, especialmente na França, que objetivando a aniquilação de uma
sociedade antiga e acreditando que tais documentos eram imprescindíveis à proteção de direitos
feudais e privilégios, criaram um órgão especial – Agence Temporaire des Titres – cuja atividade
principal era separar, para eliminação, todos os documentos alusivos a tais direitos e privilégios
Entretanto, até bem pouco tempo os documentos serviam apenas para estabelecer ou reivindicar direitos.
Quando não atendiam mais a essa exigência, eram transferidos para museus e bibliotecas, surgindo daí a
ideia de arquivo administrativo e arquivo histórico. Em meados do século XIX começa a desabrochar um
crescente interesse pelo valor histórico dos arquivos e os documentos ganham o status de testemunhos da
história.
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Arquivos: Elementos e Definições
O primeiro elemento essencial refere-se à razão pela qual os materiais foram produzidos e
acumulados. Serão arquivos os documentos criados e acumulados na consecução de algum objetivo. Em
nível governamental, tal objetivo é o cumprimento de sua finalidade oficial (valor primário). Assim, filmes
cinematográficos, por exemplo, quando produzidos ou recebidos por uma administração no cumprimento
de funções específicas, podem ser considerados arquivos. Documentos escritos, ainda que classificados
como manuscritos históricos, se tiverem sido produzidos em decorrência de uma atividade organizada –
como por exemplo os de uma igreja, uma empresa, ou mesmo de um indivíduo – poderão ser considerados
arquivos.
O segundo elemento essencial diz respeito aos valores pelos quais os arquivos são preservados. Para
que os documentos sejam arquivados devem ser preservados por razões outras que não apenas aquelas
para as quais foram criados e acumulados. Essas razões tanto podem ser oficiais quanto culturais. Serão
então preservados para o uso de outros além de seus próprios criadores (valor secundário).
Devem ainda satisfazer a condição de serem realmente documentos do órgão que os oferece.
Para que se possa garantir a integridade dos documentos preservados deve-se mantê-los
conservados num todo como documentos do órgão que os produziu, deve-se ainda guardá-los na sua
totalidade, sem mutilação, modificação ou destruição de parte deles.
Conquanto não haja uma definição de arquivo que possa ser considerada definitiva, pode-se definilos como, “os documentos de qualquer instituição pública ou privada que hajam sido consideradas de valor,
merecendo preservação permanente para fins de referência e de pesquisa e que hajam sido depositados ou
selecionados para depósito, num arquivo permanente.” (T.R.Schellenberg).
Ou ainda, segundo Sólon Buck, ex-arquivista dos EUA, assim o definiu: “Arquivo é o conjunto de
documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer de
suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros.”
Pode-se dizer que a finalidade de um arquivo é a de servir à Administração; e sua função é a de
tornar disponível as informações contidas no acervo documental sob sua guarda.
O art. 2º da Lei 8.159/91 define arquivo da seguinte forma: “Consideram-se arquivos, para os fins
desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter
público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa
física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”
Estágios de sua evolução/Teoria das três idades
Arquivos de primeira idade, corrente, ativo ou de movimento são aqueles constituídos de
documentos em curso ou consultados frequentemente conservados em dependências próximas de fácil
acesso.
Arquivos de segunda idade, intermediários ou limbo, são aqueles constituídos de documentos que
deixaram de ser frequentemente consultados, mas cujos órgãos que os receberam e os produziram podem
ainda solicitá-los. Não há necessidade de conservá-los próximos aos escritórios. A permanência dos
documentos nesses arquivos é transitória. Por isso, são também chamados de “limbo” ou “purgatório”.
Arquivos de terceira idade, de custódia ou permanentes são constituídos de documentos que
perderam todo o valor de natureza administrativa, que se conservaram em razão de seu valor histórico ou
documental e que constituem os meios de conhecer o passado e sua evolução. Estes são os arquivos
propriamente ditos.
A cada uma dessas fases – que são complementares – corresponde uma maneira diferente de
conservar e tratar os documentos e, consequentemente, uma organização adequada.
Extensão de sua atuação
Quanto à abrangência de sua atuação podem ser setoriais e gerais ou centrais. Os arquivos setoriais
(núcleos de arquivo ou arquivo descentralizado) são aqueles estabelecidos junto aos órgãos operacionais,
cumprindo funções de arquivo corrente.
Os arquivos gerais ou centrais são os que se destinam a receber os documentos correntes
provenientes dos diversos órgãos que integram a estrutura de uma instituição, centralizando as atividades
de arquivo corrente
Natureza dos documentos
Podem ser especiais e especializados. O arquivo especial é aquele que tem sob sua guarda
documentos de formas físicas diversas – fotografias, discos, fitas, slides, disquetes, CD-ROM – e que, por esta
razão, merecem tratamento especial. Arquivo especializado é o que tem sob sua custódia os documentos
resultantes da experiência humana num campo específico, independentemente da forma que apresentem.
Ex.: arquivos médicos, arquivos de engenharia, arquivos técnicos.
Gênero (característica)
Podem ser: escritos ou textuais, cartográficos (mapas e plantas), iconográficos (fotografias, desenhos,
gravuras), filmográficos (filmes e fitas videomagnéticas), sonoros (discos e fitas audiomagnéticas),
micrográficos (rolo, microficha, jaqueta), informáticos (disquetes, HD, CD-ROM).
Natureza do Assunto (característica)
Quanto à natureza do assunto os documentos podem ser ostensivos e sigilosos. Ostensivo é o
documento cuja divulgação não prejudica a administração.São sigilosos os documentos que, por sua
natureza, devam ser de conhecimento restrito e, por isso, requerem medidas especiais de guarda para sua
custódia e divulgação. Em nossa legislação, os arts. 23 e 24 da Lei 8.159 estabelecem:
Art. 23. Decreto fixará as categorias de sigilo que deverão ser obedecidas pelos órgãos públicos na
classificação dos documentos por eles produzidos.
§ 1º Os documentos cuja divulgação ponha em risco a segurança da sociedade e do Estado, bem
como aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem das pessoas são originariamente sigilosos.
ito por um prazo máximo de 30 (trinta) anos, a contar da data de sua produção, podendo esse prazo ser
prorrogado, por uma única vez, por igual período.
§ 3º O acesso aos documentos sigilosos referentes à honra e à imagem das pessoas será restrito por
um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção.
Art. 24. Poderá o Poder Judiciário, em qualquer instância, determinar a exibição reservada de
qualquer documento sigiloso, sempre que indispensável à defesa de direito próprio ou esclarecimento de
situação pessoal da parte.
Parágrafo único. Nenhuma norma de organização administrativa será interpretada de modo a, por
qualquer forma, restringir o disposto neste artigo.
A regulamentação do artigo 23 dessa lei veio com o Decreto nº 2.134 de 24 de janeiro de 1.997, que
está reproduzido em seu inteiro teor no apêndice I.
f
Correspondência
É toda forma de comunicação escrita, produzida e endereçada a pessoas jurídicas ou físicas, bem
como aquela que se processa entre órgãos e servidores de uma instituição.
Quanto ao destino e procedência pode-se classificar a correspondência em externa e interna. Interna
é a correspondência trocada entre os órgãos de uma mesma instituição. São os memorandos, despachos,
circulares. Contrário sensu, externa é aquela trocada entre órgãos de instituições diversas ou entre órgãos de
uma entidade e pessoas físicas, como ofícios, telegramas e cartas.
A correspondência pode ainda ser oficial e particular. Será oficial a que cuidar de assuntos de serviço
ou de interesse específico das atividades de uma instituição. Será particular se de interesse pessoal de
servidores ou empregados de uma instituição.
Tipo de Arquivamento
Pode ser horizontal ou vertical. Horizontal se os documentos ou fichas forem arquivados uns sobre
os outros, bem como em caixas, estantes ou escaninhos. Será vertical se os documentos ou fichas estiverem
dispostos uns atrás dos outros, permitindo sua rápida consulta, sem a necessidade de remover outros
documentos para ter acesso a um determinado documento ou ficha.
Diferenciação entre biblioteca e arquivo
As diferenças básicas entre os materiais de biblioteca e de arquivo referem-se precipuamente ao
modo pelo qual se originaram e ao modo pelo qual entraram para as respectivas custódias. Como já foi
visto, os arquivos têm estreito vínculo com as atividades funcionais de um órgão do governo ou de qualquer
outra entidade. Seu valor cultural pode ser considerado secundário ou acidental. O material de uma
biblioteca visa primordialmente a fins culturais – estudo, pesquisa e consulta
Os arquivos são órgãos receptores, enquanto as bibliotecas são colecionadores. Os materiais de
biblioteca são adquiridos principalmente a partir de compras e doações, ao passo que os arquivos são
produzidos ou recebidos por uma administração para o cumprimento de funções específicas. Jamais serão
colecionadores como a biblioteca e sua qualidade própria de arquivo só se conserva integralmente enquanto
a forma e a inter-relação natural forem mantidas. Uma biblioteca não deve recolher documentos oficiais
Além disso há significativa distinção quanto aos métodos empregados em um e outro caso. Ao
apreciar o valor dos documentos expedidos por um órgão oficial ou privado, o arquivista não o faz tomando
por base partes do material. Não examina e conclui quanto ao valor de uma simples peça avulsa como uma
carta, um relatório ou qualquer outro documento. Faz o seu julgamento em relação às demais peças, isto é,
em relação à inteira documentação, resultante da atividade que a produziu. O bibliotecário, ao contrário,
avalia o material a ser adquirido por sua instituição como peças isoladas. Por isso, os arquivistas não podem
arranjar seus documentos de acordo com esquemas predeterminados de classificação de assunto
O bibliotecário, no arranjo de seu material, que consiste em peças avulsas, pode empregar qualquer
sistema de classificação. O principal objetivo de um sistema é reunir materiais idênticos, mas o valor de
determinada peça não estará necessariamente perdido se não for classificado em determinado lugar. O
mesmo não ocorre no arquivo: uma vez que as peças tenham sido retiradas do seu contexto inicial, destruiuse muito do seu valor de prova. Daí surgiu o princípio da proveniência, pelo qual os documentos são
agrupados pelas suas origens. O arquivista deve estabelecer uma classificação ditada pelas circunstâncias
originais de criação. O princípio da proveniência resultou de experiências desastrosas ocorridas na Europa,
quando se tentou o emprego de diversos esquemas de classificação.
Outra diferença que pode ser destacada é a de os materiais de biblioteca existirem via de regra em
numerosos exemplares, ao passo que os documentos de arquivos existem em um único exemplar ou em
limitado número de cópias.
Pode-se dizer que a biblioteconomia trata de documentos individuais e a arquivística, de conjuntos
de documentos.
Centros de documentação ou informação
Os centros de informação abrangem algumas atividades próprias da biblioteconomia, da arquivística
e da informática, sendo o seu campo bem maior, exigindo especialização no aproveitamento de documentos
de toda espécie. Em síntese, o centro de informações tem por finalidade coligir, armazenar, classificar,
selecionar e disseminar toda a informação. A essência da documentação deixou de ser o documento, para
ser a informação em si mesma. Sua finalidade principal é a de poupar ao estudioso a perda de tempo e o
esforço inútil de, por carência de informações, resolver problemas já solucionados ou repetir experiências
que foram testadas anteriormente.
Organização e Administração de Arquivos Correntes
A qualidade dessa administração irá determinar a exatidão com que podem ser fixados os valores da
documentação recolhida. Determinará ainda o grau de facilidade com que os documentos de valor podem
ser selecionados para retenção num arquivo permanente. O uso de documentos para fins de pesquisa
depende da maneira pela qual foram originariamente ordenados. Os métodos de administração de arquivos
permanentes desenvolvem-se em função dos utilizados na administração dos arquivos correntes, lembrando
que é um dos princípios básicos da arquivística conservar, nos arquivos de custódia, o arranjo original.
Assim que o valor primário (administrativo, legal, fiscal) dos documentos deixe de existir, deverão ser
descartados, recolhidos ao arquivo de custódia ou transferidos a um arquivo intermediário, caso contrário,
tomarão espaço estorvando o bom andamento das atividades correntes.
Logo, a administração dos arquivos correntes oficiais tem por objetivo fazer com que os documentos
sirvam às finalidades para as quais foram criados, da maneira mais eficiente e econômica possível, e
concorrer para a destinação adequada dos mesmos, depois que tenham servido a seus fins. Os documentos
são eficientemente administrados quando:
- uma vez necessários podem ser localizados com rapidez e sem transtorno ou confusão;
- quando conservados a um custo mínimo de espaço e manutenção enquanto indispensáveis às
atividades correntes; - e quando nenhum documento é reservado por tempo maior do que o necessário a tais atividades, a
menos que tenham valor contínuo para pesquisa e outros fins
Os objetivos de uma administração eficiente de arquivos só podem ser alcançados quando se
dispensa atenção aos documentos desde a sua criação até o momento em que são transferidos para um
arquivo de custódia permanente ou são eliminados. A administração de arquivos preocupa-se com todo o
período de vida da maioria dos documentos, lutando para limitar sua criação, de tal forma que possa
determinar os que devem ser destinados ao “inferno” do incinerador, ou ao “céu” de um arquivo
permanente, ou ao “limbo” de um depósito intermediário.
A tarefa mais difícil da administração de documentos prende-se aos documentos mais valiosos.
Quanto mais importantes ou valiosos, mais difícil se torna administrá-los. Geralmente, os documentos mais
valiosos são os que se referem às origens, à organização e ao desenvolvimento funcional de um órgão, e aos
seus programas essenciais. Referem-se antes à direção do que à execução das funções da repartição. Os
documentos importantes são difíceis de classificar para uso corrente. Os que fixam uma política nem sempre
podem ser identificados como tal, quando são inicialmente expedidos, enquanto que os documentos sobre
operações de rotina são facilmente classificáveis. Os documentos de importância são difíceis de ser retirados
de circulação uma vez terminado seu uso corrente. Aqueles que estabeleceram diretrizes e normas não se
tornam obsoletos ou não-correntes tão logo cessam as atividades que os originaram. As orientações neles
continuam, muitas vezes, em vigor. Os documentos importantes, além disso, são difíceis de reunir para serem
preservados num arquivo de custódia permanente, porque muitos deles têm que ser segregados de uma
grande massa de documentos insignificantes onde se acham submersos, sendo comum fazer-se essa
separação após perderem os documentos o valor para as operações correntes, quando já se tornou obscura
a sua identificação
A organização de arquivos pode ser desenvolvida em várias etapas ou fases:
levantamento de dados;
análise dos dados coletados;
planejamento;
implantação e acompanhamento.
d
Levantamento de Dados
O levantamento deve ter início pelo exame dos estatutos, regimentos, regulamentos, normas,
organogramas e demais documentos constitutivos da instituição mantenedora do arquivo a ser
complementado pela coleta de informações sobre documentação. É preciso analisar o gênero dos
documentos; as espécies de documentos mais frequentes; os modelos e formulários em uso; volume e
estado de conservação do acervo; arranjo e classificação dos documentos; existência de registros e
protocolos; média de arquivamentos diários; controle de empréstimo de documentos; processos adotados
para conservação e reprodução de documentos; existência de normas de arquivo, manuais, códigos de
classificação etc. Além dessas informações, o arquivista deve acrescentar dados e referências sobre o pessoal
encarregado do arquivo (número de pessoas, salários, nível de escolaridade, formação profissional), o
equipamento (quantidade, modelos, estado de conservação), a localização física (extensão da área ocupada,
condições de iluminação, umidade, estado de conservação das instalações, proteção contra incêndio), meios
de comunicação disponíveis (telefones, fax).
Análise dos dados coletados
Consiste em verificar se estrutura, atividades e documentação de uma instituição correspondem à
sua realidade operacional. O diagnóstico seria, portanto, uma constatação dos pontos de atrito, de falhas ou
lacunas existentes no complexo administrativo, enfim, das razões que impedem o funcionamento eficiente
do arquivo.
Planejamento
Para que um arquivo, em todos os estágios de sua evolução (corrente, intermediário, permanente)
possa cumprir seus objetivos, torna-se indispensável à formulação de um plano arquivístico que tenha em
conta tanto as disposições legais quanto as necessidades da instituição a que pretende servir.
Posição do arquivo na estrutura da instituição
Recomenda-se que seja a mais elevada possível, ou seja, que o arquivo seja subordinado a um órgão
hierarquicamente superior, tendo em vista que irá atender a setores e funcionários de diferentes níveis de
autoridade. A adoção desse critério evitará sérios problemas na área das relações humanas e das
comunicações administrativas.
Centralização ou descentralização e coordenação dos serviços de arquivo
A descentralização se aplica apenas à fase corrente dos arquivos. Em suas fases intermediária e
permanente, os arquivos devem ser sempre centralizados.
Centralização
Não consiste apenas da reunião da documentação em um único local, mas também a concentração
de todas as atividades de controle – recebimento, registro, distribuição, movimentação e expedição – de documentos de uso corrente em um único órgão da estrutura organizacional, frequentemente designado
Protocolo e Arquivo, Comunicações e Arquivo, ou outra denominação similar.
Dentre as inúmeras vantagens que um sistema centralizado oferece, destacamos: treinamento mais
eficiente do pessoal de arquivo, maiores possibilidades de padronização de normas e procedimentos, nítida
delimitação de responsabilidades, constituição de conjuntos arquivísticos mais completos, redução dos
custos operacionais, economia de espaço e equipamentos.
Descentralização
A descentralização, por si só, é um grande ato de classificação.
Deverá ser aplicada em nível de departamento, mantendo-se o arquivo junto a cada departamento,
onde estarão reunidos todos os documentos de sua área de atuação, incluindo os produzidos e recebidos
pelas divisões e seções que o compõem. Deverá ser mantido também um arquivo para a documentação dos
órgãos administrativos. Essa descentralização (sempre de arquivos correntes) obedece basicamente a dois
critérios:
Centralização das atividades de controle e descentralização dos arquivos, também denominados
núcleos de arquivo ou arquivos setoriais.
Descentralização das atividades de controle e dos arquivos
Coordenação
Para que os sistemas descentralizados atinjam seus objetivos com rapidez, segurança e eficiência são
imprescindíveis à criação de uma COORDENAÇÃO CENTRAL, que exercerá funções normativas, orientadoras
e controladoras. A coordenação terá por atribuições: prestar assistência técnica aos arquivos setoriais;
estabelecer e fazer cumprir normas gerais de trabalho, de forma a determinar normas específicas de
operação, a fim de atender às peculiaridades de cada arquivo setorial; promover a organização ou
reorganização dos arquivos setoriais, quando necessário; treinar e orientar pessoal destinado aos arquivos
setoriais; promover reuniões periódicas com os encarregados dos arquivos setoriais. Essa coordenação
poderá constituir-se em um órgão da administração ou ser exercida pelo arquivo permanente da entidade.
Escolha de métodos de arquivamento e classificação
O problema básico na administração de documentos correntes é o de conservá-los de maneira
ordenada e acessível de forma a que possam ser rapidamente encontrados quando solicitados. Para atingir
esses objetivos torna-se necessário que os documentos sejam: a) bem classificados; e b) bem arquivados.
Todos os documentos deverão ser arquivados em relação ao seu uso de forma a refletir a função do
órgão.
Na avaliação de documentos públicos, o primeiro fator a ser levado em consideração é o testemunho
ou prova que contêm da organização e da função. No tratamento dos documentos concernentes à
organização e funcionamento, leva-se em conta o valor comprobatório dos mesmos. Se a classificação dos
documentos visa a refletir a organização, pode-se removê-los para uma destinação adequada, uma vez
extinta a unidade administrativa. E se, além disso, são classificados pela função – separando-se a função
substantiva (fins) da auxiliar (meios, facilitativas), a política da executiva, ou em geral, distinguindo-se a
documentação importante da secundária – então o método de classificação proporciona as bases para a
preservação e destruição, seletivamente, dos documentos depois que hajam servido aos objetivos das
atividades correntes.
Quanto aos sistemas de arranjo, podem ser estudados a partir de duas classes principais: sistemas de
registro e sistemas de arquivamento.
Sistemas de registro
O sistema de registro primitivo consiste em guardar os documentos de um órgão em duas séries,
uma constituída de papéis expedidos e outra de recebidos. A característica essencial do sistema, da qual se
deriva o seu nome, é o registro. No serviço de registro protocolam-se os documentos na ordem em que se
acumulam. Atribuem-se-lhes números consecutivos. Esses números são a chave para o controle dos
documentos em ambas as séries, e constituem um meio de referência para o nome dos signatários e para os
assuntos dos documentos; nos índices as pessoas e os assuntos são identificados pelos mesmos. Indicam a ordem dos documentos em cada série. Num sistema de registro mais aperfeiçoado, os documentos de um
serviço são guardados numa série que consiste em unidades de arquivamento nas quais tanto os
documentos recebidos como expedidos são colocados juntos. Essas unidades são registradas
numericamente na ordem em que se acumulam, e fazem-se índices para os nomes das partes e para os
assuntos dos documentos cuja chave é o número das unidades de arquivamento.O sistema de registro é um
dos sistemas mais antigos imaginados para o trato de material documentário
Os sistemas de arquivamento distinguem-se dos sistemas de registro pelo fato de não usarem
registros ou protocolos, isto é, livros ou fichas nos quais se anota a entrada e o movimento dos documentos
durante o seu uso corrente. Para conseguir o mesmo controle valem-se de arquivos de prosseguimento ou
fichas-lembrete, que veremos mais adiante.
,
Elementos de Classificação
Há três elementos principais a serem considerados na classificação de documentos públicos: a) a
ação a que os documentos se referem (funções, atividades e atos); b) a estrutura do órgão que os produz; c)
o assunto dos documentos.
Em vista disso, os métodos de organização podem ser funcional, organizacional e por assuntos.
Para que um órgão cumpra suas funções deverá realizar dois tipos principais de atividades que se
podem caracterizar como fins (substantivas) e meios (facilitativas ou auxiliares). Na execução de qualquer
espécie de atividade, quer substantiva, quer auxiliar, ocorrem dois tipos de operações ou atos: políticos ou
normativos e executivos. Os de natureza política determinam a diretriz a ser seguida em todos os casos do
mesmo gênero.
Muitas das vezes serão escolhidos mais de um método ou sistema de arquivamento. Por exemplo, o
item Patrimônio pode estar organizado geograficamente; o item Pessoal, em ordem alfabética; o item
Correspondência, em ordem cronológica etc
Princípios de classificação
Só em casos excepcionais os documentos públicos devem ser classificados em relação aos assuntos
que se originam da análise de determinado campo de conhecimento. Esses casos excepcionais referem-se a
materiais de pesquisa, de referência e similares. Os documentos públicos podem ser classificados em relação
à organização e podem ser descentralizados, desde que as repartições que os acumulam executem
atividades relativamente distintas e separáveis. Entretanto, os documentos públicos devem ser classificados
em relação à função, pois resultam de uma função, são usados em relação à função e devem, portanto, ser
classificados de acordo com esta (vide Resolução nº 14 do CONARQ que trata da Classificação,
Temporalidade e destinação de documentos de arquivos relativos às atividades-meio da Administração
Pública – que por ser muito extensa não foi reproduzida aqui).
Escolha das Instalações e equipamentos
Equipamento é a totalidade de materiais de consumo e permanente necessários à realização do
trabalho arquivístico.
Material de consumo é aquele que sofre desgaste a curto e médio prazo. São as fichas, as guias, as
pastas, as tiras de inserção e outros.
Notação é a inscrição feita na projeção, podendo ser alfabética,
numérica ou alfanumérica. Também poderá ser aberta ou
fechada. Será aberta quando indicar somente o início da seção e
fechada quando indica o princípio e o fim. Vide figuras abaixo.
A posição é o local que a projeção ocupa ao longo da guia. O
comprimento pode corresponder à metade da guia, a um terço,
um quarto ou um quinto.
Guia-fora é a que tem como notação a palavra Fora e indica a ausência de uma pasta do arquivo.
Tira de inserção é uma tira de papel gomado ou de cartolina, picotada, onde se escrevem as
notações. Tais tiras são inseridas nas projeções das pastas ou guias.
Pasta miscelânea é aquela onde se guardam documentos referentes a diversos assuntos ou diversas
pessoas em ordem alfabética e dentro de cada grupo, pela ordenação cronológica.
Material permanente é aquele que tem grande duração e pode ser utilizado várias vezes para o
mesmo fim.
Constituição de arquivos intermediários
Os depósitos intermediários só devem ser criados se ficar evidenciada a sua real necessidade. Em
geral, existem em âmbito governamental, em face do grande volume de documentação oficial e de sua
descentralização física.
Implantação e acompanhamento
O manual de arquivo deverá ser elaborado após estarem implantados e testados todos os
procedimentos de arquivo. Esse manual deverá incluir organogramas e fluxogramas, terminologia,
informações sobre os arquivos da instituição, suas finalidades e responsabilidades, detalhamento das rotinas
etc.
Gest
Gestão de documentos
A Lei Federal 8.159, de 8 de Janeiro de 1991 conceitua “gestão de documentos”:
Art. 3º Considera-se gestão de documentos o conjunto de procedimentos e operações técnicas
referentes à sua produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em fase corrente e intermediária,
visando a sua eliminação ou recolhimento para guarda permanente.
Devem ser criados apenas documentos essenciais à administração da instituição e evitadas
duplicações e emissão de vias desnecessárias.
A tramitação e utilização de documentos consistem nas atividades de protocolo (recebimento,
classificação, registro, distribuição, tramitação); expedição; organização e arquivamento de documentos em
fase corrente e intermediária; elaboração de normas de acesso à documentação (empréstimos e consultas).
A avaliação (com vistas à destinação) se desenvolve mediante análise dos documentos acumulados
nos arquivos com a finalidade de estabelecer seus prazos de guarda, determinando quais serão objeto de
arquivamento permanente e quais deverão ser eliminados por terem perdido seu valor de prova e de
informação para a instituição e para terceiros.
Protocolo - Quanto ao recebimento e classificação pode-se adotar a seguinte rotina:
Passo Atividades
1 Receber a correspondência
2 Separar a correspondência oficial da particular
3 Distribuir a correspondência particular
4 Separar a correspondência oficial de caráter ostensivo da de caráter sigiloso
5 Encaminhar a correspondência oficial sigilosa
6 Abrir a correspondência ostensiva
7 Tomar conhecimento da correspondência ostensiva verificando a existência
de antecedentes
8 Requisitar ao Arquivo os antecedentes. Se os antecedentes não estiverem
no Arquivo, o Setor de Registro e Movimentação informará onde se encontram e os
solicitará para ser feita a juntada
9 Interpretar e classificar a correspondência
10 Apor carimbo de protocolo no canto superior direito do documento
11 Anotar abaixo do número e da data a primeira distribuição e o código de
assunto, se for o caso
12 Elaborar o resumo do assunto a ser lançado na ficha de protocolo
13 Encaminhar os papéis ao Setor de Registro e Movimentação
Registro e movimentação
Este setor funciona como um centro de distribuição e redistribuição de documentos e suas
atribuições podem ser assim descritas:
Passos Atividades
1 Preparar a ficha de protocolo, em duas vias, anotando: número de
protocolo, data de entrada, procedência, espécie, número e data do documento,
código e resumo do assunto, primeira distribuição
2 Anexar a segunda via da ficha ao documento, encaminhando-o ao seu
destino, juntamente com os antecedentes, após o registro e as anotações
pertinentes nas respectivas fichas
3 Inscrever os dados constantes da ficha de protocolo nas fichas de
procedência e assunto, rearquivando-as em seguida
4 Arquivar as fichas de protocolo em ordem numérica
5 Receber dos vários setores os documentos a serem redistribuídos, anotar
nas respectivas fichas (numéricas) o novo destino
6 Encaminhar os documentos aos respectivos destinos, de acordo com
despacho de autoridade competente
Expedição
Geralmente são adotadas as seguintes atividades:
Passos Atividades
1 Receber a correspondência
2 Verificar se não faltam folhas ou anexos
3 Numerar e completar a data, no original e nas cópias
4 Separar o original da cópias
5 Expedir o original com os anexos
6 Encaminhar as cópias, acompanhadas dos antecedentes que lhes deram
origem, ao arquivo
Organização e Arquivamento
Quanto à organização, já tratamos de forma sucinta e quanto ao arquivamento passaremos a
descrever os principais métodos de arquivamento existentes, bem como as fases incluídas na operação de
arquivamento propriamente dito.
Métodos de Arquivamento
O método de arquivamento é determinado pela natureza dos documentos a serem arquivados e pela
estrutura da entidade.
Os sistemas de arquivamento apenas fornecem a estrutura mecânica em relação à qual os
documentos devem ser arranjados. Os documentos podem ser eficazmente arranjados em quase todos os
sistemas de arquivamento. Qualquer sistema de arquivamento, não importa qual seja, pode apresentar
resultados satisfatórios se for adequadamente aplicado. A insuficiência do arquivamento deve-se, com mais
frequência às falhas humanas do que a falhas do sistema. Na escolha de um método de arquivamento devese levar em consideração três premissas básicas: o sistema escolhido deve ser simples, flexível e deve admitir
expansões.
ver imagem na apostila
Cada um desses métodos pertence a dois grandes sistemas: direto e indireto.
Sistema direto é aquele em que a busca é feita diretamente sem a necessidade de se consultar um
índice
Sistema indireto é aquele em que, para se localizar o documento, é preciso antes consultar um índice
ou um código.
O método alfanumérico – combinação de letras e números – não se inclui nas classes de métodos
básicos e padronizados e é considerado do sistema semi-indireto.
Método Alfabético (método básico)
Método alfabético é o mais simples. É um método direto. Nesse método, as fichas ou pastas são
dispostas em ordem rigorosamente alfabética, respeitadas as normas gerais para alfabetação.
As notações nas guias podem ser abertas ou fechadas; simples ou compostas. Notações simples
abertas: A, B, C Ab, Ac etc; notações compostas e fechadas: Aa-Al , Am-Az etc.
Sua desvantagem é a alta incidência de erros de arquivamento quando o volume de documentos é
muito grande, devido ao cansaço visual e à variedade de grafia dos nomes.
Regras de Alfabetação
Nos nomes de pessoas físicas, considera-se o último sobrenome e depois o prenome.
Exemplo: Rita Guimarães, Juvenal Cavalcante, Maria Silveira, Pedro Lima
Arquivam-se: Cavalcante, Juvenal; Guimarães, Rita; Lima, Pedro; Silveira, Maria
Obs.: havendo sobrenomes iguais, prevalece a ordem alfabética do prenome.
Sobrenomes compostos de um substantivo e um adjetivo ou ligados por hífen não se separam.
Exemplo: Heitor Villa-Lobos; Carlos Montes Altos; Marília Morro Azul; Sílvia Praia Vermelha
Arquivam-se: Montes Altos, Carlos; Morro Azul, Marília; Villa-Lobos, Heitor; Praia Vermelha, Sílvia
Os sobrenomes formados com as palavras Santa, Santo ou São seguem a regra dos sobrenomes
compostos por um adjetivo e um substantivo.
Exemplo: Walmir Santo Cristo, Luís São Caetano, Denise Santa Rita
Arquivam-se: Santa Rita, Denise; Santo Cristo, Walmir; São Caetano, Luís.
As iniciais abreviativas de pronomes têm precedência na classificação de sobrenomes iguais.
Exemplo: R. Silveira, Roberto Silveira, Ricardo Silveira
Arquivam-se: Silveira, R.; Silveira, Ricardo; Silveira, Roberto
Os artigos e preposições, tais como a, o, de, d, do, e, um, uma, não são considerados (ver também
regra nº 9)
Exemplo: Paulo de Farias, Ricardo d’Ferreira, Rosana d’Albuquerque.
Arquivam-se: Albuquerque d’, Rosana, Farias de, Paulo; Ferreira d’, Ricardo.